AVALIAÇÃO DO EQUILÍBRIO EM CRIANÇAS DE QUATRO E CINCO ANOS DE UMA ESCOLA DE SANTA MARIA-RS 1

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Transcrição:

AVALIAÇÃO DO EQUILÍBRIO EM CRIANÇAS DE QUATRO E CINCO ANOS DE UMA ESCOLA DE SANTA MARIA-RS 1 ILHA, Aparecida 1 ; ZANON, Débora Sanfelice 2 ; bandeira, Luciele 3 ; GASPARETTO, Andriele Gasparetto 4 ; FLECK, Caren 5 1 Trabalho de pesquisa - UNIFRA 2 Acadêmicas do curso de Fisioterapia do Centro Universitário Franciscano (UNIFRA) Santa Maria, RS, Brasil. 3 Orientadoras, docentes do curso de Fisioterapia do Centro Universitário Franciscano (UNIFRA) e membros do grupo de pesquisa Promoção da Saúde e Tecnologias Aplicadas à Fisioterapia, Santa Maria, RS, Brasil. E-mail: deborasanfelicezanon@hotmail.com RESUMO: Para manter o equilíbrio em qualquer postura, o corpo humano precisa receber informações sobre a sua posição no espaço. Essas informações processadas pelo Sistema Nervoso Central, respondendo através do sistema musculoesquelético controlando sua postura. Objetivo: Avaliar o equilíbrio estático e dinâmico das crianças com idade entre quatro e cinco anos de uma Escola Municipal de Ensino Infantil de Santa Maria (RS). Materiais e Métodos: Os instrumentos utilizados para a pesquisa foram o Escala de Equilíbrio de Berg que avalia o equilíbrio estático e dinâmico. Resultados: Pode-se observar que o desenvolvimento biomecânico em relação ao equilíbrio não apresentou índices muito inferiores ao padrão estabelecido por Berg em sua escala, o que não aconteceu com nenhum dos indivíduos testados. Conclusão: a pesquisa obteve resultados satisfatórios, pois estes possibilitam a fisioterapia nortear seus planos de prevenção e tratamento para possíveis distúrbios biomecânicos. Palavras - chaves: equilíbrio, fisioterapia, desenvolvimento neuropsicomotor, crianças. 1. INTRODUÇÃO Desde o momento da concepção, o organismo humano tem uma lógica biológica, uma organização, um calendário maturativo e evolutivo, uma porta aberta à interação e à estimulação. Entre o nascimento e a idade adulta se produzem, no corpo humano, profundas modificações, sendo que as possibilidades motoras da criança evoluem amplamente com sua idade e chegam a ser cada vez mais variadas, completas e complexas (NETO, 2002). Para manter o equilíbrio em qualquer postura, o corpo humano precisa receber informações sobre a sua posição no espaço e sobre o ambiente. Essas informações são recebidas pelo organismo por meio do sistema neural, que integra a informação sensorial para acessar a posição e o movimento do corpo no espaço e o sistema musculoesquelético Página 1

que gera forças para controlar sua posição, que é o sistema de controle postural (MENEGHETTI, 2009). Inicialmente, acreditava-se que as mudanças no desenvolvimento neuropsicomotor refletiam diretamente as alterações maturacionais do sistema nervoso central. Hoje, porém, sabe-se que o processo de desenvolvimento ocorre de maneira dinâmica e é suscetível a ser moldado a partir de inúmeros estímulos externos. A interação entre aspectos relativos ao indivíduo (como suas características físicas e estruturais), ao ambiente em que está inserido e a tarefa a ser aprendida são determinantes na aquisição do equilíbrio dinâmico e estático (WILLRICH, 2008). O controle postural possui dois objetivos comportamentais: a orientação e o equilíbrio postural. A orientação postural está relacionada ao posicionamento e o alinhamento dos segmentos corporais em relação ao ambiente. Já o equilíbrio postural é o estado em que todas as forças que atuam sobre o corpo estão balanceadas para manter o corpo na posição e orientação desejada (MENEGHETTI, 2009). Porém, para que esses dois objetivos comportamentais sejam alcançados pelo sistema de controle postural, são necessários à percepção (interação das informações sensoriais para analisar a posição e o movimento do corpo no espaço) e a ação (capacidade de produzir forças para controlar os sistemas de posicionamento do corpo) (MENEGHETTI, 2009). Por meio dos movimentos corporais a criança interage e atua de forma dinâmica no ambiente físico e social. Entretanto, para que a criança possa agir, é necessário ter como suporte básico, o equilíbrio corporal (CURY, 2006). Todo o contexto somado se faz imprescindível, em uma atividade complexa como a marcha, muito embora pareça uma ação simples. Durante a marcha atuam um conjunto de músculos que fazem parte da ação coordenada do tipo voluntário, e nesta observa-se a sincronia de estruturas neurais, ossos, tendões e alguns tecidos corpóreos. A consciência corporal requer a atuação de habilidades cognitivas específicas, e por este motivo o desenvolvimento do equilíbrio estático e dinâmico são resultados de uma interação perfeita entre ações neuropsicomotoras (LEITE, 2007). A partir destes argumentos, o objetivo deste estudo foi avaliar o equilíbrio estático e dinâmico das crianças com idade entre quatro e cinco anos de uma Escola Municipal de Ensino Infantil de Santa Maria (RS), diagnosticando possíveis atrasos no desenvolvimento por meio da aplicação da escala de Berg. 2. MATERIAIS E MÉTODOS Página 2

Para a realização da pesquisa adotou-se a abordagem quantitativa do tipo descritiva. Os instrumentos utilizados para a pesquisa foram a Escala de Equilíbrio de Berg, que é constituído por uma escala de 14 tarefas comuns que envolvem o equilíbrio estático e dinâmico tais como alcançar, girar, transferir-se, permanecer em pé e levantar-se. A realização das tarefas é avaliada através de observação e a pontuação varia de 0 4 totalizando um máximo de 56 pontos (SOUZA, 2008). A pesquisa foi realizada em uma Escola Municipal de Ensino Infantil na cidade de Santa Maria (RS), com alunos da turma pré-a, pelas acadêmicas da disciplina de Fisioterapia e Promoção III do curso de Fisioterapia do Centro Universitário Franciscano (UNIFRA) no mês de novembro do ano de 2010. Nove crianças na faixa etária entre quatro e cinco anos de idade foram avaliadas, de um total de dezessete crianças, a seleção foi realizada aleatoriamente. Para diagnóstico inicial foram realizadas as atividades da bateria de testes da Escala de equilíbrio de Berg, constando das seguintes atividades: Sentado para em pé, em pé sem apoio, sentado sem apoio, em pé para sentado, transferências, em pé com olhos fechados, em pé com os pés juntos, reclinar à frente com os braços estendidos, apanhar objeto do chão, virando-se para olhar para trás, girando 360 graus, colocar os pés alternadamente sobre um banco, em pé com um pé em frente ao outro e em pé apoiado em um dos pés. Era selecionado um aluno por vez separadamente dos demais de sua turma, para que a avaliação fosse criteriosamente efetuada sem a intervenção dos demais alunos. A escala era aplicada por duas pesquisadoras, enquanto uma aplicava as tarefas a outra realizava as devidas anotações. A pesquisa foi feita durante as visitas dos acadêmicos a escola no período vespertino. Os critérios de inclusão foram: as crianças terem entre quatro e cinco anos de idade, sem distinção de sexo e estudar na escola e turma já citada. E os critérios de exclusão foram: idade inferior ou superior a de quatro a cinco anos e não estudarem na Escola Municipal. 3. RESULTADOS E DISCUSSÃO Aqui serão apresentados os resultados obtidos e a discussão através da aplicação do instrumento utilizado neste estudo, que teve como amostra nove crianças, sendo que 6 (75%) eram do sexo feminino e 2 (25%) do sexo masculino, totalizando 100% do grupo avaliado, onde 4 (50%) tinham quatro anos (esses totalizaram uma média de acertos no Página 3

teste entre 43 a 52 pontos), e 4 (50%) cinco anos (esses totalizaram média de acertos entre 51 a 52). O item idade parece não ter sido o fator que influenciou no resultado do teste, pois apenas 20% da amostra que tinham quatro anos obtiveram pontuação abaixo de 50. Quanto á aplicação da escala de modo geral as crianças consideram o teste divertido e se mostraram motivadas a participar das diferentes provas, realizando-as na íntegra sem maiores dificuldades. A partir da realização dessas atividades pode-se observar que o desenvolvimento biomecânico em relação ao equilíbrio não apresentou índices muito inferiores ao padrão estabelecido por Berg em sua escala, como pode ser observado na Tabela 1, pois houve uma variação de 43 a 55 pontos nas crianças avaliadas e Berg aponta como fator de risco um somatório abaixo de 36 pontos, o que não aconteceu com nenhum dos indivíduos testados. De acordo com Shumway- Cook e Woollacott (2003), na amplitude de 56 a 54, cada ponto a menos é associado a um aumento de 3 a 4% abaixo no risco de quedas, de 54 a 46 a alteração de um ponto é associada a um aumento de 6 a 8% de chances, sendo que abaixo de 36 pontos o risco de quedas é quase de 100%. Tabela1: paciente, sexo, idade e pontuação realizada no teste de Berg. SEXO IDADE PONTUAÇÃO Paciente 1 Feminino 4 anos 43 Paciente 2 Feminino 5 anos 55 Paciente 3 Feminino 5 anos 51 Paciente 4 Feminino 4 anos 51 Paciente 5 Masculino 4 anos 51 Paciente 6 Masculino 5 anos 52 Paciente 7 Feminino 5 anos 52 Paciente 8 Feminino 4 anos 48 Paciente 9 Feminino 4 anos 52 Página 4

As atividades em pé para sentado, reclinar a frente com os braços estendidos, em pé com um pé em frente ao outro e em pé apoiado em um dos pés, foram os itens em que as crianças participantes desse estudo obtiveram menor pontuação. A idade pré-escolar é uma fase de aquisição e aperfeiçoamento das habilidades motoras, primeiras formas e combinações do movimento que possibilitam a criança dominar seu corpo em diferentes posturas (estáticas e dinâmicas) e locomover-se pelo meio ambiente de variadas formas (andar, correr, saltar, etc.). A base para habilidades motoras globais e finas é estabelecida neste período, sendo que as crianças aumentam consideravelmente seu repertório motor e adquirem os modelos de coordenação do movimento essenciais para posteriores performances habilidosas (CAETANO, 2005). A aquisição de novas habilidades, conforme Biscegli (2007), relaciona-se à faixa etária e às interações vividas com os outros indivíduos do seu grupo. A avaliação do desenvolvimento é, portanto um processo individualizado, dinâmico e compartilhado com cada criança. Segundo Gallahue et al. (2003), tais habilidades podem ser classificadas de acordo com sua intenção nas quais todas as tarefas motoras envolvam o elemento equilíbrio. Equilíbrio é a habilidade de um individuo manter a postura de seu corpo inalterada, mesmo quando este é colocado em várias posições. O equilíbrio é básico para todo movimento e é influenciado por estímulos visuais, táteis, cinéticos e vestibulares. A criança, segundo Neto (2002), antes de alcançar o equilíbrio, adota apenas posturas, o que equivale a dizer que seu corpo reage de maneira reflexa aos múltiplos estímulos do meio e a mesma está estruturada sobre o tônus muscular, que do ponto de vista biológico, a possibilidade de manter posturas, posições e atitudes indicam a existência de equilíbrio. De acordo com Forchezatto et al. (2009), é fundamental a avaliação da coordenação motora e equilíbrio na idade pré-escolar da criança, pois a alteração de tais habilidades pode interferir na aprendizagem escolar e na conduta geral e diária da criança. Ele também salienta que o equilíbrio é uma das capacidades físicas em desenvolvimento na infância e é básico para qualquer movimento. Dessa forma, quando a criança realiza poucas experiências sensório-motoras que facilitarão a aquisição e o refinamento de padrões motores, menor será seu nível motor. A exploração do ambiente passa então a ser como Página 5

desencadeante de diferentes estratégias adaptativas que permitem ao ser humano a interação com o meio. Neste contexto sabe-se que funcionalidade da marcha depende de um pequeno desequilíbrio posicionando os pés um na frente do outro. Durante a marcha, as pernas têm função de locomoção, enquanto os braços, função equilibradora. Os movimentos de rotação da cabeça associada ao restante do corpo permitem olhar em frente e ao redor, sempre mantendo uma posição equilibrada (LOPES, 2006). Justamente onde a escala de Berg se insere avaliando o risco ou não de queda evidenciando possíveis atrasos no desenvolvimento do equilíbrio dinâmico e estático do grupo amostra. 4. CONCLUSÃO De acordo com os resultados deste estudo, pode-se afirmar que a aplicação da escala de Berg possibilitou avaliar o desenvolvimento do equilíbrio estático e dinâmico do grupo amostra, evidenciando resultados satisfatórios. É muito importante considerar o desenvolvimento do equilíbrio estático e dinâmico infantil, pois atrasos nesta área acarretam prejuízos que podem se estender até a fase adulta. Sendo assim, os fatores de risco para atraso no desenvolvimento devem ser eliminados sempre que possível. Fica aberta a possibilidade de explorar futuramente de maneira minuciosa o assunto enriquecendo o campo fisioterapêutico. Com a identificação precoce de distúrbios no desenvolvimento motor, realizada através de uma avaliação criteriosa nos primeiros anos de vida, é possível determinar uma intervenção adequada, a fim de que as crianças com diagnóstico de atraso possam seguir a mesma seqüência que as crianças com desenvolvimento normal. E assim estabelecer parâmetros para futuras intervenções fisioterapêuticas otimizando o tratamento e claro suscitando novas pesquisas neste campo com este objetivo já que a área da saúde, cada vez mais, vem se redesenhando a partir de diferentes identidades subjetivas, tais como mulheres, idosos, crianças e adolescentes, dentre outras. Apoiando-se nessas identidades, esse campo procura ir ao encontro dos grupos beneficiários de suas ações. REFERÊNCIAS BISCEGLI, T. S. et al. Avaliação do estado nutricional e do desenvolvimento neuropsicomotor em crianças freqüentadoras de creche. Revista Paulista de Pediatria. São Paulo, v. 25, n. 4, p. 337-42, 2007. Página 6

CAETANO, M. J. D. et al. Desenvolvimento motor de pré-escolares no intervalo de 13 meses. Revista Brasileira de Cineantropometria e Desempenho Humano. Rio Claro, v. 7, n. 2, p. 5-13 2005. CURY, R. L. S. M. et al. Criação de Protocolo de Avaliação do Equilíbrio Corporal em Crianças de quatro, seis e oito anos de Idade: uma Perspectiva Funcional. Revista Brasileira de Fisioterapia. São Carlos, SP, v. 10, n. 3, p. 347-354, jul./set. 2006. FORCHEZATTO, R. et al. Lateralidade e equilíbrio em crianças de 1ª a 3ª série do município de Descanso/SC Diagnóstico e proposta de intervenção. Cinergis. Santa Catarina, SC, V. 10, n. 1, p. 8-15 Jan/Jun, 2009. GALLAHUE, D. L. et al. Compreendendo o desenvolvimento Motor: bebês, crianças, adolescentes e adultos. São Paulo: Phorte Editora, 2003. LEITE, P, E. Pais Educativos. São Paulo, SP: Eliane Pisani Leite Editora, 2006. LOPES, M. G. O. et al. A Influência da Natação sobre o equilíbrio em crianças. Fitness & Performance Journal,, Rio de Janeiro, RJ, v. 3, n. 4, p. 201-206, 2004. MENEGHETTI, C. H. Z. et al. Avaliação do equilíbrio estático de crianças e adolescentes com síndrome de Down. Revista Brasileira de Fisioterapia. São Carlos, SP, v. 13, n. 3, p. 230-5, mai/jun. 2009. NETO, Francisco Rosa. Manual de Avaliação Motora. Porto Alegre, RS: Artmed Editora, 2002. SHUMWAY, A. et al. Controle Motor-Teoria e Aplicações Práticas. São Paulo, SP: Manole, 2002. SOUZA, M. C. de et al. Avaliação do Equilíbrio Funcional e Qualidade de Vida em Pacientes com Espondilite Anquilosante. Revista Brasileira Reumatologia, São Paulo, SP v. 48, n.5, p. 274-277, set/out, 2008. WILLRICH. A. et al. Desenvolvimento motor na infância: influência dos fatores de risco e programas de intervenção. Revista de neurociência, Porto Alegre, RS, v. 17, n. 1, p. 51-56, janeiro, 2008. Página 7