A LITERATURA E SUA RELAÇÃO COM MACHADO DE ASSIS

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Transcrição:

A LITERATURA E SUA RELAÇÃO COM MACHADO DE ASSIS Veridiana Alípio Pereira¹; Franciele Maria da Silva Pacheco²; Gisele Pereira de Oliveira³ ¹Graduanda em Letras Espanhol, Universidade de Pernambuco - UPE, Campos Mata Norte, verinhaalipio@gmail.com ²Graduanda em Letras Espanhol, Universidade de Pernambuco UPE, Campos Mata Norte, fpacheco328@gmail.com Profª Drª da Universidade de Pernambuco UPE, Campos Mata Norte, Mestre em história social pela USP e Doutora em Letras pela UNESP/Assis, giselepdeoliveira@uol.com.br RESUMO: A proposta deste trabalho é relacionar a literatura com Machado de Assis, partindo da necessidade de trabalhar a literatura brasileira na sala de aula como algo social, apresentando características analisadas de maneira eficaz a discussão social e literária. Para isso iremos analisar o conto A Cartomante do referido autor, a fim de despertar o posicionamento crítico dos educandos e aprimorar a competência comunicativa dos mesmos. Como objeto principal deste trabalho será mostrar a relação existente entre o livro Por que ler os clássicos, de Ítalo Calvino (1993), Literatura e resistência, Alfredo Bosi (2002), juntamente com a obra de Machado de Assis tendo como foco principal o conto já citado. A baixa qualidade do ensino de literatura no Brasil ou até mesmo a ausência dessa disciplina muitas vezes por parte das escolas publicas, se deve a vários fatores conservadores presentes no sistema educacional brasileiro e na sociedade do nosso país. Geralmente, é apenas no ensino médio que os alunos conseguem ter acesso à literatura e mesmo assim eles não pegam a obra completa e sim apenas textos fragmentados, pois o foco é apenas nos principais aspectos da obra e quais os movimentos, para eles prestarem vestibulares. A metodologia, além da bibliográfica, também será feita uma pesquisa qualitativa, mesmo que ainda não tenha sido aplicada esperamos que futuramente os alunos sintam prazer ao ler os clássicos e não tenham mais essa tarefa como enfadonha ou desnecessária. Como resultado final dessa pesquisa esperamos que o ensino da literatura, incluindo aqui os clássicos machadianos, não sejam mais tomados como mero complemento na grade curricular, mas que venha a ampliar a visão do aluno-leitor, levando os futuros leitores a uma maneira mais eficaz de se ler e compreender o que Joaquim Maria Machado de Assis tem para nos oferecer. Pois ele foi um mestre da língua e o maior escritor do país. Palavras Chave: Ítalo Calvino, Alfredo Bosi, Machado de Assis. INTRODUÇÃO O presente trabalho visa relacionar os seguintes textos: Por que ler os clássicos Ítalo Calvino (1993), Literatura e resistência Alfredo Bosi (2002) juntamente com a obra de Machado de Assis. O primeiro livro, Por que ler os clássicos de Ítalo Calvino (1993), nos traz a importância de ler livros literários a fim de nos garantir um novo sentido a cada leitura feita. Em outras palavras, isso significa dizer que sempre que lemos um livro, embora na juventude, ao relermos uma obra literária teremos uma visão diferente da anterior. Isso porque com o tempo amadurecemos nossas ideias e pensamentos a partir das experiências que o mundo nos oferece. No entanto, isso não

ocorreria se tivéssemos essa leitura na juventude, pois é nela que os jovens experimentam pela primeira vez um livro clássico sem esbouçar ao menos um objetivo para sua leitura, que nesse caso parte apenas de um simples e mero desejo da puberdade. Talvez muitos jovens leem grandes obras literárias a fim de buscar sempre novos conhecimentos, novas visões, e pela imaturidade acabam depositando expectativas bastante fantasiosas, que muitas vezes não são superadas no desenvolvimento da leitura de um clássico. Em consequência a leitura acaba se tornando frustrante e assim criando nele um certo sentimento de desprezo pelo que se foi lido. Calvino (1993, p. 120) fala que, ler os clássicos vai além de uma simples leitura, sendo algo extraordinário, principalmente para aqueles que depositam suas vidas nas obras literárias. A essa experiência ele chama de releitura, que pode ser feita tempos depois de ter lido pela primeira vez um livro ou quando se tem um objetivo de leitura mais acentuada. Os clássicos, em suma, são textos que mudam constantemente a cada leitura que fazemos, isso porque sempre iremos depositar nele determinada carga de valor moral e psíquico. Depositaremos a cada releitura uma análise mais detalhada de um ponto que anteriormente não fazia tanto sentido, mas que agora faz. Ler os clássicos, sem dúvida, é o que poderíamos chamar de uma constante busca de significações do mundo que nos rodeia, é sempre estar adquirindo e conhecendo algo novo e ao mesmo tempo estar vulnerável a mudanças internas e externas de valores morais para o ser humano. Alfredo Bosi (2002), em seu livro Literatura e resistência, fala de um outro tipo de leitor, aquele que de fato tem ambição por ler uma obra literária rica e de qualidade. Uma obra que dê ao leitor tudo aquilo que ele espera; que supere as expectativas que ele deposita nela. Além disso, Bosi ainda distingue os tipos de leitores e suas escolhas literárias e a produção destas para os primeiros, os leitores. Um tipo de produção literária citada em um dos capítulos do livro corresponde aos leitores de massa, que necessariamente estão ligados a indústria de massa literária, suas escolhas, no entanto, refletem bem a procura e a demanda por literatura pouco conveniente do paladar erudito. Como citado anteriormente, foi analisada a relação existente entre a literatura utilizando abras citadas, e a obra machadiana, onde é de suma importância compreendermos os diferentes processos na leitura de um clássico, desde a sua primeira leitura, até chegar ao amadurecimento literário com suas releituras. O presente artigo está ligado às atividades realizadas no Grupo de Estudos Literatura, sociedade e letramento patrocinado pelo Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência (PIBID), com o curso de Letras, da Universidade de Pernambuco (UPE), Campos Mata Norte.

METODOLOGIA Para a realização da estrutura desse estudo, foi feita uma pesquisa sobre a prática de leitura de obras canônicas, pois sabemos das dificuldades que o professor enfrenta para levar os alunos a lerem os clássicos da nossa literatura. Dessa forma, foi trabalhado com o gênero conto, por se tratar de um texto curto e de uma fácil compreensão, utilizamos para isso o texto A Cartomante de Machado de Assis. Julio Cortázar (1974, p. 122-3) diz que: um conto é uma verdadeira máquina literária de criar interesse [...], o que na verdade importa é o que está acontecendo e sua eficácia depende da intensidade desse acontecimento em estado puro, que arrebata o leitor não só por sua extensão, mas pelo efeito que uma narrativa intensa, e cujo final é inesperado, é capaz de causar. Para isso será feita uma oficina com os alunos utilizando a seguinte metodologia: (1) Fizemos um levantamento, quantos conhecem uma cartomante, se já ouviram falar sobre; destacar o que leva uma pessoa a procurar uma cartomante, qual o principal assunto que leva alguém a uma cartomante; (2) Em seguida entregamos aos alunos o conto para fazerem a leitura; (3) A partir da leitura, iniciamos uma análise do texto, destacando as principais atitudes das personagens, principalmente, as do triângulo amoroso; buscar o significado da narrativa. (4) Foi passado em um segundo momento o filme A Cartomante. Logo após foi feita uma análise das personagens existentes na narrativa do filme, com intuito de estabelecer quais as relações encontradas em ambas as obras, destacando as semelhanças e enfatizando as diferenças. (5) No terceiro momento a turma foi dividida em dois grupos, a um grupo foi entregue o conto sem o clímax, para que eles criassem um. E ao outro grupo, foi entregue o clímax, e eles que tinham que criar a história até chegarem ao clímax que foi dado a eles. (6) Na quarta e última etapa os alunos dramatizaram o texto por eles elaborado em sala de aula. Essa pesquisa é voltada ao ensino de literatura em sala de aula, faz-se necessário sabermos as dificuldades encontradas pelos alunos ao lerem um clássico, como buscar o melhor meio para incentivar a sua leitura e qual o meio que será utilizado para chegar ao seu resultado desejado. Infelizmente os clássicos estão sendo bastante desprezados pelos leitores mais jovens, para muitos professores pode parecer impossível trabalhar os textos de Machado de Assis com jovens adolescentes, por considerar difíceis e muito refinados. Sem falar no enredo, antigos demais para agradar os jovens leitores. No entanto, a obra machadiana é extensa e com conteúdo perfeitamente

compreensível para essa faixa etária, é uma obra que impressiona por abranger praticamente todos os gêneros literários. Escolhemos trabalhar com obras de Machado de Assis, para mostrar aos educandos que mesmo depois de um século de sua morte, ele ainda continua vivo. Que a literatura brasileira é rica de bons escritores, sua técnica narrativa densa atrai, os seus personagens cativam e ainda com profundidade, permite múltiplos entendimentos. Foi pioneiro na qualidade histórica de sua área, insubstituível, e o próprio tempo o valora sobremaneira, colocando-o no patamar dos melhores do mundo. Machado de Assis foi um gênio da literatura, por ter criado um novo estilo de narrar o inaudito, por ter mergulhado em um romantismo que já não cabia mais em um Brasil tão realista. Ele despiu com sensibilidade toda a sociedade brasileira, tão influenciada pela literatura lusobrasileira, e deu-lhes a pura literatura brasileira. Uma das grandes marcas das obras clássicas é a atemporalidade, ou seja, esta universalidade que lhe é própria, marcada e determinada por falar de temas que não esgotam e nunca são datados ou remarcados, sendo assim, não esfriam. Pode-se dizer que o Rio de Janeiro de Machado era diferente do de hoje, mas os aspectos da natureza do homem não mudaram: ele continua a ser egoísta, vaidoso, indeciso e repleto de complexos. Entretanto percebemos que a leitura constitui também uma prática social, pela qual o sujeito, ao praticar o ato de ler, mergulha no processo de produção de sentidos, e esta se torna algo inscrito na dimensão simbólica das atividades humanas. Por isso, falar em atividades humanas é tratar de uma linguagem, o recurso pelo qual o homem adentra o universo da cultura, configurando-se como um ser culto, racional e pensante. De acordo com Cosson (2012, p.30). Na escola, a leitura literária tem a função de nos ajudar a ler melhor, não apenas porque possibilita a criação do hábito de leitura ou porque seja prazerosa, mas sim, e sobretudo, porque nos fornece, como nenhum outro tipo de leitura faz, os instrumentos necessários para conhecer e articular com proficiência o mundo feito linguagem. A leitura de um texto não é uma mera decodificação de sinais gráficos, mas a busca de significações, marcadas pelo processo de produção de sua leitura. Por isso, a leitura depende mais daquilo que o leitor está interessado em buscar no texto do que as palavras que estão ali escritas. Para Matos e Silva, Ler é muito mais que simplesmente decifrar símbolos. É um ato que requer um intercâmbio constante entre texto e leitor e envolve um trabalho ativo de compreensão e interpretação do texto quer seja eles verbal ou não verbal a

partir dos objetivos do leitor, do seu conhecimento sobre o assunto, de tudo o que sabe sobre a linguagem (Matos e Santos, 2006, p.62). A leitura constitui também uma prática social, pela qual o sujeito, ao praticar o ato de ler, mergulha no processo de produção de sentidos, e esta se torna algo inscrito na dimensão simbólica das atividades humanas. A obra de Machado de Assis impressiona por abranger praticamente todos os gêneros literários, é possível perceber em seus livros, a fina ironia e o senso de humor que não são deixados de lado nem mesmo quando se trata de assuntos graves. Dai, não basta apenas saber a que escola literária determinado autor está vinculado para conhecer de fato sua obra. Cada escritor tem sua característica e nada pode substituir a leitura direta de seus textos. RESULTADOS E DISCUSSÕES O resultado esperado dessa pesquisa é fazer com que os jovens adolescentes sintam prazer ao ler clássicos de nossa literatura, temos visto que levar uma obra de Machado de Assis para a sala de aula atualmente é algo desafiador para qualquer professor da educação básica, isso porque sabemos que os jovens preferem as literaturas de massa por serem mais atuais e com uma linguagem mais rebuscadas de sua época. Falar sobre um clássico é antes de tudo estabelecer um critério para estabelecer uma obra como tal. Clássicos, como definiu o escritor Ítalo Calvino são aqueles livros que chegaram até nós trazendo consigo as marcas das leituras que precederam a nossa e os traços que deixaram na cultura ou nas culturas que atravessaram. Machado de Assis é o mais importante escritor brasileiro, responsável por criar obras memoráveis, tais como Dom Casmurro, Helena, Memórias Póstumas de Brás Cubas, porém seus escritos não se resumem só a isso. Machado era contista, romancista, dramaturgo, crítico literário, jornalista, cronista tradutor e poeta, ele não estava preso a apenas um estilo literário. Por isso, a possibilidade dos jovens e adolescentes se identificar com pelo menos um desses estilos é imenso, já que o autor escrevia com excelência em todos eles. A literatura tem por finalidade recriar a realidade a partir da visão de determinado autor, com base em seus sentimentos, seus pontos de vista e suas técnicas narrativas. Para Antonio Candido a literatura tem força humanizadora, ela é capaz de exprimir o homem, sem deixar de atuar, ao mesmo tempo, em sua formação. A literatura auxilia-nos a entender melhor a natureza de nossas ações e sentimentos, as obras escritas nos ajudam a entender como nós, seres humanos,

temos nos comportado ao longo dos séculos e, a partir do exemplo e da experiência alheios, refletir sobre nosso comportamento. CONCLUSÃO Diante do desenvolvimento do projeto foi possível considerar que não existem motivos para deixar de aplicar textos literários canônicos da nossa literatura, como o de Machado de Assis, cabe ao professor planejar um método de como aplicar na sala de aula, criando meios que possibilitem uma abordagem e aprendizagem dos alunos. A experiência com o texto literário pode não apenas tocar emocionalmente o leitor, como também favorecer um pensamento crítico acerca de questões éticas, políticas e sociais além de levar a uma analise das estratégias linguísticas de construção desse texto. Também é um meio de alertar os jovens leitores sobre a importância de ler clássicos machadianos e a necessidade em explorar meios para que seja compreensível a leitura de suas obras em geral. Portanto, não fizemos nenhuma restrição, qualquer leitor é capacitado por si só a fazer análises mediante as pistas deixadas pelo autor do texto que motivem a compreensão da obra literária. Desse modo, ao lidarmos com o conto machadiano percebemos a relevância de sua obra ainda hoje, não só pela crítica contida nas entrelinhas de seus escritos, mas também pela atualidade de seus contos que nos permitem perceber na ficção machadiana uma crítica social que a torna contemporânea, haja vista os questionamentos que sua obra suscita. Nesse âmbito, o PIBID mostra que o projeto veio auxiliar os alunos através de atividades que os ajudem a desenvolver sua capacidade intelectual, como também, as dificuldades que poderemos enfrentar para envolver os alunos com determinada atividade. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Bosi, Alfredo. Como ser um escritor de uma literatura séria. Ed. Companhia das letras. Edição 1, 2002. P. 297. Calvino, Ítalo. Por que ler os clássicos. Ed. Companhia das letras, 1993. P.280. CANDIDO, Antonio. A literatura e a formação do homem. In: Ciência e Ciência. São Paulo, setembro de 1972, vol. 24(9). CORTÁZAR, Julio. Poe: o poeta, o narrador e o crítico. In: - - - -. Valise de Cronópio. São Paulo: Editora Perspectiva, 1974. Pp. 103-135. Cosson, Rildo. Letramento Literário: teoria e prática. São Paulo, ed. Contexto, 2012.