Efeito da injecção intracoronária de células progenitoras autólogas derivadas da medula óssea no strain global longitudinal em doentes com enfarte agudo do miocárdio com supradesnivelamento de ST Serviço de Cardiologia, Hospital de Santa Marta Centro Hospitalar de Lisboa Central, EPE Tiago Pereira da Silva, António Fiarresga, João Abreu, António Ferreira, Luísa Moura Branco, Ana Teresa Timóteo, Ana Galrinho, Pedro Rio, Guilherme Portugal, Pedro Teixeira, Sílvia Rosa, Rui Cruz Ferreira
Introdução Enfarte agudo do miocárdio com supradesnivelamento de ST (EAMCST) Angioplastia primária: recuperação da função miocárdica muitas vezes incompleta Injecção intracoronária de células progenitoras autólogas (CPA) derivadas da medula óssea, no território de enfarte Exequível e segura Benefício pequeno na fracção de ejecção do ventrículo esquerdo (FEVE) Strain global longitudinal (SGL) Load independent Pouco estudado load dependent Herbots L et al. Eur Heart J 2009 Wollert K et al. Lancet 2004
Introdução Objectivo Avaliar o efeito da injecção de intracoronária de células progenitoras autólogas no strain global longitudinal em doentes com enfarte agudo do miocárdio com supradesnivelamento de ST.
Métodos Estudo prospectivo, aleatorizado, controlado Recrutamento de doentes com: EAMCST Angioplastia primária nas primeiras 12 horas Sem enfarte prévio ou comorbilidades major Pico de CPK > 1000 U/L Janeiro 2011-Maio 2013 Terapêutica médica recomendada + Aleatorização 1:1 Injecção Não injecção de CPA (controlo) Steg PG et al. Eur Heart J 2012
Métodos Células progenitoras autólogas (5º - 7º dia) Colheita (aos doentes programados para injecção de CPA) Crista ilíaca, sob anestesia local Isoladas por método de centrifugação 2 passos de lavagem Suspensão de 12 ml: soro fisiológico + CPA Injecção intracoronária Insuflação do balão Injecção em 3 fracções
Métodos Estudo ecocardiográfico transtorácico Primeiros 7 dias + reavaliação entre o 6º e 12º meses Fracção de ejecção do ventrículo esquerdo (FEVE): método de Simpson biplanar Strain regional para cada segmento do ventrículo esquerdo: método semiautomático 2D padrão, planos apical longo eixo, 2- e 4-câmaras SGL: média do strain regional dos diferentes segmentos Exclusão: má janela ecocardiográfica ou sem reavaliação ecocardiográfica
Métodos Análise estatística Comparação entre os 2 grupos: Características demográficas e clínicas Parâmetros ecocardiográficos basais e finais Variação da FEVE e do SGL testes chi-quadrado ou Mann-Whitney teste de Mann-Whitney
Resultados Amostra: 34 doentes 15 controlo 19 injecção de CPA Exclusão: 10 doentes
Resultados Controlo Injecção CPA p N = 15 N = 19 Idade (anos) 52 ±10 50 ±9 0,403 Género masculino [N (%)] 14 (93) 17 (89) 0,697 Hipertensão arterial [N (%)] 7 (47) 11 (58) 0,730 Dislipidémia [N (%)] 9 (60) 8 (42) 0,245 Diabetes melitus [N (%)] 2 (13) 3 (16) 1,000 Tabagismo [N (%)] 11 (73) 11 (58) 0,285 Revascularização prévia (%) 0 0 - Índice de massa corporal (IMC) (kg/m2) 28 ±4 27 ±7 0,585
Resultados Controlo Injecção CPA p N = 15 N = 19 Enfarte de localização anterior [N (%)] 10 (67) 15 (79) 0,462 Pico de CPK (U/L) 2714 ±1270 3542 ±2877 0,381 Pico de troponina I (ng/ml) 122 ±163 131 ±194 0,890 Killip I [N (%)] 15 (100) 18 (95) 0,432 Pico de BNP (ng/l) 205 ±236 196 ±148 0,907 Doença multivaso 8 (53) 9 (47) 0,166 Tempo até angioplastia (min) 258 ±136 312 ±216 0,380 TIMI flow score (pré ICP) 0-1 [N (%)] 5 (42) 11 (58) 0,261 TIMI flow score (pós ICP) 3 [N (%)] 15 (100) 19 (100) - Inibidor IIbIIIa 7 (47) 7 (37) 0,410
Resultados Controlo Injecção CPA p N = 15 N = 19 Volume telediastólico do VE basal (ml) 157 ±46 164 ±34 0,672 Volume telessistólico do VE basal (ml) 81 ±25 84 ±29 0,787 FEVE basal (%) 50,5 ±7,6 51,3 ±7,6 0,763 E/e basal 10,5 ±3,1 9,1 ±1,3 0,517 E/A basal 1,1 ±0,3 1,3 ±0,4 0,687 SGL basal (%) -14,7 ±2,3-13,9 ±4,8 0,531
Resultados Controlo Injecção CPA p Reavaliação: 9 ± 2 meses N = 15 N = 19 FEVE final (%) 54,4 ±11,1 55,0 ±10,7 0,388 SGL final (%) -16,2 ±3,2-17,6 ±4,1 0,145 Variação do SGL (%) -1,8 ±2,5-3,7 ±2,8 0,043 Variação da FEVE (%) 4,7 ±8,6 4,2 ±7,9 0,489
Discussão Efeito da injecção de CPA: FEVE Variabilidade na medição da FEVE Hoffmann R et al. Eur Heart J 2005 ASTAMI (N=100) Repair-AMI (N=204) Sem melhoria da FEVE aos 6 meses Aumento da FEVE em 2,5% Lunde K et al. Scand Cardiovasc J 2005 Schächinger V et al. N Engl J Med 2006 Metanálise Aumento da FEVE (WMD 2,87, IC 95% 2,00 3,73) Clifford DM et al. Cochrane Database Syst Rev 2012
Discussão Efeito da injecção de CPA: SGL Pequena variabilidade intra e inter-obervador Kowalski M et al. Ultrasound Med Biol 2001 ASTAMI (EAM, N=100) Ensaio aleatorizado, controlado (EAM, N=67) Sem melhoria do SGL aos 6 meses Melhoria adicional do strain em 3,7%, na zonas de enfarte Sem melhoria adicional da FEVE Lunde K et al. Scand Cardiovasc J 2005 Herbots L et al. Eur Heart J 2009
Conclusão Conclusão A injecção intracoronária de CPA derivadas da medula óssea em doentes com EAMCST associou-se a maior recuperação do SGL. Nesta situação, a avaliação da função sistólica por SGL poderá ser mais sensível que pela FEVE.