Planejamento Tributário Aplicado Ao Supermercado Alpha Ltda Situado em Iúna-es



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Transcrição:

Planejamento Tributário Aplicado Ao Supermercado Alpha Ltda Situado em Iúna-es Gibson Lima gibsonlima@hotmail.com Doctum Fernando Sabino fernandosabinocont@gmail.com Doctum Rafael Matos de Moura rafaelmour@yahoo.com.br Doctum Fernanda Matos de Moura Almeida fernandamoura15@gmail.com Doctum Resumo:O presente estudo teve como foco a identificação do regime tributário mais benéfico ao Supermercado Alpha, considerando a sistemática do Simples Nacional do Lucro Presumido e do Lucro Real. Analisando-se os dados contábeis da empresa, mediante planilha eletrônica desenvolvida pelos pesquisadores, foi possível identificar, com a simulação de seu enquadramento nos citados regimes, a carga tributária incidente em cada um, e o respectivo custo/benefício da opção mais favorável ao contribuinte. No estudo da exação relacionada ao tema, foram trabalhados, a partir da doutrina e da legislação aplicável, o sistema tributário nacional e o planejamento tributário, enquanto forma lícita de redução da carga tributária. Para alcançar os objetivos desse estudo de caso, utilizou-se como metodologia, a pesquisa exploratória, bibliográfica e documental. Os resultados das análises demonstraram que embora o Lucro Real tenha demonstrado uma carga tributária menor nos anos de 2009 e 2010, o percentual foi relativamente baixo em comparação com o regime do Simples Nacional, e quando se analisou o custo/benefício para migrar a empresa para o Lucro Real, verificou-se a inviabilidade do investimento. Logo, infere-se que o Simples Nacional é a melhor opção de regime tributário para o Supermercado Alpha Ltda. Palavras Chave: Contabilidade - Planej. tributário - Supermercado Alpha - -

1. INTRODUÇÃO Segundo dados da CEPAL (Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe), a carga tributária do Brasil no ano de 2008 foi a maior de toda a América Latina, correspondendo a 35,8% do Produto Interno Bruto (PIB), e em 30 de março de 2010 o Ministro Guido Mantega divulgou o índice de 2009 que foi de 33,8% do PIB. Embora tenha reduzido 2% da carga tributária, continua extremamente onerosa para toda população brasileira (VIEIRA, 2010). Campos (2007) enfatiza que devido à alta carga tributária de aproximadamente 40% do PIB (Produto Interno Bruto), o planejamento tributário deixa de ser apenas uma opção, passando a ser uma necessidade para as pessoas físicas e jurídicas. Vieira (2010) explica que o Planejamento Tributário é um conjunto de procedimentos e ações, do qual, pode valer-se o contribuinte, com a finalidade de redução da carga tributária, sendo que a adoção desses procedimentos para ser considerada legal, deve estar relacionada com a ideia de elisão fiscal. Em decorrência das elevadas cargas de tributos existentes hoje no Brasil exigem-se do profissional contábil, constantes estudos sobre a legislação tributária, com a finalidade de buscar alternativas que venham a reduzir a carga tributária incidente sobre a movimentações das empresas (MASSAMBANI, 2011). Esses estudos são importantes para a correta escolha do regime tributário. É isso que definirá a incidência e a base de cálculo dos tributos nas empresas. Uma escolha errada pode fazer a diferença no que diz respeito ao princípio contábil da continuidade (CHIOMENTO, 2010). O presente estudo tem por objetivo geral identificar através de um estudo de caso, qual o regime que representa a opção mais econômica ao Supermercado Alpha Ltda, em relação aos encargos tributários. Para tanto, objetiva-se especificamente, calcular com base em uma planilha eletrônica, a carga tributária de cada regime de tributação (Simples Nacional, Lucro Presumido e Lucro Real); e analisar o custo x benefício desses regimes tributários. A relevância social da pesquisa está relacionada aos benefícios que um planejamento tributário bem elaborado traz para o empresário que deseja dar continuidade à sua empresa. O empresário saberá que está enquadrado adequadamente no sistema tributário que melhor se enquadra a suas necessidades, cumprindo corretamente com os encargos tributários, mantendo confiança ao elaborar sua margem de lucro e estabelecer o preço justo, o que, além de evitar a evasão fiscal, tornará sua empresa competitiva no mercado. Para alcançar os objetivos desse estudo de caso, primeiramente, um vasto levantamento bibliográfico acerca do tema foi feito, posteriormente, a metodologia utilizada foi definida, seguida da análise e discussão dos dados obtidos, encerrando-se o presente estudo com a conclusão. 2. PLANEJAMENTO TRIBUTÁRIO O planejamento tributário é uma opção para aquele que busca uma menor carga tributária admitida pelo ordenamento jurídico. Essa busca em sua maioria encontra previsão no Código Civil, seja por meio de contratos, seja quanto aos elementos e requisitos dos negócios jurídicos em geral (GRECO, 2008). Andrade Filho (2009) lembra que o planejamento tributário não é algo encontrado unicamente nas empresas. O planejamento tributário muitas vezes é praticado por todos de forma inconsciente. É o caso, por exemplo, da dona de casa que escolhe um produto de menor preço. Neste exemplo ela está realizando escolhas típicas de planejamento tributário, pois os 1

tributos compõem o preço dos produtos e, portanto, quanto menor o preço, menor a carga de tributos que estará sendo consumida. Martinez (2002) corrobora, afirmando que o planejamento tributário, através da ação do contador, ou em parceria com o profissional jurídico, busca promover menor impacto no caixa da empresa, e ressalta que as grandes empresas já contam com um comitê interno de planejamento tributário, constituído de profissionais de várias formações. 2.1 ELISÃO E EVASÃO FISCAL Andrade Filho (2009) esclarece que a elisão fiscal tem pelo menos dois sinônimos: elisão fiscal e elusão tributária, e seu significado está ligado à busca lícita de uma menor carga tributária. O oposto do planejamento tributário é denominado evasão ou sonegação, assim considerada toda ação ou omissão dolosa que tende a esconder as operações tributáveis. A evasão se torna um problema social, à medida que os sonegadores adquirem vantagens econômicas em relação aos concorrentes que recolhem seus tributos honestamente. As causas que levam os indivíduos a escolher a evasão ao invés do planejamento tributário são estudadas em diversas áreas do saber e da política, a ponto de, em certos países, serem estudadas até mesmo na área da psicologia (ANDRADE FILHO, 2009). 2.2 SISTEMA TRIBUTÁRIO NACIONAL Segundo Ribeiro (2006), o Sistema Tributário é formado por um complexo orgânico de tributos regulamentado por princípios e normas, estabelecido pela Legislação de um País. O Código Tributário Nacional (Lei nº 5.172/66) em seu artigo 3º define tributo como toda prestação pecuniária compulsória, em moeda ou cujo valor nela se possa exprimir, que não constitua sanção de ato ilícito, instituída em lei e cobrada mediante atividade administrativa plenamente vinculada (BRASÍLIA, 1966). De acordo com Fabretti e Fabretti (2009) os tributos se dividem em duas categorias: tributos vinculados e tributos não vinculados. Tributos vinculados têm como fato gerador uma atividade estatal que presta serviço específico ao contribuinte, e a cobrança desses tributos somente é justificada quando existe uma atuação do Estado voltada a beneficiar o particular. As taxas e as contribuições de melhorias são exemplos de tributos vinculados (ALEXANDRE, 2010). Tributos não vinculados por sua vez, têm como fato gerador uma situação independente de qualquer atividade estatal específica, isto é, o Estado cobra tais tributos em razão de seu poder de império e não por um serviço prestado diretamente ao contribuinte. Os impostos são exemplos de tributos não vinculados (ALEXANDRE, 2010). Para melhor contextualização do tema, necessária se faz a análise das espécies tributárias incidentes em cada regime tributário que será objeto de estudo. 2.3 IMPOSTOS (TRIBUTOS NÃO VINCULADOS) O imposto é pago pelo contribuinte que não recebe nenhuma contraprestação direta e imediata do Estado, e essa característica o distingue dos demais tributos. A receita arrecadada com impostos não pode estar vinculada a nenhuma despesa específica, isto é, precisa ser destinada ao bolo do orçamento, de onde será repartida, segundo critérios da LOA - Lei Orçamentária Anual (OLIVEIRA, 2009). Oliveira (2009) esclarece, ainda, que os impostos são classificados em duas categorias: diretos e indiretos. Essa classificação é importante para avaliar o impacto que os impostos causam no patrimônio e nas etapas de produção, circulação e consumo. 2

Fabretti e Fabretti (2009) reforçam que os impostos diretos são aqueles que incidem sobre o patrimônio e a renda, e são considerados tributos de responsabilidade pessoal. Ainda segundo Fabretti e Fabretti (2009), impostos indiretos são os que incidem sobre a produção e a circulação de bens e serviços e são repassados para o preço, pelo produtor, vendedor e prestador de serviço. Os impostos que foram objetos de estudo no presente trabalho são aqueles obrigatórios aos três regimes tributários e que incidem especificamente sobre a atividade do Supermercado Alpha Ltda (venda a varejo de produtos alimentícios). - ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias) É competência dos Estados e do Distrito Federal regulamentar o ICMS (Impostos sobre a Circulação de Mercadorias e Serviços), obedecendo às normas estabelecidas pela Lei Complementar nº 87/1996 e pelos convênios firmados entre os Estados. Cada Estado possui seu próprio regulamento, determinando o prazo de recolhimento e o modelo do documento de arrecadação (OLIVEIRA, 2009). Oliveira (2009) ainda esclarece que a base de cálculo do ICMS será determinada pela ocorrência de alguns fatos geradores, como: na saída de mercadoria do estabelecimento do contribuinte, ainda que para outro estabelecimento do mesmo titular; transmissão a terceiro de mercadoria depositada em armazém geral ou depósito fechado; e, transmissão de propriedade de mercadoria. Fica a cargo do Senado Federal fixar as alíquotas interestaduais e de exportação do ICMS, além do estabelecimento de alíquotas internas mínimas e máximas, que são diferenciadas entre os Estados da União. - PIS/PASEP e COFINS Cumulativos A Lei n. 9.718/98 institui em seus artigos 2º e 3º, que as contribuições para o PIS/PASEP (Programa de Integração Social), e a COFINS (Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social), serão calculadas com base no faturamento da empresa, correspondente à receita bruta da Pessoa Jurídica (BRASÍLIA, 1998). Segundo Fabretti (2009), existem disposições que determinadas pessoa jurídicas permaneçam no sistema cumulativo, com a alíquota de 0,65% para o PIS e de 3% para a COFINS, desde que se enquadrem nas hipóteses previstas. Esse modelo de tributação cumulativa é aplicável às empresas submetidas ao regime do Lucro Presumido, conforme estabelece a Lei n. 9.718/98 (BRASÍLIA, 1998). - PIS/PASEP e COFINS não-cumulativos Conforme estabelece a IN 247/02 SRF, são contribuintes do PIS/PASEP nãocumulativo as pessoas jurídicas tributadas com base no Lucro Real (BRASÍLIA, 2002). A Lei n. 10.637/02 em seu artigo 1º estabelece que, a contribuição para o PIS/PASEP (Programa de Integração Social), não-cumulativo, terá como fato gerador o faturamento mensal (BRASÍLIA, 2002). Já o 3º, do citado dispositivo legal, institui algumas exclusões que não farão parte da base de cálculo da contribuição do PIS/PASEP. São elas: venda isenta da contribuição ou sujeitas à alíquota zero; vendas de mercadorias que já vieram com o PIS/PASEP recolhido pelo substituto; vendas canceladas ou descontos concedidos; e, vendas não operacionais, decorrentes de ativos imobilizados (BRASÍLIA, 2002). Com relação à COFINS não-cumulativa, a IN 404/04 SRF, estabelece como contribuinte desse tributo as pessoas jurídicas tributadas com base no Lucro Real (BRASÍLIA, 2004). 3

O art. 1º, da Lei n. 10.833/03 estabelece que a COFINS (Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social), não cumulativa, terá como fato gerador o faturamento mensal da pessoa jurídica (BRASÍLIA, 2003). O 3º do referido artigo, por sua vez, institui algumas exclusões que não farão parte da base de cálculo da COFINS. São elas: venda isenta da contribuição ou sujeitas à alíquota zero; vendas de mercadorias que já vieram com a COFINS recolhido pelo substituto; vendas canceladas ou descontos concedidos; e, vendas não operacionais, decorrentes de ativos imobilizados (BRASÍLIA, 2003). - Contribuições Sociais - Encargos Sobre a Folha de Pagamento O art. 30, inc. I, alíneas a e b, da Lei n. 8.212/91, estabelece que as empresas são obrigadas a arrecadar as contribuições dos empregados, descontando-as de suas remunerações, bem como recolher a contribuição incidentes sobre a remuneração a qualquer título, dos contribuintes individuais, até o dia 20 do mês subseqüente (BRASÍLIA, 1991). Além da contribuição do empregado, a Lei n. 8.212/91 ainda prevê alíquota de 11% (onze por cento) para o contribuinte individual (art. 21, 2º, inc. I), com exceção daquele que trabalhe por conta própria, sem vínculo com empresa (BRASÍLIA, 1991). Já o art. 22, da citada lei, estabelece a contribuição a cargo das empresas, destinada à Seguridade Social, instituindo a alíquota de 20% (vinte por cento) sobre a remuneração dos funcionários e sobre o pró-labore dos sócios (FABRETTI, 2009). A alíquota RAT (Riscos Ambientais do Trabalho) depende da preponderância da empresa a risco de acidente de trabalho. Essa alíquota varia de 1% (um por cento) a 3% (três por cento) sobre a remuneração dos funcionários (art. 22, inc. II, da Lei n. 8.212/91) (BRASÍLIA, 1991). A lei institui, ainda, a alíquota FAP (Fator Acidentário de Prevenção) que é um multiplicador que varia em um intervalo de 0,5 a 2,0 sobre o valor apurado pela alíquota RAT (RESOLUÇÃO MPS/CNPS N. 1.316/10) (BRASÍLIA, 2010). A Instrução Normativa n. 971/09, da Receita Federal do Brasil, fixa as alíquotas da contribuição destinada a terceiros (entidades privadas de serviço social e de formação profissional art. 109, 1º, inc. I), em 5,8% (cinco inteiros e oito décimos por cento) sobre a remuneração dos funcionários, conforme estabelece o art. 109-C, 2º, quadro 2, da citada Instrução Normativa (BRASÍLIA, 2009). A Lei Complementar n. 123/06, em contrapartida, estabelece que as microempresas e as empresas de pequeno porte, optantes pelo Simples Nacional ficam dispensadas do recolhimento das contribuições, inclusive daquelas destinadas a terceiros entidades privadas de serviço social (ALEXANDRE, 2010). Por outro lado, o art. 190 da IN RFB n. 971/09, estabelece que as empresas optantes pelo Simples Nacional, estão obrigadas a recolher as contribuições devidas apenas pelo segurado empregado e pelo contribuinte individual (BRASÍLIA, 2009). No próximo capítulo serão estudados os regimes do Simples Nacional, do Lucro Presumido e do Lucro Real, buscando-se demonstrar a carga tributária incidente em cada um, a fim de fundamentar a melhor opção, em termos de planejamento tributário, para o Supermercado Alpha. 2.4 REGIMES TRIBUTÁRIOS E SEUS ENQUADRAMENTOS 4

Os regimes tributários estudados são o Simples Nacional, o Lucro Presumido e o Lucro Real, tendo em vista a possibilidade de enquadramento do Supermercado Alpha Ltda em qualquer um deles. O Simples Nacional engloba a maioria dos impostos e contribuições da união, além do ICMS Estadual e do ISS Municipal, se for o caso, sendo seu recolhimento efetuado em guia única. Daí o nome Simples Nacional (ALEXANDRE, 2010). No Lucro Presumido, presume-se o lucro para arrecadação do Imposto de Renda com apuração trimestral, desde que a empresa não esteja enquadrada na apuração de Lucro Real (neste apura-se o valor devido a partir do lucro líquido de cada período de apuração) (FABRETTI, 2009). Ainda segundo o autor os impostos apurados pelo Lucro Real, tem como base de calculo o Lucro Liquido que é apurado na escrituração contábil, e ajustado no LALUR (Livro de Apuração do Lucro Real) pelas adições, exclusões e compensações autorizadas por Lei. (FABRETTI, 2009). A compreensão da abrangência de cada regime de tributação pode ser melhor visualizada a partir de seu estudo individualizado, que se passa a fazer. 2.4.1 SIMPLES NACIONAL Segundo Alexandre (2010), o Simples Nacional é um regime de tratamento diferenciado, criado para favorecer as Microempresas (ME) e as Empresas de Pequeno Porte (EPP). Esse tratamento diferenciado decorre da apuração e do recolhimento da maioria dos tributos mediante regime único de arrecadação e de obrigações acessórias, isto é, ao invés da empresa recolher diversos tributos, fará mensalmente um único pagamento, calculado mediante a aplicação de um percentual progressivo sobre sua receita bruta (ALEXANDRE, 2010). Oliveira (2009) reforça que o Simples Nacional não é um sistema de imposto único, apesar de incidir sobre o faturamento, consiste no pagamento mensal unificado dos Impostos. Alexandre (2010) ainda ressalta que, a empresa que possui uma folha de pagamento baixa em comparação com a sua receita bruta, poderá ter prejuízo, caso opte pelo Simples Nacional. Portanto, em alguns casos é aconselhável realizar um planejamento tributário para evitar a escolha equivocada de um regime que poderá gerar uma tributação mais onerosa que a convencional. A apuração da base de cálculo neste regime é instituída pelo art. 18, e seus parágrafos, da Lei Complementar n. 123/06, o qual determina que o valor devido mensalmente pelas ME s e pelas EPP s, será determinado mediante aplicação da tabela do Anexo I, da referida lei (BRASÍLIA, 2006). Por fim, o 1º, do citado dispositivo, determina que a aplicação da respectiva alíquota dependerá da receita bruta acumulada dos 12 (doze) meses anteriores ao do mês de apuração (BRASÍLIA, 2006). 2.4.2 LUCRO PRESUMIDO A Lei n. 9.430/96 em seu art. 1º institui o Imposto de Renda com base no Lucro Presumido, e estabelece sua apuração em períodos trimestrais (BRASÍLIA, 1996). O art. 13 da Lei n. 9.718/98, prevê que a empresa cuja receita bruta acumulada dos últimos 12 meses tenha sido igual ou inferior a R$ 48.000.000,00 (quarenta e oito milhões de reais), ou R$ 4.000.000,00 (quatro milhões de reais) multiplicado pelo número de meses em 5

atividades no ano-calendário anterior, possa optar pelo regime do Lucro Presumido, desde que não esteja obrigada à apuração pelo Lucro Real, devido ao seu ramo de atividade, constituição societária ou sua natureza jurídica (BRASÍLIA, 1998). Os art. 518 e 519 do Decreto nº 3000/99 (Regulamento do Imposto de Renda - RIR), definem a sistemática de tributação pelo Lucro Presumido, determinando que a base de cálculo do imposto, em cada trimestre, será alcançada pela aplicação do percentual de 8% (oito por cento) sobre a receita bruta auferida no período de apuração (BRASÍLIA, 1999). Para a apuração trimestral do IRPJ, nesse regime, o art. 28 da Lei n. 9.249/95, fixa a sua alíquota em 15% (quinze por cento), a qual incidirá sobre a base de cálculo apurável na forma do art. 36 da IN 093/97 SRF (BRASÍLIA, 1995; BRASÍLIA 1997). Com relação à CSLL (Contribuição Social sobre o Lucro Liquido), aplica-se um percentual de 12% (doze por cento) sobre a receita bruta do período (trimestral) para estabelecer sua base de cálculo (art. 56, 1º, inc. I, da IN 093/97 SRF). E, sobre a base de cálculo apurada, incidirá a alíquota de 9% (nove por cento), conforme determina o art. 3º da Lei n. 7.689/88 (BRASÍLIA, 1988). Convém ressaltar, por fim, que a incidência do PIS/PASEP e da COFINS se dá pelo regime cumulativo na hipótese de apuração do IRPJ pelo Lucro Presumido. Fabretti (2009) informa que nessa hipótese as alíquotas para a apuração do PIS e da COFINS serão de 0,65% e de 3%, respectivamente. 2.4.3 LUCRO REAL O art. 1º, da Lei n. 9.430/96, institui o Imposto de Renda com base no Lucro Real, e estabelece sua apuração em períodos trimestrais (BRASÍLIA, 1996). O art. 262, do Decreto n. 3000/99, por sua vez, determina que a empresa enquadrada no Lucro Real escriture além de todos os livros fiscais e contábeis, o LALUR (Livro de Apuração do Lucro Real), no qual vai evidenciar os ajustes do lucro do período de apuração (BRASÍLIA, 1999). E, para apuração do Imposto de Renda da Pessoa Jurídica com base nesse regime, estabelece o art. 2º, 1º, da Lei n. 9.430/96, a alíquota de 15% (quinze por cento) a incidir sobre o lucro líquido (BRASÍLIA, 1996). Já em relação à CSLL, o art. 17, da Lei n. 11.727/08, estabelece a alíquota de 9% (nove por cento) para todas as pessoas jurídicas, com exceção das pessoas jurídicas de seguro privado e de capitalização (BRASÍLIA, 2008). A Lei n. 10.637/02, em seu art. 2º, institui a alíquota do PIS/PASEP não-cumulativo, em 1,65% (um inteiro e sessenta e cinco centésimos por cento), sobre a base de cálculo apurada (faturamento menos exclusões previstas no art. 1º, 3º, da Lei n. 10.637/02) (BRASÍLIA, 2002). E ainda, o art. 3º, da Lei n. 10.637/02, estabelece que a pessoa jurídica poderá descontar créditos de 1,65% (um inteiro e sessenta e cinco centésimos por cento), calculados sobre as mercadorias adquiridas, sobre os valores de aluguéis pagos pela empresa, máquinas e equipamentos adquiridos e também pela energia elétrica consumida pela pessoa jurídica para apuração final do valor de PIS/PASEP não-cumulativo (BRASÍLIA, 2002). Por fim, o art. 2º, da Lei n. 10.833/03, estabelece a alíquota da COFINS nãocumulativa, em 7,6% (sete inteiro e seis décimos por cento), sobre a base de cálculo apurada (faturamento menos exclusões previstas no art. 1º, 3º, da Lei n. 10.833/03) (BRASÍLIA, 2003). 6

E ainda, o art. 3º, da Lei n. 10.833/03, estabelece que a pessoa jurídica poderá descontar créditos de 7,6% (sete inteiro e seis décimos por cento), calculados sobre as mercadorias adquiridas, sobre os valores de aluguéis pagos pela empresa, máquinas e equipamentos adquiridos e também pela energia elétrica consumida pela pessoa jurídica para apuração final do valor da COFINS não-cumulativa (BRASÍLIA, 2003). 3 METODOLOGIA Considerando os ensinamentos de Gil (2009) e Beuren et al. (2009) esta pesquisa se classifica como exploratória, bibliográfica, documental, de levantamento de dados e estudo de caso. O instrumento de coleta de dados utilizado nesta pesquisa consistiu em elaboração de planilhas eletrônicas que foram alimentadas com os dados da movimentação contábil entre os anos de 2008 e 2011, pelos próprios pesquisadores. As planilhas eletrônicas desenvolvidas calcularam a carga tributária de cada um dos regimes estudados, a partir dos dados da empresa pesquisada, retornando, ao final, o resultado anual dos regimes e apontando aquele que menos onera a empresa. 4 ANALISE E DISCUSSÃO DOS DADOS Inicialmente, foram lançadas na planilha as receitas mensais, referentes aos períodos compreendidos entre Janeiro de 2008 e Setembro de 2011. Verificou-se um crescimento contínuo das receitas anuais, e mesmo com as receitas de 2011 contabilizadas apenas até o mês de Setembro, sua média mensal já supera a média dos anos anteriores. O gráfico 1 demonstra os resultados das receitas separadas anualmente: GRÁFICO 1: Receitas anuais auferidas pela empresa. A variação é representada pelos seguintes índices: - Um crescimento médio de 40,04% de 2009 em comparação às de 2008; - Um crescimento médio de 2,47% de 2010 em comparação às de 2009; - Um crescimento médio de 29,99% de 2011 em comparação às de 2010. Diante dos aumentos das médias, pode-se constatar, que os Tributos apurados pelo Regime do Simples Nacional e pelo o Regime do Lucro Presumido, será crescente, uma vez que a apuração dos Tributos nesses regimes, se dá, especificamente sobre as Receitas. Em seguida, foram lançadas na planilha as compras de mercadorias mensais adquiridas para revenda, referentes aos mesmos períodos. O gráfico 2 demonstra o resultado das compras de mercadorias separadas anualmente: 7

GRÁFICO 2: Compras de mercadorias anuais adquiridas para revenda. O que se observa no gráfico 2, é um aumento muito acima da média no ano de 2009 em comparação com de 2008, esse aumento está diretamente relacionado com o aumento das receitas no mesmo período. A média anual das compras adquiridas para revenda, apresenta as seguintes variações: - Um crescimento médio de 50,77% de 2009 em comparação com as de 2008; - Uma redução média de -0,69% de 2010 em comparação com as de 2009; - Um crescimento médio de 5,01% de 2011 em comparação com as de 2010. Com as receitas e as compras devidamente lançadas nas planilhas, o próximo passo foi apurar os valores dos estoques mês a mês, pelo método do custo médio. Assim, verificou-se haver um acréscimo nos estoques, principalmente no ano de 2010. O gráfico 3 demonstra o resultado dos estoques anuais: GRÁFICO 3: Valores dos estoques anuais. Observa-se no gráfico 3 que houve um aumento nos estoques da empresa entre os anos de 2008 a 2010, prevê nesse período lucros menores, uma vez que o lucro está diretamente relacionado com a venda das mercadorias. Com objetivo de tornar mais evidente à variação dos estoques apresenta-se a seguir a média anual dos estoques, denotando variações expressas em: - Um crescimento médio de 82,60% de 2009 em comparação com as de 2008; - Um crescimento médio de 60,78% de 2010 em comparação com as de 2009; - Uma redução média de -9,18% de 2011 em comparação com as de 2010. Observou-se que a empresa aumentou seu estoque nos anos de 2008 a 2010, porém no ano de 2011 houve uma redução, deduz-se que o lucro tenha sido maior em 2011 que nos anos anteriores, acompanhando assim a variação da quantidade de mercadorias estocadas. 8

Em seguida, foram lançadas mensalmente na planilha as despesas operacionais, referente aos mesmos períodos. O gráfico 4 apresenta o resultado das despesas operacionais separadas anualmente: GRÁFICO 4: Valores das despesas. De acordo com o gráfico 4 nota-se um aumento nas despesas no decorrer dos anos pesquisados. As despesas é uma variável que tem relação inversamente proporcional ao lucro, quanto maior a despesa menor o lucro. Em seguida, demonstra-se a média desse crescimento: - Um crescimento médio de 13,48% de 2009 em comparação com as de 2008; - Um crescimento médio de 6,08% de 2010 em comparação com as de 2009; - Um crescimento médio de 17,60% de 2011 em comparação com as de 2010. A seguir, foram analisados os efeitos das variáveis: receitas, compras, estoques e despesas, na apuração do lucro. Observou-se que houve uma pequena variação nos lucros entre os anos de 2008 e 2010. Isso pode ser justificado pelo aumento dos estoques e das despesas, considerando que a empresa movimentou financeiramente o suficiente para cobrir os gastos que obteve no período. Já em 2011 o cenário é diferente, houve redução significativa dos estoques. Com a redução dos estoques, e consequente aumento das vendas, o caixa movimentou as finanças da empresa, gerando maior lucro. O gráfico 5, abaixo, demonstra os lucros obtidos anualmente: GRÁFICO 5: Valores dos lucros obtidos. A média anual dos lucros brutos é apresentada a seguir, em variações: - Um crescimento médio de 37,29% de 2009 em comparação com os de 2008; - Uma redução média de -14,08% de 2010 em comparação com os de 2009; - Um crescimento médio de 113,37% de 2011 em comparação com os de 2010. Observa-se um aumento considerável nos lucros de 2011, logo, os Tributos desse ano serão maiores que dos anos anteriores, já que o Regime do Lucro Real apura o IRPJ e a CSLL sobre o lucro. 9

Nos próximos parágrafos serão demonstrados os efeitos dessas movimentações na geração dos Tributos da Empresa, lembrando que foram simulados os cálculos como se a empresa estivesse enquadrada nos três regimes de tributação estudados (Simples Nacional, Lucro Presumido e Lucro Real). O gráfico 6 demonstra um aumento dos Tributos no decorrer dos anos, seguindo a tendência de crescimento da receita. O cálculo de apuração do Simples Nacional independe das outras variáveis aqui demonstradas, conforme estabelece a LC n. 123/2006 (BRASÍLIA, 2006). GRÁFICO 06: Valores dos tributos da empresa enquadrada no regime do simples nacional. Na sequência, a média anual dos tributos apurados pelo regime do Simples Nacional é apresentada, em que se observam as seguintes variações: - Um crescimento médio de 42,19% de 2009 em comparação com os de 2008; - Um crescimento médio de 6,22% de 2010 em comparação com os de 2009; - Um crescimento médio de 31,58% de 2011 em comparação com os de 2010. Fica evidente o crescimento da linha de tendência, esse aumento está diretamente relacionado com o aumento das Receitas, uma vez, que se apura os Tributos do Simples Nacional diretamente sobre as Receitas. Outro regime que apura seus tributos, e que têm relação direta com a receita, e independe das outras variáveis para ser calculado é o regime do Lucro Presumido (FABRETTI, 2009). A propósito, o gráfico 7 demonstra os valores dos tributos calculados pelo referido regime, tendo por base a receita bruta da empresa entre os anos de 2008 e 2011: GRÁFICO 07: Valores dos tributos da empresa enquadrada no regime do lucro presumido. Observa-se no gráfico 7 um aumento dos Tributos no decorrer dos anos acompanhando o crescimento das Receitas, (assim como no Regime do Simples Nacional), uma vez, que sua apuração é também diretamente sobre a Receita, porém percebe-se um montante de Tributos elevado em comparação com os Tributos do Simples Nacional. 10

A média anual dos tributos apurados pelo regime do Lucro Presumido, no qual houve uma variação em percentual é apresentada a seguir: - Um crescimento médio de 24,26% de 2009 em comparação com os de 2008; - Um crescimento médio de 2,71% de 2010 em comparação com os de 2009; - Um crescimento médio de 33,54% de 2011 em comparação com os de 2010. Esses resultados reforçam o aumento dos Tributos apurados pelo Lucro Presumido e sua desvantagem em comparação com o Regime do simples Nacional, isso significa, que os encargos apurados pelo regime do Lucro Presumido, onera mais a Empresa quando comparado com o Simples Nacional. No regime do Lucro Real, por outro lado, a apuração dos tributos devidos se dá também a partir dos lucros obtidos no respectivo período, e não somente sobre as receitas auferidas. Logo, as variáveis como estoque e despesas, têm influência direta nos lucros e, em conseqüência, nos Tributos incidentes nesse regime Lei n. 9.430/96 (BRASÍLIA, 1996). O gráfico 08 demonstra a carga tributária que seria suportada pela empresa, caso houvesse optado pelo regime do Lucro Real, nos respectivos períodos: GRÁFICO 08: Valores dos tributos da empresa enquadrada no regime do lucro real. Embora se observe que houve aumento da carga tributária no ano de 2010 em relação a 2009, esse resultado não acompanhou a tendência de queda do lucro no mesmo período. Isso se deve ao fato de que outros tributos não são calculados sobre o lucro, como é o caso do PIS e da COFINS (que incidem sobre o faturamento), além dos encargos sociais sobre a folha de pagamento. Em sequência a média anual dos tributos apurados pelo regime do Lucro Real, é apresentada indicando as seguintes variações: - Um crescimento médio de 8,81% de 2009 em comparação com os de 2008; - Um crescimento médio de 5,90% de 2010 em comparação com os de 2009; - Um crescimento médio de 61,45% de 2011 em comparação com os de 2010. Os resultados mostram que em 2011 houve maior Tributação que nos anos anteriores, isso, devido a maiores Lucros adquiridos em 2011. Com o objetivo de demonstrar com maior clareza os tributos apurados pelos três regimes tributários, seguem abaixo as tabelas 2, 3, 4 e 5 que auxiliarão nas análises da respectiva tributação: 11

TABELA 2 - Total dos tributos de 2009 apurados nos três regimes de tributação. TRIBUTOS 2008 Fi (%) Simples Nacional R$ 56.948,54 24,51% Lucro Real R$ 72.716,17 31,30% Lucro Presumido R$ 102.674,40 44,19% TOTAL R$ 232.339,11 100,00% Fonte: Dados obtidos na pesquisa TABELA 3 - Total dos tributos de 2009 apurados nos três regimes de tributação. TRIBUTOS 2009 Fi (%) Simples Nacional R$ 80.972,47 28,15% Lucro Real R$ 79.119,75 27,50% Lucro Presumido R$ 127.579,08 44,35% TOTAL R$ 287.671,30 100,00% Fonte: Dados obtidos na pesquisa TABELA 4 - Total dos tributos de 2010 apurados nos três regimes de tributação. TRIBUTOS 2010 Fi (%) Simples Nacional R$ 86.012,75 28,59% Lucro Real R$ 83.790,44 27,85% Lucro Presumido R$ 131.042,73 43,56% TOTAL R$ 300.845,93 100,00% Fonte: Dados obtidos na pesquisa TABELA 5 - Total dos tributos de 2011 apurados nos três regimes de tributação. TRIBUTOS 2011 Fi (%) Simples Nacional R$ 84.881,43 26,73% Lucro Real R$ 106.665,28 31,95% Lucro Presumido R$ 131.246,78 41,32% TOTAL R$ 322.793,48 100,00% Fonte: Dados obtidos na pesquisa O gráfico 09 demonstra os tributos apurados nos três regimes estudados: GRÁFICO 09: Comparativo entre os tributos apurado nos três regimes tributários. Observa-se, portanto, que os tributos apurados pelo Simples Nacional foram os que menos oneraram o Supermercado Alpha nos anos de 2008 e 2011, e com relação aos anos de 2009 e 2010, a opção menos onerosa foi apuração dos tributos pelo regime do Lucro Real. 12

Analisando-se os dados, percebe-se que o regime que mais onerou a empresa foi o do Lucro Presumido, posto que seu percentual de incidência tributária ficou muito acima dos outros dois regimes, tornando-se uma opção economicamente inviável para a empresa. Embora o Lucro Real tenha sido o regime que menos onerou a empresa nos anos de 2009 e 2010, essa diferença representou, em termos percentuais, uma economia de apenas 0,65% e 0,74%, respectivamente. Observa-se, assim, um percentual muito baixo em comparação com o regime do Simples Nacional (que apresentou melhores resultados nos anos de 2008 e 2011). Para migrar uma ME ou EPP para o regime do Lucro Real, há de considerar outra variável importante, que é o custo/benefício, e para responder essa questão, foi encaminhado um questionário informal para os contadores do Município de Iúna-ES, no qual reportaram as seguintes informações: A empresa que pretender migrar para o Lucro Real deverá adquirir um programa que atenda as exigências da fiscalização quanto à emissão de Nota Fiscal eletrônica, geração do SINTEGRA, controle de estoque, SPED Fiscal e Contábil e, ainda, a EFD-PIS/COFINS (instituída pela IN 1.052/2010 RFB), a qual estabelece que os tributos do PIS/PASEP e COFINS deverão ser gerados nas empresas. Daí a importância de contratar um profissional habilitado ou investir em treinamento e capacitação para que o funcionário consiga manter todo esse controle. O regime do Lucro Real acarreta várias outras obrigações acessórias, onerando o trabalho dos contadores. Em geral os contadores responderam que estabelecem os honorários contábeis pela movimentação das compras e das vendas, e também de acordo com a quantidade de funcionários registrados na empresa, e esses honorários podem sofrer variações de até 50% de acréscimo, se uma empresa comercial, optante pelo Simples Nacional, migrar para o Lucro Presumido, e um acréscimo de 100%, caso opte pelo regime do Lucro Real. Diante das análises, percebe-se que a empresa estudada, optante pelo Simples Nacional, está efetivamente enquadrada no regime que menos a onera em relação à carga tributária e respectivo custo/benefício. A tabela 6 evidencia com maior precisão que o Simples Nacional ainda representa a opção mais econômica para o Supermercado Alpha em análise estatísticas: TABELA 6 - Total das médias dos tributos apurados nos três regimes de tributação. TRIBUTOS Média Desvio Padrão IC: 95% (-) IC: 95% (+) Simples Nacional 26,99% 1,84% 23,53% 30,46% Lucro Real 29,65% 2,30% 25,52% 33,78% Lucro Presumido 43,36% 1,40% 41,28% 45,43% Fonte: Elaborado pelos autores. Ao se calcular a média, observam-se as variações de valores entre as mesmas, sendo que quanto menor for esta variação de valores, menor será o desvio padrão e maior a probabilidade dessa média se repetir, e quanto menor for o desvio padrão, menor será o intervalo de confiança (FONSECA; MARTINS, 1996). O regime do Lucro Real foi o que demonstrou o maior desvio padrão, e isso explica porque seu intervalo de confiança é maior do que os dos outros regimes. A tabela 6 demonstra que a média dos tributos apurados pelo regime do Simples Nacional foi de 26,99% com um desvio padrão de 1,84%. Se for considerado um intervalo de 13

confiança de 95% de acerto, os percentuais dos tributos teriam uma variação entre 23,53% a 30,46%. A média dos tributos apurados pelo regime do Lucro Real foi de 29,65%, com um desvio padrão de 2,30%. Considerando um intervalo de confiança de 95% de acerto, os percentuais dos tributos teriam uma variação entre 25,52% a 33,78%. A média dos tributos apurados pelo regime do Lucro Presumido foi de 43,36%, com um desvio padrão de 1,40%, e se for considerado um intervalo de confiança de 95% de acerto, os percentuais dos tributos teriam uma variação entre 41,28% a 45,43%. De forma que a tabela 6, demonstra que na média geral do período estudado, o Simples Nacional apresenta uma variação de 2,66% menor que a média dos tributos apurados pelo Lucro Real, e isso, sem considerar o custo/benefício desse período, corroborando assim, com o resultado encontrado. O regime do Simples Nacional até o momento foi o que menor onerou a empresa em encargos tributários. 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS O estudo de caso realizado respondeu ao problema de pesquisa apresentado, uma vez que foi possível verificar o regime que menos onerou a empresa no decorrer do período de janeiro de 2008 a setembro de 2011. Verificou-se que o Simples Nacional representa a opção mais econômica ao Supermercado Alpha em relação aos encargos tributários, e, ainda, que o Lucro Presumido se apresenta como uma opção inviável para a empresa, na medida em que apresentou a maior carga tributária dos três regimes estudados. Quando analisado o custo/benefício de uma empresa enquadrada no Simples Nacional migrar para o regime do Lucro real, verificou-se que há um acréscimo nos honorários contábeis cobrados neste regime de tributação, que normalmente varia entre 80% e 100% sobre os honorários já estabelecidos para a empresa optante pelo Simples Nacional, além de alguns investimentos com tecnologia e treinamento de funcionários. Diante disso, observam-se novas oportunidades de estudo em empresas do mesmo ramo de atividade, mas com receitas superiores, ou em empresas com ramo de atividade diferente o que muda o cenário estudado. 6 REFERÊNCIAS ALEXANDRE, R. Direito Tributário Esquematizado. 4ª Edição. São Paulo: Método, 2010. ANDRADE FILHO, E. O. Planejamento Tributário. São Paulo: Saraiva, 2009. BEUREN, I. M. et al. Como Elaborar Trabalhos Monográficos em Contabilidade. 3ª Edição, São Paulo: Atlas, 2009. BRASÍLIA, 1966. LEI Nº 5.172, DE 25 DE OUTUBRO DE 1966: Código Tributário Nacional. Brasília. 1966. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l5172.htm. Acesso em: 09 maio 2011., 1988. LEI Nº 7.689, DE 15 DE DEZEMBRO DE 1988. Brasília. 1988. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l7689.htm. Acesso em: 15 jul. 2011., 1991. LEI Nº 8.212, DE 24 DE JULHO DE 1991. Brasília. 1991. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8212cons.htm. Acesso em: 21 jul. 2011., 1995. LEI Nº 9.249, DE 26 DE DEZEMBRO DE 1995. Brasília. 1995. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9249.htm. Acesso em: 06 nov. 2011., 1996. LEI Nº 9.430, DE 27 DE DEZEMBRO DE 1996. Brasília. 1996. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9430.htm. Acesso em: 14 jul. 2011. 14

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