Estudo e desenvolvimento de ferramentas digitais para apoio à alfabetização



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Transcrição:

Prof. Dr. Diogo Porfírio de Castro Vieira Prof. Me. Guilherme Vaz Torres Prof.ª Me. Tania Cristina Pedreschi R. Squilaci Estudo e desenvolvimento de ferramentas digitais para apoio à alfabetização Brasil 2014 Sumário

1 Introdução....................................................... 2 1.1 Problema.................................................... 3 1.2 Justificativa.................................................. 6 1.3 Objetivos.................................................... 7 2 Materiais e Métodos................................................7 3 Cronograma......................................................8 4 Custo do Projeto.................................................. 8 Referências........................................................ 8

1 Introdução Desde o nascimento, a criança está inserida numa cultura que utiliza a escrita e a leitura como mecanismos de comunicação, promotores de interações sociais. Ao ingressar e permanecer na escola, a criança deveria ter condições de se apropriar da linguagem escrita, independentemente de suas condições sociais, culturais ou econômicas. Observa-se, no entanto, que muitos indivíduos passam pela escola, mas continuam sem conseguir utilizar as habilidades de leitura e escrita em atividades relacionadas à produção e interpretação de gêneros textuais que circulam socialmente. Segundo Mortatti (2004), existe uma tendência nacional e internacional de se associar a alfabetização à educação escolar, bem como de se relacionar alfabetização e educação ao desenvolvimento, em todas as suas vertentes: social, econômica, cultural e política. A autora refere que o problema do analfabetismo perdura no Brasil desde os tempos do Império, continuando a existir após a instalação do modelo republicano de escola pública, que deveria garantir a disseminação da instrução elementar. Alerta que, se a alfabetização não garante, por si só um maior nível de letramento, é grave a constatação de que sequer a aquisição inicial da língua escrita tem sido garantida a todos os brasileiros, o que leva ao questionamento sobre o papel da escola nesta questão. Para Soares (2003), na produção acadêmica é possível observar uma associação entre os termos alfabetização e letramento, o que pode levar a uma compreensão inadequada de que seriam sinônimos ou que representariam fenômenos possíveis de se fundirem. A autora defende que é necessário alfabetizar letrando, o que é entendido como o ensino da leitura e da escrita por meio de práticas sociais que as utilizem. Refere que muitos alunos continuam apresentando índices sofríveis de capacidade de leitura, apesar de anos de escolaridade, o que denuncia um grande contingente de alunos não alfabetizados ou semialfabetizados. A autora defende o que denomina reinvenção da alfabetização (p.12), opondo-se à ideia de que a solução seria o retorno a antigas práticas, prioritariamente mecanicistas, que enfatizavam somente as relações entre o sistema fonológico e o alfabético. Ressalta, porém, a pertinência de considerarmos a necessidade do ensino sistemático e intencional de tais relações, o que muitas vezes não ocorre em práticas denominadas construtivistas. Soares (2003) defende que é a natureza de cada aspecto do letramento (por exemplo: a inserção da criança na cultura escrita, sua participação em diversas experiências e com diferentes gêneros textuais) e de cada aspecto da alfabetização, (relacionados à consciência fonológica, codificação e decodificação, por exemplo) que irão determinar a escolha por determinado procedimento metodológico. 2

Ressalta-se, neste contexto, a necessidade de adequada formação do docente, e de orientações metodológicas que instrumentalizem o professor no seu trabalho com a alfabetização e o letramento. Citamos, a seguir, algumas ideias apresentadas no material Próletramento: programa de formação continuada de professores dos anos/séries iniciais do Ensino Fundamental: alfabetização e linguagem (MEC/SEB, 2008). Dados os limites deste projeto, nossa exposição ficará restrita aos eixos que devem nortear o trabalho do docente nos anos iniciais, apresentados no primeiro fascículo, escrito por Batista, et al (2008). Os autores descrevem que as seguintes capacidades linguísticas devem ser trabalhadas ao longo dos três anos iniciais do Ensino Fundamental: compreensão e valorização da cultura escrita, apropriação do sistema de escrita, leitura, produção de textos escritos e desenvolvimento da oralidade. A compreensão e valorização da cultura escrita são relacionadas ao trabalho com o processo de letramento e envolvem: conhecer, usar e valorizar os modos de produção e de circulação de escrita na sociedade; conhecer os usos e funções sociais da escrita: possibilidade de entender que nossa vida cotidiana é organizada em torno da escrita e que esta possui diferentes funções; conhecer e valorizar os usos da escrita na cultura escolar; desenvolver capacidades necessárias ao uso da escrita no contexto escolar. O segundo eixo do trabalho envolve a apropriação do sistema de escrita, relacionado à compreensão das regras do sistema alfabético e à ortografia. Tal trabalho envolve: compreender diferenças entre escrita e outras formas gráficas: saber diferenciar letras de desenhos, rabiscos, números e símbolos gráficos como sinais de pontuação e matemáticos; dominar as convenções gráficas: compreender que nossa escrita ocorre de cima para baixo e da esquerda para a direita e que existem convenções para separar as palavras e frases em um texto, o que ocorre por meio do uso da pontuação e de espaços em branco; reconhecer unidades fonológicas: o professor deve criar situações específicas para que os alunos entendam e apreendam as relações entre fonemas e grafemas. Para isto, os alunos precisam trabalhar com segmentos sonoros, tais como sílabas, sons iniciais e finais das palavras, o que pode ser feito por meio de jogos, trava-línguas e rimas; 3

conhecer o alfabeto: identificar e nomear cada letra do alfabeto, além de compreender que representa ao menos um fonema da língua; compreender a categorização gráfica e funcional das letras: entender que as letras podem variar em sua grafia (letras de imprensa e cursiva, maiúsculas e minúsculas, por exemplo), mas que permanecem estáveis quanto ao seu valor funcional, ou seja, quanto ao que representam; compreender a natureza alfabética do sistema de escrita: entender que nosso sistema de escrita possui uma relação entre a pauta sonora e sua representação que é alfabética; dominar as relações entre fonemas e grafemas: compreender que tais relações são complexas e variadas, pois existem algumas relações biunívocas e a maioria das relações depende do contexto. Inclui-se, neste trabalho, o progressivo domínio das regularidades e irregularidades ortográficas. O terceiro eixo do trabalho docente refere-se à leitura. As práticas pedagógicas devem incluir situações nas quais o aluno possa desenvolver: atitudes e disposições favoráveis à leitura; capacidade de decifração; fluência na leitura; compreensão de textos. O quarto eixo do trabalho é a produção de textos escritos. O trabalho docente compreende o desenvolvimento de duas capacidades centrais: compreender e valorizar o uso da escrita com diferentes funções e diferentes gêneros: a criança precisa entender com quais finalidades as pessoas escrevem e que, de acordo com a finalidade, organizamos a escrita em determinado gênero que é veiculado em suporte específico; produzir textos escritos de gêneros diversos, adequados aos objetivos, ao destinatário e ao contexto de circulação. O último eixo apresentado refere-se ao desenvolvimento da oralidade. O trabalho com tal capacidade envolve: participar das interações cotidianas em sala de aula, sabendo ouvir, responder as questões propostas e expor opiniões; respeitar a diversidade das formas de expressão oral de colegas, funcionários e pessoas da comunidade, planejar e usar a língua falada de acordo com a situação, procurando empregar a variedade linguística padrão quando em contextos formais. Conhecidos os eixos que norteiam a prática pedagógica, cabe apresentarmos as modalidades que, de acordo com Nery (2007), organizam o trabalho docente no cotidiano. São elas: atividade permanente, sequência didática, projeto e atividade de sistematização. 4

A atividade permanente tem por objetivo possibilitar aos alunos conhecer as diversas formas de ler e produzir textos, fazer arte ou outras atividades, bem como de compartilhar o que foi vivenciado ou lido. Constitui-se de um trabalho regular, que pode ser diário, semanal ou quinzenal com um gênero textual ou com área do currículo que se pretende explorar. A sequência didática não possui a exigência de que exista um produto final, como nos projetos, mas organiza o trabalho pedagógico em uma determinada sequência e por um determinado período, previamente estabelecido. O projeto pressupõe um produto final e um planejamento com objetivos, dimensionamento do tempo, divisão de tarefas e avaliação final. Cada um dos alunos possui responsabilidades individuais e coletivas para a consecução dos objetivos estabelecidos. Por fim, as atividades de sistematização são aquelas, como o próprio nome diz, que tem por objetivo sistematizar conhecimentos e fixar determinados conteúdos trabalhados com os alunos. No caso da alfabetização e do letramento os conteúdos trabalhados referem-se à aquisição da base alfabética da língua, ao domínio das convenções de escrita ou aos conhecimentos textuais. As orientações teóricas e metodológicas aqui discutidas apontam para a necessidade de uma prática docente que articule a alfabetização e o letramento, garantindo que suas especificidades sejam objeto sistemático de ensino e de aprendizagem. Nos últimos anos, a crescente evolução da tecnologia de comunicação está causando mudanças significativas na área educacional. O ensino a distância, a informática na escola, utilizando diversos tipos de softwares e a internet são realidades que nos fazem parar e pensar em uma nova prática educativa, mais dinâmica, mais atraente, mais interativa e em uma postura diferente da tradicional diante do ensino, da aprendizagem, do aluno, da escola e da sociedade. Tofler (1995) citado por Bauer (1997, p.10), defende que a Terra atravessa sua terceira grande onda de mudanças influenciada pela informática. Lévy (1998, p.35) afirma que a informática é a última, até a data, dessas grandes invenções que têm ritmado o desenvolvimento da espécie humana, reorganizando sua cultura e abrindo-lhe uma nova temporalidade. Marques Neto (2002, p.52) afirma que levando em consideração que boa parte da vida do sujeito moderno se passa na escola, é importante questionar como a tecnologia da informação se encontra posicionada no ambiente constituído por essas instituições. Gasperetti (2001, p.12) confirma o que pretendemos desenvolver neste trabalho quando afirma: o computador serve e é preciso inventar um novo modo de usá-lo na escola, mantendo o coração e a cabeça abertos à correção de eventuais erros. 5

Neste sentido, cabe afirmar que a Informática Educativa é a área do saber que busca integrar o uso das Novas Tecnologias de Informação e Comunicação ao processo educativo, utilizando seus recursos para viabilizar estratégias interativas de ensino-aprendizagem. Gasperetti (2001, p.63) também relata que se experimentássemos reler os manuais de Filosofia e de História da Educação, ficaríamos surpresos com a presença da brincadeira no universo educacional. Atividades lúdicas e aprendizagem estão estreitamente ligadas, neste contexto o computador é um excelente instrumento de trabalho do professor, principalmente quando se trabalha atividades lúdicas em ambientes digitais. Tornando interessante a pesquisa científica voltada para o uso dos jogos digitais nos processos de alfabetização e letramento. Podemos encontrar na literatura (MORRIS et al. 2013, KIRRIEMUIR e MCFARLANE 2004) diversas vantagens dos jogos digitais como ferramenta para aprendizado, entre eles: a popularidade dos jogos digitais, tornando-o algo atrativo para as pessoas; associação direta como uma atividade agradável; possibilidade de retroalimentação, possibilitando que o aprendizado seja adaptável ao indivíduo; a existência de mecanismos motivacionais; falha divertida, característica interessante para o problema da frustação do aluno diante a um novo desafio; possibilidade de criação de desafios, fomentando a curiosidade do aluno; existência de sentimentos subjetivos experimentados durante jogos, como estados de fluxo e imersão; possibilidade de criar simulações, criando ambientes virtuais fiéis ao mundo real; trabalhar com competividade e cooperação; entre outros. 1.1 Problema Diante da constatação de um número significativo de alunos com fracasso escolar no Brasil e de metodologias inadequadas para resolver esta questão nas escolas, apontamos como problema a falta de instrumentos eficientes que levem o aluno a um resultado satisfatório do nível de alfabetização. 1.2 Justificativa Dentre o vasto universo de possibilidades para a contribuição na solução do problema proposto, destacamos a necessidade de uso da informática como um importante recurso didático, que aliado ao conhecimento do professor, pode mudar o panorama do fracasso escolar relacionado à alfabetização. Neste sentido, é importante que trabalhemos com estudantes de tecnologias e com estudantes de educação a construção de instrumentos que contribuam para o desenvolvimento 6

de habilidades cognitivas e sociais dos alunos, por meio de pesquisas científicas, e o desenvolvimento de jogos digitais que trabalhem associados a conteúdos escolares. 1.3 Objetivos O objetivo geral do projeto será propiciar aos estudantes de graduação dos cursos de Tecnologia e de Educação, do Centro Universitário Barão de Mauá, a oportunidade de: incorporar em sua prática, diferentes formas de conhecimentos interdisciplinares, desenvolvendo o pensamento crítico e a criatividade; aplicar o método científico para solução de problemas, de forma a contribuir para a melhoria da qualidade do processo ensino-aprendizagem. Especificamente, os discentes participantes deste projeto deverão ser capazes de: pesquisar elementos significativos de alfabetização na linha construtivista; pesquisar metodologias de aplicação de softwares educativos em escolas; utilizar componentes da tecnologia da informação, para o desenvolvimento de jogos digitais voltados para o desenvolvimento do educando no processo de alfabetização e letramento. 2 Materiais e Métodos O projeto consiste em desenvolver uma solução web voltada para a alfabetização e letramento. Esta solução web será composta por dois pilares: um jogo, como ferramenta voltada para o desenvolvimento do educando no processo de alfabetização e letramento; uma interface de controle integrada, para o uso do professor. Através dessa ferramenta será possível que o professor acompanhe o desempenho do aluno em tempo real, assim como, será possível que o professor faça modificações em alguns componentes do jogo para adequação do aprendizado de determinado aluno. Através do eixo pedagógico do projeto pretende-se estabelecer vínculo com uma instituição de ensino infantil, nos quais poderão ser levantados os requisitos básicos do sistema observando e acompanhando o processo de alfabetização e letramento. Com levantamento de atividades, prioritariamente atividades lúdicas, poderemos estabelecer objetos de estudo para o desenvolvimento do jogo digital, bem como, métricas para análise da evolução do aprendizado. 7

3 Cronograma Atividades 01/2015 02/2015 01/2016 02/2016 01/2017 02/2017 Revisão bibliográfica Observação e acompanhamento do processo de alfabetização e letramento Levantamento de requisitos de software Escrita de roteiro do jogo x x x x x x x x x Elaboração de documento de x game design Desenvolvimento do jogo x x x x x Desenvolvimento da interface docente x x x x x 4 Custo do Projeto No desenvolvimento do projeto não haverá custo, pois serão utilizadas Ferramentas gratuitas e diferentes plataformas já acessíveis no Centro Universitário Barão de Mauá. Referências BATISTA, Antonio A. Gomes, et al. Capacidades lingüísticas: alfabetização e letramento. In: Pró-letramento: Programa de Formação Continuada de Professores dos Anos/Séries iniciais do Ensino Fundamental. Brasília: Ministério da Educação/ Secretaria da Educação Básica, 2008, 364 p. BAUER, Marcelo. Informática: a revolução dos bytes. São Paulo: Ática, 1997. GASPERETTI, Marco. Computador na educação: guia para o ensino com as novas tecnologias. São Paulo: Esfera, 2001. KIRRIEMUIR, John e MCFARLANE, Angela. "Literature review in games and learning." 2004. 8

LEAL, Telma Ferraz, ALBUQUERQUE, Eliana B. C. e MORAIS, Artur Gomes. Letramento e alfabetização: pensando a prática pedagógica. In: BEACUCHAMP, J., PAGEL, S. D. e NASCIMENTO, A. R.(orgs.) Ensino Fundamental de nove anos: orientações para a inclusão da criança de seis anos de idade. Brasília: Ministério da Educação/ Secretaria da Educação Básica, 2007, p. 69-83. LÉVY, Pierre. A máquina universo: criação, cognição e cultura informática. Porto Alegre: Artmed, 1998. MARQUES NETO, Humberto Torres. A tecnologia da informação na escola. In: COSCARELLI, Carla Viana. (Org.). Novas tecnologias, novos textos, novas formas de pensar. Belo Horizonte: Autêntica, 2002. MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO/ SECRETARIA DA EDUCAÇÃO. Parâmetros Curriculares Nacionais: língua portuguesa. Brasília: A Secretaria, 2001, 144 p. MORRIS, Bradley J. et al. Gaming science: the Gamification of scientific thinking. Frontiers in psychology, v. 4, 2013. MORTATTI, Maria do Rosário Longo. Educação e Letramento. São Paulo: UNESP, 2004, 136 p. NERY, Alfredina. Modalidades organizativas do trabalho pedagógico: uma possibilidade. In: BEACUCHAMP, J., PAGEL, S. D. e NASCIMENTO, A. R.(orgs.) Ensino Fundamental de nove anos: orientações para a inclusão da criança de seis anos de idade. Brasília: Ministério da Educação/ Secretaria da Educação Básica, 2007, p.109 135 SOARES, Magda. Letramento e alfabetização: as muitas facetas. Revista Brasileira de Educação, Rio de Janeiro, n. 25, abr. 2004. Disponível em <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=s1413-24782004000100002&lng=pt&nrm=iso>. Acesso em 21 fevereiro de 2012. http://dx.doi.org/10.1590/s1413-24782004000100002. 9