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Transcrição:

Notas sobre o desempenho recente dos cinco maiores bancos brasileiros e seu impacto sobre os trabalhadores O lucro acumulado dos cinco maiores bancos caiu no primeiro semestre de 2016, mas se manteve num patamar bastante elevado. O desaquecimento da economia e seus efeitos sobre a demanda de crédito e o aumento da inadimplência explicam, em parte, esse comportamento. Ao mesmo tempo, as instituições financeiras têm promovido um forte ajuste em suas despesas às custas da redução de postos de trabalho, cuja principal consequência é a deterioração das condições de trabalho de seus funcionários. Resta questionar a sustentabilidade desse modelo de negócios, considerando as condições estruturais do setor financeiro no Brasil. LUCROS CAEM, MAS SE MANTÊM ELEVADOS Mesmo com a economia brasileira reduzindo seu ritmo de crescimento desde 2011 e apresentando um quadro de recessão desde 2014, os lucros dos bancos continuam em nível elevado. O lucro acumulado das cinco maiores instituições financeiras do país, a saber, Itaú Unibanco, Bradesco, Santander, Caixa e Banco do Brasil, alcançou R$ 29,7 bilhões no encerramento do 1º semestre de 2016. Esse valor foi 18,2% menor que o obtido no mesmo período em 2015. O desempenho de cada banco consta no Gráfico 1. Gráfico 1 Lucro líquido ajustado dos 5 maiores bancos: jun/15 jun/16 (R$ milhões) 1/8

Entre os fatores responsáveis pela redução no lucro dos grandes bancos estão a elevação do nível de inadimplência, em especial a de pessoas jurídicas de grande porte e a redução da oferta e da demanda por crédito. Num cenário de recessão, os bancos ficam ainda mais cautelosos em fazer empréstimos. Já as empresas com problemas em seus fluxos de caixa e trabalhadores em dificuldades com seu orçamento doméstico ou desempregados evitam contrair novos empréstimos e adiam pagamentos de dívidas. AUMENTA A MARGEM FINANCEIRA BRUTA A margem financeira bruta é o resultado das operações de intermediação financeira dos bancos, descontadas as provisões para risco de crédito. É calculada pela diferença entre as receitas e despesas de intermediação financeira, considerando-se as realocações, que são ajustes realizados nas Demonstrações de Resultado. Os bancos, especialmente os privados, apresentaram um despenho notável dessa rubrica no fechamento do primeiro semestre de 2016 em relação a igual período em 2015, conforme mostra o Gráfico 2. Gráfico 2 Margem Financeira Bruta dos cinco maiores bancos: jun/15 jun/16 (R$ milhões) A manutenção da taxa Selic em 14,25% desde junho do ano passado levou à elevação do spread bancário isto é, a diferença entre receitas com empréstimos e os custos de captação, especialmente nos bancos privados. Com juros e spreads elevados houve redução das carteiras de crédito dos cinco maiores bancos, à exceção da Caixa, que alcançou uma expansão de 6,7%. As receitas com intermediação financeira, que constituem a principal receita dos bancos, tiveram comportamento diferenciado nos últimos 12 meses. O Bradesco teve crescimento de 19,1%, chegando a R$ 76,2 bilhões. O Itaú Unibanco apresentou redução de 3,3%, com R$ 74,3 bilhões e o Santander queda de 5,8%, com montante de R$ 35,7 bilhões. Os bancos públicos também apresentaram resultados diferenciados. Na Caixa, as receitas de intermediação financeira cresceram 10%, chegando a R$ 72,9 bilhões, enquanto no Banco do Brasil a rubrica teve queda de 12,4%, atingindo R$ 72,3 bilhões. 2/8

Cabe destacar o papel das Despesas com Operações de Empréstimos e Repasses para o desempenho das Despesas de Intermediação Financeira e da Margem Financeira Bruta dos bancos. No primeiro semestre de 2015, essa rubrica representou uma despesa de R$ 40,5 bilhões para os bancos, mas, no primeiro semestre de 2016, ela se tornou uma receita, que alcançou R$ 23 bilhões. Esse movimento decorreu da variação do Real frente ao Dólar norteamericano ocorrida entre 1/1/2016 e 30/6/2016. O comportamento das Despesas com Operações de Empréstimo e Repasses em cada banco pode ser conferido na Tabela 1. Tabela 1 Despesas (Receitas) de empréstimo: jun/15 jun/16 (em R$ mil) Operações de empréstimos e repasses jun/15 jun/16 Bradesco -5.685.856 5.323.134 Itaú -11.058.191 7.492.576 Santander -3.330.690 6.071.078 BB -12.693.324 10.597.691 Caixa -7.733.729-6.423.495 TOTAL -40.501.790 23.060.984 IMPOSTOS INFLUENCIAM O RESUTADO O resultado líquido dos grandes bancos foi fortemente influenciado pela incidência de impostos, em virtude da elevação da alíquota da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido CSLL de 15% para 20% em outubro de 2015. No primeiro semestre de 2015, os cinco maiores bancos tiveram devolução de impostos recolhidos a maior num montante de R$ 183,6 milhões. Mas, no primeiro semestre de 2016, devido ao aumento da CSLL, eles tiveram uma despesa com impostos de R$ 22,8 bilhões. Em síntese, o que havia sido uma receita no primeiro semestre de 2015 transformou-se numa despesa no primeiro semestre de 2016. As despesas com impostos de cada banco constam na Tabela 2. Tabela 2 Despesas (Receitas) com Impostos: jun/15 jun/16 Imposto de Renda e Contribuição Social jun/15 jun/16 Bradesco -146.216-11.590.346 Itaú -602.579-10.400.363 Santander 700.750-527.455 BB -1.101.481-2.504.506 Caixa 2.734.688 2.175.406 TOTAL 183.662-22.874.264 CRESCEM A INADIMPLÊNCIA E AS PROVISÕES Houve aumento da inadimplência em três instituições no período considerado. Bradesco teve elevação de 3,7% para 4,6%; Itaú, de 3,6% para 4,6%; e o Banco do Brasil de 1,9% para 3,2%. Esse resultado se relaciona, principalmente, às recuperações judiciais de duas grandes empresas brasileiras para as quais esses bancos fizeram vultosos empréstimos, de acordo com informações veiculadas na mídia. Essas empresas são a Sete Brasil, fornecedora de sondas para a Petrobras e Oi, operadora de telefonia. A Caixa manteve sua taxa em 3,2%, 3/8

enquanto o Santander a reduziu de 3,6%, em junho de 2015, para 3,2% no primeiro semestre deste ano. A elevação da inadimplência se refletiu diretamente no crescimento das despesas com provisão para devedores duvidosos (PDD), com impactos no resultado dos bancos. Os bancos que tiveram maior elevação da inadimplência foram justamente os que mais elevaram suas provisões, conforme pode ser observado no Gráfico 3. Gráfico 3 Despesas de provisão para devedores duvidosos (PDD): jun/15 jun/16 (R$ milhões) O gráfico mostra uma clara correlação entre o comportamento da inadimplência e das PDD. Nas instituições em que houve um aumento de 0,9 a 1,1 pontos percentuais, a elevação das provisões foi significativa de 21,3% no Itaú e de mais de 30% no Bradesco e no Banco do Brasil. A Caixa manteve sua taxa de inadimplência e elevou moderadamente suas provisões em 5,1%. Já o Santander, apesar de ter tido queda na inadimplência, elevou em 11% suas provisões. REDUÇÃO NO EMPREGO BANCÁRIO E INTENSIFICAÇÃO DO TRABALHO Do ponto de vista do emprego e das condições de trabalho, houve uma intensa deterioração de todos os indicadores examinados nos doze meses decorridos a partir de junho de 2015. Os cinco maiores bancos fecharam 13.606 postos de trabalho nos doze meses findos em junho de 2016, com destaque para o Bradesco, que reduziu seu quadro de funcionários em 4.478 postos. Os dados de emprego de cada instituição podem ser conferidos no Gráfico 4. 4/8

Gráfico 4 Postos de trabalho: jun/15 jun/16 Juntamente com a redução de postos de trabalho, houve redução da rede física de atendimento aos clientes. Os cinco maiores bancos brasileiros possuíam 19.291 agências ao final do primeiro semestre de 2016, frente às 19.705 registradas no mesmo período do ano passado, o que significou uma redução de 414 agências em termos absolutos e 2,1% em termos relativos. A conjugação desses dois fatores levou à intensificação do trabalho dos bancários, conforme mostram os indicadores da Tabela 3. Tabela 3 Indicadores de intensificação do trabalho: jun/15 jun/16 jun/2015 jun/2016 Var. Carteira de Crédito por empregado (R$) Bradesco 4.943.996,96 5.004.159,96 1,4% Itaú Unibanco 7.563.790,75 7.402.795,18-2,6% Santander 6.137.466,41 6.571.066,15-1,3% Banco do Brasil 6.766.303,14 6.853.140,54 1,3% Caixa 6.618.461,63 7.227.502,17 9,2% Empregados por agência Bradesco 20,29 19,95-1,7% Itaú Unibanco 21,98 22,18 0,9% Santander 22,21 21,57-2,9% Banco do Brasil 20,26 20,00-0,3% Caixa 28,78 28,09-2,4% Clientes por empregado Bradesco 803 869 8,2% Itaú Unibanco 688 733 6,5% Santander 636 699 10,0% Banco do Brasil 494 518 4,7% Caixa 770 828 7,5% 5/8

O indicador Carteira de Crédito por Empregado mostra que cada trabalhador foi responsável, em média, por um volume de crédito de R$ 6,6 milhões em junho de 2016, com aumento de 3,2% em relação ao mesmo período do ano anterior. O destaque foi a Caixa, onde o indicador teve crescimento de 9,2% no período analisado, sendo o segundo banco com maior volume de crédito por empregado o primeiro foi o Itaú Unibanco. Com exceção do Itaú, todos os bancos reduziram o número de empregados por agência, ocasionando a deterioração da qualidade do atendimento aos clientes e ao público em geral. Os bancos que mais reduziram empregados por agência foram Santander e Caixa (-2,9% e -2,4% respectivamente). O Bradesco foi o banco que registrou o menor número de empregados por agência (menos de 20). Na média dos cinco maiores bancos, a redução foi de 22,7 para 22,4 empregados por agência. Por fim, houve aumento generalizado do número de clientes por empregado. Em média, cada bancário foi responsável, em junho de 2016, por 729,4 contas correntes, o que significou um crescimento de 7,5% em relação às 678,2 contas por empregado no mesmo período de 2015. O destaque foi o Santander, que elevou o número de contas por empregado em 10% no período analisado. A redução do número de bancários foi acompanhada pelo crescimento das receitas de prestação de serviços e tarifas e dos lucros por empregado, conforme mostram os indicadores da Tabela 4. Tabela 4 Indicadores de desempenho dos bancos por trabalhador: jun/15 jun/16 jun/2015 jun/2016 Var. Receita de Tarifas e Serviços por empregado Bradesco 97.866,53 111.491,21 13,9% Itaú Unibanco 175.617,17 196.153,83 11,7% Santander 114.204,36 131.323,65 15,0% Banco do Brasil 96.120,85 106.014,33 10,3% Caixa 101.393,42 113.603,39 12,0% Lucro Líquido por empregado Bradesco 93.480,44 92.525,50-1,0% Itaú Unibanco 140.636,03 130.599,78-7,1% Santander 65.837,40 70.912,70-7,7% Banco do Brasil 78.754,74 44.009,48-44,0% Caixa 35.569,00 25.583,00-28,1% Em todos os bancos elevou-se a relação entre as receitas de tarifas e serviços e o número de empregados. Cabe mencionar que nos cinco maiores bancos, as receitas com tarifas cobrem as despesas com pessoal com larga margem. Entre os bancos privados, destaca-se o Itaú, que apresentou um índice de cobertura das despesas de pessoal de 163,3%, em junho de 2016. Nos dois bancos públicos federais as receitas com tarifas também cobrem as despesas com pessoal, embora de forma menos expressiva que nos bancos privados (cerca de 104%) A despeito da queda nos lucros ocorrida no primeiro semestre de 2016, a relação entre estes e o número de empregados não caiu na mesma proporção, em virtude do ajuste feito pelos bancos em seus quadros de empregados. 6/8

CONSIDERAÇÕES FINAIS A economia brasileira sofreu uma gradual desaceleração em seu ritmo de crescimento entre 2011 e 2013, após uma trajetória de crescimento de 2004 a 2010. Após a estagnação registrada em 2014, o PIB recuou mais de 3% em 2015. Ainda assim, os lucros dos cinco maiores bancos brasileiros permaneceram em patamares elevados, mesmo apresentando queda na comparação entre os primeiros semestres de 2016 e 2015. De 2011 a 2015, os lucros obtidos pelos cinco maiores bancos atingiram R$ 324,7 bilhões, o que representa uma média de R$ 64,9 bilhões por exercício. No período de 2003 a 2010, o lucro médio foi de R$ 38,8 bilhões por exercício, fato que mostra uma notável elevação de patamar nos resultados essas instituições. Os resultados do primeiro semestre de 2016 indicam que os resultados dos bancos começaram a sofrer os impactos da recessão em curso, após uma sequência de lucros recordes. Entretanto, isso não significa que os bancos estão em dificuldades, ao contrário de diversos setores da economia. De acordo com o jornal Valor Econômico, a soma do resultado líquido das 1.000 maiores empresas brasileiras, em 2015, foi negativa e isso não ocorria desde 2002 1. Essa realidade consta no Gráfico 5. Gráfico 5 Lucro líquido das 1000 maiores empresas que operam no Brasil: 1999-2015 Fonte: Jornal Valor Econômico De acordo com o Valor, O prejuízo de R$ 81,6 bilhões reflete, sobretudo, a situação particular da Petrobras e da Vale, obrigadas a enormes baixas contábeis, além de questões conjunturais, como a queda no preço das commodities. Sem elas, o prejuízo somado do restante das 1000 maiores em 2015 é de R$ 405 milhões. Enquanto isso, os cinco maiores bancos obtiveram um lucro de R$ 69,6 bilhões no exercício de 2015. Portanto, a redução nos lucros ocorrida no primeiro semestre de 2016 incidiu sobre um patamar muito elevado. Ademais, essa redução se concentrou nos bancos públicos. Por 1 Disponível em <http://www.valor.com.br/brasil/4700483/ranking-de-empresas-do-valor-1000-e-vencedorado-ano-serao-anunciados-dia-12>. Acesso: 6 Set 2016. 7/8

tudo isso, a queda nos lucros dos bancos precisa ser bastante relativizada e não deveria dificultar a negociação do reajuste salarial e de outras conquistas reivindicadas pelos bancários na Campanha Nacional ora em curso. A rentabilidade dos maiores bancos, por sua vez, foi afetada pela queda no lucro nos últimos doze meses. Entretanto, os grandes bancos mantiveram esse indicador em patamares expressivos ao longo dos últimos anos, acima, inclusive, dos exibidos pelos maiores bancos estadunidenses, conforme recente estudo publicado pela consultoria Economatica 2. O estudo mostra que entre 2010 e 2015 a mediana da rentabilidade sobre o patrimônio dos bancos brasileiros com ativos acima de US$ 100 bilhões foi, em média, o dobro de seus pares norte-americanos, conforme mostra o Gráfico 6. Gráfico 6 Mediana da Rentabilidade sobre o Patrimônio dos bancos com ativos acima de US$ 100 bilhões: 2000-2015 Fonte: Economatica O estudo da Economatica também revela que, em 2015, de um ranking com vinte bancos brasileiros e estadunidenses, Itaú, Bradesco, Banco do Brasil e Santander ocuparam, respectivamente, as três primeiras e a quinta colocação. A manutenção, pelos grandes bancos brasileiros, de elevados patamares de lucros e rentabilidade, a despeito do cenário econômico, tem ocorrido, nas últimas décadas, às custas da redução no nível de emprego e da imposição ao conjunto da sociedade de elevadas taxas de juros, tarifas abusivas e acentuada piora no atendimento. Essa situação precisa ser amplamente debatida pela sociedade civil organizada e pelo parlamento, pois sua persistência está comprometendo o desenvolvimento do país em bases sustentáveis e com distribuição de renda. 2 Disponível em <https://economatica.com/estudos/data/20160323a.pdf>. Acesso: 25 Mar 2016. 8/8