ENSINO DE LÍNGUA PORTUGUESA EM CURSOS DE GRADUÇÃO OPORTUNIZADOS PELA EaD* 1



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Transcrição:

ENSINO DE LÍNGUA PORTUGUESA EM CURSOS DE GRADUÇÃO OPORTUNIZADOS PELA EaD* 1 Lenise Ribeiro Dutra Centro Universitário São José de Itaperuna/ UNIFSJ Marcos Antonio Pereira Coelho UEMG Rivelino Pereira Coelho Instituto Claretiano de Boa Vista RESUMO: O ensino de língua portuguesa em cursos de graduação, oportunizados pela modalidade EaD, tem exigido um olhar mais atento no que diz respeito às metodologias e aos mecanismos de ensino/aprendizagem. Uma proposta de nova metodologia se faz presente neste trabalho cujo objetivo é apresentar recursos outros no auxílio ao ensino da disciplina em questão. Na contemporaneidade, os professores de língua materna devem estar preparados para entender as novas formas de interação social suscitadas pelas tecnologias digitais - novos espaços e metodologias diferenciadas para o desenvolvimento de habilidades e competências. Por conseguinte, observa-se a necessidade de mudanças na formação docente. Para tanto, a pesquisa visualiza a importância de novos recursos de aprendizagem na construção do conhecimento, em função das exigências que a informação e a comunicação têm exercido no contexto do ensino a distância; vale-se dos conceitos de rede sociais e sua relevância no processo de aprendizagem na modalidade a distância. O objeto deste estudo é o resultado do envolvimento da autora com a educação em diferentes momentos e contextos e, principalmente, de práticas educacionais enquanto formadora de professores de língua portuguesa em cursos de licenciatura. PALAVRAS-CHAVE: Ensino de língua portuguesa, EaD, Redes Sociais, Metodologia. INTRODUÇÃO O uso de tecnologias da comunicação e da informação no meio acadêmico tem suscitado não somente a expansão dos cursos de graduação a distância, mas também espaços e metodologias diferenciadas no que diz respeito ao desenvolvimento de habilidades e competências de leitura e escrita. Por conseguinte, observamos a necessidade de mudanças na formação docente. Mudanças que devem ser tanto espaciais como em relação aos recursos e às estratégias de construção do conhecimento, em função de novas demandas de informação e comunicação que ganham espaço para além da cultura do papel, ou seja, a cultura digital. Pertinente é observar que a cultura digital viabiliza uma formação mais dinâmica e rápida. Além disso, a estrutura e a funcionalidade da internet atendem às necessidades de formação/ capacitação impostas pela contemporaneidade. Formação essa, que vai desde uma informação pontual, como uma consulta à tradicional enciclopédia, ou diversos cursos em diferentes níveis com possibilidade de ser realizado longe do local do qual se encontra a instituição que o promove, por meio da educação a distância. * 1 XI EVIDOSOL e VIII CILTEC-Online - junho/2014 -http://evidosol.textolivre.org

1 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA E ENSINO DE LÍNGUA PORTUGUESA Em se tratando da graduação em língua portuguesa no formato de Educação a Distância (EaD), novos suportes de letramento permitem formas inovadoras de produzir, editar, publicar e interagir com textos. Nesse sentido, Soares (2008, p. 151) refere-se à tela do computador como um novo espaço de escrita capaz de [ ] produzir significativas mudanças no processo de interação entre escritor e leitor, entre escritor e texto, entre leitor e texto, e até mesmo, mais amplamente, entre o ser humano e o conhecimento (SOARES, 2008). Inserido nesse espaço virtual, o trabalho com textos no ensino de Língua Portuguesa ganha configuração midiática através do hipertexto que possibilita novas formas de ler e escrever, um estilo não linear e associativo (CORREIA e ANDRADE, 2004, p. 21). Ainda, de acordo com os autores supracitados o hipertexto tem significado de um conjunto de informações textuais, podendo estar combinadas com imagens fixas ou animadas e sons, de modo a permitir uma leitura (navegação) não linear, baseada em indexações e associações de ideias e conceitos sob a forma de links que agem como portas virtuais que abrem caminhos para outras informações. Diante dessas constatações é necessário e urgente que o ensino da língua portuguesa seja revisto em função das demandas profissionais de docentes tanto em ação como em formação em cursos de graduação de uma sociedade onde a informação e a comunicação caminham a passos largos. Em verdade, as aulas de língua portuguesa em cursos de graduação precisam ganhar maior agilidade e a EaD, por intermédio das novas tecnologias da informação, configura-se como possibilidade de aprendizagem necessária aos reclamos da contemporaneidade. De acordo com Heide e Stilborne (2000, p. 282): é, sobretudo, para a qualificação do processo pedagógico e educacional que a EaD traz uma contribuição fundamental, com a capacitação e atualização dos profissionais da educação, e com a formação/especialização em novas ocupações e profissões. As mudanças, entretanto, não acontecem repentinamente, o que torna imprescindível um contínuo processo de reflexão, avaliação e pesquisa para que as inovações aconteçam com mais qualidade e credibilidade. Nesse sentido, a EaD se constitui num canal privilegiado para as interações com as manifestações do desenvolvimento científico e tecnológico. Contudo, não é a tecnologia que criará a mudança na educação, mas é o poder da tecnologia que permitirá aos professores e aos alunos fazerem as mudanças necessárias. (HEIDE E STILBORNE, 2000, P. 282) A EaD, como alternativa ao ensino convencional, há que possibilitar a aquisição de conhecimentos aos diversos docentes em atuação e, também aqueles em formação, no entanto, Mugnol (2009), chama atenção para o fato de que, embora a educação a distância demonstre evolução, alguns de seus principais pontos estratégicos (objetivos, forma de transmissão, público-alvo dos cursos ofertados, formação e organização dos projetos pedagógicos, métodos de avaliação de aprendizagem) ainda não foram discutidos com a profundidade necessária; como também são carentes de regulamentação o sistema de acompanhamento do aprendizado dos alunos, a formação dos professores, as diferentes metodologias utilizadas, a avaliação do resultado do processo de ensino aprendizagem. É preciso, pois, buscar caminhos possíveis e viáveis para uma transposição positiva e segura do ensino convencional para o ensino virtual. Para tanto, Portal (2001, 114) assinala que a educação a distância surge como uma alternativa que exige uma reflexão rigorosa, principalmente, dos educadores, para superar tanto os paradigmas educacionais tradicionais como a mitificação do mundo tecnológico. Este novo espaço/ modelo de formação presidido pelo virtual, pela interatividade, pela interconectividade requer metodologias mais flexíveis e inovadoras, para que a aprendizagem aconteça numa dimensão de compartilhamento. Em outras palavras, em termos de uma

aprendizagem colaborativa. Assim sendo, a EaD [ ] em seu compromisso com o ser humano e com as necessidades da coletividade, traz implícita uma visão de educação em redes, sendo multifacetada, polissêmica e, principalmente, colaborativa e compartilhada em sua essência (EAD/ PUCRS, 1999, p.1). Frente ao exposto, urge repensar metodologias que contemplem este espaço/ modelo de formação midiatizado pelo virtual. A presente investigação segue um caminho da pesquisa ação, na medida em que referencial empírico é o contexto vivenciado pela pesquisadora enquanto professora de cursos de graduação. Assim sendo, o ponto de partida e de análise é a sua prática pedagógica que é refletida criticamente à luz de fontes bibliográficas que abordam questões da formação docente em espaços e cursos não formais. 2 A CONECTIVIDADE COMO PRINCÍPIO E METODOLOGIA ORIENTADORA DA PRÁTICA PEDAGÓGICA Vivemos em uma época constantes inovações em que é necessário que professores mudem suas pedagogias e os alunos suas aprendizagens. É a sociedade da informação e do conhecimento, uma sociedade de novas formas de ensinar e aprender. Observamos o emergir de novos modelos pedagógicos, bem como de novos ambientes de aprendizagem baseados nas tecnologias; novas teorias sugerem novas metodologias para o ato de ensinar e de aprender. Nesse contexto de mudanças paradigmáticas, a conectividade é evidenciada como princípio metodológico das práticas pedagógicas atuais, na medida em que possibilita o trânsito mundial de contatos com informações, ideias e conhecimentos em tempo real. É consenso na EaD o pressuposto de que o aluno precisa ter maior autonomia. Esta autonomia de que falamos aqui se referem às propostas de aprendizagem configuradas pela autonomia. Entretanto, para a elaboração do projeto didático-pedagógico do curso de EaD, faz-se necessário entender e assimilar os conceitos de Andragogia e de Heutagogia, para finalmente, chegarmos à proposta de aprendizagem pretendidas neste trabalho. Para a Heutagogia, o aluno é responsável pela administração da aprendizagem, não havendo a figura do professor. A autonomia do aluno nada tem a ver com o abandono da responsabilidade do agente professor. É notório que as informações que o aprendiz recebe hoje transita por vários canais de comunicações. Andragogia significa "ensino de adultos" e busca promover o aprendizado através da experiência, fazendo com que a vivência estimule e transforme o conteúdo, impulsionando a assimilação. Busca, também, promover o aprendizado através da experiência, fazendo com que a vivência estimule e transforme o conteúdo, impulsionando a assimilação. O adulto após absorver e digerir aplica. É o aprender através do fazer, o ''aprender fazendo''. Coelho (2013) explica uma nova proposta teórica para entender a aprendizagem na era digital: o Conectivismo. Ainda, o autor esclarece que esta teoria aponta que o conhecimento está distribuído numa rede de conexões e que, desse modo, a aprendizagem consiste na capacidade de edificar essas redes e circular nelas, desenvolvendo assim a capacidade de refletir, decidir e partilhar. No entanto, observa: Nesse sentido, pode-se dizer que a informação que o indivíduo recebe numa rede de informação necessita de tratamento, pois o rápido fluxo e sua abundância elevam a necessidade do aprendiz de uma importância crítica. O Conectivismo encontra as suas raízes nas diversas fontes de informação, mudanças rápidas, e perspectivas, em que é necessário encontrar uma forma de filtrar e fazer sentido ao caos. (COELHO, 2013, p. 33)

Os serviços de redes sociais constituem, hoje, a plataforma de suporte para o desenvolvimento de comunidades de aprendizagem em contextos institucionais e de comunidades de prática em contextos profissionais. A sua utilização pedagógica como apoio ao ensino a distância é vantajosa, pois apresenta uma multiplicidade de ferramentas de comunicação e de trabalho. Pelas suas características comunicativas e interativas, estabelecem as condições de suporte para a dinâmica necessária à colaboração: a socialização. O maior poder das redes sociais quando utilizadas na aprendizagem é a identificação imediata que os alunos têm com o processo e o sentimento de que a construção do conhecimento depende da contribuição de todos e de cada um deles e não apenas do professor. 3 RESULTADOS E REFLEXÕES Este trabalho sugere um convite às seguintes reflexões: i- Um novo modelo de formação presidido pelo virtual, pela interatividade, pela interconectividade requer metodologias mais flexíveis e inovadoras, para que a aprendizagem aconteça numa dimensão de compartilhamento. iii - A utilização pedagógica deste novo modelo não seja um puro ato de fé, antes o resultado duma análise crítica; iii- A conectividade surge como uma outra possibilidade de formação docente, a de aprendizagem em rede; iv- A conectividade pode ser o princípio estrutural da prática pedagógica em língua portuguesa nos cursos de graduação a distância. A página no Facebook Coisas de Lê (https://www.facebook.com/coisasdele?ref=hl), por amostragem, possibilita verificar as reflexões e proposta de aprendizagem apresentadas por este estudo. Alguns recortes da página observam a participação e a construção do conhecimento por parte do e-aluno.

CONSIDERAÇÕES FINAIS Não é difícil verificar que o aluno parece não querer mais, como entrega, o conhecimento sistematizado e estruturado; ao contrário, quer fazer parte deste processo de construção. O aluno não quer somente ler uma carta, quer escrever as cartas que serão distribuídas pelo mundo através da rede. Todavia, o significado da aprendizagem continua o mesmo: adquirir conhecimento e desenvolver habilidades; o processo de produção e aquisição que sofreu mudanças com o avanço das tecnologias de informação e comunicação.

A aprendizagem não pode ser mais considerada como uma experiência que ocorre em ambientes controlados; é importante entendê-la em uma sociedade em rede. A aprendizagem não constitui mais uma experiência isolada, mas sim uma oportunidade de troca, compartilhamento e produção conjunta com várias pessoas que convergem o seu interesse para um ponto comum. Nesse contexto cujo modelo educacional não presencial suportado por tecnologia de comunicação e informação, que podemos entender como e-learning, surgem novas propostas para entender a aprendizagem - conexões nas quais a aprendizagem é entendida como uma capacidade de se trafegar por essas redes. No entanto, além de habilidades tecnológicas, observa-se que o aluno precisa assumir uma postura mais ativa diante do seu aprendizado, desenvolvendo uma cultura de aprendizagem permanente, além de uma maior disciplina e auto-organização. Em resumo, o ensino/aprendizagem de língua portuguesa na modalidade a distância se contamina deste postulado. O conhecimento e a informação externa parte do aluno, que propõe a dúvida e encontra no professor-tutor a formalização da aprendizagem. Este processo se estrutura de forma criativa e participativa; contudo, é imprescindível que também sejam oferecidas as possibilidades para construção do conhecimento, a fim de que o aluno não se perca na infinidade de informações. Assim, o professor conduz e o aluno concretiza. Da análise do trabalho desenvolvido na rede social, observou-se que os alunos envolveram-se de forma ativa no processo de aprendizagem. Verificou-se ainda que, com base nas postagens, os níveis mais elevados de colaboração são atingidos facilmente, com forte presença cognitiva. REFERÊNCIAS CASTELLS, Manuel. A sociedade em rede. São Paulo: Paz e Terra, 1999 COELHO, Marcos Antônio Pereira. CONEXÕES PARA O CONHECIMENTO: uma abordagem conectivista para o desenho instrucional das disciplinas semipresenciais dos cursos superiores das Faculdades Vale do Carangola. Dissertação de Mestrado. UENF, 2013. CORREIA, Cláudia; ANDRADE, Heloísa. Noções básicas do hipertexto. 2004. Disponível em: http://www.facom.ubfa. Hipertexto.basicas. Acesso em: 28/05/2012. EAD/PUCRS. Programa de Capacitação Profissional e Sumário Executivo, Porto Alegre: 1999. Disponível em: <http://www.educnet.com.br >. Acesso em 28/05/2012. HEIDE, Ann & STILBORNE, Linda. Guia do professor para a Internet: completo e fácil. 2. ed. Porto Alegre: Artes Médicas Sul, 2000. MUGNOL, Marcio. A educação à distância no Brasil: conceitos e fundamentos. In: Rev. Diálogo Educ. Curitiba, n. 27, p. 335-349, maio/ago. 2009. PORTAL, Leda Lísia Franciosi. Educação à distância: uma opção estratégico-metodológica em busca de espaços de distância ou de relacionamento para a aprendizagem. In Rev. Educação, n. 44, p. 93-115, Porto Alegre, ago., 2001. SOARES, Magda. Alfabetização e letramento. São Paulo: Contexto, 2008.