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Transcrição:

Direito Civil V Prof. Marcelo Milagres 06/08 1. Conceito e Estrutura Ter e ser. O ter não é sinônimo de propriedade. O ter não pressupõe capacidade de fato ou exercício, o ter pressupõe apenas o ser. Duas teorias a respeito dos bens: 1. Teoria econômica: coisa é tudo que existe no universo, há exceção do ser. Bens são espécies de coisas. Essa teoria se preocupa com o valor econômico das coisas. 2. Teoria jurídica: lógica invertida. Coisa é espécie e bem é gênero. Bens são todos os valores, patrimoniais ou extrapatrimoniais, corpóreos ou incorpóreos, necessários a realização do sujeito. Coisas são bens corpóreos, materiais, percebidos e tangenciados pelos sentidos. Conceito: Direitos reais: Disciplina que tem por objeto o estudo das relações jurídicas entre pessoas e coisas. Conceito criticado pelo professor. As relações jurídicas não são estruturadas envolvendo exclusivamente pessoas, exemplo do condomínio. Disciplina que tem por objeto estudo de relações intersubjetivas que recaem sobre coisas (ius in res), bens corpóreos, observando diversas formas de domínio. Exercício do direito sobre a coisa tem eficácia erga omnes. Domínio vs. Propriedade Domínio é controle, poder sobre a coisa. A propriedade é uma das muitas formas de domínio. Posse, detenção são outras formas de domínio. O direito sobre a coisa, como todo direito subjetivo, é pautado pela alteridade. O ter é exercido de maneira absoluta, no sentido de uma eficácia erga omnes, uma inoponibilidade absoluta em relação a todos, mas isso não quer dizer que o exercicio do direito é ilimitado, ele deve observar normas, valores e princípios. O poder sobre a coisa é um poder-dever. Direito das coisas ------ Posse ------Direitos reais art. 1225 Direito das coisas vs. Direitos reais 1

Para muitos autores, a posse não é um direito real pois não esta no art. 1.225. Ela não se confunde necessariamente com a propriedade. Para o professor, direito reais e direito das coisas são a mesma coisa. A posse tem as mesmas características e os mesmos efeitos de qualquer outra forma de manifestação de domínio. 2. Características dos direitos reais A. Absolutos: exercidos com eficácia erga omnes. Em contraponto ao direito obrigacional, que é interpartes. Espera-se de todos o dever geral de abstenção. Sujeição passiva universal. (Caio Mário) B. Poder-dever de seqüela: poder do titular do domínio de perseguir as coisas que estão no poder de outras pessoas injustificadamente. Ela se manifesta pela autotutela ou tutela judicial. Discussão: proporcionalidade entre a reação e a agressão na autotutela. A autotutela se da por legitima defesa ou desforço imediato (reação imediata à agressão). Teoria simplificada da posse. 09/08 A primeira função da coisa é satisfazer o próprio sujeito. Mas, embora nosso domínio tenha uma oponibilidade não relativa, o exercício dele é limitado. Dever de abstenção do terceiro. Domínio é um conjunto de atributos, poderes e deveres sobre as coisas. O individuo que tem domínio pode: Usar Usufruir Dispor (idéia de transferência - gratuita ou onerosa, definitiva ou temporária) Reaver A diferença entre a posse e a propriedade é a disposição. O domínio é elástico. A única pessoa que pode exercer o domínio pleno é o proprietário, mas existem casos que até o proprietário não tem domínio pleno. Ex: doação sem usufruto ou locação. Em regra, o domínio de proprietário é pleno. Diferença com o direito obrigacional, em que o objeto da obrigação é a prestação. C) Imediatidade: o domínio é imediato. D) Taxatividade: os direitos reais são apenas aqueles previstos em lei. Não confundir com tipicidade. Art. 1.225 Art. 1.225. São direitos reais: I - a propriedade; II - a superfície; III - as servidões; 2

IV - o usufruto; V - o uso; VI - a habitação VII - o direito do promitente comprador do imóvel; VIII - o penhor; IX - a hipoteca; X - a anticrese. XI - a concessão de uso especial para fins de moradia; XII - a concessão de direito real de uso. Problema da posse não estar elencada neste artigo. No entanto, ela esta prevista em lei, apenas em artigo diferente, portanto entende-se que é um direito real. 3. Classificação: 1. Direito real sobre coisa própria: propriedade. Maior segurança 2. Direitos reais sobre coisas alheias: exercício do domínio sobre algo que não é seu e não integra seu patrimônio. São subdivididos: Fruição: moradia. Garantia: penhor, hipoteca e anticrese. 3) Direito real a aquisição: expectativa de se tornar dono. Ex: promessa de compra e venda, usucapião. (Aquisição pelo uso - o indivíduo torna-se dono pela ação do tempo e da sua posse nesse tempo.) Posse: fato que decorre de uma situação fática - a apreensão, que produz efeitos jurídicos. E todo fato que produz efeitos jurídicos é um direito. É um direito subjetivo de conteúdo econômico. (Direito patrimonial) a posse integra o patrimônio. Esses direitos podem ser: De conteúdo obrigacional (efeitos entre as partes, prestação como objeto) De conteúdo real Para o professor, a posse é um direito patrimonial real. Tanto a posse quanto a propriedade são transferidas causa mortis. 13/08 Posse Teorias sobre a posse A) Teoria subjetiva da posse (Savigny) - Dois elementos: corpus e animus. Coisa como bem corpóreo, mais do que a materialidade, Savigny entende que é o poder fático, físico sobre a coisa. Pressupõe o contato, a conduta humana de apreensão. Equivoco na idéia de apreensão física. Na realidade, temos a posse das coisas que estão na nossa esfera de vigilância. Além disso, para Savigny é necessário o animus. Vontade sobre a coisa, de ser proprietário. Posse "cum animo domini" 3

Problema: Relação locador - locatário: não se enquadra na teoria de Savigny. Esta teoria, apesar de incorrer em falhas, é adotada e, alguns casos. B) Teoria objetiva da posse (Jhering) - Para existir posse tem que haver corpus e animus, assim como afirma Savigny. O que varia é o conceito dentro destes dois elementos. Corpus não é necessariamente a apreensão física, mas sim controle sobre a coisa, em uma esfera de vigilância. Esse controle pode se dar de forma direta ou indireta. Subteoria do desmembramento da posse. Sobre a mesma coisa, podem recair diversas formas de controle (direto e indireto). Coexistência de posses sobre a mesma coisa. Ex. Da locação - locador tem posse indireta e o locatário tem a posse direta. Também é o caso do carro em alienação fiduciária. Para Jhering, animus é o comportamento de como se fosse proprietário. Exteriorização de um comportamento de proprietário. Teoria da aparência. Possuidor é aquele que aparentemente é o proprietário. É teoria objetiva pois foca no elemento externo, e não mais interno como defendia Savigny. Para Jhering, todo proprietário é possuidor. Mas nem todo possuidor é proprietário. A posse é portanto forma de manifestação de domínio que não pressupõe a apreensão física e que exterioriza comportamento de proprietário. O problema da teoria de Jhering é que ele não confere autonomia à posse. Pela sua teoria, a posse esta sempre atrelada a propriedade. C) Corrente sociologia: a posse é uma forma autônoma de domínio, independente do direito de propriedade. A posse pode se contrapor a propriedade. A posse é uma realidade social que independente da sociedade e é reconhecida pelo direito. Ex do locatário, que não necessariamente se comporta como proprietário.. Art. 1.196. Considera-se possuidor todo aquele que tem de fato o exercício, pleno ou não, de algum dos poderes inerentes à propriedade. (teoria da aprência Jhering) Art. 1.196 todo aquele tem o sentido de qualquer pessoa ou não pessoa que é sujeito de direito. Fato - não necessariamente Ato jurídico. Poderes inerentes - atributos do domínio. A teoria adotada neste artigo é a do Jhering. Teoria da aparência. Problema: não há autonomia da posse. O CCB adota preferencialmente a teoria da aparência de Jhering. Mas ele não descarta na totalidade a teoria subjetiva de Savigny, nem a teoria sociológica. Essa ultima visão é a que vem prevalecendo atualmente. Art. 1.268. Feita por quem não seja proprietário, a tradição não aliena a propriedade, exceto se a coisa, oferecida ao público, em leilão ou estabelecimento comercial, for transferida em circunstâncias tais que, ao adquirente de boa-fé, como a qualquer pessoa, o alienante se afigurar dono. 1o Se o adquirente estiver de boa-fé e o alienante adquirir depois a propriedade, considera-se realizada a transferência desde o momento em que ocorreu a tradição. 2o Não transfere a propriedade a tradição, quando tiver por título um negócio jurídico nulo. 4

Art. 1.197. A posse direta, de pessoa que tem a coisa em seu poder, temporariamente, em virtude de direito pessoal, ou real, não anula a indireta, de quem aquela foi havida, podendo o possuidor direto defender a sua posse contra o indireto. Art. 1197 - desmembramento da posse (desdobramento possessório). Os dois tipos de posse não se anulam. A posse se desdobra em função de um direito pessoal (objeto é a prestação - contrato, ato unilateral, obrigações em geral, etc.) ou real (fato jurídico - coisa perdida, ato ilícito). A posse pressupõe a capacidade natural. 20/08 caderno Jub Posse x detenção Detenção pressupõe o exercício de atos possessórios. Tem uma exteriorização, manifestação de posse. O legislador, contudo, faz a diferenciação. Jehring: A detenção é uma posse degradada/assemelhada : manifestação possessória que não é conhecida pelo ordenamento jurídico como posse em sentido formal ou material. Há uma desqualificação normativa legal. A detenção não tem tantos efeitos quanto a posse: o O detentor não pode, via de regra, se tornar proprietário por usucapião. o O detentor não tem legitimidade para a defesa da coisa que está em seu poder mediante ações possessórias (tutela judicial da coisa). Pode exercer seqüela na forma de auto-tutela. Detenção qualificada Art. 1.198. Considera-se detentor aquele que, achando-se em relação de dependência para com outro, conserva a posse em nome deste e em cumprimento de ordens ou instruções suas. Todo aquele que tem a coisa e razão de um vinculo de subordinação é um detentor. Ainda que exerça atos de posse, não exerce a posse. Qualificada: poder exercido em razão do vinculo. Ex. da caneta entregue ao professor em razão de seu regime jurídico; empregada; caseiro. Detentor exerce atos de posse em nome alheio. Os atos de posse são dinâmicos. Quando, de boa-fé, o caseiro acredita que foi rompido o vinculo de subordinação e passa a exercer atos de posse em nome próprio, ocorre a interversio; modificação do fundamento dos atos possessórios. Ainda que faticamente não haja mudança, juridicamente há alteração. Interversão bilateral: decorrente de acordo. Ex. do vade mecum emprestado e depois doado. Discussão a respeito da interversão unilateral: caso do caseiro sem ordem, determinação ou salário. Se o vinculo de subordinação for rompido de forma bilateral ou unilateral (ainda que contra a vontade do proprietário) ele passa a ser possuidor. Parágrafo único. Aquele que começou a comportar-se do modo como prescreve este artigo, em relação ao bem e à outra pessoa, presume-se detentor, até que prove o contrário. 5

Art. 1.203. Salvo prova em contrário, entende-se manter a posse (o exercício dos atos possessórios) o mesmo caráter (com a mesma causa, fundamento) com que foi adquirida. Ou seja, pode-se mudar o fundamento. Ver: Enunciado 237 da Jornada de Direito Civil. A detenção é uma terceira forma de domínio que tem tudo para ser posse, mas que é legalmente desqualificada em razão de um vinculo de poder. O detentor é subordinado, dependente, por ex. pelo contrato de emprego ou de mandato com representação. As formas mais comuns de detenção são decorrentes de relações contratuais. Os filhos são possuidores, não detentores. Detenção simples Não pressupõe o vinculo de subordinação, a relação de potestatio. Está prevista na primeira parte do art. 1.208 Art. 1.208. Não induzem posse os atos de mera 1 permissão 2 ou tolerância 3 assim como não autorizam a sua aquisição os atos violentos, ou clandestinos, senão depois de cessar a violência ou a clandestinidade. Ainda que se exerça atos de posse, não se é possuidor. 1. Curto intervalo de tempo; transitório; episódico; efêmero; circunstancial; quase instantâneo; depende do caso concreto, não há um quantificação legal. Ex. do vade mecum emprestado até o fim da aula 2 ; leitura de artigo de vade mecum alheio sem pedir 3. Ex. da vizinha: pedia para parar o carro e tirar as compras (detentora por mera permissão); não pedia, mas parava apenas para tirar as compras (detentora por tolerância); parava não só para tirar as compras (posse); deixava o carro por longos períodos de tempo (intenção de usucapião). Aquisição da posse. Ius possessionis A posse que decorre, tem como pressuposto, uma mera situação fática: ter a coisa sobre seu controle, sua apreensão. Aquisição originária da posse; independe de vinculo intersubjetivo e da vontade de quem exercia poder sobre a coisa Furto, roubo, coisa abandonada, perdida, invasão. Ius possidendi Contrato que atribuiu o poder sobre a coisa, oneroso ou gratuita. Causa aquisitiva bilateral. A posse que tem como titulo, causa, um negócio, um contrato, até mesmo o direito da propriedade. Posse mais comum no sec. XXI. Aquisição derivada da posse: deriva de negócios jurídicos bilaterais. O contrato é causa, fundamento, titulo, mas o que atribui o poder é a entrega, a tradição (real ou ficta/simbólica) da coisa. Art. 1.204. Adquire-se a posse desde o momento em que se torna possível o exercício, em nome próprio, de qualquer dos poderes inerentes à propriedade. (Ainda que o poder decorra de ato ilícito ou negocio inválido.) Art. 1.205. A posse pode ser adquirida: I - pela própria pessoa (em nome próprio) que a pretende ou por seu representante (por intermédio de outrem, sendo este detentor); II - por terceiro sem mandato, dependendo de ratificação. Ex. do gestor de negócios. 6

o Inter- vivos - Dá-se seqüência a uma posse antecedente mediante um negócio jurídico, contrato. O ato determinante da transmissão da posse é a tradição. Art. 1.207. O sucessor universal 2 continua de direito a posse do seu antecessor; e ao sucessor singular 1 é facultado unir sua posse à do antecessor, para os efeitos legais. 1 Aquisição de coisa ou coisas determinadas. É a regra; ex. caderno. Em regra é desvinculada da posse antecedente. Ex. do vestido comprado no Diamond. É facultada a acessão possessória (?) : unir ou não à posse do alienante. 2 Aquisição de um patrimônio ou parcela de um patrimônio, cujos objetos não são identificados, determinados ou determináveis. Produz os mesmos efeitos de se fosse uma aquisição mortis causa. o Mortis causa Sucessão possessória: A morte é causa de transmissão e aquisição patrimonial. Ex. da transmissão da fazenda invadida. Art. 1.206. A posse transmite-se aos herdeiros (aquele que sucede porque a lei ou a vontade assim o determina) ou legatários do possuidor com os mesmos caracteres. (inclusive defeitos ou vícios). 23/08 Classificação e características da posse 1. Direta / indireta Sob a esfera de vigilância/ domínio imediato. A posse direta não exclui a indireta; a indireta convive com a direta pelo desdobramento da posse. Vide aulas anteriores. 2. Justa / injusta Justiça não se confunde com a Lei; a posse justa não é aquela conforme á lei. Posse justa não quer dizer que é licita. A posse justa não necessariamente veio de um fato licito. Art. 1.200. É justa a posse que não for violenta, (1) clandestina (2) ou precária (3). Vícios: A. Violência (1) - Refere-se ao momento aquisitivo da posse. Violência é agressão física ou moral. Agressão ao poder de escolha. Para esse vício, é necessário que a agressão seja dirigida a pessoa, não bastando que seja dirigida a coisa. A violência seria um vicio originário. Há quem diga que, ainda que a violência tenha cessado, a posse será sempre injusta, perdurando os efeitos. Outros dizem que a violência é um vicio relativo, que se relaciona apenas à pessoa que sofreu a violência e ao momento aquisitivo; cessada a violência a posse de injusta passa a ser justa. Vide Art. 1.208; a violência é um vicio que pode cessar. (Opinião do prof.) Ex. do roubo. Posse justa não necessariamente é uma posse lícita, legitima. B. Clandestinidade (2) ocultamento, exercício de atos possessórios às escondidas. O furto explica a posse clandestina. Assim como a violência, clandestinidade é um vicio 7

relativo, pois só se refere a pessoa que sofre os efeitos do desapossamento. Tem os mesmos efeitos da violência; relatividade (A posse em relação a posse que sofreu um desapossamento é clandestina) e cessação. Também se refere ao momento de aquisição da coisa. Mesmo a pessoa que foi desapossada pode alterar sua situação jurídica ao tomar conhecimento. Para efeitos de usucapião, basta que a posse seja pública perante terceiros. C) Precariedade (3) - vicio subsequente, posterior a aquisição. Decorre da violação da obrigação do dever de restituição da coisa. Ele fere a confiança. Ele é não-relativo. Para esse vicio cessar, o indivíduo deve restituir a coisa, perdendo a coisa. Esse dever depende de uma relação intersubjetiva ou obrigação prevista em lei. O autor do ilícito não tem obrigação jurídica de proceder a restituição. A posse injusta poderá ensejar usucapião? Caso da obrigação de restituir a coisa achada que foi perdida. A posse injusta não pode ensejar usucapião. Ex do caseiro, quando houver rompimento unilateral da relação de emprego. A obrigação é do proprietário de exercer a sequela e cuidar da propriedade. 3. Com justo titulo e sem justo titulo Doutrina: Toda posse justa é com justo titulo e posse injusta é sem justo titulo? A posse justa não é necessariamente uma posse com justo titulo. Titulo: noção de causa, fundamento, origem, que justifica a posse. Deve ter base no ordenamento jurídico. Para o STF, a invasão não justificaria o ato possessório ainda que a coisa invadida fosse improdutiva. Posse sem justo titulo. Justo titulo não é o titulo perfeito. Justo titulo é aquele aparentemente justo e conforme o ordenamento jurídico (aparência de validade). É o caso da compra e venda com objeto ilícito, mas que para o terceiro de boa-fé era aparentemente licito. É possível ter uma posse injusta com justo titulo? Caso do empréstimo do VADE MECUM, que tem fundamento no ordenamento, mas não é devolvido, gerando precariedade. É uma posse injusta com justo titulo. É possível ter uma posse justa sem justo titulo? Sim. Exemplo do furto. Observação: caso do cachorro. Usucapião é posse justa mais tempo. Quem perdeu o cachorro era uma criança. Arts. 198, par. 1 + 1233 Art. 198. Também não corre a prescrição: I - contra os incapazes de que trata o art. 3o; 8

Art. 1.223. Perde-se a posse quando cessa, embora contra a vontade do possuidor, o poder sobre o bem, ao qual se refere o art. 1.196. 4. Boa-fé / má-fé Art. 1.201. É de boa-fé a posse, se o possuidor ignora o vício, ou o obstáculo que impede a aquisição da coisa. Parágrafo único. O possuidor com justo título tem por si a presunção de boa-fé, salvo prova em contrário, ou quando a lei expressamente não admite esta presunção. Quem exerce uma posse de justo titulo é presumidamente possuidor de boa-fé, exceto em circunstancias que a lei expressamente alega o contrario. Em direitos reais, o foco é na boa-fé subjetiva, baseada em elemento psicológico, interno. Se a posse é de justo titulo, presumidamente a posse é de boa-fé. Mas deve-se verificar a subjetividade para saber se a pessoa tinha conhecimento do fato ilícito gerador. Ex. Do contrabando novamente. Se o comprador sabia que a coisa comprada era contrabandeada, há justo titulo, mas a posse é de má-fé. Nesse caso, leva-se em consideração os elementos subjetivos, através da comprovação por meio deletérios externos (valor da coisa no mercado, por exemplo). Não se presume má-fé; quando a aquisição é a justo titulo a má-fé deve ser provada provar que se sabia, ou se poderia saber so defeito do negócio, por ex. Elementos externos podem descontituir a crença. Se você esta de boa-fé, necessariamente a posse é de justo titulo? 5. Nova / velha O critério é o tempo. Nova: menos de um ano e um dia. Velha: mais de um ano e um dia. Efeitos: Posse nova não gera usucapião. Posse nova tem uma esfera de proteção maior que a posse velha. É objeto de tutela inclusive na modalidade de liminar. A posse velha não pode ser objeto de liminar possessória. A eficácia da seqüela diminui com o tempo. Quanto maior a inércia, menor a esfera de tutela. 27/08 6. Posse exclusiva e composse A posse é, em regra, objeto de concentração subjetiva. Posse exclusiva; a regra é a exclusão, um único sujeito exercendo atos de posse, excluindo os demais. A exceção é a 9

composse: posse comum, posse compartilhada, exercício compartilhado de atos de posse. Ex. do condomínio edilício; nas áreas comuns há a composse; um dos possuidores não pode excluir os demais, que tenham o mesmo direito, quanto a fruição idêntica, qualitativa e quantitativa. Alunos compossuidores da sala. Art. 1.199. Se duas ou mais pessoas possuírem coisa indivisa 1, poderá cada uma exercer sobre ela atos possessórios, contanto que não excluam os dos outros compossuidores. (1) A indivisibilidade pode ser naturalmente, finalisticamente, voluntariamente ou legalmente indivisível. A indivisibilidade natural perde cada vez mais o sentido. Composse pro indiviso A integralidade pertence a todos e não pode-se especificar a parte que cabe a cada um. Ex. da fazenda; testamento e modulo rural (menor unidade de terra reconhecida como uma unidade produtiva). Composse pro diviso: Juridicamente é composse. Faticamente, contudo, é posse exclusiva. Ex. da vaga de garagem: Exclusiva; acessória Faz parte da área do apto e segue este. Exclusiva; autônoma Tem matrícula própria; pode-se vender somente a vaga de garagem, sem necessidade de seguir o apartamento. Comum Tudo pertence a todos. Pode ser dividida, criando-se regramentos, para garantir a fruição por todos. É possível usucapião de áreas objeto de composse? 7. Posse ad usucapionem / ad interdicta Inéditos romanos: mecanismos romanos de defesa da posse. Mesmo a posse injusta e de má fé é suscetível de proteção. O que varia é o tempo e a extensão dessa proteção. A partir de idéia de que a posse é extensão da propriedade (teoria da aparência), toda posse é ad interdicta. Nem toda posse, no entanto, é ad usucapionem. É a posse é suscetível a usucapião. É preciso tirar a idéia de que usucapião recai apenas sobre bens imóveis. Usucapião: é uma forma aquisitiva originaria de direitos reais, particularmente de propriedade, em razão de uma posse continuada no tempo (pacifica, ininterrupta e sem oposição). Ela pressupõe uma posse justa. Alguns entendem que, ainda que injusta, a posse que se mantém pacifica, ininterrupta e sem oposição também espera ser objeto de usucapião. Se a violência cessa, a posse injusta passa a ser justa. Caso da herança da fazenda: a posse herdade tem as MESMAS característica da posse transmitida. O adquirente tem a faculdade de unir ou não a posse de seu antecessor. Art. 1.207. O sucessor universal continua de direito a posse do seu antecessor; e ao sucessor singular é facultado unir sua posse à do antecessor, para os efeitos legais. 10

Interversão da posse: modificação da posse em função de uma mudança de comportamento. Exemplo do caseiro. Enunciado 237, jornada de direito civil: reconhece a possibilidade da mudança do fundamento da posse pelo detentor. Conduta de omissão. Problema da interversão unilateral: a partir do momento em que se acredita que se está exercendo atos de posse em nome próprio, sem dever de restituir, começaria a correr o tempo para o usucapião. Usucapião de bens públicos: Caso do condomínio que se apossa das ruas, que são bens comuns. Art. 191, CF. Art. 102, CC. Art. 191, CF. Aquele que, não sendo proprietário de imóvel rural ou urbano, possua como seu, por cinco anos ininterruptos, sem oposição, área de terra, em zona rural, não superior a cinqüenta hectares, tornando-a produtiva por seu trabalho ou de sua família, tendo nela sua moradia, adquirir-lhe-á a propriedade. Parágrafo único. Os imóveis públicos não serão adquiridos por usucapião. Art. 102, CC. Os bens públicos não estão sujeitos a usucapião. Controvérsia: Imóvel que formal e materialmente seja publico? Caberia supressio (caso do município de governador Valadares). Função social do poder publico. A funcionalidade é atribuída pelas pessoas que ali residem. Tendência do STJ de reconhecer usucapião de bens públicos, que atendem a uma finalidade privada. O professor entende que é possível usucapião de bens públicos, desde que ele não seja mais materialmente um bem publico. Satisfaz uma finalidade publica, mas que é exercida por particulares e tem um interesse social. (Ex: favelas) Efeitos da posse 1. Efeito econômico: A posse poderá gerar indenização por frutos, produtos e/ou benfeitorias. 2. Efeito aquisitivo: possibilidade de gerar aquisição de direitos reais, particularmente, a propriedade. 3. Efeito protetivo: ad interdicta. Ações possessórias típicas e atípicas. Ações possessórias vs. Ações petitorias. 1. Efeito econômico Efeitos indenizatórios. Frutos - utilidade que a coisa ordinariamente proporciona, cuja percepção não implica na destruição do bem principal. Fruto natural, civil, industrial. Eles podem ser pendentes, percebidos, percipiendos ou colhidos por antecipação. 11

Pendentes: laranja verde. Aluguel por vencer. Percebido: completou-se o ciclo de formação e foi destacado. Pagamento na data do vencimento. Percipiendo: completou o ciclo de formação mas não foi percebido, destacado. Colhido por antecipação: o ciclo não se completou, mas já foi colhido. Produtos - são utilidades que a coisa ordinariamente proporciona, mas sua extração implica na destruição da coisa. (Ex. Do petróleo) Benfeitorias - proporcionar um acréscimo, decorrente de uma conduta humana. Art. 1.214, CC. O possuidor de boa-fé tem direito, enquanto ela durar, aos frutos percebidos. Parágrafo único. Os frutos pendentes (não deu tempo para colher, o possuidor tem direito ao que gastou) ao tempo em que cessar a boa-fé devem ser restituídos, depois de deduzidas as despesas da produção e custeio; devem ser também restituídos os frutos colhidos com antecipação. (Má-fé reconhecida pelo legislador.) Fundamento no 884, CC - enriquecimento sem causa. Art. 884. Aquele que, sem justa causa, se enriquecer à custa de outrem, será obrigado a restituir o indevidamente auferido, feita a atualização dos valores monetários. Parágrafo único. Se o enriquecimento tiver por objeto coisa determinada, quem a recebeu é obrigado a restituí-la, e, se a coisa não mais subsistir, a restituição se fará pelo valor do bem na época em que foi exigido. O legislador pergunta se a posse é de boa ou má fé, se ela produziu frutos, produtos ou benfeitorias. Mas para efeitos econômicos da posse, frutos são equiparados a produtos. Esse artigo (1.214) possui uma norma dispositiva (seu conteúdo pode ser afastado pela vontade das partes) Art. 1216, CC. Art. 1.216. O possuidor de má-fé responde por todos os frutos colhidos e percebidos, bem como pelos que, por culpa sua, deixou de perceber, desde o momento em que se constituiu de má-fé; tem direito às despesas da produção e custeio. O possuidor de má fé não tem direito aos frutos. Mas mesmo sendo possuidor de má fé, ele tem direito a receber uma indenização pelas despesas de custeio e produção. Um comportamento ilícito poderá produzir efeitos válidos. Para o professor, esse artigo fomenta um ilícito, uma vez que reconhece alguns efeitos desse ilícito. (Principio da eticidade, da socialidade). Alguns autores entendem apenas que ele evita um enriquecimento injustificado. E quando a produtividade ou a funcionalidade adquirida não traz vantagem real para o proprietário? Mesmo assim ele deve indenizar? 30/08 12

Posse: realidade fática recepcionada pelo direito que produz consequências econômicas, protetivas e aquisitivas. Benfeitoria: são acessórias, acréscimos, que pressupõem algo a ser melhorado; fruto da conduta humana. É preciso verificar a destinação do bem principal para classificar a benfeitoria. Art. 35, Lei 8.245. Salvo expressa disposição contratual em contrário, as benfeitorias necessárias introduzidas pelo locatário, ainda que não autorizadas pelo locador, bem como as úteis, desde que autorizadas, serão indenizáveis e permitem o exercício do direito de retenção. Exceção do contrato não cumprido (476, CC) se não for pago pelas benfeitorias. Realização dos melhoramentos de boa-fé. Art. 1.219. O possuidor de boa-fé tem direito à indenização das benfeitorias necessárias e úteis, bem como, quanto às voluptuárias, se não lhe forem pagas, a levantá-las, quando o puder sem detrimento da coisa, e poderá exercer o direito de retenção pelo valor das benfeitorias necessárias e úteis. Elemento comum aos arts. 1214 e 1219: boa fé. Direitos: indenização e retenção pelas benfeitorias necessárias e úteis. A conservação e manutenção da funcionalidade da coisa é mais do que útil, é necessária, pois imprescindível a própria funcionalidade da coisa. Retenção: enquanto não houver restituição do valor, é possível aplicar a exceção do contrato não cumprido. Compensação por retenção? Pode haver compensação; valor da indenização/ valor do aluguel. Há, contudo, quem diga que o direito retenção tem tempo indeterminado. Art. 1.221, CC. As benfeitorias compensam-se com os danos, e só obrigam ao ressarcimento se ao tempo da evicção ainda existirem. A jurisprudência mitiga o art. 1221. Se o locatário fizer prova que o dano no momento da evicção poderia ter sido maior se não houvesse havido o reparo anteriormente. O CC é um diploma universal, que contem normas genéricas. É preciso ficar atento aos microssistemas, como por exemplo, a lei de locações que vem trazer normas especificas. Lei 8.245/91. Ela entra em oposição com o artigo 1.219. Art. 35, Lei 8.245. Salvo expressa disposição contratual em contrário, as benfeitorias necessárias introduzidas pelo locatário, ainda que não autorizadas pelo locador, bem como as úteis, desde que autorizadas, serão indenizáveis e permitem o exercício do direito de retenção. Possibilidade de uma clausula que impede a indenização e o direito de retenção sobre qualquer tipo de benfeitoria. É possível o locatário renunciar expressamente esse direito? Sumula 335, STJ. Súmula Nº 335 - Nos contratos de locação, é válida a cláusula de renúncia à indenização das benfeitorias e ao direito de retenção. É possível, de acordo com a sumula, a clausula de renuncia a indenização das benfeitorias até necessárias. 13

E se não houver igualdade entre as partes (empresa administradora de imóveis - definida como fornecedor, pois é uma atividade comercial)? Se houver essa assimetria é possível aplicar o CDC (entendimento atual). A clausula de renuncia, nesse caso, seria nula pelo seu caráter de abusividade em razão da vulnerabilidade do locatário. Obs: controvérsia quanto ao contrato de locação de estabelecimento comercial. Mesmo estando de má-fé teria o locatário direito a indenização da benfeitoria? Art. 1220 Art. 1.220. Ao possuidor de má-fé serão ressarcidas somente as benfeitorias necessárias; não lhe assiste o direito de retenção pela importância destas, nem o de levantar as voluptuárias. O direito é apenas de indenização, não de retenção. Compensação dos danos e benfeitorias. No entanto, o CC pune o possuidor de má-fé no art. 1.222: Art. 1.222. O reivindicante, obrigado a indenizar as benfeitorias ao possuidor de má-fé, tem o direito de optar entre o seu valor atual e o seu custo; ao possuidor de boa-fé indenizará pelo valor atual. Problema: correção monetária é mera atualização de valor. Essa opção é contraria a lógica da indenização. (Confronta inclusive o art. 884) Benfeitorias vs. Direto de conservar: vistoria previa do imóvel. O uso ordinário, no entanto, implica a depreciação natural da coisa e não gera o dever de reparar. 2. Efeito aquisitivo: usucapião. O enfoque não é na conduta omissiva, mas na conduta comissiva. Promoção de uma posse que produz efeitos. A usucapião não tem por pressuposto a inércia, mas a ação. É uma forma de valorizar aquele que produz funcionalidade a coisa. Posse mansa, pacifica, sem oposição ou contrariedade e que se prolonga no tempo. Usucapião: Forma aquisitiva originaria de direitos reais, particularmente de propriedade, em razão de posse continuada no tempo. O foco é em quem esta agindo. Ele não pressupõe vinculo intersubjetivo, mas recai sobre coisas (moveis ou imóveis) ainda que gravadas até mesmo pela inalienabilidade. O usucapião recai sobre qualquer coisa? Art. 191, par. Único, CF. Imóveis públicos. Ver acima. O que interessa para fins de usucapião é se ele satisfaz materialmente o interesse publico. Pode haver casos de bens que integram o patrimônio publico, mas não materialmente e não satisfazem o poder publico primário. Classificação de bens - CC, art. 99. Elementos: A. Elementos essenciais - posse (justa) e tempo. 14

Não basta a detenção para gerar usucapião, a menos que haja intervenção, e este se transforme em posse. Para o prof. deve ser posse justa. Para alguns autores nem a justa é necessária, desde que seja mansa e pacífica ideia de que a injustiça perdura no tempo. Posse cum animo domini: com a intenção de ser proprietário, o que deve ser devidamente provado: pagamento de contas, tributos, etc. Doutrina: O usucapião é uma forma de prescrição aquisitiva prescrição aquisitiva é uma contradição, pois o foco é na perda e não na aquisição. Ela esta relacionada com a ideia de prestação, de relação obrigacional intersubjetiva, o que nada tem a ver com o usucapião. Art. 1244, CC. Art. 1.244. Estende-se ao possuidor o disposto quanto ao devedor acerca das causas que obstam, suspendem ou interrompem a prescrição, as quais também se aplicam à usucapião. Como o usucapião pressupõe tempo, o código equipara-o, para efeitos de contagem de prazo, à prescrição. Isso não que dizer que ele é prescrição aquisitiva, apenas que algumas regras especificas a prescrição serão aplicadas ao instituto de usucapião. Usucapião entre cônjuges? Art. 197, CC. Art. 197. Não corre a prescrição: I - entre os cônjuges, na constância da sociedade conjugal; II - entre ascendentes e descendentes, durante o poder familiar; III - entre tutelados ou curatelados e seus tutores ou curadores, durante a tutela ou curatela. Art. 198. Também não corre a prescrição: I - contra os incapazes de que trata o art. 3º; a favor sim!!! II - contra os ausentes do País em serviço público da União, dos Estados ou dos Municípios; III - contra os que se acharem servindo nas Forças Armadas, em tempo de guerra. Existem varias situações em que o tempo corre suspenso ou interrompido.relembrar conceitos de prescrição!!!!! 197-202 03/08 Arts. 200 e 935: o que ocorre na esfera penal não necessariamente ocorrera na esfera cível. Usucapião: regularização fundiária. Cessa de posse seria um just titulo para usucapião? Sim. Ex das favelas. Elementos acidentais Justo titulo e boa-fé. Eles podem ser elementos da usucapião, mas não necessariamente. Eles trazem a vantagem de maior proteção para aquele que exerce os atos de posse. Não podemos confundir posse justa com posse com justo titulo. Posse de boa-fé: ainda que objetivamente contraria ao ordenamento, o o indivíduo (elemento interno) acredita que esta agindo de acordo com o ordenamento. A boa-fé do 15

usucapião é subjetiva. Ela decorre do erro ou da ignorância. Nada impede a excludente de ilicitude, mesmo diante da LICC. creditar que se esta agindo com conformidade. Par. Único, art. 1.247: possuidor de boa-fé sempre terá direito a indenização? Esta salvo perante terceiros? Art. 1.247. Se o teor do registro não exprimir a verdade, poderá o interessado reclamar que se retifique ou anule. Parágrafo único. Cancelado o registro, poderá o proprietário reivindicar o imóvel, independentemente da boa-fé ou do título do terceiro adquirente. Em regra, o possuidor de boa-fe esta protegido (art. 1268). mas existem situações em que A boa-fé não protege o adquirente, como na situação do art. 1247. A usucapião também é um mecanismo de proteger o terceiro de boa-fé. Janto mais qualificada a posse, menor o tempo exigido para o usucapião. Posse qualificada: possui elementos acidentais. Posse não qualificada: não possui elementos acidentais. Usucapião: regularização fundiária. Acertamento de situação faticas que na realidade são irregulares. Ex: fraude no cartório. A tinha um registro de imóvel, que é fraudado por X. X aliena esse imóvel para B, que estava de boa-fe e que, depois de 5 anos, alienou o seu imóvel para C. Pretensão de nulidade e pretensão reivindicatoria. A saída seria C reivindicar o usucapião, por teriam posse muito qualificada. Ver art. 1242. Obs: A absolutamente incapaz - o tempo não corre para ele. A incapacidade gera efeito suspensivo. Justo titulo para efeitos de usucapião é a causa que aparentemente tem aptidão para transferir a propriedade. Aparência de poder translativo. Ex: Contratos inválidos que aparentemente esta tudo bem, formal de partilha com elementos de validade, sentenças sem os requisitos mas com aparência de validade. Em regra, justo titulo oara fins de usucapião são atos ou negócios aparentemente validos. Modalidades de usucapião 1. Extraordinária: mais conhecida. Não requer elementos acidentais (justo titulo e boa fé).o NCC desdobrou o usucapião extraordinário: simples e qualificado (por outro elemento que não o justo titulo e a boa-fé) Essa qualificação é o efetivo cumprimento da função social. Ela é amparada pelo código, fazendo com que uma posse, mesmo que de má-fé, possa exigir menos tempo para adquirir a propriedade. 16

Posse-trabalho e posse-moradia (Miguel Reale): exemplos de satisfação da função social da posse. O legislador premia aquele que atribui a coisa funcionalidades a coisa. No caso da moradia, até essencial. Objetivo de satisfazer direitos sociais fundamentais. Art. 1.238. Aquele que, por quinze anos, (maior tempo previsto em lei) sem interrupção, nem oposição, possuir como seu um imóvel, adquire-lhe a propriedade, independentemente de título e boa-fé; podendo requerer ao juiz que assim o declare por sentença, a qual servirá de título para o registro no Cartório de Registro de Imóveis. (Posse simples) Parágrafo único. O prazo estabelecido neste artigo reduzir-se-á a dez anos se o possuidor houver estabelecido no imóvel a sua moradia habitual, ou nele realizado obras ou serviços de caráter produtivo. (Usucapião extraordinária qualificada) A sentença em procedimento de usucapião aqui referida tem conteúdo declaratorio. Aquele que tem posse nos termos do 1238 já tem a propriedade material. Usucapião também é materia de defesa. É materia de pretensão e defesa. A sentença de improcedência, no entanto, não poderá ser levada a registro para formalizar o titulo da propriedade obtida por usucapião. A sentença que julgar o litígio perante a reconvencao, não mais contestacao, poderá ter efeito erga omnes. Conclusões: 1. o extraordinário não prevê justo titulo nem boa fé 2. Essa posse não necessariamente deve suprir uma função 3. A sentença no procedimento de usucapião tem conteúdo predominantemente declaratoria. Função sócio-econômica: posse fonte (de proteção ou subsistência). A simples tentativa de produzir é suficiente. Não é a produção em sim, mas o trabalho socialmente recebido. A produção não pode estar dissonante com os valores constitucionais. A usucapião extraordinária não pressupõe o tamanho do imóvel. Qualquer imóvel poderá ser objeto de usucapião. Lembrar apenas da questão dos bens públicos. A PJ poderá ser beneficiada de usucapião extraordinário? Sim. "Qualquer" no 1238 é qualquer pessoa de direito. 2. Ordinária: requer elementos acidentais - justo titulo e boa-fé. Ele ta,bem é desmembrado em posse simples e qualificada. Art. 1.242. Adquire também (outro tipo de usucapião, que não exclui as demais) a propriedade do imóvel aquele que, contínua e incontestadamente, (e que tenha animus domini) com justo título e boa-fé, o possuir por dez anos. Além da posse ser justa (apesar de não necessariamente direta - questão do locador) o possuidor tem justo titulo e boa fé. Se além do justo titulo e boa fé tiver mais coisa, o prazo será reduzido (par. Único) Parágrafo único. Será de cinco anos o prazo previsto neste artigo se o imóvel houver sido adquirido, onerosamente, com base no registro constante do respectivo cartório, cancelada posteriormente, 17

desde que os possuidores nele tiverem estabelecido a sua moradia, ou realizado investimentos de interesse social e econômico. Aquisição inter vivos onerosa! Resolve o problema acima do C. Se a usucapião pressupor a Pessoalidade dos atos possessórias, não é possível aplicar o 1206 e 1207 (cessão e sucessão possessória). Só é possível somar para efeitos de usucapião posses homogêneas. A partir do momento que a posse é transmitida, o tempo se inicia de novo. Logo, é possível somar tempos de posse desde que a lei não exija a Pessoalidade dos atos possessórios. O professor entende que a moradia não é entendida como exigência de pessoalidade. Duas pessoas diferentes podem morar Lei 10.257, art. 9º É possível ascensão e sucessão possessória --------------------- 1ª Prova 10/09 Modalidades de usucapião (continuação) 1. Extraordinário 2. Ordinário 3. Especial Rural Urbano -> individual, coletivo, familiar 4. Indígena 5. Art. 68, ADCT 6. Administrativo 2. Ordinário É possível uma posse de ma-fé mesmo com justo titulo. Se o indivíduo tinha todas as condições para saber que aquele contrato, por exemplo, por si só, não era suficiente para provocar a tradição, ele tem justo titulo mas não tem boa-fé. 3. Especial Mais temida, pois traz varias discussões. Fundamento constitucional. Art. 191 e 183 da CF. Eles satisfazem valores notadamente protegidos. Preocupação com a moradia: art. 6º, CF. Art. 6º São direitos sociais a educação, a saúde, a alimentação, o trabalho, a moradia, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência aos desamparados, na forma desta Constituição. 18

Subdivide-se em especial rural (apenas imóveis rurais) e especial urbano (apenas imóveis urbanos). Como constituir um critério que distingue rural e urbano? Questão da fazenda na Afonso pena (atividade ou localização). Para efeitos de usucapião imóvel urbano é aquele localizado em perímetro urbano, independentemente da atividade. A. Especial rural: Art. 191. Aquele que, não sendo proprietário de imóvel rural ou urbano, possua como seu, por cinco anos ininterruptos, sem oposição, área de terra, em zona rural, não superior a cinqüenta hectares, tornando-a produtiva por seu trabalho ou de sua família, tendo nela sua moradia, adquirir-lhe-á a propriedade. Parágrafo único. Os imóveis públicos não serão adquiridos por usucapião. Requisitos: Prazo de cinco anos Aplicável a imóveis rurais de área de até 50 hectares Imóvel objeto de uma posse que satisfaça uma função social (produtividade e moradia, cumulativamente) Em favor de possuidor não proprietário Pressupõe a Pessoalidade no exercicio de atos possessórios - A idéia é de proteger a família, não apenas um sujeito. Necessidade de posse cum animo domini, sem oposição, mas não requer justo titulo ou boa-fé. O texto constitucional foi reproduzido no CCB: CC, Art. 1.239. Aquele que, não sendo proprietário de imóvel rural ou urbano, possua como sua, por cinco anos ininterruptos, sem oposição, área de terra em zona rural não superior a cinqüenta hectares, tornando-a produtiva por seu trabalho ou de sua família, tendo nela sua moradia, adquirir-lhe-á a propriedade. Obs: 6969/76 - trata do procedimento de usucapião rural. Ela é recepcionada pela constituição, notadamente no art. 7º. Problemas: usucapião especial rural quando: 1 - o usucapiente recebe um imóvel de herança. Droit de saisine: art. 1784. Com a morte, a posse e a propriedade dos bens do falecido se transmitem a seus herdeiros. Art. 1.784. Aberta a sucessão, a herança transmite-se, desde logo, aos herdeiros legítimos e testamentários 2 - o imóvel tem uma área de 200 hec mas apenas 45 são ocupados. 3 - o imóvel tem uma área rural de 2 hec. No entanto, o modulo rural (minimo reconhecido) ali são 4 hec. 19

4 - venda do imóvel objeto de usucapião e nova tentativa. É possível aplicar essa modalidade em favor da mesma pessoa mais de uma vez? (Há vedação quanto a usucapião especial urbano - art. 1240, par 2º) É possível estender essa analogia? B) Especial urbano Subdivide-se em: Individual - em favor de uma unidade familiar Coletivo - mais de uma entidade familiar Familiar - também chamado de meação. Art. 1240-A CF, Art. 183. Aquele que possuir como sua área urbana de até duzentos e cinqüenta metros quadrados, por cinco anos, ininterruptamente e sem oposição, utilizando-a para sua moradia ou de sua família, adquirir-lheá o domínio posse, desde que não seja proprietário de outro imóvel urbano ou rural. 1º - O título de domínio e a concessão de uso serão conferidos ao homem ou à mulher, ou a ambos, independentemente do estado civil. 2º - Esse direito não será reconhecido ao mesmo possuidor mais de uma vez. 3º - Os imóveis públicos não serão adquiridos por usucapião. Função social: moradia. Não há exigência de produtividade aqui. Art. 1.240. Aquele que possuir, como sua, área urbana de até duzentos e cinqüenta metros quadrados, por cinco anos ininterruptamente e sem oposição, utilizando-a para sua moradia ou de sua família, adquirir-lheá o domínio, desde que não seja proprietário de outro imóvel urbano ou rural. 1º - O título de domínio e a concessão de uso serão conferidos ao homem ou à mulher, ou a ambos, independentemente do estado civil. 2º - O direito previsto no parágrafo antecedente não será reconhecido ao mesmo possuidor mais de uma vez. Requisitos: Imóvel urbano até 250 m² Prazo de 5 anos Pessoalidade no exercício de atos possessórios 1. É possível usucapião especial urbano de apartamento? Objeto de condomínio edicilio. 1. Invasão de um lote com verticalizacao, atingindo 550 m². Art. 10.257, art 9 (estatuto da cidade) Art. 9o Aquele que possuir como sua área ou edificação urbana de até duzentos e cinqüenta metros quadrados, por cinco anos, ininterruptamente e sem oposição, utilizando-a para sua moradia ou de sua família, adquirir-lhe-á o domínio, desde que não seja proprietário de outro imóvel urbano ou rural. 1o O título de domínio será conferido ao homem ou à mulher, ou a ambos, independentemente do estado civil. 20

2o O direito de que trata este artigo não será reconhecido ao mesmo possuidor mais de uma vez. 3o Para os efeitos deste artigo, o herdeiro legítimo continua, de pleno direito, a posse de seu antecessor, desde que já resida no imóvel por ocasião da abertura da sucessão. Para o professor, é possível sim o usucapião de apartamento. 3. Apartamento exatamente igual a 250 m². Para efeitos de usucapião, leva-se em consideração a área exclusiva ou a fração ideal. Especial urbano familiar Art. 1.240-A. Aquele que exercer, por 2 (dois) anos ininterruptamente e sem oposição, posse direta (erro, pois não ocorreu desdobramento da posse), com exclusividade, sobre imóvel urbano de até 250m² (duzentos e cinquenta metros quadrados) cuja propriedade divida com ex-cônjuge ou ex-companheiro que abandonou o lar, utilizando-o para sua moradia ou de sua família, adquirir-lhe-á o domínio integral, desde que não seja proprietário de outro imóvel urbano ou rural. (Incluído pela Lei nº 12.424, de 2011) 1o O direito previsto no caput não será reconhecido ao mesmo possuidor mais de uma vez. Prazo de dois anos! O menor prazo de coisas moveis é de três anos. O prazo do usucapião especial urbano familiar é inferior ao prazo de usucapião de coisas moveis. É familiar pois pressupõe uma relação familiar, é usucapião entre cônjuges. O imóvel era comum e um deles abandonou o lar. Problema: o que é abandono? Pressupõe uma discussão de culpa, que já havia sido ultrapassada com a EC 66 (divorcio). Outra questão: lei Maria da Penha. O legislador parece fomentarão conflito. Há prescrição entre cônjuges? Não. A simples saída de casa não é uma separação de fato. Violação do 198, I. Inversão do elemento subjetivo: ao invés de analisar a vontade daquele que exerce atos possessórios, analisa a vontade daquele que deixou de exercer atos de posse efetivos sobre a coisa. Forma de alteração do regime patrimonial sem autorização legal ou judicial. O bem fica fora da meação. Exceção ao regime patrimonial do casamento por uma regra da usucapião. Por fim, se a intenção do legislador foi proteger o cônjuge, deveria ter sido estendido a modalidade de usucapião especial rural. 13/09 Especial urbano coletivo: Não esta expressamente prevista no texto constitucional. Interpretada pelo art. 183, CF. A disciplina, no entanto, esta no estatuto da cidade (lei 10.257). 21

A primeira idéia é de uma modalidade que promove interesses não apenas de uma família, mas de varias entidades familiares. É uma idéia plural, que ultrapassa o âmbito de uma única entidade com laços familiares próprios. Art. 10. As áreas urbanas com mais de duzentos e cinqüenta metros quadrados, ocupadas por população de baixa renda para sua moradia, por cinco anos, ininterruptamente e sem oposição, onde não for possível identificar os terrenos ocupados por cada possuidor, são susceptíveis de serem usucapidas coletivamente, desde que os possuidores não sejam proprietários de outro imóvel urbano ou rural. 1o O possuidor pode, para o fim de contar o prazo exigido por este artigo, acrescentar sua posse à de seu antecessor, contanto que ambas sejam contínuas. 2o A usucapião especial coletiva de imóvel urbano será declarada pelo juiz, mediante sentença, a qual servirá de título para registro no cartório de registro de imóveis. 5o As deliberações relativas à administração do condomínio especial serão tomadas por maioria de votos dos condôminos presentes, obrigando também os demais, discordantes ou ausentes. Pressuposto: Áreas que podem ser usucapidas coletivamente (pluralidade, pretensão plural). Áreas objeto de composse, de uma posse comum, que satisfaz indivíduos que se encontram na mesma situação (interesse individual homogêneo/comum). Exemplo de Jaboatão dos Guararapes - ocupação por necessidade, não escolha. Dalmo Dallari: Pretensões em grupo, em litisconsórcio ativo. Surge a idéia da possibilidade da usucapião ser objeto de uma pretensão plural. Legitimidade ativa extraordinária: sujeito agindo em seu próprio nome em beneficio de terceiros. É o caso legitimo do MP. Tratar um tema que é comum a partir de uma única relação processual, buscando atender mais de um sujeito com um único processo; substituição processual pela associação de moradores (Art. 12, III). Art. 12. São partes legítimas para a propositura da ação de usucapião especial urbana: III como substituto processual, a associação de moradores da comunidade, regularmente constituída, com personalidade jurídica, desde que explicitamente autorizada pelos representados. Idéia de segurança, estabilidade da posse. A viabilização disso é a titulação, a regularização. Impossibilidade técnica de se especificar com precisão qual o espaço destinado a cada uma das famílias. Dificuldade econômica para cumprir determinados requisitos, como a elaboração de um memorial descritivo. Estimula-se mais um mecanismo der regularização fundiária para a população de baixa renda, atribuindo estabilidade e segurança, a partir do momento que isto fomenta a solução de outras externalidades. O usucapião coletivo afasta o individual? Não. Mas a dificuldade esta no fato de que normalmente aquela área ocupada é menor do que o modulo urbano. Dentro dos possuidores em questão, pode inclusive haver aqueles que já tem propriedade. Leva-se em consideração o macro, não o micro. 22