Projeto Iniciação Musical no Jardim de Infância ( ) o movimento, o cantar e o tocar se tornam um todo ( ) Com base na espontaneidade dos jogos musicais e corporais das crianças, que têm, na sua base razões biosicológicas, pode dizer-se que, quando a criança fala, ri, canta, bate palmas, grita, corre, bate com os pés, salta ou dança, efetua essas atividades porque disso tem necessidade. Há uma força motivacional que a impele para tal Tradução livre de ( ) Movement,singing and playing became a unity.( ),in ORFF,Carl,in Orff-Schulwerk.
Iniciação Musical nos jardins de Infância em crianças dos 3 aos 6 anos É com alguma frequência que, no nosso país, se ouve falar em atraso cultural. Reconhecemos que há um longo caminho a percorrer. Mas também nos parece que, um pouco por todo o lado, muito se está a semear para mudar a face de um país que se transfigurou num curto espaço de tempo. Essas mudanças são mais perceptíveis na área do acesso a bens de consumo, mas também em áreas de mais difícil assimilação como a Música. Cada vez mais, as aulas de Música ou Educação Musical integram a realidade escolar constituindo mais uma razão para se afirmar o prazer de estar na Escola. Este é o prazer que ofusca o dever e o transforma em sede de conhecimento e sabedoria. Sentir que, com naturalidade, a música começa a fazer parte integrante de uma prática educativa e esta deve estar alcançável a todas as crianças sem excepção. A música é uma forma de conduta humana e uma atividade que as pessoas desenvolvem ao longo de toda a sua vida, independentemente das características patológicas que possam apresentar. O contacto com a Música é muito importante nas crianças desde os seus primeiros anos de vida, principalmente nas idades dos 3 aos 6 anos, pois é nesta fase que ocorre o desenvolvimento de determinadas capacidades artísticas. O desenvolvimento da criança ocorre principalmente através de interações sensoriais, para isso temos que intervir com atividades que fomentem as suas capacidades criativas cada vez mais cedo. Este tipo de intervenções devem ser progressivas, lógicas e estarem baseadas nas capacidades que o aluno possa desenvolver ao longo das atividades, como a utilização do movimento e dança dentro do contexto da educação como recurso para desenvolver capacidades comunicativas e criativas dos alunos, a partir de danças pertencentes ao repertório tradicional europeu, jogos em que se desenvolvem habilidades motrizes e gestuais, técnicas de improvisação e composição coreográfica. O Professor deve conhecer e adaptar o melhor método durante as sessões de Música para que a prática educativa seja efetiva. Este deve compreender a importância de trabalhar a música mediante a participação ativa do aluno, favorecendo o gosto e interesse por esta, através de propostas lúdicas e atrativas.
Neste projeto serão desenvolvidas diversas atividades para a apresentação do aluno, dos colegas e do próprio professor, assim como atividades de rotina na aula e reconhecimento espacial da sala. As sessões terão uma duração entre 35-45 minutos (nestas idades os alunos não estarão concentrados mais que este tempo). Estas sessões terão sempre um ritual comum, ainda que os objetivos e conteúdos mudem. Este ritual comum ajuda a economizar o tempo e favorece a concentração da criança, havendo sempre atividades de início e finalização. O Professor terá sempre uma atitude de cumplicidade com a criança sentando-se sempre no chão (à mesma altura), realizando sempre formações circulares, favorecendo a concentração e a sensação de cumplicidade e igualdade com respeito às crianças e destas com o resto dos colegas. O objetivo deste projeto é que as crianças fomentem a sua criatividade, motivação e gosto musical como parte fundamental no desenvolvimento integral do aluno. Metodologia: A Orff-Schulwerk sugere uma forma de trabalho no qual se utilizam elementos originais tomados como modelos que estimulam a criatividade aliados à música, movimento e a palavra. Nas aulas em que se pratica a Schulwerk, os participantes cantam, tocam e dançam em grupo. A diversidade dos instrumentos utilizados requer diferentes habilidades, o que permite que todos os elementos do grupo se possam integrar, realizando tarefas de maior ou menor dificuldade e complexidade. O professor deve também incorporar-se nas atividades e experimentar, improvisar e arriscar, ser mais um participante. Com a sua atitude aberta, o professor deverá proporcionar um clima que se torne estimulante para as crianças contribuindo assim para a sua abertura e imaginação. A Orff Schulwerk é, acima de tudo, uma forma de pensar, de ensinar e de aprender que se distingue consideravelmente dos métodos tradicionais de educar na área da música e da dança. Vejamos três pontos que podem definir a pedagogia Orffiana: A música e a dança são meios de expressão e comunicação do ser humano. Por isso, a educação através destes meios começa, inevitavelmente, a desenvolver-se pelo cantar, tocar e dançar;
A música e a dança não são, unicamente, ações mecânicas, mas sim formas artísticas que nos afetam emocionalmente e nos obrigam à reflexão, por consequência, à atividade física, sensorial e à compreensão intelectual; Na música e na dança, a comunicação é um aspeto que se reveste da maior importância, já que a perceção subjetiva individual no mundo da arte, se enriquece enormemente com a troca de observações e experiências. O projeto será desenvolvido de acordo com os princípios e objetivos programáticos definidos para os diferentes níveis de aprendizagem, na área da expressão musical, com o suporte organizativo, pedagógico e logístico (material didático específico: Instrumental Orff). Atividades: Exploração descobrindo possibilidades com uma determinada parte do material envolvendo qualquer um dos componentes da sala, como descobrir sons do corpo, dos instrumentos, explorar os diferentes materiais, sendo instrumentos ou não como lenços bolas, cordas, etc. Imitação desenvolvimento de competências através do "echo" isto é, repetindo um padrão realizado pelo professor ou outro líder. É também o procedimento utilizado regularmente por canções de ensino, ritmos e peças instrumentais, uma frase de cada vez. Improvisação tornando-se novos padrões e estruturas maiores, com base na exploração e os modelos aprendidos através da imitação. Criação combinação de material de qualquer dos procedimentos anteriores em formas pequenas como a ABA, rondó, e mini-suites. Envolvendo o desenvolvimento de pequenas peças de performance de histórias e poemas, utilizando qualquer uma ou todas as ferramentas de desempenho mencionados.
Objetivos: Trabalhar propostas didáticas básicas (audições, canções tradicionais, danças-jogos e outras atividades) que permitam conseguir os objetivos para esta idade; Aprender e interpretar canções, danças, jogos, danças tradicionais, etc.; Fomentar o desenvolvimento da comunicação não-verbal na aula de Música, para favorecer a disciplina e a concentração; Trabalhar atividades dinâmicas em grupo; Analisar e apreciar a atividade musical como um feito estético, artístico e social; Reagir à música com diferentes ações motoras, imitando o adulto ou descobrindo movimentos próprios; Realizar ações diversas de interação com o adulto de acordo com as práticas transmitidas por tradição oral; Escutar e cantar o mesmo tipo de canções, incluindo ações de movimento, jogo, dança e improvisação; Desenvolver o gosto pela Música. Conteúdos: Trabalho com ritmos, canções e atividades de grupo para fomentar a socialização; Introdução à exploração, à imitação, à improvisação e à criação como elementos fundamentais na aula; Desenvolvimento de recursos didácticos para o trabalho corporal, adaptados à idade; Técnica vocal e canto coral; Sonoridades timbres, intensidades alturas, durações; Rimas infantis dinâmicas, alturas, andamento; Canções tradicionais melodias (diferentes modos, tonalidades, métricas, acompanhamentos, estilos, culturas, formas); Jogos tradicionais infantis entoações vocais, ritmos e ações motoras de acordo com as orientações tradicionais;
Movimento, ritmo ritmos inerentes a diferentes ações motoras (espaço, tempo e energia), padrões rítmicos em diferentes métricas, pulsações, acentuações; Audição Musical timbres, dinâmicas, ritmos, melodias e harmonia. Exemplo de uma Sessão Objetivos: Trabalhar a apresentação dos alunos; Identificar o lugar que vão ocupar na aula de música, através de atividades que desenvolvam a criatividade, o interesse e a motivação; Respeitar o lugar que se ocupa na aula para favorecer a socialização do aluno; Desenvolver capacidades necessárias no âmbito musical: observação, memorização, musicalidade, criatividade, elementos fixos e outros livres, trabalho em grupo, em pares e individual. Conteúdo: Pulso musical; Reconhecimento e utilização do espaço; Exploração, improvisação e criação; Observação, imitação e memorização; Cooperação e trabalho em grupo; Formas musicais. Atividades: Atividade 1: O professor com esta atividade estabelecerá a rotina comum a todas as aulas. 1 Aquecimento rítmico vocal, apresentação. O aquecimento engloba exercícios de relaxamento, respiração e vocalizos, pretendendo com isto criar motivação e despertar as crianças para a aprendizagem musical também através de gestos, sons do corpo e contacto físico com os colegas da
sala. Cada um escolhe um gesto ou movimento para se apresentar à turma, de seguida todos imitam esse gesto e dizem o seu nome e assim consecutivamente até estarem todos apresentados. 2 Entram os comboios. As crianças devem caminhar como comboios, sem chocarem, sem fazer barulho, ocupando todo o espaço da sala, quando se encontram com os outros comboios vão dizendo o seu nome e escutam o nome do outro colega. Atividade 2: O nosso lugar na aula de Música. Haverá uma regra comum entre o professor e as crianças no resto das aulas de Música, mediante um determinado som o aluno colocar-se-á num lugar específico no espaço da sala de aula. Esta ordem economizará o desenvolvimento das aulas e por sua vez o aluno sentirá que o seu lugar é especial e que ele próprio escolheu. O nome para este lugar será escolhido pelas crianças. Atividade 3: Música Linda Borboleta. Oh que linda Borboleta, suas asinhas são de violeta, A Primavera sempre a voar, no meu nariz ela veio poisar. Introdução do tema com fantoches que representem a imagem da Borboleta. O professor canta a canção por versos e as crianças imitam e assim progressivamente até ao final do tema. De seguida, o professor entoa o tema com diferentes dinâmicas e alturas. Por fim, o tema é dramatizado com gestos escolhidos entre as crianças e o professor, improvisando movimentos que imitem borboletas. Atividade 4: Movimento e paragem expressiva estátuas Esta atividade consiste no trabalho de dois conceitos, um é o trabalho já desenvolvido anteriormente (o movimento), as direções e o espaço, o outro é a paragem (as estátuas). Estes movimentos dependerão principalmente do acompanhamento musical. O movimento é feito nos períodos com música e a estátua aquando o silêncio musical. No momento da estátua o aluno deve manter expressividade no rosto (trabalhando a expressividade), também trabalha o equilíbrio, a musicalidade e a criatividade.
Atividade 6: A pensar juntos. O professor finalizará a aula com um resumo dos conteúdos trabalhados. Esta atividade é muito importante para a interiorização dos conteúdos pela parte das crianças, nesta idade necessitam recordar e reiterar sobre o que se trabalhou em toda a aula. Conclusão Este projeto tem como base a vontade e o desejo de conhecer, averiguar e compreender uma realidade, com vista ao enriquecimento do nosso próprio conjunto dos conhecimentos e, possivelmente, ao de outros indivíduos. Os processos que nos conduzem a esse enriquecimento, deverão centrar-se na pesquisa e descoberta de factos e de ideias não triviais, de forma a alargar conhecimentos e solucionar problemas. Pretendo, acima de tudo com este projeto, focar-me em desenvolver atividades musicais para o desenvolvimento, estimulação e potenciação das crianças. As atividades programadas servirão como iniciação e factores animadores onde as crianças desenvolvam aptidões multissensoriais como cantar/falar, instrumental, corporal e jogos com uma seleção de objetos, materiais, para conduzir as crianças à descoberta por parte destas, com o objetivo de os estimularem para a sua aprendizagem. Este tipo de ensino oferece às crianças um amplo espetro de experiências e possibilidades de expressão que fomentam a sua criatividade, imaginação, gosto musical e o seu desenvolvimento integral para todas as crianças com ou sem necessidades educativas especiais. Eva Amaro