Mais Saúde para seu Município

Documentos relacionados
O trabalho do CFN amplia o campo de atuação dos nutricionistas.

(II Conferência Nacional de Segurança Alimentar Nutricional, 2004)

COMPONENTES DO SISTEMA NACIONAL DE SEGURANÇA ALIMENTAR E NUTRICIONAL - SISAN

COMISSÃO DE CONSTITUIÇÃO E JUSTIÇA E DE CIDADANIA REDAÇÃO FINAL PROJETO DE LEI Nº D, DE O CONGRESSO NACIONAL decreta:

Presidência da República Casa Civil Subchefia para Assuntos Jurídicos

ATUAÇÃO DA FAO NA ALIMENTAÇÃO ESCOLAR

Proposta de Pacto Federativo pela Alimentação Adequada e Saudável: uma agenda para os próximos anos

Ações de Educação Alimentar e Nutricional

SECRETARIA DE ESTADO DA SAÚDE SES/GO

A experiência do Brasil na promoção do direito humano à alimentação adequada a partir do fortalecimento da agricultura familiar e camponesa

SUAS e Sistema Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional SISAN: Desafios e Perspectivas para a Intersetorialiade

PNAE: 50 ANOS DE ALIMENTAÇÃO ESCOLAR POLÍTICAS DE SEGURANÇA ALIMENTAR E NUTRICIONAL

Mais informações:

Que o poder público apóie as iniciativas locais de intervenção na insegurança alimentar e nutricional fortalecendo o desenvolvimento local

GUIA DE ARGUMENTOS DE VENDAS

Estratégias e programas para a garantia do Direito Humano à Alimentação Adequada

A operacionalização da gestão de condicionalidades no Programa Bolsa Família (PBF) ocorre de forma:

Organização dos Estados Ibero-americanos Para a Educação, a Ciência e a Cultura MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO FUNDO NACIONAL DE DESENVOLVIMENTO DA EDUCAÇÃO

Política Nacional de Participação Social

O Programa de Aquisição de Alimentos da Agricultura Familiar

Segurança Alimentar e Nutricional

SEGURANÇA ALIMENTAR E NUTRICIONAL AGRICULTURA FAMILIAR

PROJETO DE LEI DO SENADO Nº, DE 2010

PREFEITURA MUNICIPAL DE JUNDIAÍ DO SUL

PROJETO DE LEI Nº...

INSTITUTO INTERAMERICANO DE COOPERAÇÃO PARA A AGRICULTURA. TERMO DE REFERÊNCIA CONS - OPE Vaga

NÚCLEOS DE EXTENSÃO EM DESENVOLVIMENTO TERRITORIAL. PARCERIA MDA / CNPq. Brasília, 13 de maio de 2014

FOME ZERO. O papel do Brasil na luta global contra a fome e a pobreza

INVESTIMENTO SOCIAL. Agosto de 2014

Programa Nacional de Apoio a Fundos Solidários

Projeto. Das Roças e Florestas dos Povos e Comunidades Tradicionais e da Agricultura Familiar para a Alimentação Escolar

Tema: Educação do Campo

ÁREAS DE ATUAÇÃO, PERFIL E COMPETÊNCIAS DOS EGRESSOS DOS NOVOS CURSOS

Programa de Erradicação do Trabalho Infantil (PETI)

TERMO DE REFERENCIA. Programa Pernambuco: Trabalho e Empreendedorismo da Mulher

Ações Municipais de Nutrição e Educação Nutricional em Piracicaba. Denise Giacomo da Motta

O Pacto de Gestão do SUS e os Municípios

LEI Nº 740, DE 03 DE NOVEMBRO DE 2009.

Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome

EIXO 5 GESTÃO DA POLÍTICA NACIONAL DOS DIREITOS HUMANOS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES PROPOSTAS APROVADAS OBTIVERAM ENTRE 80 e 100% DOS VOTOS

DIÁLOGOS SOBRE O DIREITO HUMANO À ALIMENTAÇÃO NO BRASIL. (Pesquisa qualitativa -- RESUMO)

DIREITOS HUMANOS DE CRIANÇAS AS E ADOLESCENTES NO BRASIL.

5ª CONFERÊNCIA NACIONAL DE SEGURANÇA ALIMENTAR E NUTRICIONAL

01. Câmara Municipal. 02. Secretaria Municipal de Governo. 03. Gabinete do Vice-Prefeito. 04. Procuradoria Geral do Município

Oficina O Uso dos Sistemas de Informação como Ferramentas de Gestão Local do SUAS

UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS FACULDADE DE NUTRIÇÃO CENTRO COLABORADOR EM ALIMENTAÇÃO E NUTRIÇÃO DO ESCOLAR GOIÁS

9 FOME ZERO PARCERIAS 138

Consulta Pública ESTRATÉGIAS

PROGRAMA NACIONAL DE ALIMENTAÇÃO ESCOLAR - PNAE. Eduardo Manyari Coordenação Geral do PNAE

Vigilância Alimentar Nutricional. Colocar aqui a página inicial do curso. Curso de. Vigilância. Alimentar. Nutricional

TEXTO BASE PARA UM POLÍTICA NACIONAL NO ÂMBITO DA EDUCAÇÃO PATRIMONIAL

A GESTÃO DOS PROCESSOS TRABALHO NO CREAS

AVALIAÇÃO PARA MELHORIA DA QUALIDADE DA ESTRATÉGIA SAÚDE DA FAMÍLIA. Apresentação Geral, Objetivos e Diretrizes

ATUAÇÃO DOS NUTRICIONISTAS NO PROGRAMA NACIONAL DE ALIMENTAÇÃO ESCOLAR EM MUNICÍPIOS SELECIONADOS DO ESTADO DE GOIÁS, NO ANO DE 2009

Carta de Princípios do Comitê das Agendas 21 Locais na Região do Conleste (ComARC)

V Encontro Nacional de Fortalecimento dos Conselhos Escolares

Mobilização e Participação Social no

POLÍTICAS DE GESTÃO PROCESSO DE SUSTENTABILIDADE

Conselho de Alimentação Escolar

MINISTÉRIO DO DESENVOLVIMENTO SOCIAL E COMBATE À FOME SECRETARIA NACIONAL DE SEGURANÇA ALIMENTAR E NUTRICIONAL

qualidade do cuidado em saúde A segurança

Sistema Único de Assistência Social

Experiência: VIGILÂNCIA À SAÚDE DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE

ARQUIVO DISPONIBILIZADO NA BIBLIOTECA VIRTUAL DO PROJETO REDESAN Título AVANÇOS DA POLÍTICA DE SEGURANÇA ALIMENTAR E NUTRICIONAL

Atividade I Como podemos fortalecer o Núcleo na Região para garantir a continuidade dos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio - ODMs?

EIXO 2 PROTEÇÃO E DEFESA DOS DIREITOS: PROPOSTAS APROVADAS OBTIVERAM ENTRE 80 e 100% DOS VOTOS

Secretaria Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional SESAN. Departamento de Estruturação e Integração de Sistemas Públicos Agroalimentares DEISP

NÚCLEO TÉCNICO FEDERAL

CUIDAR DA TERRA ALIMENTAR A SAÚDE CULTIVAR O FUTURO

Centro de Referência de Assistência Social. Paraná, agosto de 2012

Ações de Incentivo ao Consumo de Frutas e Hortaliças do Governo Brasileiro

PATRUS ANANIAS DE SOUZA Ministro de Estado do Desenvolvimento Social e Combate à Fome

FUNDAMENTOS E HISTÓRIA DA NUTRIÇÃO. Profª Omara Machado Araujo de Oliveira

Desafios e Perspectivas para a Educação Alimentar e Nutricional

DIRETRIZES DE FUNCIONAMENTO DO MOVIMENTO NACIONAL PELA CIDADANIA E SOLIDARIEDADE/ NÓS PODEMOS

Gestão de Programas Estruturadores

Programa Pernambuco: Trabalho e Empreendedorismo da Mulher. Termo de Referência. Assessoria à Supervisão Geral Assessor Técnico

DECRETO Nº , DE 23 DE JANEIRO DE 2015

PREFEITURA MUNICIPAL DE PILÕES CNPJ: / CEP: GABINETE DO PREFEITO

Curso de Especialização em Saúde do Trabalhador e Ecologia Humana. V Encontro Nacional da RENAST SETEMBRO / 2011

AGENDA DA PROMOÇÃO DA ALIMENTAÇÃO SAUDÁVEL

Capacitação Gerencial PST

PROGRAMA NACIONAL DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL E MOBILIZAÇÃO SOCIAL EM SANEAMENTO - PEAMSS

Secretaria dos Direitos Humanos Presidência da República ÍNDICE

PACTO NACIONAL PELA ALFABETIZAÇÃO NA IDADE CERTA e AÇÕES DO PACTO

As Compras Públicas da Agricultura Familiar para Programas Sociais

O Programa Bolsa Família

O Nutricionista nas Políticas Públicas: atuação no Sistema Único de Saúde

A Organização da Atenção Nutricional: enfrentando a obesidade

Promover um ambiente de trabalho inclusivo que ofereça igualdade de oportunidades;

INSERÇÃO DO SERVIÇO SOCIAL NA ESTRATÉGIA SAÚDE DA FAMÍLIA EM UMA UNIDADE DE SAÚDE EM PONTA GROSSA-PR

A AÇÃO COMUNITÁRIA NO PROJOVEM. Síntese da proposta de Ação Comunitária de seus desafios 2007

TEXTO 2. Inclusão Produtiva, SUAS e Programa Brasil Sem Miséria

PROJETO TÉCNICO SAF/ATER 120/2010. PROJETO ATER - DESENVOLVIMENTO Rural Inclusivo e Sustentável Região da Grande Dourados, MS

CURSO: ENFERMAGEM. Objetivos Específicos 1- Estudar a evolução histórica do cuidado e a inserção da Enfermagem quanto às

PLANO DE EDUCAÇÃO DA CIDADE DE SÃO PAULO: processo, participação e desafios. Seminário dos/as Trabalhadores/as da Educação Sindsep 24/09/2015

FORTALECIMENTO DA AGENDA DE SEGURANÇA ALIMENTAR E NUTRICIONAL NA EDUCAÇÃO O Programa Nacional de Alimentação Escolar - PNAE


Transcrição:

Mais Saúde para seu Município APRESENTAÇÃO Segurança alimentar e nutricional Desenvolvimento das cidades A contribuição do nutricionista

Esta é uma publicação do Sistema Conselhos Federal e Regionais de Nutricionistas dirigida aos prefeitos e gestores das diferentes secretarias municipais. O trabalho foi idealizado pelo Conselho Regional de Nutricionistas da 4 a Região na Gestão Integrando Ações 2004/2007, em parceria com a Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP) e Universidade Federal Fluminense (UFF). As cartilhas foram cedidas pela Gestão Articulação e Atitude 2010/2013 ao Sistema CFN/CRN. Neste caderno, apresentamos uma proposta de planejamento em Segurança Alimentar e Nutricional, como subsídio para a criação e implantação desta política no município. unicipio

Segurança Alimentar e Nutricional Compromisso com o desenvolvimento e a qualidade de vida Uma das principais causas de adoecimento e mortalidade é a má-nutrição e sua superação depende de políticas permanentes de Segurança Alimentar e Nutricional (SAN). Isto se efetiva a partir dos direcionamentos estabelecidos pela Política Nacional de Alimentação e Nutrição (PNAN, 1999 atualizada em 2011), que tem como fio condutor o Direito Humano à Alimentação e à Segurança Alimentar e Nutricional. Com base nestes princípios, a PNAN atualizada indica nove diretrizes: 1. Organização da Atenção Nutricional; 2. Promoção da Alimentação Adequada e Saudável; 3. Vigilância Alimentar e Nutricional; 4. Gestão das Ações de Alimentação e Nutrição; 5. Participação e Controle Social; 6. Qualificação da Força de Trabalho; 7. Controle e Regulação dos Alimentos; 8. Pesquisa, Inovação e Conhecimento em Alimentação e Nutrição; Segurança Alimentar e Nutricional (SAN) é a realização do direito de todos ao acesso, regular e permanente, a alimentos de qualidade, em quantidade suficiente, sem comprometer o acesso a outras necessidades essenciais, tendo como base práticas alimentares promotoras de saúde, que respeitem a diversidade cultural e que sejam social econômica e ambientalmente sustentáveis. - Lei Orgânica de Segurança Alimentar e Nutricional, 15 de setembro de 2006 5

6 9. Cooperação e Articulação para a segurança Alimentar e Nutricional. O debate sobre este tema vem ocorrendo desde a década de 70 e, face ao novo momento político, o Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (CONSEA), composto por representantes do governo e sociedade civil, coordenou a elaboração da Lei Orgânica de Segurança Alimentar e Nutricional (LOSAN),que cria o Sistema Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (SISAN), assinada e sancionada em 15 de setembro de 2006. Da mesma forma, estados e municípios, através de seus respectivos CONSEAs, estão elaborando suas legislações. O objetivo é construir um Sistema de SAN, que defina ações, diretrizes, recursos e as responsabilidades das três esferas de governo - um Sistema que deve funcionar de forma integrada, respeitando a autonomia de cada uma destas instâncias. Considerando que os programas e ações públicas são implementados no nível local, a atuação do município é imprescindível. A proposta deste documento é subsidiar este processo e, mais especificamente, difundir as possibilidades de contribuição do nutricionista. Vale destacar que os principais problemas de Saúde Pública que atingem atualmente a população brasileira, e oneram significativamente os cofres

públicos, estão relacionados com a alimentação e nutrição, tais como: obesidade, dislipidemias (ex: colesterol e triglicerídeos elevados), anemia, hipovitaminose A (deficiência de vitamina A na alimentação), bócio (deficiência de iodo na alimentação) e desnutrição. Ao investir em programas e serviços de saúde para prevenir e reduzir a prevalência destas doenças,o gestor público municipal se mostra comprometido com a efetivação de direitos essenciais para a garantia da saúde e da qualidade de vida de toda a população. Isto demanda ações intersetoriais (entre os vários setores) e interdisciplinares (englobando profissionais de diversas áreas), dados os múltiplos condicionantes das práticas alimentares (sociais, econômicos, culturais e psicológicos) que influenciam no processo saúde-doença, considerando a diversidade e as especificidades territoriais. Neste sentido, o nutricionista está habilitado para compor uma equipe que, levando em conta estes fatores, qualificará o cuidado à saúde oferecido pela rede pública, possibilitando o acesso da população a um serviço diferenciado. Sua formação o habilita para o desenvolvimento de atividades nas áreas de saúde, educação e ensino, produção, abastecimento e comercialização dos alimentos, com inserção em todas as etapas do processo de planejamento das políticas públicas: formulação, implementação e avaliação. Sendo assim, a construção do Sistema de SAN não pode prescindir da atuação deste profissional. 7

8 O Impacto da Politica de SAN para o Municipio Oinvestimento em Segurança Alimentar e Nutricional (SAN) favorece o aumento da oferta de bens e serviços, geração de emprego e renda e consequente melhoria da qualidade de vida da população. Isto porque as ações inerentes a esta política contribuem para o fluxo financeiro e econômico - estimulam o comércio, com a valorização de alimentos das culturas local e regional beneficiando também a agricultura familiar. Além disso, as ações em SAN podem fortalecer a entrada de recursos para o município e para as famílias através do processo de agregação de valor aos alimentos, como é o caso dos produtos caseiros. Destacam-se também a produção os empreendedores familiares rurais e as diversas iniciativas da Economia Popular e Solidária (EPS). O impacto é econômico e também de desenvolvimento local: humano, social e político. Ao reduzir as condições de insegurança alimentar e nutricional, o gestor público qualifica sua gestão e gera maior visibilidade para esta política pública, na medida em que promove a satisfação e o bem estar da população e garante seus direitos. Além disto, deve-se considerar os avanços propiciados pela mobilização popular em torno deste tema, posto que a implantação da política de SAN se fundamenta em dados

levantados junto à população, identificando-se aí os grupos de risco social e nutricional. A partir de um mapeamento das condições de segurança e insegurança alimentar, é possível definir prioridades, metas e propor ao legislativo orçamento próprio para estas ações. A implantação desta política envolve ainda diferentes setores de governo - agricultura, saúde, educação, trabalho, meio ambiente, desenvolvimento social, dentre outros, sendo fundamental a integração de ações relacionadas aos sistemas de produção, abastecimento, comercialização, controle de qualidade, acesso e consumo de alimentos. Neste processo, o CONSEA (Conselho de Segurança Alimentar e Nutricional) do município é a instância que pode dar legitimidade às políticas públicas e as iniciativas do gestor público. Em parceria com este órgão serão formuladas as prioridades de investimento. Desta forma, o gestor fica respaldado técnica, política e socialmente. Diante disto, cabe aos municípios definirem uma instância responsável pela formulação, implementação, monitoramento e avaliação da política de SAN. Faz-se necessário, portanto, identificar os atores sociais relacionados com este tema - seja no governo, seja na sociedade e promover uma articulação, levando em conta as diversidades locais. Fóruns e espaços devem ser partilhados com os Conselhos Municipais, Estaduais e Nacional de Saúde, de SAN, de Alimentação Escolar, de Desenvolvimento Rural, dentre outros. Devem ser articuladas, ainda, parcerias com organizações setoriais locais, órgãos formadores (faculdades, universidades e escolas técnicas), além dos Pólos de Educação Permanente Regionais, dos movimentos sociais e grupos de educadores populares. A proposta do Sistema de SAN partiu da II Conferência Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional, realizada em março de 2004, que contou com ampla participação de organizações sociais e representantes do governo nas esferas municipal e estadual de todo o país. Para implementar as diretrizes propostas na Conferência, o presidente da república conta com o assessoramento do CONSEA Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional. 9

Atuação do Nutricionista na Politica de SAN Integrado a uma equipe multiprofissional, o nutricionista atua nos diferentes setores que compõem uma Política de Segurança Alimentar e Nutricional. Sua contribuição se dá desde a primeira etapa do planejamento - que é o diagnóstico alimentar e nutricional. Neste momento, sistematiza informações sobre produção, abastecimento, comercialização, práticas alimentares e estado nutricional de toda população, considerando as diferentes fases do ciclo de vida e seus respectivos grupos populacionais (gestantes, crianças, adolescentes, adultos e idosos). Estes dados podem ser coletados, através de pesquisas populacionais já existentes ou da vigilância alimentar e nutricional, nas escolas, creches, rede de saúde, instituições sociais, dentre outros. O profissional de nutrição atua de forma dinâmica, diferenciando-se nas ações de prevenção e riscos relacionados à saúde pública, bem como no planejamento, direção e controle de atividades, a fim de gerar soluções próativas que contribuam para o desenvolvimento da gestão do município. 11

12 Na área de Produção e Abastecimento Alimentar O nutricionista pode contribuir para a formulação de uma política agrícola e de abastecimento que possibilite disponibilizar para a população uma alimentação variada, saudável e a baixo custo, resgatando e valorizando a cultura alimentar local. Uma das possibilidades de sua atuação é promover a aproximação com os pequenos produtores locais, visando ao adequado escoamento da produção, através de programas sociais já existentes - alimentação do escolar, restaurantes populares, banco de alimentos e outros que venham a ser implementados pelo município. A partir destes programas, o nutricionista desenvolve mecanismos para estimular a produção de alimentos in natura, como frutas, verduras e legumes, através de hortas comunitárias, familiares, dentre outros. Na área de comercialização e acesso aos alimentos O acesso é uma dimensão fundamental das práticas alimentares, seja pela questão da renda, seja pelo acesso físico ao alimento. O nutricionista pode apoiar o papel do poder público, estimulando a oferta de alimentos em estabelecimentos comerciais (restaurantes, supermercados, varejos de hortifrutigranjeiros, sacolões etc.), incentivandoos a oferecer produtos e refeições saudáveis e seguras, de qualidade, atrativas e acessíveis do ponto de vista financeiro. Neste segmento, o nutricionista promove o controle de qualidade desde a seleção de gêneros alimentícios até a chegada da refeição à mesa do consumidor. Planeja, ainda,

uma alimentação com base no perfil dos usuários, contribuindo para a racionalização de custos e desenvolve ações de promoção da alimentação saudável e adequada. Atua ainda, como agente facilitador na implementação e condução do Programa de Alimentação do Trabalhador (PAT), oportunizando a utilização de incentivos fiscais (as empresas que participam do programa recebem incentivos fiscais através da dedução no imposto de renda devido, além de isenção de encargos sociais sobre o valor da alimentação fornecida). Na rede de Saúde Na rede de atenção básica e hospitalar, o nutricionista está apto a prestar assistência alimentar e nutricional preventiva e curativa,podendo atuar de forma articulada com outros segmentos da comunidade, como creches, escolas, organizações sociais, dentre outros. Sua atuação é dirigida a indivíduos e grupos nas diferentes fases do ciclo de vida, elaborando dietas adequadas ao processo saúde/doença, de acordo com o contexto sócio-econômico e cultural, desenvolvendo ações de orientação e educação alimentar e nutricional. Também planeja e supervisiona a produção de refeições em hospitais, clínicas, bancos de leite, lactários e demais setores do hospital. Desta forma, contribui para a promoção da saúde e, conseqüentemente, para a redução das internações e tempo de permanência dos pacientes em tratamento nas instituições de assistência à saúde. A promoção da alimentação saudável pressupõe atividades que são próprias à pratica do nutricionista, tais A Losan reconhece ser a alimentação adequada um direito humano fundamental e de cidadania,ratificada através da inclusão no Artigo 6 da Constituição Federal em 2010. Portanto, os governos têm obrigações que visam à garantia deste direito. 13

14 A Área Técnica de Alimentação e Nutrição (ATAN) é um setor estratégico, que possibilita estabelecer parcerias com os diversos setores de governo e da sociedade civil, para potencializar os recursos existentes e viabilizar programas e ações públicas. como informações sobre compra e safra dos alimentos, rotulagem nutricional, técnicas de preparo que promovam a qualidade sanitária e nutricional dos alimentos, além de orientações sobre direitos de cidadania e do consumidor, mecanismos de acesso a bens e serviços públicos, dentre outros. Os nutricionistas também participam da discussão e organização do processo de trabalho na Estratégia de Saúde da Família (ESF), integrando os Núcleos de Apoio a Saúde da Família (NASF) realizando diagnóstico e planejamento participativo, com foco na família, a partir de uma abordagem comunitária e ambiental, desenvolvendo as seguintes ações: Identificação dos segmentos em maior risco sócioambiental e nutricional; Promoção de práticas alimentares saudáveis; Prevenção e controle dos distúrbios nutricionais, através de interconsultas, visitas domiciliares, grupos educativos e educação permanente; Articulação intra (dentro do setor saúde) e intersetorial; Referência e contra-referência no SUS; Acompanhamento de programas e projetos públicos; Participação no Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional (SISVAN), dentre outras atividades. A partir dos diferentes saberes, os nutricionistas envolvidos na ESF e NASF vêm contribuir com uma abordagem integral da saúde da população num dado território, compreendida no seu contexto familiar e social, e partilhar os seus conhecimentos específicos

sobre alimentação e nutrição com a equipe. O atendimento a grupos populacionais específicos, através dos programas de controle de agravos nutricionais e transferência de renda, vem impondo a construção de uma Agenda de Compromissos em saúde que envolve o atendimento nutricional e atividades educativas que são desempenhadas pelo nutricionista. Habilitado a trabalhar de forma articulada às ações preventivas e curativas, este profissional é imprescindível nas estratégias de Saúde da Família, Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional (SISVAN), assim como no contínuo processo de aprimoramento do Sistema Único de Saúde (SUS). Na rede Escolar Uma das competências do nutricionista no âmbito da alimentação escolar é desenvolver estratégias de educação em saúde, articulando os planejamentos pedagógico e nutricional, contribuindo assim para a formação de hábitos alimentares saudáveis,de acordo com a cultura, perfil epidemiológico e vocação agrícola da região considerando todos os segmentos da comunidade escolar (alunos, professores, funcionários, pais). A promoção de uma alimentação saudável nas escolas envolve o planejamento e oferta de refeições, regulamentação e supervisão de cozinhas escolares e cantinas, assim como a vigilância alimentar e nutricional das crianças, facilitando o acesso a uma alimentação de 15

16 Uma das competências do nutricionista no âmbito da alimentação escolar é desenvolver estratégias de educação em saúde, articulando os planejamentos pedagógico e nutricional, contribuindo assim para a formação de hábitos alimentares saudáveis. qualidade tanto do ponto de vista nutricional como sanitária. A partir de um planejamento alimentar individualizado, a instituição poderá atender crianças com necessidades específicas, adequando sua alimentação ao tratamento que recebe, não só no período escolar, como em seu dia-a-dia. Cabe ao nutricionista importante papel neste processo, fato reconhecido pela Lei 11497/09 de 16 de junho de 2009 que determina ser o nutricionista o responsável técnico pelo Programa de Alimentação Escolar (PNAE) e coordenador das ações de alimentação escolar no município.além disso, define a obrigatoriedade da compra direta da agricultura familiar de no mínimo 30% dos recursos repassados para alimentação escolar. A resolução nº. 38, de 16 de julho de 2009 do Fundo Nacional de Desnvolvimento Escolar (FNDE) reitera estes parâmetros e destaca a inclusão da educação alimentar e nutricional no processo de ensino e aprendizagem como tema transversal ao currículo. As atribuições e os parâmetros numéricos (número de profissionais/carga horária semanal) foram estabelecidos pelo Conselho Federal de Nutricionistas, através da Resolução CFN nº 465/2010. Este profissional está apto a promover atividades junto à população, com vistas a trabalhar a questão alimentar e nutricional nas escolas, utilizando espaços como hortas escolares e cozinhas experimentais, que contribuem para resgatar o contato com a terra e o plantio e incentivar formas saudáveis de preparo e consumo.

Se você desejar conhecer mais sobre o Programa Nacional de Alimentação Escolar acesse: www.fnde.gov.br Se desejar conhecer as legislações para a área acesse: www.cfn.org.br Para conhecer a Lei Orgânica de Segurança Alimentar e Nutricional acesse o ícone Losan em: www.planalto.gov.br/consea 17

18 Sugerimos como atualização e complementação deste documento, a leitura da legislação abaixo relacionada: Lei 11.947 de 16 de Junho de 2009 Resolução Nº38 de 16 de julho de 2009 do Fundo Nacional Desenvolvimento Escolar - FNDE www.fnde.gov.br Decreto Nº 7272 de 25 de agosto de 2010 da Política Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional PNSAN Resolução CFN Nº 465/2010 www.cfn.org.br Constituição Federal: Emenda Constitucional 64 ao Artigo 6º dos Direitos Sociais que inclui o Direito à Alimentação como um dos direitos sociais Portaria Interministerial 1010/2006 MS e MEC Portaria GM/MS Nº 2715, de 17 de novembro de 2011 PNAN Associação Brasileira de Nutrição e Direitos Humanos - ABRANDH www.abrandh.org.br Associação Brasileira de Nutrição ASBRAN www.asbran.org.br Rede Brasileira de Alimentação e Nutrição do Escolar - REBRAE: www.rebrae.com.br Ministério do Desenvolvimento Social e Combate á Fome - MDS www.mds.gov.br Ministério do Desenvolvimento Agrário - MDA www.mda.gov.br Agência Nacional de Vigilância Sanitária ANVISA www.anvisa.gov.br Autores: Angelita dos Santos Nascimento (CRN4/90100080) Elido Bonomo (CRN9/0230) Luciene Burlandy (CRN4/89100011) Regina Maria de Vasconcellos C. de Oliveira (CRN4/80100372) Colaboração: Kátia Cardoso dos Santos (Nutricionista Conselheira do CRN-4 Gestão 2010-2013 CRN4/81100885) Maria Arlette Saddy (Nutricionista Coordenadora Técnica do CRN-4- CRN4/80100313), Celina Szuchmacher Oliveira (Nutricionista Fiscal do CRN-4 CRN4/86100175) Projeto editorial e edição: Cláudia Costa - Assessora de comunicação/crn-4 (Reg. Mtb. 23453-RJ) Design gráfico e ilustrações: Carlos D

www.cfn.org.br SRTVS, Qd. 701 - Ed. Assis Chateaubriand Bl. II, Sala 406 - Brasília/DF CEP 70340-000 Tel.: (61)3225-6027 Fax.: (61)3323-7666 e-mail: cfn@cfn.org.br

Parceiro do nutricionista na construção da cidadania O nutricionista, em sua atuação profissional, vivencia experiências e situações que contribuem significativamente para a melhoria da qualidade de vida e promoção da saúde da população, visto que alimentação e nutrição são temas transversais e imprescindíveis na vida de todo ser humano.