Transtornos Alimentares. Dr. Eduardo Henrique Teixeira PUC-Campinas



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Transcrição:

Transtornos Alimentares Dr. Eduardo Henrique Teixeira PUC-Campinas

Anorexia Nervosa Anorexia sem fome Comportamento obstinado e propositado a perder peso Medo intenso de aumento de peso Alteração da imagem corporal Amenorréia Tipos: Restritivos e Purgativos

Epidemiologia Dez a vinte vezes mais prevalente em mulheres 1,5 a 1% Mais em países desenvolvidos Prevalência muito alta entre modelos e bailarinas Início na adolescência 14 aos 18 anos Dificuldade de desenvolver autonomia 65% das vezes associada a depressão

Etiologia Fatores Biológicos Disfunção eixo hipotálamo-hipófise Aumento de opiáceos endógenos Fatores Sociais Grande rede de apoio à prática da anorexia (culto o corpo) Pressão social Fatores Psicológicos Reação à exigência de comportamento mais independente Falta de autonomia e consciência de si próprio Validação como pessoa única e especial

Características Comportamento em segredo Recusa a comer em lugares públicos ou com a família Comportamento peculiar com a comida Excesso de exercícios físicos Queixas somáticas Perfeccionismo Redução de interesse por sexo Distorção da imagem corporal

Vídeos

Sinais e Sintomas Físicos Hipotermia Edema de membros inferiores Bradicardia Hipotensão Lanugo Amenorréia Alcalose (vômitos) Leucopenia Convulsão Fadiga Osteoporose...

Curso e Prognóstico Tipo restritivo é de mais difícil controle Resposta a curto prazo boa em ambiente hospitalar Alta taxa de recorrência Mortalidade entre 5 e 18% Boa Evolução Admissão da fome Aderência ao tratamento de longo prazo Má Evolução Conflitos com os pais Bulimia asssociada Abuso de substâncias Comorbidades

Tratamento Hospitalização Abordagem multidisciplinar Apoio a família Psicoterapia Cognitivo-comportamental Manutenção do ganho de peso Monitorar sintomas Dinâmica Construção de aliança terapêutica Evitar focalizar no comportamento alimentar Tratamento a longo prazo mais eficiente De família Fatores que podem influenciar na recuperação do paciente

Farmacoterapia Tratar comorbidades Antidepressivos Paroxetina Amitriptilina Clomipramina Mirtazapina (aumento o apetite) Antipsicóticos Clorpomazina Olanzapina Outros Ciproheptadina

Bulimia Nervosa (boul + lemos) Compulsão alimentar: ingerir grande quantidade de alimentos em pequeno espaço de tempo Sensação de perda de controle. Compensações inapropriadas: vômitos, dietas, medicamentos, exercícios físicos. 1 a 3% de mulheres jovens (10 x mais que em homens) Início na adolescência Sintomas ocasionais são encontrados em até 40% das mulheres

Etiologia Ligada a serotonina, norepinefrina e endorfina (aumenta após os vômitos) Pressão social Família desagregada (pais negligentes e com atitudes de rejeição) Falta de controle do superego e força de ego que sobra na anorexia

Características Episódios recorrentes de compulsão alimentar Sentimento de falta de controle Vômitos auto-induzidos Uso de laxantes e diuréticos Jejum ou exercícios inapropiados Auto-avaliação influenciada pelo peso e pela forma física

Características A maioria está dentro da faixa de peso normal Maioria sexualmente ativa Subtipos: Purgativo e Não Purgativo Diferenciar de Binge Eating (TCAP) Obesidade Sem culpa Sem purgação Comer até não aguentar mais Acorda a noite para comer

Purgação Vômitos são provocados por objetos como: escova de dentes ou de cabelo, dedo, colher, etc... Espontâneos Reduzem a dor abdominal Sensação de alívio e possibilita continuar comendo sem medo de aumento de peso Provocados por uma Angústia póscompulsão

Sintomas Esofagite Amilasemia Aumento das glândulas salivares Cáries Desgaste dentário Hipotensão Bradicardia Distúrbios hidro-eletrolíticos

Curso da Doença Prognóstico melhor que anorexia Metade melhora com tratamento de curto prazo dos sintomas purgativos e compulsivos Doença crônica, acompanhamento de longo prazo

Tratamento Psicoterapia de longo prazo TCC e Psicodinâmica (peso só semanal, etc) Farmacoterapia (ex: ISRS, topiramato) Terapia de Família

Obrigado!!