de Ciências do Ambiente e Sustentabilidade na Amazônia

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Transcrição:

Anais do I Seminário Internacional de Ciências do Ambiente e Sustentabilidade na Amazônia CARACTERÍSTICAS FISICO-QUIMICA DO PIRARUCU (Arapaima gigas) SALGADO- SECO CAPTURADO EM RESERVA EXTRATIVISTA NO ESTADO DO AMAZONAS Adriana Pontes Viana; Joelcio Gama Avelar; Pedro Roberto de Oliveira. drikazinhapv@hotmail.com Realização Apoio

INTRODUÇÃO A reserva Extrativista Auatí-Paraná, foi criada para assegurar o uso sustentável e para que fossem conservados os recursos naturais renováveis, dessa forma protegendo o ecossistema aquático daquela localidade (IBAMA, 2001). Na Amazônia, existe uma grande diversidade de peixes, e o pirarucu (Arapaima gigas) é o principal na região, concentrando-se nos lagos nos períodos da seca e nos igapós no período da cheia (DAMASCENO, 2004). Imbiriba (2006) relata que a espécie era facilmente encontrada em localidades próxima aos centros de consumo do município de Santarém/PA e Manaus/AM e eram as pequenas empresas pesqueiras que comercializavam o pirarucu salgado-seco. Em 1895 Jose Veríssimo confirmava que o Pirarucu era base da alimentação amazônica. (SANTOS et al, 2006). O pirarucu pertence à família Osteoglossidae, classificado em um grupo bastante primitivo, e por poucas espécies. Faz parte da subclasse Actinoptegii ou peixes de barbatana raiada. Pertence a subordem Osteoglossimorpha e a ordem Osteoglossiformes. Na Amazônia, os Osteoglossideos são formados por dois gêneros e três espécies: Arapaima gigas, Osteoglossum bicirrhosum e O. ferreirai. (IMBIRIBA, 2006, SANTOS et al, 2006). A palavra pirarucu é de origem indígena, formada pela junção de ``pira``, que significa peixe e urucu, fruto do urucuzeiro (Bixa orellana), as sementes tem uma coloração avermelhada, semelhante a dos bordos posteriores da maioria das escamas do peixe (IMBIRIBA, 2006; DIAS, 1983). Por ser considerado um produto de alto valor comercial, a sobrepesca aumentou a captura dos bodecos, como são conhecidos os pirarucus jovens, levando a redução do estoque natural. Esta captura é mais facilitada devido a necessidade fisiológica de vir a superfície para captar o ar (IMBIRIBA, 2006). A salga era realizada para aumentar o tempo de conservação e muito apreciada pelo sabor e tamanho. No século XIX era determinada a época do tempo da salga, realizado nos meses de setembro a outubro. (SANTOS et al, 2006). O conhecimento dos parâmetros físico-químicos do pescado in natura mostra a qualidade nutricional e as condições que ele tem para o melhor processamento. Quanto ao produto, estas características avaliam tanto o valor nutritivo como a qualidade da vida-de-prateleira. Oliveira (2007) determinou a composição centesimal do pirarucu, de piscicultura, processado salgado-seco,valores para umidade 39,05%, proteína 29,95%, lipídios 3,11% e cinza 26,33%, mostra o nível baixo na umidade, consequentemente possibilitará um maior tempo na conservação do produto. A área de estudo é caracterizada pela utilização de processos onde a aplicação de tecnologia requer o uso de mão-de-obra pouco especializada. A salga e secagem para do pescado, é uma tecnologia geralmente voltada para o desenvolvimento de processos produtivos que podem incorporar Anais do I Seminário Internacional de Ciências do Ambiente e Sustentabilidade na Amazônia. 2

conhecimentos válidos em atividades extrativistas sustentáveis. Este fato é característico em comunidades do interior do Estado do Amazonas. Na Resex Auati-Paraná é comum a pesca de subsistência, dentre entre elas está à pesca do pirarucu, assim selecionou-se um produto oriundo da biodiversidade regional. É importante estimular o desenvolvimento das cadeias produtivas locais de alimentos e contribuir para a preservação dos recursos renováveis, realizando estudos para avaliar a qualidade dos processos artesanais e agroindustriais de produção, incluindo o controle de qualidade de produtos elaborados em pequena escala. Anais do I Seminário Internacional de Ciências do Ambiente e Sustentabilidade na Amazônia. 3

OBJETIVOS Avaliar a qualidade físico-química do pirarucu salgado-seco procedente da Reserva de Desenvolvimento Sustentável UAITÍ-PARANÁ, de Fonte Boa. METODOLOGIA Coleta e processamento das amostras Foram analisados cinco exemplares com peso médio de 38 kg. As amostras foram provenientes da Reserva de Desenvolvimento Sustentável UAITÍ- PARANÁ, localizada no município de Fonte Boa, e recebidas na forma em que é comercializada, ou seja, a de produto salgado-seco. Uma parte delas foi comprada na Feira da Panair, em Manaus, e outra amostra foi processada no Laboratório de Tecnologia do Pescado da Universidade do Amazonas. Em seguida, trituradas e seguirão para as análises de composição centesimal e físico-química. Análises físico-químicas Para a análise da composição centesimal dos produtos elaborados foram retirados 100 gramas do produto e subamostras de 2 a 5 gramas e em seguida procedidas as análises seguindo as Normas Analíticas do Instituto Adolfo Lutz (1985) e AOAC (1990): Proteína Realizada pelo método micro-kjedhal, usando fator de conversão de 6,25. Umidade Determinada pelo método gravimétrico, através de perda de massa do material aquecido à 105 º C em estufa, até peso constante. Lipídios Determinados pelo método rápido de extração e purificação dos lipídios totais conforme Bligh e Dyer (1959). Cinza (Resíduo Mineral Fixo) Determinada sobre 2 g da amostra por incineração em mufla à 550 º C. Teor de cloreto Foi determinado conforme preconiza as Normas do Instituto Adolfo Lutz (São Paulo, 1985). ph Foi realizada conforme as Normas Analíticas do Instituto Adolfo Lutz (1985). Anais do I Seminário Internacional de Ciências do Ambiente e Sustentabilidade na Amazônia. 4

RESULTADOS E DISCUSSÃO Análise Física - Química Para as análises realizadas com as amostras da barriga e do lombo do pirarucu salgado - seco, os resultados obtidos estão descritos nas tabelas 1 e 2: Tabela 1. Analise bromatológica da barriga (realizado em triplicatas e tirado as médias) Fonte Boa Panair UFAM Proteína (%) 20,29±0,76 24,79±0,89 23,24±0,29 Umidade (%) 49,32± 0,24 47,63± 0,76 46,22±0,08 Cinzas (%) 6,83± 0,01 15,10± 0,15 14,39±0,20 Lipídios (%) 23,49± 0,63 12,43±1,04 16,69±1,12 Tabela 2. Analise bromatológica do lombo (realizado em triplicatas e tirado as médias) Fonte Boa Panair UFAM Proteina (%) 44,84±0,81 31,39±0,35 33,25±0,69 Umidade (%) 35,52± 0,65 49,00± 0,36 39,13±0,30 Cinzas (%) 17,43± 0,05 17,41± 0,02 23,72±0,30 Lipidios (%) 2,84±0,29 2,03±0,14 3,73±0,04 As analises de proteína realizada por Dias (1983), em filés de pirarucu salgado-seco encontrou um valor médio de 36,5. Para as analises de teor de proteína realizada com o músculo salgadoseco da pescada-branca (Plagioscion squamosissimus) realizado por Lourenço et al (2001), o valor médio foi de 32,8%. Para as analises do lombo e barriga, estão de acordo com a literatura citada por Lourenço et al (2001), que relata que a proteína de diversas espécies de pescado que pode variar entre 24% a 45%. Conforme Filho et al (2003), em uma de suas analises para a umidade realizada com filé de pirarucu salgado - seco oriundo de feiras foram de 37,8%. As médias das amostras da barriga e do lombo Anais do I Seminário Internacional de Ciências do Ambiente e Sustentabilidade na Amazônia. 5

provenientes da Feira de Fonte Boa, Feira da Panair e da salga realizada no Laboratório de Tecnologia do Pescado da UFAM não estão de acordo com as normas exigidas pela RIISPOA que estabelece que o teor de umidade não pode exceder mais que 35%. Segundo Dias (1983), se as condições climáticas não forem favoráveis pode interferir na salga e secagem do pescado, impossibilitando que o pescado fique seco em condições naturais e se torna incapaz de resistir à deterioração quando for estocado em temperatura ambiente. Para Cecchi (2003), o conteúdo de lipídios pode variar muito conforme o tipo de alimento, e para o pescado apresentam valores de 0,1% a 20%. O teor de lipídios no filé do pirarucu salgado - seco apresentou valor médio de 2,2%. Em comparação, Filho et al (2003), encontraram em uma de suas amostras teor de lipídios de 26,2% na região da barriga, onde é de se esperar que seus valores de lipídios sejam superiores aos do lombo, dificultando a estocagem sem o uso de antioxidantes. No regulamento da RIISPOA Decreto 3748/93, não consta valores para este tipo de análise. Para as analises realizada com a barriga, o índice de lipídios estão fora dos padrões estabelecidos, não permitindo a estocagem por um período mais prolongado. Conforme as considerações de Dias (1983), devido à ampla variação encontrada na composição química dos peixes, estes foram classificados em: para a barriga, alto teor de gordura e, para todas as amostras do lombo, classificados em baixo teor de lipídios. O pescado salgado-seco não deve conter mais de 25% de resíduo mineral fixo total conforme estabelecido pela RIISPOA Decreto 3748/93. As analises da barriga e do lombo do pirarucu salgado-seco da Feira de Fonte Boa, Feira da Panair e a salga realizada no Laboratório de Tecnologia do Pescado da UFAM, estão de acordo com as normas exigidas pelo RIISPOA. As analises realizadas por Filho et al (2003), apresentaram valores de ph 6, indicando uma aceitável resistência do pescado ao desenvolvimento de microorganismos e para boa conservação. Para a analise da amostra da barriga do pirarucu salgado-seco da Feira de Fonte Boa (5,87), foi o único que apresentou uma média de ph menor que o recomendado, o produto apresenta perda de qualidade. As analises da barriga da Feira da Panair, UFAM apresentaram índices de (6,79) e (6,71) e amostras do lombo da Feira de Fonte Boa, Panair e UFAM apresentaram índices de (6,16); (6,93) (6,67), conseqüentemente, todos acima do limite mínimo recomendado. Segundo Filho et al (2003), o valor mínimo para analise de cloreto é de 15%. Lourenço et al (2001) encontraram em suas analises com o músculo da pescada-branca a média foi de 19,0. As analises da barriga do pirarucu salgado-seco da Feira de Fonte Boa (11,63± 0,01); UFAM (11,38±0,29) estão abaixo do recomendado, favorecendo o desenvolvimento de microorganismos. Para as analises da barriga do pirarucu salgado-seco da Feira da Panair foi (30,98±0,67); para as analises do lombo da Feira de Fonte Boa foi (19,98± 1,00); Feira da Panair (30,89±0,28) e UFAM (34,31±0,33) são produtos mais conservados, podendo ser expostos as condições do ambiente por um período mais prolongado. Anais do I Seminário Internacional de Ciências do Ambiente e Sustentabilidade na Amazônia. 6

CONCLUSÕES Considerando os resultados obtidos pode-se concluir que: Os teores de proteína e cinza da barriga e do lombo estão de acordo com as literaturas citadas e as normas exigidas pela RIISPOA, as analises de ph todos estão dentro dos padrões estabelecidos, exceto da amostra de Fonte Boa, para a parte da barriga que apresentou valor abaixo de 6; O teor de umidade do lombo e barriga não está de acordo com as normas exigidas pela RIISPOA, os valores de lipídios da barriga estão fora dos padrões estabelecidos; Analises de cloreto para a região da barriga estão dentro da literatura, exceto as analises da barriga do pirarucu salgado-seco da Feira de Fonte Boa. AGRADECIMENTOS Ao Ministério da Pesca e Aquicultura e CNPq pelo apoio financeiro. Anais do I Seminário Internacional de Ciências do Ambiente e Sustentabilidade na Amazônia. 7

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