PROPRIEDADES FUNCIONAIS DOS PROBIÓTICOS NO TRATAMENTO DA DISBIOSE INTESTINAL

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Transcrição:

PROPRIEDADES FUNCIONAIS DOS PROBIÓTICOS NO TRATAMENTO DA DISBIOSE INTESTINAL Alexandra Rodrigues de Lima¹ Alice de Andrade Lacerda¹ Camila Silva Junqueira¹ Lilian Mara Pimenta¹ RESUMO: Objetivo: Apresentar uma revisão bibliográfica sobre disbiose intestinal e seus possíveis tratamentos a partir de alimentos e/ou produtos que contenham probióticos. Metodologia: Base de dados Scielo (Scientific Eletronic Library Online) e literatura. Sintese de dados: Os alimentos funcionais colaboram para a melhora do funcionamento do organismo e ajudam no controle e prevenção de doenças. Há muito anos já se estuda os benefícios desses alimentos na saúde da flora bacteriana, sendo que, o alimento funcional mais usado para este fim são aqueles que contenham probióticos. Os probióticos são organismos vivos que, quando usados de forma adequada diminuem a proliferação de bactérias patogênicas e trazem vários benefícios a saúde como a prevenção e auxílio no tratamento da disbiose intestinal. Palavras chave: Disbiose Intestinal, Probióticos, Microbiota Intestinal, Alimentos Funcionais, Prébioticos. ¹Acadêmicas do curso de nutrição do Centro Universitário Newton Paiva.

INTRODUÇÃO A nutrição clínica funcional é uma forma de abordar a ciência da nutrição e tem como objetivo avaliar a interação do organismo com o alimento (ALMEIDA et al., 2009). São considerados alimentos funcionais aqueles que fornecem a nutrição básica e possuem potencial para promover a saúde através de mecanismos não previstos pela nutrição convencional (SAAD, 2006). A nutrição funcional leva em consideração a importância da integridade fisiológica e funcional do trato gastrointestinal. Os povos orientais acreditavam que muitas doenças podem começar no intestino, e este fato, nos dias de hoje, esta cada vez mais comprovado (ALMEIDA et al., 2009). O conjunto de bactérias que habitam o intestino é hoje considerado órgão funcionalmente ativo, chamado de microbiota intestinal. No total, convivemos com 100 trilhões de bactérias que exercem funções importantes no organismo. No intestino grosso, onde a microbiota intestinal é mais numerosa e diversificada, há cerca de 500 espécies diferentes de bactérias. A microbiota intestinal colônica divide-se em microbiota dominante (Bifidobacterium), microbiota subdominante (Lactobacillus) e a microbiota residual onde são incluídas as bactérias potencialmente patogênicas (Clostridium, Pseudomonas e Klebsiella) (WAITZBERG, 2009). As populações bacterianas no interior do trato gastrintestinal são adaptadas para que os números de cada gênero sejam bastante consistentes no seu nicho próprio de crescimento individual. Para que o intestino funcione bem, no entanto, o 'equilíbrio' da microniota bacteriana deve ser mantido, e este parece ser cada vez mais difícil com o estilo de vida alterado em decorrência do aumento do estresse físico e emocional, mudanças alimentares, consumo de antibióticos, imunodeficiência ou outras alterações

imunológicas e diversas doenças que cursam com alterações da motilidade intestinal. Todos esses fatores combinam-se para causar um desequilíbrio na microbiota intestinal (WAITZBERG, 2009; FOOKS; GIBSON, 2002). Segundo Almeida et al., 2009, um desequilíbrio na microbiota intestinal que produz efeitos negativos é chamado de disbiose, um distúrbio cada vez mais relevante no diagnóstico de várias doenças e caracterizado por uma disfunção colônica devido à alteração da microbiota, na qual ocorre o predomínio das bactérias patogênicas sobre as bactérias benéficas. De acordo com a FAO/OMS (2002), probióticos são organismos vivos administrados em quantidades adequadas, a qual confere um efeito benéfico à saúde do organismo. O número de artigos sobre probióticos aumenta a cada ano, o que demonstra o crescente interesse que os mesmos vêm recebendo na literatura das ciências da saúde. Do ponto de vista científico, é inquestionável que os probióticos constituem um importante campo de investigação e estudo, tendo o aparelho digestivo, mais especificamente a microbiota intestinal como ponto principal para sua ação (MORAIS; JACOB, 2006). MICROBIOTA INTESTINAL O intestino humano é o habitat natural de uma população diversa e dinâmica de microorganismos que, através da evolução, foram adaptados para viver e colonizar as mucosas e o lúmen intestinal. Esta microflora intestinal é composta por mais de 500 espécies diferentes. Além disso, difere qualitativa e quantitativamente nos distintos segmentos do trato gastrintestinal. No estômago e duodeno, a concentração bacteriana é reduzida, chegando até 10³ UFC/ml, porque nestes ambientes a colonização e

proliferação bacteriana sofrem ação do suco gástrico, da bile e da secreção pancreática, como pelo intenso peristaltismo do intestino delgado (BRANDT; SAMPAIO; MIUKI, 2006; VERGARA; MORENO; MONTFORT, 2009). No jejuno e íleo habitam em média de 10 4 a 10 8 UFC/ml. O íleo é um sítio de transição bacteriológica, entre a escassa população bacteriana do jejuno e a densa flora do cólon. No cólon se encontra a maior parte das bactérias do organismo. Elas encontram condições favoráveis para sua proliferação devido à ausência de secreções intestinais, peristaltismo lento e abundante suprimento nutricional. A população microbiana do cólon alcança 10 10 a 10 12 microorganismos por grama de conteúdo luminal (BRANDT; SAMPAIO; MIUKI, 2006; VERGARA; MORENO; MONTFORT, 2009). No organismo saudável, várias espécies de bactérias estão presentes no intestino, a maioria delas anaeróbias estritas. A microbiota intestinal exerce influência considerável sobre inúmeras reações bioquímicas do hospedeiro. Paralelamente, quando em equilíbrio, impede que microrganismos potencialmente patogênicos presentes exerçam seus efeitos. Por outro lado, o desequilíbrio da microbiota pode resultar na proliferação de patógenos, com conseqüente infecção bacteriana (OLIVEIRA et al., 2002). Nos humanos, a forma de nascer influencia na composição da microbiota intestinal. O intestino do feto é estéril. Quando nasce por parto normal, apresenta a colonização inicial do tubo digestivo, por bactérias da flora vaginal e fecal da mãe. Por sua vez, os recém-nascidos por cesárea são colonizados por bactérias do próprio ambiente (MORAIS; JACOB, 2006). Outro fator que influencia na composição da microbiota é a alimentação do lactente. O aleitamento natural proporciona microbiota intestinal constituída predominantemente (> 90%) por bifidobactérias e lactobacilos. Nos que recebem

aleitamento artificial, essas bactérias correspondem de 40 a 60% da microbiota, e encontram-se também bactérias dos gêneros clostrídio, estafilococo e bacterióides (MORAIS; JACOB, 2006; VERGARA; MORENO; MONTFORT, 2009). Uma vez instalada, por volta dos 18 aos 24 meses, a microbiota do indivíduo tende a se manter estável durante toda a vida. Considera-se saudável a microbiota intestinal que, em sua composição, a maior parte seja composta por espécies de bifidobactérias e lactobacilos (MORAIS; JACOB, 2006). ALIMENTOS FUNCIONAIS O conceito de alimentos funcionais foi proposto inicialmente no Japão, em meados da década de 80, e nos anos 90, recebeu a designação em inglês de Foshi (food for specified health use, alimentos para uso especifico da saúde), referindo-se aos alimentos usados como parte de uma dieta normal que demonstram benefícios fisiológicos e/ou reduzem o risco de doenças crônicas, além de suas funções básicas nutricionais (COSTA; ROSA, 2010, p.03). Os alimentos funcionais possuem potencial para promover a saúde através de mecanismos não previstos através da nutrição convencional, e deve ser salientado que esse efeito restringe-se à promoção da saúde e não à cura de doenças. Este conceito foi rapidamente adotado em outras partes do mundo, mas deve-se sempre lembrar que as denominações das alegações, bem como os critérios para a sua aprovação, podem variar de acordo com a regulamentação local ou regional (COSTA; ROSA, et al., 2010). A primeira geração de alimentos funcionais foi aquela suplementada por componentes com atividade reconhecidamente benéfica à saúde, como cálcio e vitaminas. Nos últimos anos, esse conceito voltou-se principalmente para aditivos alimentares, que podem exercer efeito benéfico sobre a composição da microbiota

intestinal. Atualmente os probióticos são um dos aditivos alimentares que compõem esses alimentos funcionais (OLIVEIRA et al., 2002). PROBIÓTICOS História dos probióticos O termo probiótico deriva do grego e significa pró-vida, ou seja, o contrário da palavra antibiótico, que quer dizer contra a vida. A humanidade utiliza leites fermentados há mais de dez mil anos, mas seus benefícios para a saúde só foram demonstrados há cerca de um século por um cientista russo, que relacionou o consumo com a maior longevidade de camponeses búlgaros (MORAIS; JACOB, 2006; COPPOLA; TURNES, 2006). Na década de 1930, Shirota, no Japão, isolou uma espécie de lactobacilo que vem sendo utilizado na produção de um leite fermentado que é comercializado há várias décadas, inclusive no Brasil. Vale lembrar que tanto os lactobacilos como as bifidobactérias foram identificados, inicialmente, nas fezes de lactentes alimentados com leite humano, respectivamente, por Moro e Tissier, na transição do século XIX para o século XX (MORAIS; JACOB, 2006). Ao longo do tempo, iniciou-se o uso do termo probiótico, que teve diferentes interpretações por diversos autores. Na década de 60, pesquisadores usaram esta denominação para substâncias secretadas por protozoários que estimulam o crescimento de outros. Em 1974, o termo foi usado para denominar suplementos alimentares destinados a animais, incluindo também microorganismos e substâncias que afetam o equilíbrio do trato gastrointestinal. Somente mais tarde, na década de 90, o conceito foi vinculado a organismos vivos, considerando que os probióticos são suplementos alimentares que contém bactérias vivas e produzem efeitos benéficos no

hospedeiro por melhorar o equilíbrio da microbiota intestinal (COPPOLA; TURNES, 2006). Conceito A Organização de Alimentos e Agricultura das Nações Unidas - FAO e Organização Mundial Da Saúde OMS, em 2002, propôs a definição que é a mais aceita até os dias atuais: Probióticos são organismos vivos administrados em quantidade adequada, a qual conferem um efeito benéfico à saúde do organismo (MORAIS; JACOB, 2006). Alguns critérios são necessários para definir um microorganismo como um probiótico. Eles devem ser inócuos, de origem humana, resistentes a processamentos. Devem manter-se viáveis por longo tempo durante a estocagem e transporte, tolerarem o baixo ph do suco gástrico, resistir à ação da bile e das secreções pancreáticas e intestinais, aderirem à célula epitelial, não transportar genes transmissores de resistência a antibióticos e possuir propriedades antimutagênicas e anticarcinogênicas (COPPOLA; TURNES, 2006). Principais bactérias probióticas Os principais microorganismos usados como suplementos alimentares são as bactérias pertencentes aos gêneros Lactobacillus e Bifidobacterium e, em menor quantidade, Enterococcus e Streptococcus, uma vez que elas têm sido isoladas de todas as porções do trato gastrintestinal do humano saudável. O local preferido para a colonização intestinal dos lactobacilos e bifidobactérias são o íleo terminal e o cólon,

respectivamente. Entretanto, deve-se destacar que o efeito de uma bactéria é específico para cada cepa, não podendo ser extrapolado, inclusive para outras cepas da mesma espécie. Dentre as bactérias pertencentes ao gênero Bifidobacterium, destacam-se B. bifidum, B. breve, B. infantis, B. lactis, B. animalis, B. longum e B. thermophilum. Destacam-se no gênero Lactobacillus: L. acidophilus, L. helveticus, L. casei subsp. paracasei e subsp. tolerans, L. paracasei, L. fermentum, L. reuteri, L. johnsonii, L. plantarum, L. rhamnosus e L. salivarus (SAAD, 2006). Principais produtos probióticos Os alimentos mais usados contendo probióticos são os produtos lácteos e os alimentos fortificados. No entanto, também existem no mercado comprimidos, cápsulas e saches que usam bactérias em forma liofilizada (Organização Mundial de Gastroenterologia - OMGE, 2008). DISBIOSE INTESTINAL Nas últimas décadas, os hábitos alimentares e o estilo de vida passaram por várias modificações, o que leva a uma sobrecarga nos sistemas do organismo. Houve também um aumento da oferta de vários alimentos, mas paralelamente ocorreu uma redução na qualidade nutricional dos mesmos, causada por vários fatores, como: empobrecimento da quantidade de nutrientes do solo; perda nutricional causada por armazenamento, transporte e manuseio impróprios; perda de nutrientes e contaminação química causada pela industrialização dos alimentos, dentre outros. Simultaneamente, o

organismo sofreu modificações, passando a exigir maior quantidade de nutrientes para lidar com os desequilíbrios gerados por situações como: poluição ambiental, estresse físico e emocional e o aumento no consumo de alimentos com fatores antinutricionais e industrializados (ALMEIDA et al., 2009). Tornou-se cada vez mais importante modificar os hábitos alimentares para efetivamente nutrir o organismo, uma vez que neste momento a realidade imposta pelo avanço tecnológico, bem como pela sobrecarga de informações e hábitos de vida pouco saudáveis consequentemente geram disfunções imunológicas, neurológicas e digestivas (ALMEIDA et al., 2009). Entende-se que existe uma relação fundamental entre o intestino e a saúde, por meio do conceito de permeabilidade intestinal. Uma alimentação adequada pode dar suporte à integridade intestinal, que se relaciona à função única do intestino de atuar como um canal entre os nutrientes e a circulação sistêmica e como barreira contra toxinas de uma variedade de fontes. Existem dois principais fatores que influenciam nesta integridade, que são as populações bacterianas no intestino e a saúde da mucosa intestinal, sendo ambos influenciados pela nutrição (ALMEIDA et al., 2009). Definição de disbiose A disbiose pode ser definida como um desequilíbrio na microbiota intestinal que produz efeitos prejudiciais, interferindo profundamente na integridade do intestino. É caracterizado por uma disfunção colônica, na qual ocorre predomínio das bactérias patogênicas sobre as bactérias benéficas. O termo disbiose foi popularizado no final do século XIX, na Europa, e atualmente é cada vez mais levado em consideração no

diagnóstico de várias doenças, devido à seriedade de suas conseqüências (ALMEIDA et al., 2009). Causas da disbiose Foram levantados alguns fatores que possivelmente podem ser atribuídos às causas desta alteração da microbiota intestinal, entre os quais estão: O uso indiscriminado de antibióticos, que matam tanto as bactérias úteis como as nocivas; O uso de antiinflamatórios hormonais e não-hormonais; O abuso de laxantes; O consumo excessivo de alimentos processados em detrimento de alimentos crus; A excessiva exposição a toxinas ambientais; As doenças consumptivas, como câncer e síndrome da imunodeficiência adquirida (AIDS); As disfunções hepatopancreáticas; O estresse; A diverticulose; Outros fatores também são levados em consideração, como a idade, o tempo de trânsito e ph intestinal, a disponibilidade de material fermentável, o estado imunológico do hospedeiro e a má digestão (ALMEIDA et al., 2009). A má digestão é um forte concorrente para o desequilíbrio intestinal. Muitas vezes o estômago não está ácido o suficiente para destruir as bactérias patogênicas

ingeridas junto com os alimentos, e assim estas bactérias ganham vantagens sobre as úteis. A diminuição da acidez estomacal é um fator comum em pessoas mais idosas, e ainda em diabéticos, que costumam ter deficiência de produção de ácido clorídrico (ALMEIDA et al., 2009). Consequências da disbiose Estudos mostram que inúmeras doenças estão relacionadas à disbiose intestinal, confirmando a crença dos povos orientais sobre a importância da saúde do intestino. Um alto número de bactérias patogênicas desequilibra a produção das secreções dos órgãos do TGI, levando a insuficiência pancreática, diminuição da função biliar, deficiência de ácido clorídrico e danos ao funcionamento intestinal. A falta de enzimas também afeta a capacidade de absorção dos nutrientes, causando um déficit nutricional que, entre outros prejuízos, concorrerá para a perda de peso. Esse distúrbio também pode levar a uma hipovitaminose, pois a microbiota intestinal é responsável pela síntese de vitaminas, principalmente as do complexo B (ALMEIDA et al., 2009). A disbiose torna-se ainda mais perigosa quando se associa, ou até mesmo provoca outros distúrbios, como o aumento da permeabilidade intestinal. Uma das principais funções da mucosa intestinal é sua atividade de barreira, que impede as moléculas ou microrganismos antigênicos ou patógenos de entrarem na circulação sistêmica. Quando esta proteção é rompida, a permeabilidade intestinal pode ocorrer e as bactérias do intestino, alimento não digerido ou toxinas podem translocar através desta barreira. Dessa forma, a integridade intestinal deve ser mantida para que haja um equilíbrio das bactérias intestinais e a nutrição saudável de enterócitos e colonócitos (ALMEIDA et al., 2009).

Diagnóstico da disbiose A disbiose é um problema que perturba todo o organismo e, por isso, deve ser eficientemente investigada e tratada. O diagnóstico deste distúrbio é realizado pela investigação de alguns dados como: A história de constipação crônica, flatulência e distensão abdominal; Sintomas associados como fadiga, depressão ou mudanças de humor; Culturas bacterianas fecais positivas; Exame clínico que revela abdome hipertimpânico e dor à palpação, particularmente do cólon descendente; Avaliação pela eletroacupuntura de Voll, no qual o índice de quebra nos pontos de mediação do intestino grosso, intestino delgado, fígado, pâncreas e baços são importantes nesta doença, proporcionando, principalmente nos pontos do intestino grosso e delgado, a possibilidade de diagnosticar o agente patológico do distúrbio (ALMEIDA et al., 2009). ATUAÇÃO DOS PROBIÓTICOS NA DISBIOSE A literatura propõe vários mecanismos de atuação dos probióticos, que atuam na supressão de microorganismos patogênicos. Produção de compostos antimicrobianos Vários compostos produzidos pelos probióticos auxiliam na manutenção da microbiota saudável. A produção de ácidos orgânicos (ácido lático, ácido acético,

AGCC - acetato, propionato e butirato) reduz o ph intestinal, retardando o crescimento de bactérias patogênicas sensíveis a ácidos. Eles também produzem bacteriocinas, proteínas metabolicamente ativas que auxiliam na destruição de microorganismos indesejáveis, através de ação semelhante aos antibióticos (MORAIS; JACOB, 2006; ALMEIDA et al., 2009; DENIPOTE; TRINDADE; BURINI, 2010). Competição por nutrientes A disponibilidade de nutrientes é um fator limitante para o crescimento bacteriano, pois as espécies incapazes de competir são eliminadas. Ocorre maior competição no cólon distal, onde existe menor quantidade de resíduos alimentares em relação ao cólon proximal e intestino delgado. Aumentar o número de lactobacilos/bifidobactérias como probiótico pode, assim, diminuir o substrato disponível para outras populações bacterianas (FOOKS; GIBSON, 2002; MORAIS; JACOB, 2006). Competição por receptores intestinais para adesão Os probióticos, em especial os lactobacilos, têm a capacidade de aderir a receptores específicos da mucosa intestinal para resistir aos movimentos peristálticos. Esta ação impede a adesão e proliferação de bactérias patogênicas como Salmonella typhimurium, Yersinia enterocolitica e Escherichia coli, as quais são competidoras desses sítios de ligação (SAAD, 2006; MORAIS; JACOB, 2006;). Efeito no sistema imune

Muitos estudos mostram que os probióticos, principalmente bactérias ácidolácticas, possuem efeito imunoestimulante, apesar de ainda não estarem esclarecidos os mecanismos pelos quais isto ocorre. Sugere-se que este efeito esteja relacionado à capacidade de os microorganismos probióticos interagirem com as placas de Peyer e as células epiteliais do intestino, estimulando as células B produtoras de IgA e a migração de células T do intestino. Outros estudos mostram que os probióticos favorecem a atividade fagocítica inespecífica dos macrófagos alveolares, sugerindo uma ação sistêmica por secreção de mediadores que estimulariam o sistema imune (COPPOLA; TURNES, 2006). A presença dos probióticos no trato gastrintestinal também auxilia no desenvolvimento de uma resposta tolerogênica, em virtude do estímulo da resposta TH1 em detrimento da TH2. Dessa forma contribuem para uma diminuição das doenças alérgicas, autoimunes e inflamatórias crônicas, que atualmente vêm aumentando devido a um processo que os pesquisadores chamam de hipótese da higiene (MORAIS; JACOB, 2006; BRANDT; SAMPAIO; MIUKI, 2006). Outras ações Alguns lactobacilos mostraram-se capazes de estimular a produção de muco na mucosa intestinal, ao exercer efeito sobre a expressão do gene da mucina. Assim contribuem para a eficácia do papel da barreira da mucosa intestinal. Outra ação mostrada pelos probióticos é a capacidade de induzir a quebra de proteínas com potencial alergênico no TGI, contribuindo para reduzir o risco de alergia alimentar (MORAIS; JACOB, 2006).

TRATAMENTO DA DISBIOSE ATRAVÉS DE PROBIÓTICOS O tratamento da disbiose intestinal depende de duas abordagens: Dietética, por meio da ingestão de alimentos que contenham probióticos, Medicamentos. Nos casos mais graves, há a necessidade de lavagens colônicas (hidrocolonterapia) para remover conteúdos putrefativos do intestino e permitir a drenagem linfática do cólon (COPPOLA; TURNES, 2006). Os probióticos são usados na medicina humana para prevenção e tratamento de doenças, na regulação da microbiota intestinal, em distúrbios do metabolismo gastrintestinal, como imunomoduladores, e na inibição da carcinogênese (COPPOLA; TURNES, 2006). O conhecimento da importância da flora intestinal como um mecanismo de controle de processos infecciosos e da modulação da resposta imunológica estimulou a procura por medidas de tratamento e prevenção de doenças baseadas na recuperação da microbiota intestinal ideal. Uma maneira de se conseguir esse efeito foi à observação das características da microbiota normal e de várias tentativas de reestruturação da mesma, seja por reposição de microorganismos benéficos à saúde, seja por substâncias que auxiliam o seu crescimento (MORAIS; JACOB, 2006;). No indivíduo com sua microbiota já estabelecida, a influência dos probióticos limita-se, em geral, ao período em que são empregados. Assim, para que esses indivíduos alcancem a mudança desejada em sua microbiota intestinal, deverão consumir continuamente esses microorganismos (MORAIS; JACOB, 2006). Em relação à quantidade adequada para exercer efeito benéfico, tem sido recomendada a dose de 5 bilhões de unidades formadoras de colônias (UFC) por dia

(5x10 9 UFC/dia), por pelo menos 5 dias. Embora essa seja a dose preconizada, os estudos que avaliam efeitos terapêuticos apresentam doses variáveis de 10 6 a 10 9 UFC (MORAIS; JACOB, 2006). É importante lembrar que, uma determinada cepa probiótica nem sempre será efetiva para todos os indivíduos ou mesmo para um individuo em diferentes fases de uma doença (SAAD, 2006). Alguns resultados com o tratamento de probióticos Abaixo são mostrados alguns resultados obtidos com o consumo de probióticos no tratamento de doenças associadas à disbiose intestinal (ver tabela 02-06). NUTRIENTES QUE AJUDAM NA POTENCIALIZAÇÃO DOS EFEITOS DOS PROBIÓTICOS Alguns nutrientes ajudam na potencialização dos efeitos dos probióticos no tratamento da disbiose intestinal, como a glutamina, os prebióticos e os simbióticos. Glutamina A glutamina é um aminoácido com importante papel no metabolismo protéico e no transporte de nitrogênio a vários órgãos. Apesar de não ser considerado um aminoácido essencial, tem sido muito pesquisado, principalmente quanto à possibilidade de se tornar essencial em casos de uma demanda aumentada. A glutamina exerce ação trófica sobre a mucosa do intestino delgado e este efeito já é bastante conhecido e relatado em vários estudos. Trabalhos experimentais recentes têm

demonstrado a ação desse aminoácido sobre a parede colônica, com potencial para aplicação clínica (LOPES, 2005). Glutamina é o aminoácido mais abundante no sangue, e corresponde a um terço do nitrogênio circulante sob a forma de aminoácidos. A concentração de glutamina sérica cai significativamente em doenças graves, podendo levar a um estado de depleção acentuada desse aminoácido (LOPES, 2005). A glutamina e os probióticos potencializam os efeitos contra doenças intestinais como a disbiose. A glutamina como nutriente da mucosa e o probiótico como modulador da flora bacteriana, os dois juntos podem ter uma ação sinérgica. A glutamina age na nutrição da mucosa intestinal e nas células do sistema imunológico, diminuindo a apoptose, mantendo o trofismo e dificultando a passagem de bactérias através da mucosa, associado à manutenção da flora intestinal pelos probióticos, dificultando a entrada de bactérias patogênicas, podem trazer benefícios para o organismo. Resumindo, esse conjunto de ações pode teoricamente diminuir a ocorrência de translocação bacteriana, a incidência de infecção e ainda manter a integridade da barreira intestinal (LOPES, et al., 2007). Prebióticos Prebióticos são componentes alimentares não digeríveis que afetam as bactérias probióticas, que estão normalmente no intestino e aquelas ingeridas através dos alimentos (probióticos), servindo como alimento para estes microorganismos, ajudando desta forma no aumento das bactérias benéficas e no decréscimo das bactérias potencialmente patogênicas (SAAD, 2006).

Os prebióticos mais conhecidos são os frutooligossacarídeos (FOS) ou oligofrutose resistente, a inulina, galactooligosacarídeos, lactulose e os oligossacarídeos do leite de peito. Os prebióticos são encontrados naturalmente em muitos alimentos como trigo, cebola, banana, mel, alho, alho poró e também pode ser extraídos da raiz da chicória ou pode ser sintetizados in vitro enzimaticamente a partir da sacarose e são utilizados como ingredientes de muitos alimentos como bolachas, cereais e produtos lácteos (DENIPOTE; TRINDADE; BURINE, 2010; ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DE GASTROENTEROLOGIA - OMGE, 2008). Simbióticos Um produto referido como simbiótico é aquele no qual um probiótico e um prebiótico estão combinados. A interação entre o probiótico e o prebiótico in vivo pode ser favorecida por uma adaptação do probiótico ao substrato prebiótico anterior ao consumo. Isto pode, em alguns casos, resultar em uma vantagem competitiva para o probiótico, se ele for consumido juntamente com o prebiótico. Alternativamente, esse efeito simbiótico pode ser direcionado às diferentes regiões alvo do trato gastrintestinal, o intestino delgado e grosso. O consumo de probióticos e de prebióticos selecionados apropriadamente pode aumentar os efeitos benéficos de cada um deles, uma vez que o estímulo de cepas probióticas conhecidas leva à escolha dos pares simbióticos substrato-microrganismo ideal (SAAD, 2006). CONCLUSÃO Hoje se entende a importância de uma microbiota intestinal saudável e os seus benefícios para a qualidade de vida do indivíduo. Por isso, uma gama de estudos analisam o uso dos probióticos como um dos fatores essenciais para a obtenção de uma microbiota estável, porém muito ainda deve ser comprovado com novos estudos, mas sabe-se que elas possuem ação benéfica na manutenção do sistema imune, no trânsito intestinal, na diminuição do risco de doenças, entre outros. Sendo assim, o uso dos

probióticos como alimento funcional é bem aceito para a recuperação do equilíbrio da microbiota intestinal em caso de disbiose, trazendo inúmeros benefícios, e pouco ou nenhum prejuízo ao paciente. REFERÊNCIAS ALMEIDA, L.B. et al. Disbiose intestinal. Rev Bras Nutr Clin, v.24, n.1, 2008, p.58-65. Brandt KG, Sampaio Magda MSC, Miuki CJ. Importância da microflora intestinal. Revista da Pediatria, 2006, p. 117-127. DENIPOTE, Fabiana Gouveia; TRINDADE, Erasmo Benício Santos de Moraes; BURINI, Roberto Carlos. Probióticos e prebióticos na atenção primária ao câncer de cólon. Arq. Gastroenterol. São Paulo, v. 47, n. 1, Mar. 2010 VERGARA, Dominguez; Ana María, MORENO, Vazquez Luz; MONTFORT, Gabriela Clamont Ramos. Role of prebiotic oligosaccharides in prevention of gastrointestinal infections. Dec. 2009, vol.59, no.4 COPPOLA, M. M. Turnes. Probióticos e resposta imune. Ciência Rural, v. 34, 2004, p. 1297-1303. COSTA, Neuza Maria Brunoro; ROSA, Carla de Oliveira Barbosa. Alimentos funcionais: componentes bioativos e efeitos fisiológicos. Rio de Janeiro: Rubio, 2010. 536 p. LOPES, Wagner Marcondes da Cunha et al. Associação de glutamina e probióticos no trofismo mucoso do cólon na peritonite experimental. Rev. Col. Bras. Cir., Rio de Janeiro, v. 34, n. 1, Feb. 2007 Fooks LJ; Gibson GR. Probiotics as modulators of the gut flora. British Journal of Nutrition 88, 2002, p. 39 49. MORAIS, M.B; JACOB, C.M.A; O Papel dos probióticos e prebióticos na prática pediátrica. Jornal de Pediatria, vol.82, n.5, Porto Alegre, nov, 2006. OLIVEIRA, M.N.; et al. Aspectos tecnológicos de alimentos funcionais contendo probióticos. Rev. Bras. Cienc. Farm., São Paulo, v.38, n.1, 2002, p.1-21.

ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DE GASTROENTEROLOGIA OMGE. Probióticos e Prebióticos. Maio, 2008, p. 1297-1301. SAAD, S. M. I. Probióticos e prebióticos: o estado da arte. Rev. Bras. Ciênc. Farm., v.42, n.1, 2006, p.1-16. WAITZBERG, Dan Linetzky. Nutrição oral, enteral e parenteral na prática clínica. 4.ed. São Paulo: Atheneu, v.2, 2009.