Anais do Encontro de Ensino, Pesquisa e Extensão. Volume 8, Número 8. Recife: Faculdade Senac PE, 2014.

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Transcrição:

UMA ANÁLISE DOS IMPACTOS DO DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO DO PORTO DE SUAPE PARA A OFERTA DA EDUCAÇÃO PROFISSINAL NOS MUNICÍPIOS DE IPOJUCA E CABO DE SANTO AGOSTINHO Lígia Batista de Oliveira Thayane Maria Deodato Cavalcante professoraligiaoliveira@yahoocom.br Resumo A educação profissional nas últimas décadas têm se configurado em Pernambuco, com um aumento significativo no número de matrículas em cursos técnicos, devido à demanda crescente do mercado de trabalho devido ao Porto de Suape. Diante deste cenário este estudo tem como objetivo verificar a relação entre o crescimento do número de escolas técnica com o aumento da arrecadação local na última década, ocorrida devido à expansão do Distrito Portuário de SUAPE. Para responder tal objetivo optamos por realizar uma análise quantitativa de um estudo de caso a partir do levantamento estatístico referente a criações de escolas técnicas nas regiões do entorno do Porto de Suape, especificamente nos municípios do Cabo de Santo Agostinho e Ipojuca. O que se observa é se o aumento do número de instituições de nível técnico corresponde ou não ao aumento da arrecadação dos municípios. Palavras-Chave: Educação Profissional; escolas técnicas; crescimento econômico. Abstract Professional education in recent decades has been configured in Pernambuco, with a significant increase in enrollment in technical courses, due to rising demand from the labor market due to the port of Suape. Against this background this study aims to determine the relationship between the growing number of technical schools with increasing local revenue in the last decade occurred due to the expansion of the Port 1

District SUAPE. To meet this goal we chose to perform a quantitative analysis of a case study from the statistical survey in the creations of technical schools in the surrounding areas of Port of Suape, specifically in the municipalities of Cabo de Santo Agostinho and Ipojuca. What is observed is the increase in the number of technical level institutions correspond or not to the increase in revenues of municipalities. Keywords: Vocational Education; technical schools; economic growth. 1. Introdução As mudanças econômicas ocorridas em Pernambuco nas últimas décadas se devem principalmente a criação do Porto de Suape, o qual desencadeou um crescimento no potencial de geração de empregos e desenvolvimento plural no entorno desta região. Com o crescimento da demanda por mão de obra exigiu-se também uma qualificação adequada, o que gerou um aumento na oferta e a atenção para as escolas de formação profissional. Tais acontecimentos demonstram a necessidade de analisar o crescimento no número destas escolas na região tendo em vista o desenvolvimento econômico e a arrecadação municipal desta última década, a partir da iniciativa privada e pública e sua relação com o Porto de Suape. Os municípios de Ipojuca e Cabo de Santo Agostinho foram escolhidos como campo empírico para análise da relação da oferta e demanda dos cursos de Educação Profissional, por formar o seu entorno e, portanto, fornecerem grande parte da mão de obra, gerando empregos e consequentemente o aumento da arrecadação municipal e, assim por terem a cultura local modificada pelo Porto de Suape. Tendo em vista o exposto, elaboramos as seguintes questões: Qual o impacto do crescimento da arrecadação sobre o aumento do número de matrículas no ensino técnico? Como o crescimento econômico em uma região pode promover a educação profissional? 2

Sendo assim para responder estas indagações elaboramos como objetivo: verificar a relação entre o crescimento do número de escolas técnicas nos municípios do Cabo de Santo Agostinho e Ipojuca com o aumento da arrecadação local nas últimas décadas, ocorrida devido à expansão do Distrito Portuário de SUAPE. Para atingir tal objetivo se fez necessário levantar dados de arrecadação, número de escolas técnicas e matrículas. Para tanto, a análise da relação oferta e demanda no cenário da educação profissional se constitui por um elemento fundamental para compreensão da relação entre esta e o mercado, pois a educação passa a ser entendida como um investimento em capital humano individual que habilita as pessoas para a competição pelos empregos disponíveis. Os diferentes níveis de formação serão determinantes para sua inserção no mercado (SAVIANI, 2008). Nessa perspectiva, os indivíduos precisam desenvolver competências, capacidades de se inserir no mercado de trabalho e ser bem-sucedido. Caso contrário, correm o risco de ficar a margem do mercado. Por isso, a educação profissional torna-se um forte indicador do desenvolvimento de uma região, pois ao observar seu crescimento podemos perceber quais as atividades dominantes. Com isso, Suape enfrenta a falta de mão de obra qualificada e o Governo do Estado junto com outros órgãos públicos e privados investem na formação e na capacitação dos futuros trabalhadores, oferecendo cursos técnicos e profissionalizantes voltados à demanda desse pólo (SUAPE, 2011). 2. Ensino Técnico: Breves Considerações Desde a década de 1940, surgem restrições à importação que impulsionava o processo de industrialização, se fez então necessário medidas no sentido da preparação da mão de obra. Porém, o sistema educacional não possuía infraestrutura necessária para implementação, em larga escala, do ensino profissional, e a classe média, que fazia crescer a demanda social por educação, não estava interessada no ensino profissional de nível médio (ROMANELLI, 2010). 3

Um dos primeiros movimentos no sentido da Ampliação foi o Decreto-lei 4.048/42, que em síntese, traz legalmente a obrigatoriedade das indústrias em contribuir com a educação profissional. A formação de trabalhadores e cidadãos no Brasil é constituída a partir da dualidade estrutural, devido à nítida demarcação da trajetória educacional dos que iriam desempenhar as funções intelectuais e de execução por outro (KUENZER, 2009, p. 27). Para Ramos (2013, p. 30), a educação profissional se constitui no processo pelo qual os trabalhadores são formados para produzirem sua existência por meio do trabalho, o qual se volta para a produção de bens e serviços necessários socialmente. Porém, para Gramsci, a escola não tem simplesmente o papel restrito de reprodutora das relações dicotômicas travadas no plano da produção material, uma vez que a vê com possibilidades de tornar-se um mecanismo importante no processo de transformação social, assim que assumir a função de decodificar a ideologia dominante, elevando o nível intelectual das massas (GRAMSCI, apud MARTINS, 2000, p. 13). Com isso desde o princípio fica claro que investir na educação profissional está vinculado à constante necessidade de o capital elevar sua produtividade e ampliar sua lucratividade, servindo de mecanismo para reestruturar e manter seu processo de ampliação e reprodução (OLIVEIRA, 2012). Para tanto, se torna papel do Estado materializar e legitimar esta lógica de acumulação do capital, a partir da implementação de políticas públicas que favoreçam a demanda socioeconômica aqui analisada a partir do Porto de Suape. 3. Histórico e Importância Econômica de Suape Situado nos municípios de Ipojuca e do Cabo de Santo Agostinho, o Porto de Suape teve seus estudos de viabilidade iniciados na década de 1960. Sua concepção originou-se no moderno conceito de integração porto-indústria já existente em outros 4

países. A escolha da região se deu por razões geomorfológicas e em 1973 começou a ser elaborado o plano diretor para sua implantação. No ano seguinte, foi lançada a pedra fundamental do Porto, que iniciou suas atividades em 1983. Em 2005, é iniciada a obra da Refinaria Abreu e Lima. A partir daí é percebido um salto no crescimento, pois até o ano de 2006 havia um total de 81 empresas instaladas, gerando 6.600 postos de trabalho. A partir de 2007 até outubro de 2011, o Complexo Industrial atraiu 72 empresas que geraram 31.800 empregos diretos. Com isso o Estado vem crescendo e este impulso em seu desenvolvimento é motivado, em grande parte, pelos investimentos que os governos Federal e Estadual estão realizando no Complexo Industrial Portuário, e isso pode ser percebido a partir do crescimento do PIB no Estado, que a partir de 2009 teve um crescimento acima da média nacional (IBGE). 4. Metodologia Neste trabalho optamos por realizar uma análise quantitativa de um estudo de caso a partir do levantamento estatístico a cerca da última década referente a criações de escolas técnicas nos municípios do Cabo de Santo Agostinho e Ipojuca. Para possibilitar a análise dos dados, a princípio, faremos um levantamento do atual cenário, que nos auxiliará na compreensão e realização de nossos objetivos. O trabalho de análise de dados segue as etapas de pré-análise a partir da transcrição de dados, leitura, exploração desses materiais e, por último, o tratamento dos resultados e interpretação. 5. Resultados 5.1. Crescimento das Escolas 5

Em 2011 o PIB do município de Ipojuca, cresceu 1818% em relação a 1999, já no Cabo de Santo Agostinho no mesmo período o crescimento foi de 298% (IBGE). Com o início das obras da refinaria em 2005 podemos perceber um crescimento de 457% até 2011 (Ministério da Fazenda), já em Ipojuca o crescimento foi de 686% (gráfico 1). Gráfico 1. Evolução da Arrecadação dos Municípios Com relação ao número de Escolas Técnicas (SISTEC/MEC) em Ipojuca, estão autorizadas apenas duas escolas técnica, um IF (Instituto Federal) e uma privada que ainda não apresenta cursos autorizados. No Cabo, desde 2008 existem escolas técnicas privadas autorizadas e em funcionamento, em 2007 houve a autorização de um IF, porém o mesmo ainda tem previsão de início de aulas para o segundo semestre deste ano. Também no Cabo podemos ver que a primeira escola técnica estadual só teve autorização este ano (gráfico 2). 6

Gráfico 2. Evolução do número de Escolas Técnicas autorizadas Quanto à evolução do número de matrículas nos municípios, vimos que em Ipojuca as primeiras matrículas no ensino técnico foram registradas em 2008 (INEP, 2013), e esse início coincide com a abertura do IF Ipojuca em 2007. No Cabo de Santo Agostinho as primeiras matrículas só foram registradas em 2011, na rede Estadual (gráfico 3), porém a única escola técnica estadual do município teve autorização apenas esse ano. Já as escolas técnicas privadas só tiveram suas matrículas registradas a partir de 2011, mesmo estando em funcionamento desde 2008. Gráfico 3. Evolução do número de matrículas nos Municípios 7

Podemos perceber que existem dados ainda não acompanhados pelo Censo, e que estes correspondem principalmente às instituições privadas. O melhor acompanhamento dos dados dos últimos anos coincide com a substituição do Cadastro Nacional de Cursos Técnicos pelo SISTEC que tem como um de seus principais objetivos: dotar o Ministério da Educação de uma base nacional de dados oficial contendo informações da educação profissional e tecnológica no país. Confrontando o levantamento, análise e discussão dos dados estatísticos acerca da educação profissional nos municípios, se observa que à medida que cresceu a demanda por mão de obra qualificada para atender ao Porto de Suape surgiram mais escolas técnicas e diante do crescimento destas instituições torna-se imprescindível à formalização do sistema nacional de avaliação do ensino técnico. 6. Considerações Finais O propósito deste estudo foi verificar a relação entre o crescimento do número de escolas técnica nos municípios do Cabo de Santo Agostinho e Ipojuca com o aumento da arrecadação local nas últimas décadas, ocorrida devido à expansão do Distrito Portuário de SUAPE. Confrontando o levantamento, análise e discussão dos dados estatísticos acerca da educação profissional nos municípios, se observa o desenvolvimento do Porto de Suape equiparado com o crescimento socioeconômico dos municípios. À medida que cresceu a demanda por mão de obra qualificada para atender ao Porto de Suape foram criados mais cursos técnicos nestes municípios para a oferta da educação profissional. Diante do crescimento destas instituições torna-se imprescindível a formalização do sistema nacional de ensino técnico. Nesse sentido, a educação é entendida como mercadoria e vista como estratégia para favorecer a produtividade e a competitividade que deve atender a capacitação e ao perfil dos trabalhadores exigido, portanto mudam-se o perfil dos trabalhadores, sendo impostas novas exigências de qualificação. Este contexto tratou a educação como um produto de mercado a ser consumido; dirigido e organizado para atender exclusivamente a tal demanda específica, para tanto, a educação e o Estado legitimam e 8

assumem como principal função a de educar para empregabilidade. Portanto, faz-se ainda necessária a verificação quanto ao atendimento da demanda de mão de obra por parte das instituições existentes na região, bem como a efetividade destes cursos. Referências IBGE/SUFRAMA. Disponível em: <http://cod.ibge.gov.br/234lq>. Acessado em: 20.02.2014 INEP. Censo da Educação. Disponível em http://www.inep.gov.br Acessado em: 01.02.2014 KUENZER, A. (org.). Ensino Médio: construindo uma proposta para os que vivem do trabalho. 6ª ed. São Paulo: Cortez, 2009. MARTINS, M. F.. Ensino Técnico e Globalização: cidadania ou submissão? Campinas, SP: Autores Associados, 2000. Ministério da Fazenda - Secretaria do Tesouro Nacional Disponível em: http://www.ipeadata.gov.br/ Acessado em: 12/03/2014 RAMOS, M.. Trabalho e Educação: implicações para a produção do conhecimento em educação profissional. In. MOURA, D. (org.). Produção do conhecimento, políticas públicas e formação docente em educação profissional. Campinas, SP: Mercado de Letras, 2013. OLIVEIRA, R. (org.). Jovens, ensino médio e educação profissional: Políticas públicas em debate. Campinas, SP: Papirus, 2012. 9

ROMANELLI, O. de O.. História da Educação no Brasil. 35ª Ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2010. SAVIANI, D.. História das idéias pedagógicas no Brasil. 2ª Ed. Campinas, SP: Autores Associados, 2008. SISTEC/MEC Consulta pública das unidades de ensino. Disponível em: http://sitesistec.mec.gov.br/consulta-publica Acessado em: 15/04/2014 SUAPE Complexo Industrial Portuário Governador Eraldo Gueiros. Projetos e Oportunidades: apresentação do complexo de SUAPE. Ipojuca: SUAPE, 2011. 10