A FORMAÇÃO DE PROFESSORES SOB A PERSPECTIVA DE EDUCAÇÃO NO MOVIMENTO DOS TRABALHADORES RURAIS SEM TERRA (MST): O MOVIMENTO COMO SUJEITO EDUCADOR.

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Transcrição:

A FORMAÇÃO DE PROFESSORES SOB A PERSPECTIVA DE EDUCAÇÃO NO MOVIMENTO DOS TRABALHADORES RURAIS SEM TERRA (MST): O MOVIMENTO COMO SUJEITO EDUCADOR. Eduardo de Mattos Ribeiro. FACULDADE DE FILOSOFIA E CIÊNCIAS UNESP/Marilia. edumattos21@hotmail.com. Eixo Temático: Formação de professores. Resumo: Este presente trabalho tem como tema A formação de professores sob a perspectiva de educação no movimento dos trabalhadores rurais sem terra (MST): o movimento como sujeito educador. A questão norteadora embasada neste trabalho foi à abordagem sobre a formação dos professores no movimento dos sem terra, ou seja, é diferente da formação geral, levando-os a uma gestão mais democrática? E como suposição afirmo que sim, de fato a formação se dá de maneira diferente e é democrática, pois variavelmente da formação normal eles trabalham com um objetivo específico e são pro ativos do seu trabalho. Neste contexto este trabalho tem como objetivo mostrar como se da à educação e a formação dos professores nas escolas do movimento dos trabalhadores rurais e sem terra, tentando gerar a especulação por este assunto que não é dado a atenção necessária, e saber se as escolas são realmente democráticas. Trabalharei com os documentos do MST e autores que são referências no assunto como (Caldart) entre outros. Irei realizar pesquisa bibliográfica, documental e participar da sistematização e análise dos dados empíricos coletados a partir da realização de entrevistas com dirigentes do MST, com professores, educandos e funcionários das escolas e das observações que estão sendo realizadas nas escolas. Como resultado preliminar pode-se dizer que a escola e os professores do MST trabalham paralelamente ao movimento, por isso digo que os mesmos trabalham de forma colaborativa e participativa gerando assim uma educação mais democrática. Palavras chaves: formação de professores, MST, Gestão democrática. A luz que me abriu os olhos para a dor dos deserdados e os feridos de injustiça, não me permite fechá-los nunca mais, enquanto viva. Mesmo que de asco ou fadiga me disponha a não ver mais, ainda que o medo costure os meus olhos, já não posso deixar de ver: a verdade tocou, com sua lâmina de amor, o centro do ser. Não se trata de escolher entre cegueira e traição. Mas entre ver e fazer de conta que nada vi ou dizer da dor que vejo para ajudá-la a ter fim, já faz tempo que escolhi. Thiago de Mello

Introdução Por meio deste trabalho venho apresentar um pouco mais do MST e sua formação de professores, ressaltando que este não é um trabalho acabado e sim apenas um resumo. Decidi abordar este tema a partir de uma dúvida que surgiu na graduação, onde me questionei se existia algum seguimento de professores que realmente trabalhasse com a gestão democrática, e através de pesquisas passei a conhecer um pouco mais do movimento dos trabalhadores rurais e sem terra, que houve uma notória percepção da gestão democrática, levando-me a elaborar este projeto de pesquisa sobre a formação de professores do MST, com o problema: será que a formação no movimento dos sem terra é diferente da formação em geral, levando-os a uma gestão mais democrática? Este trabalho tem como título A formação de professores sob a perspectiva de educação no movimento dos trabalhadores rurais sem terra (MST): o movimento como sujeito educador. Tem como objetivo mostrar como se da à educação e a formação dos professores nas escolas do movimento dos trabalhadores rurais e sem terra, tentando gerar a especulação por este assunto que não é dado a atenção necessária, e saber se as escolas são realmente democráticas. E para que se chegue aos resultados realizarei uma pesquisa bibliográfica, documental e a sistematização e análise dos dados empíricos coletados a partir da realização de entrevistas com dirigentes do MST, com professores, educandos e funcionários das escolas e das observações que estão sendo realizadas nas escolas. Este trabalho está dividido em três partes: a primeira vai relatar um pouco sobre a formação do MST, e dizer que entre outras coisas que os principais encontros contribuíram de forma ativa na formação do MST foram: O encontro Regional do Sul e o Seminário de Goiânia e sistematizar um pouco mais sobre a formação do MST que ocorreu em cascavel no Paraná em 1984. A segunda parte fala sobre a Concepção de escola e de educação dentro do MST explicando que tipo de escola é a recomendada para o movimento e que tipo de educação é dada dentro das salas de aula e fora delas partindo do princípio em que o movimento é o sujeito educativo no processo, mostrando que a superação de um sistema capitalista só é possível se for trabalhando com a cooperação assim como é feito nas escolas do MST.

E na terceira e ultima parte vai mostrar como é Ser educador do movimento MST e dizer que os professores trabalham. De acordo com o movimento é ensinado não só matérias cotidianas, mas junto com elas é ensinado também o trabalho colaborativo a cooperação. Formação histórica do MST No Brasil a formação social e econômica foi marcada por grandes concentrações de terras e de riquezas, fazendo com que surgissem lutas no campo em várias regiões e estados do país. Lutas contra o capital que cada dia mais se intensificava. Foi através destas lutas que houve uma concentração de pessoas que estavam unidas em torno de um mesmo objetivo. Assim sendo a primeira fagulha do surgimento do MST, segundo Morisswa, 2008 foi acesa em sete de setembro de 1979 com a ocupação da fazenda macali, que ocorreu em plena ditadura militar no Rio Grande do sul. Surgindo outras lutas no estado e em todo o país, gerando líderes que almejavam um objetivo maior, a reforma agrária. Como foi dito anteriormente as lutas pelas terras teve inicio no Rio Grande do Sul, (antes mesmo de se pensar em MST) em 1962, onde havia mais de cinco mil pessoas acampadas em Sarandi, uma fazenda no município gaúcho. Esta fazenda foi divida em lotes, no qual nem todos foram distribuídos, pois se dava inicio à Ditadura Milita, fazendo que essas pessoas migrassem para o norte do estado. Com todo esse movimento as lutas foram-se intensificando em outros estados do Brasil, como Santa Catarina, Paraná, Mato Grosso do Sul e São Paulo. Os principais encontros que contribuíram de forma ativa na formação do MST foram: O encontro Regional do Sul e o Seminário de Goiânia. Estes dois movimentos deram a base para que ocorresse o primeiro encontro nacional dos Sem Terra, em Cascavel no Paraná nos dias 20, 21 e 22 de janeiro de 1984, onde houve o nascimento do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra, denominado MST.

Um movimento formado por camponeses sem terra de alcance nacional, que tem como princípios políticos organizar a classe trabalhadora em torno da luta pela terra, pela reformaria agrária e por transformações sociais. Segundo Caldart 2004 p. 32 Os sem terras se destacam como um novo sujeito social, no sentido de sujeito coletivo que passa a participar dos embates sociais. A partir do momento que surge um conjunto de pessoas morando em um acampamento e assentamento tem-se a percepção que não da para sobreviver sem o trabalho coletivo que no caso é a cooperação. Como diz Souza, 2004 pessoas começam a perceber que se não trabalharem coletivamente, a vida para elas, dentro de um acampamento vai se tornar muito difícil. Como citado, vemos que a cooperação e a organização são essenciais para que seja constituída a convivência em um acampamento, para isto, existe um conjunto de regras que devem ser entendidas e aceitas por todos os indivíduos, fazendo que seja primordial a existência das assembleias, como diz Mauro e Pericás, nas assembleias são decidida as normas e o regime interno dos assentados ou do acampamento através de um debate feito por todos da comunidade, com isso todos podem e devem participar das assembleias que se torna a maior instância de decisão de um acampamento. São decididas nas assembleias assuntos como: É proibido o roubo; é proibido qualquer tipo de agressão física contra qualquer pessoa... é proibido andar embriagado...é proibido o porte de arma de fogo; e outras regras que a comunidade achar conveniente. A transgressão das mesmas implica advertência pública perante assembleia, e a reincidência à expulsão, também por decisão do mesmo foro. (Mauro e Pericás, 2001, apud, Souza, 2004, p. 52) Dentro desta perspectiva histórica um dos assuntos mais discutidos dentro das assembleias e também dentro dos assentamentos é a educação, como se da à educação das escolas e como deve ser o professor das mesmas. Concepção de escola e de educação

Dentro do MST a educação é tomada como algo importante, pois é através dela que se fortalece o movimento, ou seja, é através da educação que se pode conseguir uma autonomia e um conhecimento mais crítico das coisas. Para que isso ocorra não pode ser qualquer educação e sim uma educação voltada para o movimento de um modo em que se prioriza a formação humana integral, e dentro desta perspectiva existem duas instâncias educativas que é o próprio movimento e a escola. Dal Ri: Quando se trata de educação formal dentro do MST inclui-se segundo 1) escolas de ensino fundamental dos assentamentos; 2) escolas de ensino fundamental, legalizadas ou não, dos acampamentos e assentamentos; 3) alfabetização e pós-alfabetização de jovens e adultos dos acampamentos e assentamentos; 4) educação infantil nas famílias, nas creches e nos assentamentos e acampamentos; 5) escolarização da militância em curso supletivos ou em cursos de formação de ensino fundamental, médio e superior; 6) cursos de formação de professores, de monitores, de educadores infantis e de outros formadores; 7) e uma entidade de ensino superior. Ainda na mesma linha Dal ri 2008, nos mostra que segundo dados do MST do ano de 2006 há pelo menos 3.900 educadores além dos 250 que trabalham nas cirandas infantis com crianças de até seis anos, há também cerca de 3.000 educadores de jovens e adultos. Cada vez mais a educação do MST se torna forte e estruturada, pois no movimento a educação é vista como forma de emancipação e de autonomia, uma forma de criar o ser crítico que transforme a sociedade. Caldart diz que há no

MST uma pedagogia do movimento, do movimento e não para o movimento, fazendo com que surjam novos seres sociais, frisando que a principal instância de educação é o movimento como o educador das novas gerações. Nas escolas do MST são tratados assuntos que condizem com a realidade das crianças e dos adolescentes assentados, fazendo com quem os mesmos se interessem pelo assunto e descubram que a escola é apenas uma extensão de sua realidade cotidiana. Para o movimento, a cultura é uma forma de produção material da existência onde são constituídos e passados entre as gerações como: valores, costumes, objetos, comportamentos e convicções. Caldart nos mostra que na comparação das classes sociais nessa sociedade capitalista para se conceber a natureza da relação social ainda em Caldart, 2004 A base distintiva da cultura burguesa é o individualismo, assim como a base da cultura da classe trabalhadora é a coletividade ou a ideia do coletivo. Neste trecho Caldart nos mostra que para a superação de um sistema capitalista só mesmo trabalhando com a cooperação assim como é feito nas escolas do MST e não só nas escolas, mas no movimento como um todo. Ser educador do movimento Ser professor do MST se trata de uma escolha, de uma identidade de uma prática de militância e de uma pedagogia que se torna profissão a partir de um sentimento profundo de cooperação e engajamento. Todos os professores do MST são antes de tudo educandos das novas gerações, educando do movimento, educando dos seus educandos, educando que é um eterno aprendiz. Como diz no MST: Ser educador do movimento é reconhecer-se como sem terra. Que é a identidade do sujeito humano e social em construção.

Identidade de quem luta pela terra num pais de latifúndio; de quem luta pela reforma agraria para ajudar a construir um país de justiça e liberdade para todos; e de quem é reconhecido como um lutador do povo. Educador que quanto mais firme em sua identidade sem terra, mais consegue reconhecer esta identidade em seus educandos, sabendo ajudar a cada um deles neste aprendizado de ser. (MST, 2001 p.61) Ainda com base no MST 2001, Ser educador do MST é ter o movimento como referência e ter em si um propósito de educador para o povo, educar como seres humanos que podem construir e transformar histórias, ter práticas de valores que libertam valores, que ajudam na formação da humanização das pessoas e na construção de uma sociedade capitalista, estudar muito para sempre estar atualizado, pois não basta querer ser um educador, é preciso saber ser um educador, educador que sabe educar através de uma coletividade, educar de forma coerente com o projeto de formação do movimento e criar sempre um ambiente educativo e o mais importante educar e fazer uma escola do povo sem terra. Conclusões: Como o trabalho está em andamento às conclusões são parciais. Até o presente momento posso dizer que as escolas do MST são diferenciadas da outras pelo modo de se trabalhar, pelo modo de se relacionar, por suas matérias dentro e fora da sala de aula, e claro por sua gestão que com certeza é democrática e colaborativa, onde todos podem dar suas opiniões em assembléias e deliberar propostas, muito diferente da educação que estamos acostumados por isso digo que temos muito que aprender. Referências CALDART, R. S. Escola é mais do que escola na pedagogia do movimento sem terra. Porto Alegre; 1999. Tese (Doutorado em

Educação) ¾ Programa de Pós-graduação em Educação, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, 1999. DAL RI, N. M.; VIERTEZ, C. G. Educação democrática e trabalho associado no movimento dos trabalhadores rurais sem terra e nas fabricas de autogestão. São Paulo: ícone, 2008. MAURO, G. G.; PERICÁS, L. B. Capitalismo e a Luta Política no Brasil na Virada do Milênio. São Paulo: Editora Xamã, 2001. MST. Pedagogia do movimento sem terra acompanhando as escolas; caderno da educação N 8, São Paulo: MST, 2001. SOUZA, C. P. vivendo e aprendendo a lutar: lutas de massa e formação política no movimento dos trabalhadores rurais sem terra (MST), São Paulo. 2004.