IDENTIFICAÇÃO DOS COMPOSTOS FENÓLICOS E DETERMINAÇÃO DO POTENCIAL ANTIMICROBIANO, ANTIOXIDANTE E ANTIFÚNGICO DOS EXTRATOS DE FOLHAS E FLORES DE

Documentos relacionados
Gabrieli Senger 1 ; Henriquy Aguiar Coelho 2 ; José Hilton Bernardino de Araújo 3 INTRODUÇÃO

ESTUDO DAS PROPRIEDADES ANTIOXIDANTES E ANTIMICROBIANAS DE TRÊS ESPÉCIES DA FAMÍLIA DAS EUPHORBIACEAES.

Determinação de sensibilidade bacteriana aos antimicrobianos

Maria Eugênia Silveira da Rosa 1 ; Sheila Mello da Silveira 2 INTRODUÇÃO

TÍTULO: OBTENÇÃO E QUANTIFICAÇÃO DA FORMAÇÃO DE (-)-HINOQUININA A PARTIR DA BIOTRANSFORMAÇÃO FÚNGICA DA (-)-CUBEBINA POR ASPERGILLUS TERREUS

Introdução. Graduando do Curso de Engenharia Química FACISA/UNIVIÇOSA. gmail.com. 2

Por que razão devemos comer fruta? Determinação da capacidade antioxidante da pêra abacate.

RESISTÊNCIA AOS ANTIBIÓTICOS: TESTES DE SENSIBILIDADE

Testes manuais e automatizados para detecção de resistência bacteriana a antibióticos

TÍTULO: AVALIAÇÃO DO PODER INIBITÓRIO DE EXTRATO DE CASCA DE PEPINO (CUCUMIS SATIVUS) FRENTE A ESCHERICHIA COLI

PERDA POR SECAGEM, TRIAGEM FITOQUÍMICA E ATIVIDADE ANTIMICROBIANA DE MYRCIARIA CAULIFLORA. Natália Cristina Alves 1 ; Áurea Welter 2

Avaliação da atividade antimicrobiana in vitro do extrato de Tabernaemontana catharinensis A. DC.

Eixo Temático ET Biologia Aplicada. POTENCIAL ANTIMICROBIANO DO EXTRATO DE CASCA DE AROEIRA (Schinus

ESTUDO DA EFICIÊNCIA DE ANTIBIOTICOS CONTRA BACTÉRIAS PATOGÊNICAS

Aluna do Curso de Graduação em Medicina Veterinária da UNIJUÍ, bolsista PIBIC/UNIJUÍ; 3

AVALIAÇÃO DO IMPACTO DE DIFERENTES MÉTODOS DE SECAGEM DE ERVAS AROMÁTICAS NO POTENCIAL ANTIOXIDANTE

Lactuca sativa BIOINDICADORA NA EFICIÊNCIA DO PROCESSO FENTON EM AMOSTRAS CONTENDO BENZENO

AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE ANTIMICROBIANA DOS ÓLEOS ESSENCIAIS DE Eugenia caryophyllata E Croton rhamnifolioides pax e hoffm

RELATÓRIO S0BRE A PESQUISA DAS ACTIVIDADES ANTI-BACTERIAIS E ANTI- FÚNGICAS DA PREPARAÇÃO "Herba Sept Strong"

ABORDAGEM FITOQUÍMICA E AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE ANTIMICROBIANA DE PLANTAS DO PANTANAL MATO GROSSO DO SUL

AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE ANTIMICROBIANA DE Miconia prasina (Sw) DC

INFLUÊNCIA DOS COMPONENTES DE UM SABONETE LÍQUIDO SOBRE A AÇÃO ANTIBACTERIANA DO EXTRATO DE PAU-DE- JACARÉ (PIPTADENIA GONOACANTHA)

ATIVIDADE ANTIOXIDANTE DE EXTRATOS ETANÓLICOS DE ESPÉCIES VEGETAIS DO TOCANTINS

ESTABILIDADE TÉRMICA DE BACTERIOCINA PRODUZIDA POR Lactobacillus sakei

Quantificação de Rutina e Genistina e Identificação de Metabólitos Secundários em Raízes e Folhas de Soja

ESTUDO DO POTENCIAL ANTIOXIDANTE E ANTIMICROBIANO DE EXTRATO NATURAL DE FOLHAS DE OLIVEIRA EM VEGETAIS (VMP s)

B688 Boletim técnico cultura da mandioca/ Jana Koefender... [et al.]. - Cruz Alta/RS: Unicruz, p.

ATIVIDADE ANTIMICROBIANA DOS EXTRATOS HIDROALCOÓLICOS DOS FRUTOS DO CERRADO Genipa americana L., Dipteryx alata Vog. E Vitex cymosa Bert.

ESTUDO DA ATIVIDADE ANTIMICROBIANA DO EXTRATO DE FOLHAS DE LOURO (LAURUS NOBILIS L) EM BACTÉRIAS CAUSADORAS DE TOXINFECÇÃO ALIMENTAR

Aluna do Curso de Graduação em Medicina Veterinária da UNIJUÍ, bolsista PIBIC/UNIJUÍ; 3

Microbilogia de Alimentos I - Curso de Engenharia de Alimentos Profª Valéria Ribeiro Maitan

Estudo farmacológico do óleo essencial de vários tipos de pimentas.

Revista Científica UMC

42º Congresso Bras. de Medicina Veterinária e 1º Congresso Sul-Brasileiro da ANCLIVEPA - 31/10 a 02/11 de Curitiba - PR

UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE DEPARTAMENTO DE CI ÊNCIAS FARMACÊUTICAS DISSERTAÇÃO DE MESTRADO

ATIVIDADE SANIFICANTE DO ÓLEO ESSENCIAL DE CYMBOPOGON FLEXUOSOS CONTRA BIOFILMES SIMPLES FORMADOS POR PSEUDOMONAS AERUGINOSA

AULA PRÁTICA 3-02/06/2015. Roteiro de aula prática. Infecção de macrófagos por Leishmania (Leishmania) amazonensis

GUIA DOS MÉTODOS DE REFERÊNCIA

EFEITO DA TEMPERATURA E DO FOTOPERÍODO NO DESENVOLVIMENTO in vitro E in vivo DE Aspergillus niger EM CEBOLA

SUSCETIBILIDADE E RESISTÊNCIA AOS ANTIFÚNGICOS

INSTITUIÇÃO: CENTRO UNIVERSITÁRIO DAS FACULDADES METROPOLITANAS UNIDAS

PREPARO DE EXTRATO METANÓLICO DE GINKGO BILOBA PARA VALIDAÇÃO DE MÉTODO DE DOSEAMENTO 1. Introdução

Análise da eficácia antimicrobiana de extratos vegetais de Rosmarinus officinalis L., Salvia officinalis L. e Coriandrum sativum L.

Isolamento e identificação de colônias do fungo Alternaria dauci obtidas de lesões de Requeima da cultura da cenoura

ESTUDO QUÍMICO E QUANTIFICAÇÃO DOS FLAVONÓIDES DAS RAÍZES E FOLHAS DE Jatropha gossypifolia.

42º Congresso Bras. de Medicina Veterinária e 1º Congresso Sul-Brasileiro da ANCLIVEPA - 31/10 a 02/11 de Curitiba - PR 1

Degradação do Fármaco Cloridrato de Tetraciclina utilizando o processo Fenton.

Avaliação do efeito fungicida e larvicida do óleo essencial do capim citronela

ATIVIDADE ANTAGONISTA DE BACTÉRIAS LÁCTICAS DE LEITES FERMENTADOS COMERCIALIZADOS EM VIÇOSA, MG

Anais do Conic-Semesp. Volume 1, Faculdade Anhanguera de Campinas - Unidade 3. ISSN

EXTRATOS ORGÂNICOS DE PLANTAS NATIVAS DO CERRADO DOS GÊNEROS

ESTUDO ETNOFARMACOLÓGICO DE PLANTAS MEDICINAIS: ATIVIDADE ANTIMICROBIANA DE EXTRATOS DE COSTUS SPIRALIS (CANA DO BREJO) E PLECTRANTHUS BARBATUS

EFEITO DE ANTIBIÓTICOS SOBRE A BACTÉRIA ESCHERICHIA COLI RESPONSÁVEL PELA CISTITE

ESTUDO DA ATIVIDADE ANTIMICROBIANA DOS ÓLEOS ESSENCIAIS DE ALFAVACA (OcimumgratissimumL.) E HORTELÃ (Mentha x villosa).

AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE ANTIMICROBIANA DO ÓLEO ESSENCIAL DAS FOLHAS DE Croton rhamnifolioides

Instituto Federal de Sergipe, Curso Técnico de Petróleo e Gás 2

Antioxidantes e calos vegetais: os assuntos do momento. Gabriela Aparecida de Araujo Pereira*, Tiago Fidemann, Ricardo Neves Pedroso, Mônica Rosa

Qualidade dos alimentos: novas desafios. Braganc;:a, Setembro ISBN

ESTUDO DO EFEITO ANTIMICROBIANO DO EXTRATO BRUTO DAS FOLHAS DE Pereskia aculeata Mill. SOBRE PATÓGENOS BUCAIS

ANÁLISE CROMATOGRÁFICA E AVALIAÇÃO DO POTENCIAL ANTIOXIDANTE DA Mimosa tenuiflora

AÇÃO ANTIOXIDANTE DO ÓLEO DE Persea americana (ABACATE)

Introdução. Orientadora do TCC e Professora do Curso de Nutrição FACISA/UNIVIÇOSA. 4

AVALIAÇÃO DA COMPOSIÇÃO QUÍMICA E ATIVIDADE ANTIMICROBIANA DOS EXTRATOS ETANÓLICOS DAS CASCAS DOS FRUTOS E DAS FOLHAS DE

TÍTULO: AVALIAÇÃO DO PODER INIBITORIO DO BRONZE FRENTE À LEVEDURA SACCHAROMYCES CEREVISIAE

4006 Síntese do éster etílico do ácido 2-(3-oxobutil) ciclopentanona-2-carboxílico

INSTITUIÇÃO: CENTRO UNIVERSITÁRIO DAS FACULDADES METROPOLITANAS UNIDAS

Revista Eletrônica de Biologia

ANÁLISE CROMATOGRÁFICA E QUANTIFICAÇÃO DE COMPOSTOS FENÓLICOS DE Capparis flexuosa

ANTAGONISMO IN VITRO DE BACTÉRIAS ENDOFÍTICAS CONTRA FUNGOS ASSOCIADOS À DOENÇAS DE TRONCO DE VIDEIRA

AVALIAÇÃO DAS ATIVIDADES ANTIMICROBIANA DOS EXTRATOS DE TABEBUIA ALBA E MYRACRODRUON URUNDEUVA

Dermatologicamente testado e hipoalergenicidade (RFE-TC R0)

ESTUDO DA ATIVIDADE ANTIMICROBIANA DO EXTRATO HIDROALCOÓLICO DE ERVA-MATE (ILEX PARAGUARIENSIS ST. HIL.).

Caracterização Química e Avaliação de Toxicidade de Extratos Aquosos de Subprodutos de Castanheiro. Paula Alexandra Pinto

Antibacterial effect of Camellia sinensis on human pathogens

Caraterização nutricional e funcional de três variedades portuguesas de figo de piteira Licenciatura em. Ciências da Nutrição

Laboratório de Análise Instrumental

PROPRIEDADES ANTIOXIDANTES E ANTIMICROBIANAS DOS FRUTOS DA AROEIRA (Schinus terebenthifolius Raddi).

Relatório de Amostra Externa. Atividade Bactericida EN Princípio ativo: Cloreto de polihexametileno biguanida (0,1%) e mistura de

RESISTÊNCIA ANTIMICROBIANA DE BACTÉRIAS ISOLADAS DE AMOSTRAS DE CÃES E GATOS ATENDIDOS EM HOSPITAL VETERINÁRIO

DIÁRIO DE BORDO. Título do projeto: Efeito da UV em CSB como medida de biossegurança. Código do projeto: 378

ATIVIDADE ANTIMICROBIANA DOS EXTRATOS DAS SEMENTES DE GRANADILLA (Passiflora ligularis)

ATIVIDADE HEMOLÍTICA E ANTIOXIDANTE DE PLANTA MEDICINAL DO DOMÍNIO CAATINGA: AMBURANA CEARENSIS (FABACEAE)

Avaliação da qualidade de silagem e grãos de milho usando equipamento de análise química olfativa znose (Nariz Eletrônico)

Tecnologia de Bioprocesso e Biotecnologia. Uso do hipoclorito de sódio como agente antimicrobiano nas escovas de dente

EMERGÊNCIA DE Salmonella RESISTENTE A QUINOLONAS NO ESTADO DE SÃO PAULO

QUANTIFICAÇÃO DE FLAVONÓIDES E FENÓIS DO EXTRATO DO FEIJÃO BRAVO

ESCOPO DA ACREDITAÇÃO ABNT NBR ISO/IEC ENSAIO ENSAIOS BIOLÓGICOS. Teste de Esterilidade pelo método de filtração em membrana.

Determinação cromatográfica de riboflavina em leite

EFICÁCIA ANTIMICROBIANA DA TINTURA DE TANSAGEM CONTRA STAPHYLOCOCCUS AUREUS E STREPTOCOCCUS PYOGENES

Efeito de fungicidas na inibição do crescimento micelial de Sclerotinia sclerotiorum isolado de soja

Aula Prática. - Preparo de meio de cultivo. - Influência da temperatura no crescimento de microrganismos

TÍTULO: AVALIAÇÃO DO LIMITE DE DETECÇÃO DE FÁRMACOS PELAS TÉCNICAS DE EXTRAÇÃO LÍQUIDO LÍQUIDO E DE IDENTIFICAÇÃO POR CROMATOGRAFIA EM CAMADA DELGADA

2017 Obtenção da amida do ácido cinâmico através da reação do cloreto do ácido cinâmico com amônia

Produção de biopesticida de Bacillus thuringiensis usando meio comercial de laboratório e meios alternativos agrícolas como fonte de nutrientes

LINHA DE PESQUISA TECNOLOGIAS EM SAÚDE ESPELHO DA PROVA

K. A. DALLA COSTA¹, M. FERENZ², S. M. da SILVEIRA², R. MOURA², A. F. MILLEZI². Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões 2

DIREÇÃO DE COMPROVAÇÃO DA QUALIDADE

ESTUDO DOS POLIFENÓIS TOTAIS E ATIVIDADE ANTIOXIDANTE DA CASCA, FOLHAS E FRUTO DE Hymenaea stigonocarpa (JATOBÁ).

DETERMINAÇÃO DA ATIVIDADE METABÓLICA E DESENVOLVIMENTO FÚNGICO SOLO CONTAMINADO POR HIDROCARBONETOS

Transcrição:

IDENTIFICAÇÃO DOS COMPOSTOS FENÓLICOS E DETERMINAÇÃO DO POTENCIAL ANTIMICROBIANO, ANTIOXIDANTE E ANTIFÚNGICO DOS EXTRATOS DE FOLHAS E FLORES DE Allamanda cathartica L. Henriquy Aguiar Coelho 1 ; Luiz Henrique Carvalho Silveira 2 ; Angela Kwiatkowski 3 ; José Hilton Bernardino de Araújo 4 1.Aluno do 2º. ano do Curso Técnico Informática, Universidade Tecnológica Federal do Paraná UTFPR. Campus Campo Mourão, aguiar.hc@gmail.com 2.Aluno do 2º. ano do Curso Técnico Informática, Universidade Tecnológica Federal do Paraná UTFPR. Campus Campo Mourão, silveira.lh@gmail.com 3.Coorientadora, Universidade Tecnológica Federal do Paraná UTFPR. Campus Campo Mourão, angelak.k@gmail.com 4.Orientador, Universidade Tecnológica Federal do Paraná UTFPR. Campus Campo Mourão, jaraujo@utfpr.edu.br 1 INTRODUÇÃO Os desafios no tratamento de doenças infecciosas vêm crescendo de forma significativa, tendo em vista que bactérias resistentes a múltiplos antimicrobianos representam uma fonte de incertezas para a cura de diversas infecções, havendo a necessidade de se buscar novas substâncias com propriedades antibióticas para serem aplicadas no combate a esses microrganismos, abrindo assim caminhos para a evolução das pesquisas no desenvolvimento de novos fármacos efetivos as constantes modificações dos mecanismos de resistência microbiana. A aplicação da medicina natural tem levado a comunidade científica a investigar a potencialidade de cura de compostos naturais na utilização medicinal. Por outro lado, devido ao desconhecimento da possível existência da ação tóxica, bem como de sua indicação adequada, as plantas medicinais são muitas vezes usadas de forma incorreta, não produzindo o efeito desejado (Pereira et al., 2004). Dessa forma, conhecer as aplicações fitoterápicas e a fisiologia das espécies vegetais promove uma maior otimização do uso desses princípios ativos presentes nas plantas. Segundo Salvagnini et al. (2008) a utilização de plantas medicinais, tem recebido apoio da Organização Mundial de Saúde (OMS) por se tratar de uma prática tradicional ainda existente entre os povos de todo o mundo trazendo inúmeros benefícios para quem emprega essas técnicas curativas. São muitos os fatores que vêm colaborando para o desenvolvimento de práticas de saúde que incluam plantas medicinais, principalmente no âmbito econômico e social (Elisabetsky, 1991). O estudo da resistência bacteriana, geralmente é baseado em microrganismos de importância epidemiológica, tais como Staphylococcus aureus, Escherichia coli, Pseudomonas aeruginosa e fungos leveduriformes como Aspergullis niger e Penicillium chrysogenum, responsáveis por diferentes processos etiológicos tanto em pacientes imunocompetentes quanto em pacientes imunodeprimidos (Antunes et al., 2006). Os testes de sensibilidade in vitro, para fungos, não têm sido empregados rotineiramente, contudo, eles são de grande importância para a verificação de resistência destes microrganismos. Alguns fungos podem ser inofensivos, no entanto, algumas espécies estão apresentando riscos à saúde do ser humano e também prejuízos em industrias agrícolas, pois algumas espécies liberam toxinas que interferem na qualidade de alguns alimentos como trigo, arroz, soja, ervilha, feijão, milho, etc.. É importante salientar que

muitas pesquisas sobre frutos, flores e folhas, principalmente da flora nativa, baseiam-se na determinação da atividade antioxidante e dos compostos fenólicos. Acredita-se que as propriedades relacionadas à saúde humana exercidas pelos compostos fenólicos, destacando-se os flavonóides, são baseadas principalmente na sua atividade antioxidante (Pires, 2010). As lesões causadas pelos radicais livres nas células podem ser prevenidas ou reduzidas por meio da atividade de antioxidantes, sendo estes encontrados em muitos alimentos ou plantas. Os antioxidantes podem agir diretamente na neutralização da ação dos radicais livres ou participar indiretamente de sistemas enzimáticos com essa função (MORAES & COLLA, 2006). O dano oxidativo de biomoléculas pode levar à inativação enzimática, mutação, ruptura de membrana, ao aumento na aterogenicidade de lipoproteínas plasmáticas de baixa densidade e à morte celular. Estes efeitos tóxicos do oxigênio têm sido associados ao envelhecimento e ao desenvolvimento de doenças crônicas, inflamatórias e degenerativas (CERQUEIRA et al, 2007). 2 OBJETIVOS O objetivo desse trabalho foi identificar os compostos fenólicos e determinar o potencial antimicrobiano, antioxidante e antifúngico dos extratos de folhas e flores de Allamanda cathartica L, visando futuramente sua aplicação na área farmacológica e cosmetologia. 3 MATERIAL E MÉTODOS Coleta: As folhas e flores da planta utilizada nos testes foram coletadas na Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR), campus Campo Mourão, sendo esta espécie identificada pelo professor Dr. Marcelo Galeazzi Caxambú, responsável pelo Herbário da UTFPR, campus Campo Mourão (HCF), onde confeccionou-se uma exsicata a qual está coligada sob o número de voucher 139. Extrato (preparação e diluição dos extratos): Após a coleta, as folhas e flores foram secas em estufa com circulação de ar forçada e em seguida triturada para a extração dos princípios ativos. Foi utilizado etanol 99,5% como solvente. A proporção usada para a diluição foi de 1:3 em massa. Os testes antimicrobianos foram realizados em 5 concentrações: 0,1; 0,5; 1,0; 1,5 e 2,0% (p/v). Etanol 70% (v/v) foi usado como controle nos testes. Para os testes antifúngicos foram utilizadas 3 concentrações do extrato diluído em água: 1,0; 1,5 e 2,0% (p/v) mais o controle. O extrato utilizado para identificação dos compostos fenólicos foi centrifugado e o sobrenadante, então, foi separado para posteriormente ser analisado por cromatografia em HPLC (High Performance Liquid Cromatography). Para a determinação da atividade antioxidante foram utilizadas três concentrações (0,005 g/ml, 0,01 g/ml e 0,04 g/ml) diluídas em alcool metílico, homogenizado e centrifugado. Atividade antimicrobiana: A atividade antimicrobiana do extrato foi constatada pela técnica de difusão em disco de papel descrito pela metodologia de Kirby-Bauer como citado por Okura e Rende (2008), onde as suspensões dos microrganismos convenientemente diluídas foram inseridas às placas contendo o meio de cultura em estado sólido. Os fatores de diluição foram ajustados a turvação de acordo com a escala 0,5 de Mc Farland (10 8 UFC/mL) e em seguida as bactérias foram diluídas 1:1000 para uso no ensaio de atividade antimicrobiana obedecendo as recomendações do National Committee for Clinical Laboratory Standards (NCCLS, 1997).

Ao final os discos de papel de área equivalente a 20mm 2 receberam 20 µl das soluções do extrato resultando nas concentrações de 0,001mg.mm -2, 0,005mg.mm -2, 0,01mg.mm -2, 0,015mg.mm -2 e 0,02mg.mm -2 que posteriormente foram aplicadas às placas e incubadas a 37 ºC durante 24 horas em posição invertida. Após o período de incubação foram realizadas leituras visuais observando-se os halos de inibição de crescimento bacteriano e quantificado em milímetros com o auxílio de paquímetro. Foram realizados três ensaios independentes para cada um dos três testes. Foram preparadas soluções do antibiótico amoxicilina como controle nas mesmas concentrações do extrato das folhas e flores da planta. Testes antifúngicos: Para avaliação da atividade antifúngica do extrato liofilizado de folhas de Allamanda cathartica L. utilizou-se o método adaptado de AUER & BETTIOL (1986) e STANGARLIN et al. (1999). O extrato liofilizado foi préviamente diluido em água destilada e em seguida incorporadas ao meio de cultivo BDA (Batata-Dextrose-Ágar) nas concentrações de 1,0; 1,5 e 2,0% (p/v). Após uma hora do meio BDA contendo o extrato das folhas da planta ter sido vertidos na placa de Petri, foram inoculados esporos dos patógenos Penicillium chrysogenum e Aspergillus niger, e em seguida incubadas a temperatura ambiente no escuro durante 7 dias. Os controles continham apenas o meio BDA. Os testes foram realizados em triplicada em duas etapas diferentes para confirmação do potencial do extrato das folhas da planta. Quantificação dos compostos fenólicos individuais: A análise de cromatografia líquida de alta eficiência é utilizada para quantificar a presença de compostos fenólicos individuais. Foi utilizado um sistema Dionex Ultimate 3000 HPLC (Dionex, Idstein, Alemanha) equipado com uma bomba Ultimate 3000, coluna do compartimento de amostra Ultimate 3000, detector de fotodiodo Ultimate 3000 e software Chromeleon para qualificação e quantificação dos compostos fenólicos. Foi utilizado uma coluna de fase reversa Acclaim 120, C18 5 mm 120 A (4,6 mm x 250 mm) para a separação dos compostos fenólicos. A coluna foi mantida a 40 C durante toda a análise e a detecção realizada em três comprimentos de onda (280, 300 e 320 nm). O volume de injeção das amostras foi de 10,0 µl. A fase móvel (A) foi composta de água acidificada com ácido fosfórico 1% e metanol fase (B). A eluição dos compostos fenólicos foi realizada através de gradiente entre as duas fases móveis, onde no tempo de 45 minutos a coluna foi mantida com 100% de fase móvel B por 5 minutos. Após este período, a fase (B) foi reduzida gradualmente até as condições iniciais de injeção para o condicionamento da coluna (95% A e 5% B), trabalhando-se com uma vazão de 1,0 ml/min. Os padrões de ácido gálico, ácido clorogênico, ácido cafêico, ácido p- cumárico, ácido ferrúlico, rutina, catequina, miricetina, quercetina, kaempferol foram utilizados para a identificação e quantificação dos compostos fenólicos. Determinação da Atividade Antioxidante total em folhas de A. cathartica: A atividade antioxidante (AA) total foi avaliada utilizando o radical DPPH (1,1-difenil-2-picrilhidrazil) de acordo com o método descrito por Mensor et al. (2001) com modificações, onde o volume do meio reacional (extrato diluído em álcool metílico absoluto + solução de DPPH + álcool metílico absoluto) foi de 3,5 ml. Para cada concentração do extrato foram utilizados frascos de 10 ml contendo 2,4 ml de álcool metílico absoluto, 1 ml de solução de DPPH (2,4 mg/100 ml) e uma alíquota de 0,1 ml do extrato em sua respectiva concentração. Os testes foram feitos em duplicata. Para cada amostra, foi realizado em paralelo, para a correção de uma possível contribuição da coloração dos extratos, um teste branco consistindo do 0,1 ml do extrato e 3,4 ml de álcool metílico absoluto.

O controle foi preparado pela mistura de 1,0 ml de solução de DPPH (2,4 ml/100 ml) com 2,5 ml de álcool metílico absoluto. Após um período de 30 minutos de incubação no escuro em temperatura ambiente, as absorbâncias das amostras foram registradas contra um branco em 515 nm. A inibição do radical livre DPPH (em %) foi calculada pela seguinte equação: AA% = 100 [(Aa Ab) x 100] / Ac Onde: Aa = absorbância da amostra; Ab = absorbância do branco; Ac = absorbância do controle. 4 RESULTADOS E DISCUSSÃO Atividade Antimicrobiana: O extrato das folhas e flores da A. cathartica L. demonstrou-se eficiente na inibição das três bactérias testadas. Na concentração de 0,02 mg/mm -2, o halo de inibição para a bactéria Klebsiella sp. foi de 1,04 cm paras folhas, e 0,80 cm para as flores. Para a bactéria E. coli o halo médio foi de 0,79 cm usando as flores e de 0,92 cm para as folhas, na mesma concentração. Quando utilizou-se a bactéria S. aureus o halo foi de 0,90 cm, para o extrato das flores e 0,99cm para o extrato das folhas, na concentração de 0,02mg.mm -2. Após analisados os efeitos inibitórios do extrato, foram realizados ensaios para fins comparativos com o medicamento comercialmente produzido amoxicilina, sendo esta droga a responsável pelo combate ao S. aureus, E.coli e Klebsiella sp. Nos testes, a bactéria E. coli apresentou maior sensibilidade ao medicamento, apresentando halos de inibição de 3,4 cm, para o S. aureus a média dos diâmetros de inibição foi de 2,65 cm, e para a Klebsiella sp a média dos halos de inibição foi de 2,4 cm, todos para a concentração de 0,02 mg.mm -2 Testes de inibição antifúngica: Após incubação de 7 dias as placas de Petri foram retiradas para análise dos resultados. Como observado nas figuras 8 e 9 o extrato bruto das folhas de Allamanda cathartica L. nas 3 concentrações diferentes demonstrou-se eficiente, inibindo totalmente o crescimento dos fungos Aspergillus niger e Penicilium chrysogenum. Identificação dos compostos fenólicos: Após a análise cromatográfica pela técnica de HPLC, foram identificados diversos compostos fenólicos nos extratos das folhas e flores da Allamanda cathartica L. Os identificados pelos padrões disponíveis foram o ácido clorogênico, ácido cafeico, ácido p-cumárico e o ácido ferrúlico. A concentração desses compostos pode ser vista na Tabela 1 para as folhas, e na Tabela 2 para as flores de Allamanda cathartica L.. Mesmo tendo identificado apenas 3 compostos para as folhas, podemos observar que ela possui maior concentração de ácido clorogênico, que é um importantíssimo fenol, responsável, principalmente, pelos radicais livres e células cancerígenas. Tabela 1 Conc. dos compostos presente no extrato das folhas de Allamanda cathartica L. Tabela 2 Conc. dos compostos presente no extrato das flores de Allamanda cathartica L. Determinação da atividade antioxidante: O extrato de folhas e flores de A. cathartica apresentaram um potencial altíssimo de atividade antioxidantesendo semelhante aos valores

encontrados por Goes et al (2010) que obteve esses valores para uma concentração de 10% de extrato. No entanto, pelos resultados encontrados, percebemos que o extrato das folhas apresenta maior atividade oxidante, sendo 89% para as folhas, tabela 1, contra 87% para as flores. Tabela 3 - Atividade antioxidante dos compostos fenólicos para o extrato das folhas de A. cathartica L. Tabela 4 - Atividade antioxidante dos compostos fenólicos para o extrato das flores de A. cathartica L Concentração g/ml Atividade antioxidante (%) 0,005 82,56 0,01 87,79 0,04 97,18 Média 89,17 Concentração g/ml Atividade antioxidante (%) 0,005 82,93 0,01 87,67 0,04 90,99 Média 87,19 5 CONCLUSÃO Este trabalho comprovou a atividade antimicrobiana in vitro do extrato de Allamanda cathartica L. frente aos microrganismos Staphyloccocus aureus, Escherichia coli e Klebsiella sp. Além disso, em comparação com a atividade antimicrobiana do antibiótico amoxicilina, o extrato da planta demonstrou-se eficiente. No entanto, o uso do extrato dessa planta pode apresentar toxicidade, por isso, a concentração a ser utilizada deve ser controlada para evitar efeitos colaterais indesejáveis. Comprovou-se também que o extrato da planta é eficiente na inibição de duas variedades de fungos, Aspergilus niger e Penicilium chrysogenum, comprovando seu potencial antifúngico. Neste trabalho podemos concluir que A. cathartica L. inibiu o crescimento de diversas bactérias, mesmo assim, outras pesquisas devem ser realizadas para confirmar a ação da planta no combate a outros tipos de microrganismos, e que um número maior e mais representativo de variedades, isolado de diversos pacientes e ambientes, devem ser testado em futuros trabalhos. Também confirmou-se o seu potencial antioxidante, efetivo tanto para as folhas quanto para as flores que auxiliam na neutralização dos radicais livres, prejudiciais à saúde humana. Além disso, foi verificado por meio de cromatografia HPLC que esses extratos apresentam grande variedade de compostos fenólicos. Entre os compostos identificados, os principais foram o acido clorogênico, o ácido cafeico, ácido p-cumárico e o ácido ferrúlico, que são muito importantes no metabolismo e servem como agentes protetores de reações oxidativas indesejáveis no organismo, protegendo contra efeitos maléficos do ambiente e de radicais livres. Com esse trabalho podemos comprovar que a Allamanda cathartica L. apresenta um potencial fitocomplexante e que pode ser muito útil na elaboração de novos compostos para a indústria farmacêutica, e cosmética, onde seus extratos tanto das folhas como das flores, podem ser incorporados para a formulação desses novos produtos cosméticos, como xampus, condicionadores, hidratantes, protetores solar, entre outros. 6 REFERÊNCIAS ANTUNES, R. M. P.; LIMA, E. O.; PEREIRA, M. S. V.; CAMARA, C. A.; ARRUDA, T. A.; CATÃO, R. M. R.; BARBOSA, T. P.; NUNES, X. P.; DIAS, C. S.; SILVA, T. M. S. Atividade antimicrobiana in vitro e determinação da concentração inibitória mínima (CIM) de

fitoconstituintes e produtos sintéticos sobre bactérias e fungos leveduriformes. Brazilian Journal of Pharmacognosy [online], vol.16, n.4, p. 517-524. ISSN 0102-695X, 2006. AUER, C. G.; BETTIOL, W. Efeito da serapilheira de Eucalyptus grandis no crescimento micelial de Pisolithus tinctorius em meio de cultura. IPEF, n.32, p.49-51, 1986. CERQUEIRA, Fernanda Menezes et al. Antioxidantes dietéticos: controvérsias e perspectivas. Quím. Nova, v. 30, n. 2, p.441-449, 2007. ELISABETSKY, E. Sociopolitical, economical and ethicalissues in medicinal plant research. Journal Ethnopharmacol, vol. 31, p. 235-239, 1991. GOES, J. A., SANTOS B. F., MACHADO, M., S., MALHEIROS, A., SILVA, R. M. L., Extrato de Flores de Allamanda cathartica L. como Potencial Fitocomplexo Antioxidante. Anais do 24º. Congresso Brasileiro de Cosmetologia, maio 2010, São Paulo MORAES, Fernanda P. ; COLLA, Luciane M. Alimentos funcionais e nutracêuticos: definições, legislação e benefícios à saúde. Revista Eletrônica de Farmácia, v. 3, n. 2, p. 109-122, 2006. NAYAK, S.; NALABOTHU, P.; SANDIFORD, S.; BHOGADI, V.; ADOGWA, A. Evaluation Pereira, O.C.F, 2009. Rumex induratus: Caracterização Química e Potencial Antioxidante. Tese Mest. Cont. Qualidade. Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto. NCCLS. National Committee for Clinical Laboratory Standards. Performance Standards for Antimicrobial Disk and Dilution Susceptibility Tests for Bacteria Isolated from Animals; Tentative Standards. Waine: NCCLS, Document M31-T, 64p, 1997. OKURA, M.H.; RENDE, J.C. Microbiologia: roteiros de aulas práticas.ribeirão Preto: Tecmedd, 2008.203p. PEREIRA, R. S.; SUMITA, C. S.; FURLAN, M. R.; JORGE, A. O. C.; UENO, M. Atividade antibacteriana de óleos essenciais em cepas isoladas de infecção urinária. Rev. Saúde Pública [online], vol.38, n.2, p. 326-328., 2004. PIRES, A. P. M. Composição química e actividade antioxidante de folhas de diferentes castas de videira. Biblioteca digital [online], 2010 SALVAGNINI, L. E., OLIVEIRA, J. R. S., SANTOS, L. E., MOREIRA, R. R. D., PIETRO, R. C. L. R.. Avaliação da atividade antibacteriana de folhas de Myrtus communis L. (Myrtaceae). Brazilian Journal of Pharmacognosy [online], vol. 18, n.2, p. 241-244, 2008.