IMPACTO ECONÔMICO DA LOGÍSTICA NA CADEIA DO GUARANÁ NO AMAZONAS

Documentos relacionados
Guaraná: Período: 01 a 31/07/2013

GUARANÁ: ALGUNS ASPECTOS DA PRODUÇÃO E DA COMERCIALIZAÇÃO

CANAIS DE COMERCIALIZAÇÃO DE FARINHA DE MANDIOCA (Manihot esculenta Crantz) UTILIZADOS POR AGRICULTORES FAMILIARES DE MOJU, PA

O MERCADO DE SOJA 1. INTRODUÇÃO

DEPEC Departamento de Pesquisas e Estudos Econômicos ARROZ JUNHO DE 2017

Associação Brasileira dos Produtores de Soja

CONJUNTURA QUINZENAL 16 A 30/11/2015

Cadeia Produtiva do Café

Data de Referência: 31/03/2008 Relatório Final. Levantamento de Estoques Privados de Café do Brasil 1

EFEITO DO NÃO TRATAMENTO DE PRAGAS E DOENÇAS SOBRE PREÇOS AO CONSUMIDOR DE PRODUTOS DA CADEIA PRODUTIVA DE SOJA PARTE 3

Mamona Período: janeiro de 2016

DADOS ESTATÍSTICOS DA CADEIA DA ERVA-MATE e ASPECTOS DA CADEIA DA ERVA-MATE

Balanço 2016 Perspectivas Cana-de-açúcar

DEPEC Departamento de Pesquisas e Estudos Econômicos ARROZ NOVEMBRO DE 2016

Boletim de Agropecuária da FACE Nº 32, Abril de 2014

2. Aquisição de Leite

O AGRONEGÓCIO EM MATO GROSSO

Boletim de Conjuntura Agropecuária da FACE N.8 / abr-2012

Soja Análise da Conjuntura Agropecuária MUNDO SAFRA 2014/15

Acompanhamento quinzenal da safra na região Centro-Sul. Posição até 16/05/2019

ELEVAÇÃO DOS CUSTOS DE PRODUÇÃO NA AGRICULTURA

Tendências da Economia Brasileira. Queda do estímulo no consumo/ Retração do Crédito

Associação Brasileira dos Produtores de Soja

2. Aquisição de Leite

SEAB Secretaria de Estado da Agricultura e do Abastecimento DERAL - Departamento de Economia Rural. MILHO PARANENSE - SAFRA 2013/14 Novembro de 2013

ASPECTOS ECONÔMICOS DO AGRONEGÓCIO DA MAMONA NO BRASIL

TÉCNICO EM AGRONEGÓCIO AGRICULTURA I IFSC CÂMPUS LAGES CULTURA DO FEIJÃO

DEPEC Departamento de Pesquisas e Estudos Econômicos ALGODÃO JUNHO DE 2017

VALOR BRUTO DA PRODUÇÃO AGROPECUÁRIA DEVE AUMENTAR 2,99% EM 2018

ESCRITÓRIO TÉCNICO DE ESTUDOS ECONÔMICOS DO NORDESTE ETENE INFORME RURAL ETENE PRODUÇÃO E ÁREA COLHIDA DE TOMATE NO NORDESTE.

Prof. Clésio Farrapo

Caracterização Técnico-Econômica da Cultura do Milho Verde no Brasil em 2006 Alfredo Tsunechiro 1 e Maximiliano Miura 1

2. Aquisição de Leite

FATORES DE SUSTENTAÇÃO DA PRODUÇÃO DE MILHO NO BRASIL

DEPEC Departamento de Pesquisas e Estudos Econômicos ALGODÃO DEZEMBRO DE 2016

MINISTERIO DA AGRICULTURA, PECUÁRIA E ABASTECIMENTO SECRETARIA DE POLÍTICA AGRÍCOLA SUMÁRIO EXECUTIVO

SUFRAMA: FOMENTANDO A CADEIA PRODUTIVA NACIONAL E GERANDO EMPREGOS EM TODOS OS ESTADOS DO BRASIL

PESQUISA EM ANDAMENTO

Agronegócio no Brasil e em Mato Grosso

MINISTERIO DA AGRICULTURA, PECUÁRIA E ABASTECIMENTO SECRETARIA DE POLÍTICA AGRÍCOLA SUMÁRIO EXECUTIVO

Brasília, 27 de julho de Nota: Projeções de longo prazo para a agricultura

MINISTERIO DA AGRICULTURA, PECUÁRIA E ABASTECIMENTO SECRETARIA DE POLÍTICA AGRÍCOLA SUMÁRIO EXECUTIVO

Realização: Apresentação. Seja parceiro:

Comunicado133 Técnico

UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS FACULDADE DE ADMINISTRAÇÃO, CIÊNCIAS CONTÁBEIS E CIÊNCIAS ECONÔMICAS

2. Aquisição de Leite

Açaí (fruto) Período: 01 a 31/07/2014

Boletim de Conjuntura Agropecuária da FACE N.4 / dez.2011

Pimenta-do-reino: Alta rentabilidade atrai produtores para a atividade

COMPANHIA NACIONAL DE ABASTECIMENTO

Boletim de Conjuntura Agropecuária da FACE N.14 / out-2012

COMÉRCIO VAREJISTA JUNHO DE 2017

2. Aquisição de Leite

DEPEC - Departamento de Pesquisas e Estudos Econômicos PNEUS E BORRACHA JUNHO DE 2017

EMPRESA DE PESQUISA AGROPECUÁRIA DE MINAS GERAIS - EPAMIG C L I P P I N G 10/03/2009. Produção ASCOM

Coordenação geral Kennya Beatriz Siqueira Alziro Vasconcelos Carneiro

TRANSPORTE RODOVIÁRIO DE CARGAS

mês de -3,58%, com preço de R$62,60/sc. Goiás apresentou a maior queda de março a

SITUAÇÃO DA ARMAZENAGEM BRASILEIRA E SUA RELAÇÃO COM AS PERDAS NA PÓS- COLHEITA

O Comércio de Serviços do Brasil

Cadeia Produtiva da Soja e Biodiesel

Balanço 2016 Perspectivas 2017

Balanço 2016 Perspectivas Hortaliças

Planejamento de Transportes: Introdução à Logística

Balanço 2016 Perspectivas Fruticultura

BOLETIM DO MILHO Nº 13

COMÉRCIO VAREJISTA NOVEMBRO DE 2016

Boletim Agrometeorológico

Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento

Nesta Edição. José Gabriel da Mapito Agronegócios.

O QUE É ILPF ILP IPF. A ILPF pode ser utilizada em diferentes configurações, combinando-se dois ou três componentes em um sistema produtivo:

Emprego industrial 25 de Fevereiro de 2014 FEDERAÇÃO DAS INDÚSTRIAS DO ESTADO DE SANTA CATARINA. Indústria Janeiro/2014

UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS FACULDADEDE ADMINISTRAÇÃO, CIÊNCIAS CONTÁBEIS E CIÊNCIAS ECONÔMICAS

DEPEC Departamento de Pesquisas e Estudos Econômicos FEIJÃO JUNHO DE 2017

Acompanhamento quinzenal da safra na região Centro-Sul. Posição até 16/07/2019

UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS FACULDADE DE ADMINISTRAÇÃO, CIÊNCIAS CONTÁBEIS E CIÊNCIAS ECONÔMICAS

EXPORTAÇÕES BRASILEIRAS DE COUROS E PELES

Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento Secretaria de Política Agrícola Departamento de Financiamento e Informação SUMÁRIO EXECUTIVO.

DEPEC Departamento de Pesquisas e Estudos Econômicos MATO GROSSO OUTUBRO DE 2015

Indicadores Econômicos e Fomento à Indústria

CONJUNTURA QUINZENAL 01 A 15/02/2016

DEPEC - Departamento de Pesquisas e Estudos Econômicos PNEUS E BORRACHA NOVEMBRO DE 2016

TAXA DE OCUPAÇÃO HOTELEIRA DA CIDADE DO RIO DE JANEIRO

VALOR DE PRODUÇÃO DA FÉCULA CAI 7% EM 2006, COM PRODUÇÃO 5,1% MAIOR

Agronegócio no Brasil e em Mato Grosso

1. DAS IMPORTAÇÕES DE JANEIRO A JULHO, DADOS OFICIAIS, MERCADORIA LIBERADA, CAIXAS DE 10 Kg.

Evolução da produção de açaí no período de 2004 a 2015

Números do cooperativismo

mostra a Tabela 1. O estado do Rio Grande do Sul não acompanhou o cenário de queda

ZONA FRANCA DO BRASIL : FOMENTANDO A CADEIA PRODUTIVA NACIONAL E GERANDO EMPREGOS EM TODOS OS ESTADOS DO BRASIL

Agronegócio em Mato Grosso. Abril 2013

Perdas na logística de granéis sólidos agrícolas no Brasil Thiago Guilherme Péra Coordenador Técnico do Grupo ESALQ-LOG

EXPORTAÇÕES DE AÇÚCAR PARA A ÍNDIA CAEM 18% EM MARÇO

SAFRA /2005 SEGUNDA PREVISÃO - ABR/2004 SAFRA /2004 FINAL

Expansão industrial e maior oferta de raiz sustentam produção recorde de fécula em 2015

União dos Produtores de Bioenergia

Luciano Coutinho Presidente

RELATÓRIO DA AVALIAÇÃO DE IMPACTOS ECONÔMICOS DAS NOVAS CULTIVARES DE UVAS SEM SEMENTES BRS VITÓRIA E BRS ISIS NO VALE SÃO FRANCISCO

ATIVIDADES ECONÔMICAS NO ESPAÇO RURAL

Transcrição:

IMPACTO ECONÔMICO DA LOGÍSTICA NA CADEIA DO GUARANÁ NO AMAZONAS luana batista costa (UFAM ) luana.costa.mm@gmail.com Mikeline Andrielle Lopes Barros (UFAM ) mikelinebarros@hotmail.com vanessa da silva prado (UFAM ) vanessa.prado1702@gmail.com O papel da Logistica no século XXI tem se mostrado como um dos recursos de suma importância para o processo de globalização. Uma época em que não se busca apenas a produção em massa por parte das empresas, mas, a qualidade, a redução de custos e a entrega de seus produtos aos clientes no prazo estimado. O Brasil apresenta inúmeros recursos naturais que podem ser produzidos em massa e comercializados nacionalmente e mundialmente, entretanto um dos fatores que implicam para que isso ocorra é o processo de logística adotado pela grande maioria das empresas. Com base nessas informações, o presente artigo tem como objetivo, fazer uma análise crítica da cadeia produtiva do guaraná no Estado Amazonas. Os levantamentos de dados obtidos através de pesquisas em campo e por fontes eletrônicas objetivam mostrar o cenário atual da forma de produção, os meios de comercialização e os principais óbices enfrentados por este setor na região amazônica além, de proporcionar uma análise conclusiva dos dados obtidos proporcionando assim, ações de melhorias que podem ser relevantes para a cadeia produtiva do guaraná no Amazonas. Palavras-chaves: Guaraná. Produção. Meios de Comercialização. Óbices. Logistica.

1. INTRODUÇÃO O Guaraná é um produto típico da região amazônica que proporciona vários benefícios a saúde como, por ser um excelente antitérmico e um dos mais conhecidos energéticos encontrados na região norte. Mesmo sendo de origem amazônica o guaraná tem sido produzido em diversos estados do país, sendo os principais Rondônia, Pará, Acre, Mato Grosso e Bahia. Segundo dados disponibilizados pela Conab (Companhia Nacional de Abastecimento), o principal produtor atual de guaraná no Brasil é o estado da Bahia. O principal fator mor que tem contribuído para que este Estado seja o principal produtor do guaraná no país é explicado nos inúmeros investimentos tecnológicos que fomentam o seu processo de plantio do guaraná, visto que, são bem mais avançados do que aqueles que são utilizados nas demais regiões produtoras do país. Segundo Cunha (2007, p. 9) O município de Maués está trabalhando para retomar sua histórica liderança na produção mundial de guaraná, ocupada atualmente pela Bahia. O principal produtor do Guaraná no Amazonas é o Município de Maués, já que a produção anual representa cerca de 30% da produção total no Estado. Este fato é explicado pelo grande número de produtores e pela Fazenda Santa Helena de propriedade da empresa de bebidas Ambev, localizados no município. A empresa AmazonFlavors de Manaus recentemente firmou sociedade com uma multinacional alemã WILD Flavors que pretende investir mais de R$ 20 milhões, no Estado do Amazonas visto que, a empresa já produz o concentrado do refrigerante Ice Cola. O novo grupo empresarial foi criado para produzir concentrados, extratos e ingredientes de frutos da região amazônica como açaí, guaraná e cupuaçu, entre outras bebidas. Com a fusão, a empresa recebeu o nome WILD AmazonFlavors do Brasil Ltda. (Correio da Amazônia, 2013). Espera-se que com essa nova parceria entre os dois grupos empresariais citados acima, ocorra um crescimento e incentivo ainda maior na produção do guaraná no Amazonas, para que possa atender principalmente os consumidores que formam a BRIC (Brasil, Rússia, Índia e China), já que o guaraná está entre os principais produtos comercializados pela AmazonFlavors. A comercialização do guaraná é feita em ramas (sementes torradas), seja para exportação, seja para a sua agroindustrialização. Desta última pode-se obter: a) xarope (concentrado) para consumo direto como bebida energética (ao ser misturado à água), ou para a produção industrial de bebidas refrigerantes gaseificadas; b) o bastão (também denominado de rolo ou barra) para ralar e obter o pó para misturar à água e beber, ou c) o próprio pó já acondicionado em frascos, cápsulas, gelatinosas ou sachês, também utilizado na preparação caseira de uma bebida energética ou ingerido puro como tônico. (CUNHA, 2007, p. 7). Como citado pelo autor Cunha, o guaraná é comercializado sob uma única forma pelos produtores e dependendo do ramo de atividade das empresas que utilizam esse recurso em seus processos produtivos, o mesmo pode ser transformado em muitos outros produtos e vendido sob diferentes formas aos seus clientes finais. 2. TOTAL DE PRODUÇÃO 2

Os produtos derivados do guaraná são comercializados em várias regiões do país e exportados para inúmeros países como Portugal, Porto Rico e Espanha. Segundo dados do IBGE 2011, estima-se que a produção atual de ramas de guaraná no país seja em torno de 4.000 toneladas/ano. Também se estima que boa parte dessa produção é consumida pelas indústrias de refrigerantes gaseificados, sob a forma de xarope, enquanto que o restante é comercializado sob a forma de pó, xarope, bastão, extrato para consumo interno e para a exportação. Figura 1 - Guaraná em suas diversas formas Fonte: Diversas, elaboração própria Com base em dados obtidos pelo IBGE e pela Conab foi possível fazer uma análise do total da produção do guaraná nas principais regiões produtoras do país nos últimos três anos. Atualmente, a Bahia é o maior produtor nacional, ultrapassando o Amazonas que é logo seguido pelo Estado de Mato Grosso. As principais diferenças são explicadas pelo fato de que o sistema de produção adotado na Bahia e no Mato Grosso utilizam a combinação de grandes áreas de monocultivo, irrigação, uso intensivo de defensivos agrícolas, etc. Abaixo o Quadro 1, lista os estados produtores, por região e a relação das regiões mais produtoras de guaraná. Quadro 1: Guaraná Ranking da Produção brasileira por UF, Safras 11/12 a 12/13 3

Fonte: CONAB 2012. De acordo com o que é apresentado na tabela acima percebe-se que a safra de produção do guaraná referente aos anos de 2010 e 2011 na região nordeste sofreu uma variação de 3,6% enquanto que a região norte apresentou um decréscimo de -0,4% nesse mesmo período, fato que é explicado devido ao baixo processo de plantio do guaraná na região norte se comparada com as demais regiões do país. Figura 2 -Gráfico comparação da produção dos estados da Bahia e Amazonas Fonte: CONAB 2012. Elaboração Própria É ainda possível observar que mesmo tendo uma queda na produção do guaraná dos últimos três anos o Estado da Bahia continua sendo o maior produtor do País. O Amazonas apresentou um crescimento de 2,26% nos anos de 2011 e 2012, entretanto, continua sendo o segundo maior produtor do País. 2.1 CADEIA PRODUTIVA DO GUARANÁ Segundo a Superintendência da Zona Franca de Manaus - SUFRAMA a cadeia produtiva do guaraná no Amazonas ocupa 6,7 mil hectares. Um dos municípios de maior relevância em produção, como já fora citado aqui, é o município de Maués (2) que fica a 356 km de Manaus (1) e, em escala bem menor, os municípios de Urucará, Presidente Figueiredo, Coari e Parintins, conforme a Figura 3. 4

Figura 3 Amazonas Área de concentração da produção do guaraná. Fonte: SUFRAMA Segundo um estudo realizado pela Embrapa em 2005, as formas mais comuns de se realizar a comercialização do guaraná no Amazonas ocorre mais comumente das seguintes formas: guaraná em bastão, guaraná em rama e guaraná em pó. Após torrado, elimina-se o casquilho do grão e este será triturado e pilado ou somente pilado (artesanal) misturando-se com água, formando uma pasta consistente que será moldada na forma de bastão, conhecida por panificação. O bastão passa por umprocesso de desidratação, conhecido por defumação prolongada, o queconsolidará o formato comercial. (Embrapa, 2005, p. 29) A procura por este tipo de produto na região amazônica é bem significativa visto que, pode ser utilizado para vários fins, como por exemplo, no artesanato, como pastilhas de mascar ou até mesmo, depois de ralado, ser transformado em pó e consumido. São as sementes torradas (Fig. 18), utilizadas na produção de xaropes e extratos de guaraná. É a maneira mais comum de comercialização do guaraná pelos produtores do Amazonas, mas a de menor valor agregado. (Embrapa, 2005. p. 29) Embora essa forma de comercialização do guaraná seja a mais comum entre os produtores do Amazonas, esta se apresenta como a mais barata de todas as outras, visto que, apresenta um processo de produção e de transporte mais prático se comparada com as demais. São as sementes torradas e finamente moídas, utilizadas para o preparo de bebidas, sorvetes, cremes e outros alimentos a base de guaraná. É um produto de valor agregado mais alto, pouco utilizado pelos produtores para comercialização, e é a forma comumente encontrada no comércio varejista. (Embrapa, 2005, p. 29) 5

O pó do guaraná é hoje a forma de comercialização mais conhecida da região amazônica, pode ser utilizado no preparo de bebidas, sorvetes, xaropes e cremes próprios para o consumo. Os produtores de guaraná em rama de Maués encaminham sua produção atualmente, para quatro canais distintos de comercialização (Quadro 2). O primeiro deles é a venda para as indústrias de bebidas localizadas em Manaus, especialmente a AMBEV, que manufatura o xarope a ser consumido em suas fábricas de refrigerantes em Manaus. Só esta empresa absorve aproximadamente 70% do guaraná em sementes anualmente produzido em Maués. Quadro 2 - Canais de comercialização do guaraná de Maués Fonte dos dados brutos: Ministério da Agricultura Manaus/AM. Elaboração própria 2.2 LOGÍSTICA DE TRANSPORTES A pesquisa de campo realizada para adquirir dados referente a logística de transporte do guaraná no Amazonas se deu através de visitas realizadas em duas empresas, uma pertencente ao setor econômico de bebidas e outra ao setor econômico de produtos naturais localizadas no munícipio de Manaus, são elas: J. Crus Indústria e Comércio (Magistral) e Agrorisa. 2.2.1 Magistral J. Cruz Indústria e Comércio Ltda A equipe de trabalho foi a campo pesquisar dados na empresa de razão social J. Cruz Indústria e Comércio Ltda, mais conhecida pela sua marca de refrigerantes Magistral. A empresa fica localizada na Rua Mario Ypiranga, 1500, Adrianópolis da cidade de Manaus, e trabalha diretamente com a manufatura do guaraná para transformação do mesmo em refrigerantes. O representante da empresa, Douglas Diego, que trabalha no setor de Logística, foi quem informou os dados apresentados, com autorização de seu Chefe imediato e Gerente de Logística. A empresa que fornece o guaraná para a empresa Magistral produz o guaraná em Minas Gerais e tem sua base administrativa em São Paulo. 2.2.1.1 O Processo de Envio do Guaraná até Manaus: O guaraná é produzido em Minas Gerais, pois os municípios que produzem o guaraná no Amazonas não atendem toda a demanda. Logo depois, o guaraná é transportado para a base administrativa da empresa que fica localizada em São Paulo onde é feito o desembaraço fiscal da mercadoria, tal transporte é feito através do modal rodoviário. Em seguida, o guaraná é encaminhado para a cidade de Belém-PA, cujo trajeto também é feito 6

pelo modal rodoviário. Então, a partir de Belém o guaraná é enviado a Manaus, através do modal fluvial. Chegando a Manaus a carga fica retida no porto por cerca de cinco dias, por questões de legislação, desembaraço fiscal e liberação da mercadoria e só então é enviada e liberada para a empresa Magistral. O tempo total necessário desde o pedido até a entrega efetiva da mercadoria à empresa é de aproximadamente 60 dias. A seguir, temos a Figura 4 que ilustra o processo de transporte citado. Figura 2: Etapas do transporte do guaraná para empresa Magistral Fonte: Empresa Magistral. Elaboração própria A seguir o quadro sinóptico apresenta um resumo das informações obtidas: Quadro Sinóptico - Informações diversas da Logistica utilizada na empresa Magistral 1 O preço do transporte por quilo varia de R$ 1,50 a R$ 1,80; 2 Não foram fornecidas informações referentes ao preço pago pela empresa, para o transporte da mercadoria. 3 As formas de transportes utilizadas, em conjunto, são o fluvial e o rodoviário 4 5 6 7 A quantidade mensal transportada para essa empresa varia de 1tonelada a 1,5 toneladas por mês, somando em um ano aproximadamente 8 toneladas; O tempo de armazenamento do grão é de aproximadamente três meses e seu método de gestão de inventário é o sistema FIFO (First in First out); O tempo entre o pedido da solicitação da mercadoria até sua entrega efetiva na empresa é de aproximadamente de 60 dias; O período de maior produção da empresa, automaticamente o período de maior venda ocorre de Outubro a Dezembro; 7

8 Seus principais clientes estão localizados na Zona Leste da cidade de Manaus (mercadinhos, pequenos estabelecimentos, tabernas e pequenos revendedores) e ainda supermercados espalhados pela cidade. Quadro 3: Resumo das informações sobre o processo de transporte do guaraná na empresa Magistral Fonte: J. Crus Indústria e Comércio (Magistral). Elaboração própria 2.2.2 Agrorisa Produtos Alimentícios Naturais Ltda A equipe de trabalho esteve também presente na empresa Agrorisa - Produtos Alimentícios Naturais Ltda, localizada na Avenida do Turismo, km 7, Tarumã. A empresa Agrorisa tem 19 anos de história no Amazonas, começou suas atividades no município de Maués e logo depois, veio para Manaus. A empresa trabalha com diversos tipos de produtos naturais dentre eles a copaíba, o buriti, o guaraná nas mais diversas formas, além de xarope, manufatura chá, pastilha pó, bastão e energéticos (todos com o sabor de guaraná). Os dados coletados foram fornecidos pelo proprietário da empresa Rivaldo Gonçalves de Araújo que disponibilizou informações sobre a cadeia logística do guaraná utilizada em sua empresa. 2.2.2.1 O processo de envio do guaraná até Manaus O guaraná que é fornecido para a empresa vem de diversas cooperativas, principalmente da Cooperativa Sateré Mawé que é formada pelos municípios de Maués, Parintins e Barreirinha. A cooperativa reúne a produção dos diversos trabalhadores e faz o armazenamento da mesma no seu galpão e então repassa aos barcos que transportam o guaraná até Manaus. Por fim, a produção é entregue a empresa. Figura 5: Transporte do guaraná para empresa Agrorisa Fonte: Agrorisa, Elaboração própria. O guaraná é fornecido na forma de grão que é torrado em fogão de barro, custando cerca de R$45,00 o quilo (preço pago às cooperativas e repassado aos produtores) e 8

transportado para Manaus via fluvial, com o custo de R$ 7,00 a R$ 12,00 a cada volume de 50 quilos. O transporte dura em torno de um dia para chegar à Manaus a partir das cooperativas. Após, chegar à empresa Agrorisa o guaraná passa por vários processos, pois é utilizado de várias formas: pó, bastão, pastilha e chá. Após, passar pelos processos necessários o guaraná é exportado para diversos países como França, Japão, Alemanha, Itália e Suíça e para alguns estados do Brasil como: São Paulo, Rio de Janeiro e Paraná. O período de maior produção do guaraná nos municípios fornecedores é do mês de novembro a janeiro. Anualmente, a empresa Agrorisacompra cerca de 50 toneladas, entretanto, devido a recessão na exportação, a empresa nos últimos dois anos tem comprado apenas quantidades abaixo de 5 toneladas por mês. 2.5 PRINCIPAIS ÓBICES PARA INCREMENTO DE PRODUÇÃO De acordo com o que foi pesquisado junto às empresas estudadas pode-se observar que a cadeia logística no Amazonas ainda enfrenta inúmeros problemas dentre os quais destaca-se: a falta de transportes perfeitamente equipados utilizados para efetuar o trajeto das mercadorias via fluvial e rodoviária, causando inúmeros prejuízos para os fornecedores e seus clientes. No quesito de incremento da produção do guaraná, é necessário investimento em tecnologias que possam fomentar a produção de ramas por hectare de cultivo, ou seja, é preciso apostar e avançar na difusão de novas tecnologias capazes de elevar a produtividade da fruta, em parceria com instituições de pesquisa. Há também baixa produtividade dos plantios, devido à resistência dos guaranaicultores em aplicar as modernas técnicas de cultivo (especialmente a seleção de boas mudas e a aplicação dos tratos culturais recomendados). Os produtores condicionam a adoção dessas técnicas à elevação do preço de mercado do guaraná em sementes, implicando assim no elevado preço das mudas clonadas de guaraná para os pequenos produtores. Foi bastante citado pela empresa pesquisada que a burocracia envolvida, para retirar a mercadoria junto aos órgãos competentes, também dificulta o processo de aquisição do guaraná, após sua chegada à Manaus. E ainda, são necessários cuidados no plantio do guaraná, a irrigação deve ser realizada de acordo com as condições climáticas, ou seja, ser diária no período seco e, em dias alternados, no período chuvoso. As irrigações devem ser efetuadas à altura dos sacos, evitando o salpico de terriços nas folhas para evitar ou reduzir a incidência da doença "Requeima das mudas", causada por fungos e a mais comum nas plantações. Se tratando do processo de logística da empresa Magistral, foi citado que devido à distância da empresa fornecedora (Minas Gerais), e a necessidade de desembaraço da mercadoria na cidade de São Paulo, onde está instalada a sede da fornecedora de grãos do guaraná, é preciso um dispêndio de tempo elevado para acompanhamento da localização da mercadoria entre seu período de solicitação de pedido e entrega até Manaus. Na empresa Agrorisa foi citada a falta de segurança no transporte fluvial, devido a ausência de empresas que façam a entrega de forma compromissada e com responsabilidade. Os barcos que efetuam o transporte no Amazonas não possuem instalações adequadas e pode 9

ocorrer perda de mercadoria devido a falta de cuidado adequado na armazenagem em seu transporte. 3. CONSIDERAÇÕES FINAIS Analisando os dados obtidos, mostrados no artigo, observa-se que a logística no Amazonas precisa de profundas mudanças em geral. São problemas complexos que envolvem desde o modal de transporte da matéria-prima, saindo do fornecedor até ao cliente, até mesmo o tipo de armazenamento dessas matérias-primas dentro das empresas, que as utilizam em seus processos produtivos. Tais problemas poderiam ser resolvidos se houvesse um maior incentivo nessa atividade econômica típica da região Amazônica que é tão desconhecida pela própria população que o habita. Ou seja, o que se propõe é que haja mais recursos e modernas técnicas agrícolas para a produção do guaraná na região. Outro fator importante é a estrutura utilizada para transportar esse produto dentro do Estado. O principal meio de transporte do Amazonas ainda é o meio fluvial, entretanto, percebe-se que há uma grande deficiência, pois, não há o devido controle dentro dessas embarcações e também não há empresas seguradoras para garantir uma melhor forma de transporte das mercadorias. Sendo assim, percebe-se que o transporte fluvial, precisa ser reestruturado para que se possa produzir com mais eficiência o guaraná, e além de produzir, garantir que o mesmo chegue aos consumidores de forma segura e em condições adequadas. Outro problema encontrado e que precisa ser melhorado é a burocracia existente para a liberação de mercadorias que chegam de outros lugares do país, assim como a empresa Magistral que foi citada no trabalho, que depende de outro estado para utilizar o guaraná em seus processos produtivos. O ideal seria que o próprio estado do Amazonas atendesse toda essa demanda, visto que além da empresa ser de origem amazônica, o guaraná é um produto típico da região. Entretanto, como isso não ocorre se faz necessário ter um sistema ágil e capaz de atender a chegada de mercadorias que estejam vindo de outros estados nos portos de Manaus, pois, uma vez que ocorra a demora na liberação dessas mercadorias, haverá atraso na produção das empresas que necessitam das mesmas para executar suas atividades. REFERÊNCIAS Embrapa - Empresa Brasileira de Pesquisas Agropecuárias. Cultivo do Guaranazeiro em Rondônia. Disponível em:http://sistemasdeproducao.cnptia.embrapa.br/fonteshtml/guarana/cultivodoguaranazei roro/index.htm>. Acesso em Jan/2013. Conab - Companhia Nacional de Abastecimento. Conjuntura Mensal Guaraná Jan/2013Disponível em: <http://www.conab.gov.br/olalacms/uploads/arquivos/13_02_20_08_57_49_conjunturaguar anajaneiro2013.pdf>. Acessado em Jan/2013. 10

Santos, Júlio D Aparecida, Guaraná. Conab - Companhia Nacional de Abastecimento. Disponível em: <http://www.conab.gov.br/olalacms/uploads/arquivos/27938c30aafc37707e939ba418be425 3.pdf>. Acessado em Mar/2013. Projeto potencialidades regionais estudo de viabilidade econômica Guaraná. Disponível em:<http://www.suframa.gov.br/publicacoes/proj_pot_regionais/guarana.pdf>. Acessado em Fev/2013. Agronegócio - Serviço brasileiro de apoio às micro e pequenas empresas Sebrae. Disponível em: <http://www.sebrae.com.br/customizado/sebrae/institucional/grandes-setores-deatuacao/agronegocio>. Acesso em Mar/2013; Transferência de tecnologias é apontada como principal desafio da cadeia produtiva do guaraná. Disponível em: <http://www.manausonline.com/s_noticia_exibe.asp?id=5153>. Acessado em Mar/2013. Zona Franca de Manaus: Potencialidades- Estudo de Viabilidade Econômica Disponível em: <http://www.suframa.gov.br/publicacoes/proj_pot_regionais/sumario/guarana.pdf>. Acessado em Jan/2013. Empresas visitadas pela equipe: Magistral J. Cruz Indústria e Comércio Ltda Agrorisa Produtos Alimentícios Naturais Ltda Correio da Amazônia. Amazonas, 23 ago. 2013. Disponível em: <http://www.correiodaamazonia.com.br/index.php/amazonas-economia/5520-grupoempresarial-alem%c3%a3o-vai-investir-20-milh%c3%b5es,-em-manaus> Acesso em: 27/08/2013 ÀS 00:08 11