ISSN Custos de Produção de CANA DE AÇÚCAR, AÇÚCAR E ETANOL NO BRASIL. Fechamento da safra 2011/2012

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Transcrição:

ISSN 2177-4358 Custos de Produção de CANA DE AÇÚCAR, AÇÚCAR E ETANOL NO BRASIL Fechamento da safra 2011/2012 ESALQ USP

CUSTOS DE PRODUÇÃO DE CANA-DE-AÇÚCAR, AÇÚCAR E ETANOL NO BRASIL: FECHAMENTO DA SAFRA 2011/2012 1ª Edição Setembro de 2012

Universidade de São Paulo - USP Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz - ESALQ Departamento de Economia, Administração e Sociologia Programa de Educação Continuada em Economia e Gestão de Empresas - PECEGE Coordenação: CARLOS EDUARDO OSÓRIO XAVIER DANIEL YOKOYAMA SONODA JOÃO HENRIQUE MANTELLATTO ROSA PEDRO VALENTIM MARQUES Equipe técnica: ANA MARIA COVOLAM ANDRÉ FELIPE DANELON DIOGO FRANCISCO MARTINS GUERREIRO DIOGO MARCONDES GONÇALVES MONTEIRO DOUGLAS BENCIVENI BOTTREL HENRIQUE ROSA ANTUNES MARIA ALICE MÓZ CHRISTOFOLETTI MARIANA JAOUDE RAONI SATO TEIXEIRA RICARDO DE CAMPOS BULL PECEGE. Custos de produção de cana-de-açúcar, açúcar e etanol no Brasil: Fechamento da safra 2011/2012. Piracicaba: Universidade de São Paulo, Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz, Programa de Educação Continuada em Economia e Gestão de Empresas/Departamento de Economia, Administração e Sociologia. 2012. 50 p. Relatório apresentado à Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil CNA. ISSN 2177-4358 2

AGRADECIMENTOS O PECEGE/CNA agradece a participação e apoio das instituições e empresas destacadas. Todas elas colaboraram com este trabalho e aceitaram a divulgação de seus nomes. 3

SUMÁRIO AGRADECIMENTOS... 3 SUMÁRIO EXECUTIVO... 5 1. INTRODUÇÃO... 9 2. FORNECEDORES... 10 2.1 Metodologia de cálculo dos custos... 11 2.1.1 Alterações nos fatores de formação de custos... 13 2.2 Indicadores Técnicos... 16 2.3 Custos de Produção... 18 2.4 Modelos Macrorregionais... 22 3. USINAS... 26 3.1 Metodologia de cálculo dos custos... 28 3.1.1 Atualizações na metodologia de cálculo de custos... 29 3.1.2 Explicações sobre cálculo de custos por produtos industriais... 32 3.2 Indicadores Técnicos de Produção... 34 3.2.1 Estimativa de preço da cana do fornecedor para cada perfil de produção... 36 3.3 Indicadores de preços... 37 3.4 Custos de Produção Agroindustrial... 38 3.4.1 Custos de Produção Agrícola... 38 3.4.2 Custos Agroindustriais... 44 3.5 Evolução dos Custos... 47 4. CONCLUSÕES... 48 5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS... 50 4

SUMÁRIO EXECUTIVO O Programa de Educação Continuada em Economia e Gestão de Empresas PECEGE, vinculado à Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz ESALQ da Universidade de São Paulo USP, com o apoio da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil CNA, divulga o relatório de custos de produção de cana-de-açúcar, açúcar e etanol para fechamento da safra 2011/12 no Brasil. Este é o sétimo relatório dessa pesquisa que analisou as cinco últimas safras canavieiras no país. Os levantamentos de custos já realizados contaram com o apoio de quase duas centenas de instituições, entre usinas, associações de fornecedores de cana-de-açúcar, sindicatos, federações, fabricantes de equipamentos, centros de pesquisa, fornecedores de insumos e financiadores desses estudos. Para todos os apoiadores desse trabalho, é disponibilizado acesso às análises técnicas e ferramentas sobre custos de produção, assim como benchmarkings sobre as condições técnicas e econômicas da gestão de custos, preços de insumos e processos produtivos. Essas informações são disponibilizadas através do Portal de Informações Sucroenergéticas do PECEGE (www.pecege.esalq.usp.br/portal). Este relatório disponibiliza os dados de custos de produção na safra 2011/12 de usinas e fornecedores de cana da região Centro-Sul Tradicional (delimitada pelos estados de SP, PR), Centro-Sul Expansão (GO, MG, MS e MT) e Nordeste (AL, PB, PE). A amostra da pesquisa respondeu por, aproximadamente, um terço da produção nacional (cerca de 170 milhões toneladas de cana), contando com o apoio de instituições de classe de todos os estados pesquisados, bem como a participação de 18 dos 30 maiores grupos produtores do setor. Os fatores determinantes dos níveis de custos de produção dessa safra, em ordem de importância, foram: redução da produtividade agroindustrial, recuperação dos preços do açúcar etanol e atualização monetária dos preços dos principais fatores de produção. Na região Centro-Sul, a safra foi marcada pela queda na produtividade da lavoura, redução no teor de ATR e alta ociosidade da capacidade industrial instalada para processamento de cana. Ou seja, uma forte queda de produtividade agroindustrial destacada pela redução de 18,9% e 22,8% no montante de açúcares redutores produzidos pela área agrícola e processados nas agroindústrias típicas das regiões Tradicional e Expansão, respectivamente. Com isso, custos fixos como salários, manutenção de máquinas e equipamentos agroindustriais, assim como os custos de capital, foram divididos por uma menor quantidade de produção, incorrendo em aumento de custos unitários dos produtos. Na região Nordeste, por outro lado, a melhor produtividade agrícola, impactou em redução dos custos da matéria-prima produzida pela usina e aumento da produtividade e taxa de ocupação agroindustrial. A recuperação dos preços do açúcar e etanol foi fator significativo para o aumento de custos em todas as regiões, uma vez que fatores de produção relevantes, como preço da cana e remuneração da terra, são indexados a esses valores. Em geral, as variações nos preços dos demais fatores de produção agroindustriais foram próximas à taxa de inflação da economia brasileira em 2011, e, consequentemente, tiveram menor impacto no aumento de custos da safra 2011/12. Apesar do forte aumento de custos, os preços mais altos dos produtos permitiram bons resultados para todos os agentes do setor sucroenergético. A exceção ficou por conta do etanol hidratado e a cana de fornecedores nas regiões Tradicional e Nordeste que, apesar de apresentarem sobra de caixa em relação ao custo operacional, não conseguiram lograr lucro 5

econômico. A Tabela A destaca o resumo dos custos totais econômicos da cana na safra 2011/2012 e a Tabela B apresenta a divisão de custos operacionais por processo de produção agrícola de fornecedores de cana-de-açúcar. Tabela A. Custos da cana-de-açúcar (R$/t) e margem de contribuição na safra 2011/12. Agente Fornecedor Usina Região Custo operacional 1 Custo econômico (COT) (CT) Margem econômica CS Tradicional 57,28 81,39-16% CS Expansão 49,15 62,56 11% Nordeste 66,23 82,98-15% CS Tradicional 65,84 77,21 CS Expansão 61,45 70,58 Nordeste 63,05 74,31 Tabela B. Custos por etapa de produção de cana-de-açúcar na safra 2011/12 dos fornecedores. Descrição Tradicional Expansão Nordeste R$/ha R$/t R$/ha R$/t R$/ha R$/t Preparo de solo 186,64 2,52 187,46 2,40 208,26 3,59 Hectare cultivado 1.119,86-937,28-1.041,28 - Plantio 542,57 7,33 691,21 8,86 752,23 12,97 Hectare cultivado 3.255,40-3.456,06-3.761,14 - Tratos planta 61,07 0,83 88,77 1,14 109,80 1,89 Hectare cultivado 366,40-443,83-549,01 - Formação do canavial¹ 790,28 10,68 967,43 12,40 1.070,29 18,45 Hectare cultivado 4.741,67-4.837,17-5.351,43 - Tratos soca 910,23 12,30 794,58 10,19 711,23 12,26 Hectare cultivado 1.092,28-993,22-889,03 - Colheita 1.752,02 23,68 1.572,96 20,17 1.453,38 25,06 Remuneração da terra 1.442,30 19,49 705,08 9,04 574,50 9,91 Outros 1.128,22 15,25 839,57 10,76 1.003,71 17,31 Arrendamento 128,61 1,74 176,27 2,26 47,88 0,83 Despesas administrativas 241,21 3,26 133,05 1,71 196,93 3,40 Capital de giro 71,15 0,96 26,60 0,34 47,96 0,83 Benfeitorias / irrigação (D) 40,25 0,54 28,85 0,37 53,54 0,92 Rem. do proprietário 309,91 4,19 138,23 1,77 263,89 4,55 Rem. do capital 337,09 4,56 336,56 4,31 393,51 6,78 TOTAL 6.023,05 81,39 4.879,61 62,56 4.813,11 82,98 ¹ Formação do canavial é resultado da somatória dos itens preparo de solo, plantio e tratos culturais cana planta Mantendo a tendência da safra anterior, a produção de açúcar permaneceu significativamente mais rentável, porém, com tendência de redução de margens. A produção de etanol só permaneceu atrativa na região de Expansão. Os resultados econômicos obtidos pela produção de açúcar e etanol são mostrados nas Tabelas C e D. 1 No cálculo do Custo Operacional Total COT são considerados os desembolsos realizados ao longo da safra (tais como mão de obra, insumos, materiais de escritório, dentre outros), assim como depreciações de benfeitorias, máquinas e equipamentos. O Custo Total - CT leva em conta também os custos de oportunidade do capital investido. 6

Expansão Tradicional Nordeste Expansão Tradicional Nordeste Expansão Tradicional Nordeste Expansão Tradicional Nordeste Expansão Tradicional Nordeste R$/t Tabela C. Custos e margem de contribuição de açúcar VHP e branco (R$/t) na safra 2011/12. Produto Região Custo operacional Custo econômico (COT) (CT) Margem Econômica CS Tradicional 738,70 867,34 6,5% Açúcar VHP CS Expansão 704,24 831,79 7,8% Nordeste 714,47 835,33 32,9% CS Tradicional 813,98 943,14 19,8% Açúcar Branco CS Expansão 770,48 898,54 30,4% Nordeste 772,21 893,43 29,0% Tabela D. Custos e margem de contribuição etanol anidro e hidratado (R$/m³) na safra 2011/12. Produto Região Custo operacional Custo econômico (COT) (CT) Margem Econômica CS Tradicional 1.201,52 1.413,54-0,3% Etanol anidro CS Expansão 1.151,36 1.361,04 2,4% Nordeste 1.214,74 1.420,22-4,5% CS Tradicional 1.126,38 1.327,60-3,8% Etanol hidratado CS Expansão 1.090,63 1.289,63 1,5% Nordeste 1.152,89 1.347,91-10,2% A evolução dos custos totais de produção (CT) medidos pelo PECEGE/CNA e preços dos produtos do setor sucroenergético é apresentada nas Figuras A, B e C. 90 80 70 60 50 40 30 20 10 0 2007/08 2008/09 2009/10 2010/11 2011/12 Figura A Evolução custos totais (CT) da cana própria de usinas nas regiões. 7

Expansão Tradicional Nordeste Expansão Tradicional Nordeste Expansão Tradicional Nordeste Expansão Tradicional Nordeste Expansão Tradicional Nordeste R$/t Expansão Tradicional Nordeste Expansão Tradicional Nordeste Expansão Tradicional Nordeste Expansão Tradicional Nordeste Expansão Tradicional Nordeste R$/t 1200 1000 800 600 400 200 0 2007/08 2008/09 2009/10 2010/11 2011/12 CT Preço Figura B Evolução custos totais (CT) e preço médio açúcar VHP nas regiões 1600 1400 1200 1000 800 600 400 200 0 2007/08 2008/09 2009/10 2010/11 2011/12 Figura C Evolução custos totais (CT) e peço médio do etanol hidratado nas regiões. CT Preço A pesquisa desenvolvida pela parceria PECEGE/CNA sobre os custos de produção da cana-de-açúcar, açúcar e etanol reforça o compromisso do trabalho para a difusão de indicadores, ferramentas e métodos de cálculos de custos. Espera-se que os resultados e análises apresentados no trabalho retribuam o apoio recebido dos participantes da pesquisa, que nesse momento, necessitam de boas informações para apoiar ações para melhoria nas suas práticas de gestão e planejamento. 8

1. INTRODUÇÃO Neste ano de 2012, o Programa de Educação Continuada em Economia e Gestão de Empresas (PECEGE) apresenta o 7º Relatório de Custos de Produção do Setor Sucroenergético, desenvolvido em parceria com a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) e fomentado por instituições que, desde 2011, são assinantes do portal sucroenergético. O objetivo da pesquisa é apresentar de forma detalhada os custos agroindustriais do setor canavieiro para os sistemas de produção de fornecedores de cana e usinas produtoras de cana, açúcar e etanol na safra 2011/12. Os dados são coletados nacionalmente e agregados em três regiões: Centro-Sul Tradicional (SP e PR), Centro-Sul Expansão (MG, GO, MS e MT) e Nordeste (AL, PE, PB). Esse relatório sintetiza os resultados da pesquisa iniciada em abril e concluída em agosto de 2012, período em que as usinas, fornecedores de cana-de-açúcar e representantes de classe de todo Brasil puderam consolidar os custos e indicadores referentes à safra analisada. Esse documento está organizado, basicamente, em dois capítulos: o primeiro apresenta as principais questões metodológicas, resultados/análises de custos e fatores de produção medidos no levantamento feito com os fornecedores, seguido por um capítulo que contempla análise relativa aos custos das usinas. Os resultados dos levantamentos contendo o detalhamento tecnológico, indicadores de produção, níveis de preços e evolução desses fatores ao longo das cinco últimas safras, podem ser acessados pelos participantes dessa pesquisa através do Portal de Informações Sucroenergéticas do PECEGE, disponível em www.pecege.esalq.usp.br/portal. 9

2. FORNECEDORES Especificamente para a coleta de informações de fornecedores de cana-de-açúcar, realizase o chamado painel, caracterizado como um encontro técnico presencial. Os participantes deste encontro, que em geral são produtores rurais e técnicos de cooperativas, associações e sindicatos, caracterizam de forma consensual a unidade produtiva modal da região em questão, indicando os coeficientes técnicos e econômicos pré-determinados que definem o pacote tecnológico de produção de cana. Os painéis, assim como amostra de unidades industriais, são agrupados em três macrorregiões produtoras, Centro-Sul Tradicional, Centro-Sul Expansão e Nordeste, cujas especificações das localidades amostradas são detalhadas na Tabela 1. Como se observa, foram amostradas um total de 15 regiões produtoras de cana-de-açúcar, dispersas em 9 estados distintos. Uma modificação importante foi na atribuição de diferentes pesos de cada painel para os indicadores de produção de cada região amostrada, conforme a quarta coluna da tabela 1. Esses pesos indicam a representatividade de uma região na amostra da macrorregião, dessa forma, o valor médio regional é calculado como uma média ponderada dessas observações. Nos levantamentos anteriores, a definição dos modelos contava com um procedimento estatístico de eliminação de informações discrepantes, de modo que dados outliers não comprometessem a homogeneidade amostral e, consequentemente, a análise dos resultados. Entretanto, com a evolução dos levantamentos e constantes melhorias na metodologia, verificou-se que as especificidades regionais de cada região não poderiam ser descartadas. Os dados de área cultivada disponibilizados por microregião pela União da Indústria de Cana-de-açúcar (UNICA), por meio da plataforma UNICADATA, foram os parâmetros usados para a definição da representatividade de cada painel na amostra da região Tradicional, uma vez que os painéis são definidos por microrregiões nesses estados. A definição dos pesos dos painéis das macrorregiões Centro-Sul Expansão e Nordeste foi definida pela representatividade do estado de realização do painel. Apenas no estado de Goiás, que possui dois painéis, a representatividade dos painéis de Goiatuba e Quirinópolis foi definida pela ponderação da área cultivada na micorregião de cada painel multiplicada pela representatividade do estado na região de Expansão. 10

Tabela 1. Localidades e participações relativas dos painéis na safra 2011/12 Macrorregião Painel UF Participação relativa no modelo - % Assis SP 12% Catanduva SP 14% Jacarezinho SP 3% Centro-Sul Jaú SP 21% Tradicional Piracicaba SP 10% Porecatu PR 7% Sertãozinho PR 32% Centro-Sul Expansão Nordeste Goiatuba GO 18% Maracaju MS 24% Nova Olímpia MT 9% Quirinópolis GO 14% Uberaba MG 35% João Pessoa PB 13% Maceió AL 53% Recife PE 34% 2.1 Metodologia de cálculo dos custos A metodologia aplicada no estudo seguiu os procedimentos delineados por Matsunaga et al. (1976), cujas definições se baseiam nos custos operacionais de produção. Apesar de já existir um detalhamento completo sobre metodologia utilizada nos relatórios anteriores, esse capítulo possui como meta ressaltar aspectos relevantes para a compreensão dos resultados apresentados sobre a formação dos custos para os fornecedores de cana-de-açúcar. A partir dos valores desembolsados direta e indiretamente pelos produtores ao longo da safra, os custos de produção são alocados em três parcelas. O Custo Operacional Efetivo COE considera todos os itens de custo despendidos diretamente à produção, no caso do modelo de fornecedores: i) maquinário (excluso depreciações e custos de capital de equipamentos próprios); ii) mão de obra; iii) insumos; iv) gastos com arrendamentos; v) despesas administrativas e, vi) financiamento de capital de giro. Cabe ressaltar que a formação do canavial (preparo de solo + plantio + tratos planta) é considerada um investimento e que será amortizado nos anos subsequentes, no caso o número de cortes por estágio. Sendo assim, são considerados como depreciações, estando alocados, portanto, na segunda parcela da estrutura de custos, o Custo Operacional Total COT. O COT é a parcela que adiciona aos custos diretos (COE), os custos indiretos, relacionados basicamente a depreciações e remuneração do proprietário. Nas depreciações, além dos valores da formação 11

do canavial, são consideradas as depreciações de máquinas e implementos (de todos os equipamentos próprios utilizados nos estágios de produção, do preparo à colheita), benfeitorias e estruturas de irrigação. Um ponto a ser ressaltado é que, no caso de itens comuns à formação do canavial, tratos soca e colheita, como por exemplo, mão de obra administrativa e máquinas/implementos, os valores são rateados entre os estágios, de modo que as parcelas COE e COT não sofram distorções na distribuição do custo. Por fim, a última parcela do custo refere-se aos custos de oportunidade do capital investido na produção que são somados aos itens custos do COE e COT para formar o Custo Total CT. Por premissa, a remuneração da terra é considerada igual ao valor do seu arrendamento e todo o capital alocado para formação do canavial, máquinas/implementos, benfeitorias e estrutura de irrigação são considerados próprios e remunerados à taxa de 6% ao ano. Sinteticamente, segue abaixo um resumo da estrutura de custos utilizados: Custo operacional efetivo COE (+) Canavial pleno (Tratos soca + Colheita) (+) Maquinário* (-) Depreciações e capital (+) Mão de obra (+) Insumos (+) Arrendamentos (+) Despesas Administrativas (+) Capital de giro financiado Quadro 1 Detalhamento dos componentes de custos do COE de fornecedores. * Valores referentes a operadores e diesel/lubrificantes são alocados, respectivamente, em mão de obra e insumos. 12

Custo operacional total COT (+) COE (+) Remuneração do proprietário (+) Depreciações (+) Formação do canavial (Preparo de solo + Plantio + Tratos Planta) (+) Maquinário (-) Depreciações e capital (+) Mão de obra (+) Insumos (+) Maquinário (Ciclo todo: do preparo a colheita) (+) Benfeitorias (+) Estrutura de irrigação Quadro 2 Detalhamento dos componentes de custos do COT de fornecedores * Valores referentes a operadores e diesel/lubrificantes são alocados, respectivamente, em mão de obra e insumos. Custo Total CT (+) COT (+) Remuneração da terra (+) Remuneração do capital (+) Formação do canavial (Preparo de solo + Plantio + Tratos Planta) (-) Capital de maquinários (+) Maquinário (Ciclo todo: do preparo à colheita) (+) Benfeitorias (+) Estrutura de irrigação Quadro 3 Detalhamento dos componentes de custos do CT de fornecedores * Valores referentes a operadores e diesel/lubrificantes são alocados, respectivamente, em mão de obra e insumos. 2.1.1 Alterações nos fatores de formação de custos Buscando retratar os custos de produção abrangidos pela pesquisa de forma mais compatível com a realidade do setor, algumas alterações metodológicas foram realizadas ao longo dos levantamentos, especificamente em relação aos custos de produção dos fornecedores. Como notado abaixo, as modificações acabaram por acrescentar custos não contabilizados, além de reconsiderar alguns pontos que subestimavam os valores finais nas safras anteriores. Além disto, algumas modificações nos indicadores técnicos dos modelos, como por 13

exemplo, alterações nas áreas de produção, não permitem que seja feita uma comparação/evolução direta de custos entre as safras levantadas para os fornecedores. As seguintes modificações foram realizadas na metodologia proposta pelo PECEGE/CNA: i) Participação da cana de ano-e-meio na estrutura de produção: Nos levantamentos anteriores, o modelo de custos considerava que toda cana plantada era também colhida na mesma safra, ou seja, uma estrutura de produção adequada apenas para o sistema de produção de canade-ano, que consiste no plantio de determinada área em uma safra e colheita na safra subsequente. A partir deste relatório, a contabilização irá considerar o sistema de plantio vigente, isto é, considerará as participações de cana-de-ano e cana-de-ano-e-meio no plantio. E qual o impacto dessa alteração no custo final? No sistema de produção de cana de ano-e meio, após a colheita, que ocorre geralmente no período entre abril e novembro, a área é plantada no final da safra, isto é, entre janeiro e março. Nesse sistema de plantio, a cana necessita de aproximadamente 18 meses de desenvolvimento, logo, não há colheita da área na safra subsequente ao plantio. Assim, a produção total do fornecedor no caso de plantio de ano-emeio diminui. Por premissa, os cálculos de custos agrícolas consideram um canavial com área de produção estável ao longo das safras e participação idêntica da área de cada idade de corte desse canavial. Dessa forma, o valor exato da área de colheita é definido pela equação (1). A mudança do cálculo de área de colheita considerada causou um aumento de cerca de 5% nos custos. ii) Rateio da mão de obra administrativa: Na identificação das operações agrícolas realizadas no sistema produtivo de cana-de-açúcar, algumas características técnicas são coletadas para que seja definida a composição do custo de determinada operação. De tal modo, na safra 2011/12, foi possível a identificação da distribuição da carga horária da mão de obra administrativa fixa, utilizada diretamente nas operações agrícolas, e seu rateio ao longo dos estágios. E qual o impacto dessa alteração no custo final? Os modelos anteriores alocavam integralmente os custos da mão de obra administrativa no COE. Entretanto, observou-se que boa parte do tempo despendido pelos funcionários fixos era na formação do canavial, cuja alocação é realizada no COT. Dessa forma, tal alteração causou a mudança na distribuição dos valores entre 14

as parcelas do custo, além de aumentar o custo final, em função da realocação da remuneração do capital da mão de obra. Os maiores aumentos registrados foram para a região Nordeste, de cerca de 1,5%. iii) Inclusão de impostos e contribuições: Os painéis realizados a partir da safra 2011/12 contaram com a inclusão Imposto Territorial Rural (ITR) e Contribuição Sindical Rural (CSR), encargos pertinentes a produtores rurais 2. As alíquotas de ambos são variáveis de acordo com o valor da terra, tamanho da área e grau de utilização da mesma. E qual o impacto dessa alteração no custo final? Houve sensível aumento no custo final, sendo que os valores foram de até 0,54 R$/t para o ITR e 0,29 R$/t para o CSR, não necessariamente simultâneos. iv) Modificação da Estrutura de financiamento: Os custos financeiros com aquisição de empréstimos para capital de giro deixaram de ser um componente do item remuneração de capital e foram alocados em um novo grupo do COE chamado de financiamento de capital de giro. Houve também uma mudança na operacionalização do cálculo do capital de giro, passando a ser considerado como o valor monetário referente ao juro real incorporado nas parcelas de pagamento do financiamento contratado. Para o cálculo do montante de juro real, foi considerada uma taxa de inflação definida pela média das inflações anuais no mês de setembro do IGP-DI Índice de Geral de Preços nos n anos (sendo n metade do prazo de pagamento do financiamento) e a expectativa anual de inflação do boletim Focus do Banco Central no mês de setembro da safra analisada. E qual o impacto dessa alteração no custo final? Em geral, o custo total não teve impacto, porém, houve um aumento do COE e redução do valor de remuneração de capital. Dois aspectos relevantes foram: i) na média, todo o capital de giro foi adquirido via financiamento e, dessa forma, o item remuneração de capital de giro próprio deixou de ser apresentado em muitos casos; ii) em virtude da existência de linhas de crédito rural a juros inferiores às expectativas taxas de inflação, houve casos de custo de capital de giro negativo, isto é, as linhas de crédito rural serviram como um subsídio ao fornecedor. 2 Para maiores detalhes, consultar: Tributações no Agronegócio Análise de seus impactos sobre preços, folha de pagamento e lucros (BACHA, C. J. C.). 15

2.2 Indicadores Técnicos Os principais indicadores de produção coletados junto aos fornecedores, bem como os resultados de tais parâmetros para os modelos regionais, são evidenciados na Tabela 2. Cabe ressaltar que os indicadores dos modelos são definidos a partir de uma média ponderada entre os painéis, conforme descrição no item 2. Dentre os valores apurados, vale destacar: Centro-Sul Tradicional i) Queda nos valores de produtividade agrícola, sendo os menores valores já registrados nos levantamentos, com redução de 11% em relação à safra 2010/11. Tal queda está relacionada, principalmente, à falta de investimentos nos canaviais, sobretudo no que diz respeito à baixa taxa de renovação das áreas. Reflexo disso é o maior número de cortes por ciclo produtivo, passando de 5 para 6 cortes, em sua maioria; ii) Altos valores de arrendamento praticados comparativamente às outras regiões. Centro-Sul Expansão i) Com exceção do painel de Maracaju, que apresenta áreas em expansão e, portanto, canaviais de primeiro corte com alta produtividade, os indicadores de produtividade foram os menores já registrados no levantamento; ii) Maior escala de produção, resultando em diluição dos custos fixos; iii) Altos índices de colheita mecanizada. Nordeste i) Apesar dos baixos níveis históricos de produtividade, não foram verificadas quedas representativas em relação à safra passada; ii) Menores índices de qualidade da matéria-prima (ATR); iii) Dado o mix de produção açucareiro, os preços de ATR praticados são maiores quando se comparados à região Centro-Sul; iv) Ainda não são verificados valores para colheita mecanizada de cana. 16

Tabela 2. Principais indicadores técnicos dos fornecedores de cana-de-açúcar PAINEL UF ÁREA TOTAL % ÁREA ARREND PRODUT. MÉDIA PRODUÇÃO TOTAL CORTES ATR - QTDE ATR - PREÇO RAIO MÉDIO COLHEITA MECAN ARRED - QTDADE ha % t/ha t n kg/t R$/kg km % t/ha Assis SP 400 10% 80 27.394 6 136,57 0,5018 25 40% 13 Catanduva SP 150 0% 77 9.939 6 147,71 0,5018 25 50% 27 Jacarezinho PR 100 40% 68 5.829 6 134,83 0,5018 30 60% 17 Jau SP 80 0% 74 4.933 5 138,00 0,5018 30 70% 19 Piracicaba SP 80 50% 82 5.433 5 138,00 0,5018 27 40% 18 Porecatu PR 120 0% 70 7.200 6 134,79 0,4900 22 45% 15 Sertãozinho SP 200 0% 70 12.000 6 140,48 0,5018 25 70% 28 Goiatuba GO 1.000 0% 80 66.667 5 149,44 0,4903 15 100% 12 Maracaju MS 170 0% 103 14.646 5 131,72 0,5018 20 100% 11 Nova Olímpia Quirinópoli s MT 350 30% 53 15.458 5 141,63 0,5018 30 90% 10 GO 400 0% 72 24.010 5 143,36 0,4841 20 100% 12 Uberaba MG 425 50% 70 24.792 5 140,08 0,4600 25 95% 13 João Pessoa PB 85 0% 53 3.754 5 130,00 0,5343 25 0% 5 Maceió AL 140 14% 60 7.200 6 133,00 0,5540 25 0% 10 Recife PE 170 0% 58 8.217 5 132,77 0,5343 20 0% 6 Tradicional - 171 8% 74 10.846 6 139,63 0,5018 26 58% 22 Expansão - 455 20% 78 29.575 5 140,35 0,5018 22 97% 12 Nordeste - 143 8% 58 6.912 5 132,53 0,5448 23 0% 8 17

2.3 Custos de Produção Os custos de produção de cana-de-açúcar e preços praticados na safra 2011/12 para os fornecedores são ilustradas na Figura 1. Como se observa, em praticamente todos os painéis realizados, os atuais preços da cana-de-açúcar foram suficientes para cobrir os custos operacionais totais do produtor (COT), resultando em margem líquida positiva. Entretanto, quando se analisa a atividade de longo prazo, ou seja, incorporando os custos de oportunidade relacionados ao capital e a terra ao custo operacional total, a situação não se mostra favorável em sua maioria: apenas os painéis de Assis, na região Centro-Sul Tradicional e os painéis de Maracaju e Goiatuba, na região Centro-Sul Expansão, apresentaram lucro econômico. Basicamente, os principais motivos dessa situação favorável nestas regiões são: i) maior escala de produção, especificamente para Goiatuba e Assis; ii) queda menos abrupta de produtividade, com Maracaju, inclusive, alcançando altos valores, dado expansão do canavial e presença de cana de primeiro corte; e, iii) menores valores de arrendamentos praticados e, consequentemente, menores custos com remuneração da terra. A propósito, Assis se mostra uma região atípica em termos de arrendamento em comparação aos outros painéis da região Tradicional. De forma a complementar à compreensão dos custos de produção, é realizado um detalhamento dos fatores de formação de custos para os painéis amostrados (Quadro 4, Quadro 5 e Quadro 6). Ressalta-se que os custos pertinentes à formação do canavial (preparo de solo, plantio e tratos planta) são apresentados tanto em valores absolutos (real montante gasto em hectare cultivado num determinado estágio de produção) quanto em valores relativos, ou seja, ponderado pela área de realização (hectare colhido), sendo este o valor considerado para o cálculo do custo total. 18

R$/t 100 90 80 70 60 50 40 30 20 10 0 ASS CAT JAC JAU PIR POR SER GOI MCJ NOV QUI UBE JOA MAC REC Tradicional Expansão Nordeste RT + RC 13,77 29,44 17,14 24,45 13,28 17,86 32,85 15,13 10,83 14,65 17,07 10,84 15,57 17,40 14,92 DEP + RP 10,45 15,37 20,00 20,62 17,76 14,46 18,56 15,49 10,58 17,85 18,26 15,80 29,79 21,26 24,60 COE 36,07 41,91 46,65 41,83 44,04 37,72 41,75 33,86 30,19 44,11 36,56 38,04 43,69 41,40 43,75 CT 60,29 86,71 83,79 86,90 75,08 70,04 93,16 64,48 51,60 76,62 71,89 64,69 89,04 80,06 83,27 PREÇO 68,53 74,12 67,66 69,25 69,25 66,05 70,49 73,27 66,10 71,07 69,40 64,44 69,46 73,68 70,94 COE DEP + RP RT + RC CT PREÇO * RT Remuneração da terra; RC Remuneração do capital; DEP Depreciações; RP Remuneração do proprietário; COE Custo operacional efetivo; CT Custo total Figura 1. Custos de produção e preços da cana-de-açúcar por painel na safra 2011/12 19

Descrição Assis Catanduva Jacarezinho Jau Piracicaba Porecatu Sertãozinho R$/ha R$/t R$/ha R$/t R$/ha R$/t R$/ha R$/t R$/ha R$/t R$/ha R$/t R$/ha R$/t Preparo de solo 101,55 1,27 283,24 3,66 233,21 3,43 232,69 3,14 210,45 2,58 191,61 2,74 176,38 2,52 Hectare cultivado 609,33-1.699,47-1.399,23-1.163,47-1.052,26-1.149,67-1.058,27 - Plantio 502,20 6,29 455,81 5,90 537,27 7,90 618,73 8,36 655,96 8,05 459,05 6,56 570,35 8,15 Hectare cultivado 3.013,20-2.734,87-3.223,63-3.093,63-3.279,80-2.754,33-3.422,08 - Tratos planta 29,34 0,37 44,67 0,58 66,17 0,97 75,50 1,02 107,18 1,32 53,40 0,76 91,72 1,31 Hectare cultivado 176,01-268,02-397,04-377,51-535,91-320,39-550,32 - Formação do canavial* 633,09 7,92 783,73 10,14 836,65 12,30 926,92 12,53 973,59 11,95 704,06 10,06 838,45 11,98 Hectare cultivado 3.798,54-4.702,36-5.019,91-4.634,60-4.867,97-4.224,39-5.030,67 - Tratos soca 816,04 10,21 850,93 11,01 877,80 12,91 842,37 11,38 847,62 10,40 725,17 10,36 1.165,82 16,65 Hectare cultivado 979,25-1.021,12-1.053,36-1.052,96-1.059,53-870,20-1.398,99 - Colheita 1.751,05 21,92 1.906,80 24,67 1.571,50 23,11 1.753,23 23,69 1.849,63 22,69 1.820,00 26,00 1.495,90 21,37 Remuneração da terra 812,36 10,17 1.927,94 24,94 728,33 10,71 1.358,74 18,36 679,69 8,34 936,30 13,38 1.963,65 28,05 Outros 804,27 10,07 1.233,28 15,95 1.683,19 24,75 1.549,02 20,93 1.768,46 21,70 717,08 10,24 1.057,55 15,11 Arrendamento 90,26 1,13 0,00 0,00 485,56 7,14 0,00 0,00 679,69 8,34 0,00 0,00 0,00 0,00 Despesas administrativas 254,92 3,19 339,26 4,39 228,00 3,35 453,49 6,13 194,95 2,39 140,56 2,01 198,55 2,84 Capital de giro 0,00 0,00 184,98 2,39 56,26 0,83 103,89 1,40 63,17 0,78 0,00 0,00 85,59 1,22 Benfeitorias / irrigação (D)** 37,04 0,46 39,67 0,51 73,73 1,08 102,60 1,39 67,14 0,82 38,50 0,55 22,75 0,33 Rem. do proprietário 137,58 1,72 326,12 4,22 407,65 5,99 445,51 6,02 366,89 4,50 229,30 3,28 417,84 5,97 Rem. do capital 284,46 3,56 343,25 4,44 431,98 6,35 443,54 5,99 396,63 4,87 308,72 4,41 332,82 4,75 TOTAL 4.816,81 60,29 6.702,68 86,71 5.697,47 83,79 6.430,29 86,90 6.119,00 75,08 4.902,62 70,04 6.521,37 93,16 Quadro 4. Detalhamento dos fatores de formação dos custos de produção de cana-de-açúcar: painéis da macrorregião Centro-Sul Tradicional * Formação do canavial é resultado da somatória dos itens preparo de solo, plantio e tratos culturais cana planta ** Depreciação relativa a benfeitorias e equipamentos de irrigação 20

Descrição Goiatuba Maracaju N. Olímpia Quirinópolis Uberaba R$/ha R$/t R$/ha R$/t R$/ha R$/t R$/ha R$/t R$/ha R$/t Preparo de solo 144,49 1,81 97,69 0,94 86,53 1,63 177,01 2,46 211,45 3,02 Hectare cultivado 722,45-488,47-432,66-885,06-1.057,27 - Plantio 810,07 10,13 775,70 7,50 596,55 11,26 795,73 11,05 671,91 9,60 Hectare cultivado 4.050,35-3.878,52-2.982,75-3.978,64-3.359,57 - Tratos planta 110,32 1,38 58,17 0,56 51,84 0,98 94,72 1,31 86,02 1,23 Hectare cultivado 551,62-290,86-259,22-473,58-430,11 - Formação do canavial* 1.064,88 13,31 931,57 9,01 734,92 13,87 1.067,46 14,82 969,39 13,85 Hectare cultivado 5.324,42-4.657,85-3.674,62-5.337,28-4.846,94 - Tratos soca 1.019,08 12,74 919,61 8,90 809,32 15,27 1.161,73 16,13 564,40 8,06 Hectare cultivado 1.273,85-1.149,51-1.011,65-1.452,16-705,50 - Colheita 1.466,40 18,33 2.147,20 20,77 1.173,63 22,14 1.337,60 18,57 1.592,01 22,74 Remuneração da terra 861,15 10,76 807,90 7,81 514,12 9,70 850,26 11,80 422,12 6,03 Outros 746,84 9,34 527,86 5,11 828,75 15,64 761,21 10,57 980,09 14,00 Arrendamento 0,00 0,00 0,00 0,00 220,34 4,16 0,00 0,00 420,14 6,00 Desp. administrativas 199,46 2,49 69,41 0,67 140,75 2,66 163,02 2,26 115,66 1,65 Capital de giro 36,43 0,46 34,07 0,33 67,36 1,27 49,16 0,68 0,00 0,00 Benfeitorias /irrigação 21,16 0,26 17,79 0,17 17,83 0,34 31,71 0,44 26,87 0,38 Rem. do proprietário 146,75 1,83 98,66 0,95 125,79 2,37 144,13 2,00 83,86 1,20 Rem. do capital 343,03 4,29 307,94 2,98 256,69 4,84 373,19 5,18 333,56 4,77 TOTAL 5.158,35 64,48 5.334,14 51,60 4.060,75 76,62 5.178,25 71,89 4.528,01 64,69 Quadro 5. Detalhamento dos fatores de formação dos custos de produção de cana-de-açúcar: painéis da macrorregião Centro-Sul Expansão * Formação do canavial é resultado da somatória dos itens preparo de solo, plantio e tratos culturais cana planta ** Depreciação relativa a benfeitorias e equipamentos de irrigação 21

João Pessoa Maceió Recife Descrição R$/ha R$/t R$/ha R$/t R$/ha R$/t Preparo de solo 199,06 3,76 204,99 3,42 121,31 2,09 Hectare cultivado 995,32-1.229,93-606,53 - Plantio 708,58 13,37 655,62 10,93 887,74 15,31 Hectare cultivado 3.542,90-3.933,73-4.438,68 - Tratos planta 221,55 4,18 76,79 1,28 110,96 1,91 Hectare cultivado 1.107,73-460,74-554,80 - Formação do canavial* 1.129,19 21,31 937,40 15,62 1.120,00 19,31 Hectare cultivado 5.645,95-5.624,40-5.600,01 - Tratos soca 537,39 10,14 786,39 13,11 531,53 9,16 Hectare cultivado 671,74-943,67-664,42 - Colheita 1.325,00 25,00 1.358,19 22,64 1.834,05 31,62 Remuneração da terra 381,49 7,20 632,06 10,53 457,83 7,89 Outros 1.346,15 25,40 1.089,67 18,16 886,11 15,28 Arrendamento 0,00 0,00 105,34 1,76 0,00 0,00 Despesas administrativas 184,72 3,49 195,06 3,25 190,51 3,28 Capital de giro 268,31 5,06 73,49 1,22 36,09 0,62 Benfeitorias / irrigação (D)** 63,53 1,20 53,17 0,89 40,66 0,70 Rem. do proprietário 388,47 7,33 254,78 4,25 215,82 3,72 Rem. do capital 441,12 8,32 407,83 6,80 403,03 6,95 TOTAL 4.719,22 89,04 4.803,71 80,06 4.829,52 83,27 Quadro 6. Detalhamento dos fatores de formação dos custos de produção de cana-de-açúcar: painéis da macrorregião Nordeste * Formação do canavial é resultado da somatória dos itens preparo de solo, plantio e tratos culturais cana planta ** Depreciação relativa a benfeitorias e equipamentos de irrigação 2.4 Modelos Macrorregionais Os modelos de custos macrorregionais foram determinados a partir das informações dos painéis, respeitando-se, em nível de indicadores de produção, as participações destacadas na Tabela 1. Em termos de estrutura de produção de cana-de-açúcar, procurou-se identificar operações e insumos comuns à maioria das regiões, desconsiderando eventuais especificidades de práticas agrícolas. Os resultados dos custos dos modelos, a distribuição dos principais grupos de custos e as margens de lucro da atividade, podem ser verificados na Figura 2, Tabela 3, Figura 3 e Figura 4, enquanto que o detalhamento dos fatores de formação do custo é evidenciado no Quadro 7. Apenas a região Centro-Sul Expansão apresentou bons resultados no longo prazo, resultando em margem líquida de 21,28 R$/t ou 30,0% e lucro de 7,87 R$/t ou 11,0%. Nas 22

regiões Centro-Sul Tradicional e Nordeste, os preços foram suficientes apenas para cobrir os custos operacionais de produção, resultando em margens líquida de R$ 13,19/t e R$ 5,98/t, respectivamente. No longo prazo, entretanto, quando são incorporados os custos da terra e capital, a remuneração da atividade se mostra negativa, com margens muito semelhantes para as regiões, em torno de R$ -11,33/t (-16,0%). No Centro-Sul, nota-se uma disparidade entre as regiões Tradicional e Expansão, o que pode ser explicado pela: i) maior escala de produção na região Expansão (diluição dos custos fixos, tais como administrativos e remuneração do proprietário); ii) maior produtividade agrícola (78 t/ha para a região Centro-Sul Expansão, frente a 74 t/ha na região Centro-Sul Tradicional); iii) maiores preços praticados na terceirização da colheita na região Tradicional que, juntamente aos baixos índices de colheita manual na região Expansão, tornam o estágio de produção cerca de R$ 3,50/t mais caro na região Tradicional; e, finalmente, iv) maiores custos com remuneração da terra na região Tradicional (R$ 10,00/t superiores), resultado dos altos preços de arrendamentos praticados. Observa-se também que a queda de produtividade na região Tradicional fez com que os custos totais de produção de cana por parte dos fornecedores, na safra 2011/12, ficassem num mesmo patamar que a região Nordeste. Ainda que os valores finais sejam semelhantes, nota-se que as parcelas que compõe o custo (Figura 2) são distintas, especificamente as duas últimas, DEP+RP e RT+RC. No caso da região Tradicional, como já destacado, a remuneração da terra corresponde por aproximadamente 1/4 do custo de produção total, implicando numa maior representatividade da parcela verde da ilustração abaixo. Já na região Nordeste, em função da menor escala de produção (aumentando os custos fixos de forma relativa) e utilização intensiva de mão de obra na formação do canavial, apresenta a parcela cinza como destaque, uma vez que a metodologia utilizada adotada tal estágio como sendo uma depreciação/amortização. Tabela 3 - Distribuição dos custos agrícolas de cada região por fatores. Fatores de custos Região Tradicional Expansão Nordeste Maquinário 26,0% 35,7% 21,0% Mão de obra 11,8% 7,0% 24,2% Insumos 19,5% 25,7% 22,0% Terra 23,9% 14,4% 11,9% Remuneração de capital 5,6% 6,9% 8,2% Outros 13,1% 10,3% 12,7% 23

R$/t R$/t 90 80 70 60 50 40 30 20 10 0 Tradicional Expansão Nordeste RT + RC 24,12 13,41 16,76 DEP + RP 15,96 15,12 24,37 COE 41,32 34,03 41,86 CT 81,39 62,56 82,98 PREÇO 70,07 70,43 72,20 COE DEP + RP RT + RC CT PREÇO * COE Custo operacional efetivo; DEP Depreciações; RP Remuneração do proprietário; RT Remuneração da terra; RC Remuneração do capital; CT Custo total Figura 2. Custos de produção e preços da cana-de-açúcar na safra 2011/12: modelos macrorregionais 90 80 70 60 50 40 30 20 10 0 41,32 81,39 66,23 57,28 62,56 49,15 41,86 34,03 COE COT CT Tradicional Expansão Nordeste 82,98 * COE Custo operacional efetivo; COT Custo operacional total; CT Custo total Figura 3. Custos de produção da cana-de-açúcar na safra 2011/12: modelos macrorregionais 24

Tradicional Expansão Nordeste Tradicional Expansão Nordeste R$/t % 25 21,28 40% 20 30% 30% 15 10 5 12,79 18% 5,98 8% 7,87 11% 20% 10% 0 0% -5-10 -15 Margem líquida -16% -11,33 Lucro -15% -10,78-10% -20% R$/t % * Margem liquida = Preço COT; Lucro = Preço CT Figura 4. Indicadores de rentabilidade (R$/t e %): Margem líquida e Lucro Descrição Tradicional Expansão Nordeste R$/ha R$/t R$/ha R$/t R$/ha R$/t Preparo de solo 186,64 2,52 187,46 2,40 208,26 3,59 Hectare cultivado 1.119,86-937,28-1.041,28 - Plantio 542,57 7,33 691,21 8,86 752,23 12,97 Hectare cultivado 3.255,40-3.456,06-3.761,14 - Tratos planta 61,07 0,83 88,77 1,14 109,80 1,89 Hectare cultivado 366,40-443,83-549,01 - Formação do canavial 790,28 10,68 967,43 12,40 1.070,29 18,45 Hectare cultivado 4.741,67-4.837,17-5.351,43 - Tratos soca 910,23 12,30 794,58 10,19 711,23 12,26 Hectare cultivado 1.092,28-993,22-889,03 - Colheita 1.752,02 23,68 1.572,96 20,17 1.453,38 25,06 Remuneração da terra 1.442,30 19,49 705,08 9,04 574,50 9,91 Outros 1.128,22 15,25 839,57 10,76 1.003,71 17,31 Arrendamento 128,61 1,74 176,27 2,26 47,88 0,83 Despesas administrativas 241,21 3,26 133,05 1,71 196,93 3,40 Capital de giro 71,15 0,96 26,60 0,34 47,96 0,83 Benfeitorias / irrigação (D) 40,25 0,54 28,85 0,37 53,54 0,92 Rem. do proprietário 309,91 4,19 138,23 1,77 263,89 4,55 Rem. do capital 337,09 4,56 336,56 4,31 393,51 6,78 TOTAL 6.023,05 81,39 4.879,61 62,56 4.813,11 82,98 Quadro 7. Detalhamento dos fatores de formação dos custos de produção de cana-de-açúcar: modelos macrorregionais 25

3. USINAS O levantamento de informações de custos de produção da safra 2011/12 junto às usinas foi organizado de modo a aprimorar o nível de qualidade e confiança sobre a informação disponibilizada pelas unidades, bem como representar adequadamente a população de usinas. Ao mesmo tempo, trabalhou-se buscando evitar o aumento do nível de exigência de recursos técnicos e de tempo para a realização das entrevistas. Para isso, a pesquisa foi elaborada com a seguinte sequência de atividades: i. Atualização dos bancos de dados históricos dos questionários a serem usados na pesquisa e das ferramentas para recebimentos dos dados dos entrevistados; ii. Definição de um grupo de usinas de interesse para a pesquisa; iii. Convite via telefone e e-mail às usinas para participação na pesquisa através do preenchimento de questionários contendo manifestação de interesse, detalhamento de custos e indicadores de produção; iv. Validação eletrônica dos dados via sistema de comparação com dados médios esperados, seguido por análise e interpretação dos resultados de cada usina por um pesquisador do PECEGE; v. Contato para dúvidas, atualização de dados e conclusão do questionário, seguido por um convite para preenchimento de questionários detalhados sobre principais fatores de formação de custos e configuração tecnológica da usina; vi. Validação dos dados de cada questionário por pesquisadores do PECEGE; vii. Visitas técnicas às principais usinas participantes da pesquisa; viii. Geração de pré-resultados, coleta de informações complementares e validação de pontos críticos com instituições de pesquisa, órgãos de classe, especialistas e fornecedores de matérias-primas; ix. Validação de dados com equipe de técnicos da CNA; x. Produção do relatório final de pesquisa. Na busca por uma amostra representativa e sem vieses regionais, as usinas contatadas foram distribuídas de forma proporcional à representatividade de cada estado na produção nacional. Além disso, o perfil de empresa buscado foi de unidades agroindustriais aderentes aos valores medianos do setor em cada região. Em função da alta variabilidade de escalas e práticas de produção, definiram-se como usinas entrevistadas as unidades que atendessem os critérios de: i) equipe profissional apta e pré-disposta a participar da pesquisa; ii) empresa localizada dentro 26

Quantidade de usinas da área de escopo dessa pesquisa; iii) representatividade da empresa na sua mesorregião ou microrregião geográfica de atuação; iv) processamento anual de cana próximo ou superior a um milhão de toneladas. O total de 100 usinas, responsáveis pelo processamento de 169,2 milhões de toneladas de cana ou o equivalente a 30% do processamento nacional na safra 2011/12, preencheram os questionários de custos dessa pesquisa. A Figura 5 apresenta em detalhes, por região, a população de usinas com cadastro no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), a amostra de usinas convidadas a participar da pesquisa e o número de empresas que aceitaram responder os questionários da pesquisa. A Figura 6 apresenta a distribuição dos participantes da pesquisa por unidade da federação. Destaca-se a importante contribuição dos sindicatos estaduais da indústria de açúcar e etanol para amplificação do número de participantes nessa pesquisa. 250 212 200 121 150 78 112 Respostas 100 38 61 Amostra População 50 0 21 29 50 Nordeste Expansão Tradicional Figura 5 Quantificação da amostra de usinas participantes da pesquisa por região. 27

Mato Grosso do Sul 4% Pernambuco 3% Paraíba 4% Mato Grosso 2% Outros 4% Minas Gerais 9% São Paulo 41% Paraná 9% Alagoas 10% Goiás 14% Figura 6 Distribuição da amostra de participantes da pesquisa por estado 3.1 Metodologia de cálculo dos custos A metodologia adotada para o cálculo dos custos de produção agroindustriais seguem os procedimentos metodológicos desenvolvidos ao longo dessa série de pesquisa, iniciada em 2009, e se baseia no método Custo Operacional Total definida por Matsunaga et (1976). O agrupamento dos principais grupos de custos definidos nessa pesquisa para a aplicação da metodologia de cálculo de custos é sintetizado na Figura 7. Agrícola Cana comprada,maquinário, Mão de obra, Insumos, Arrendamentos,Administração Industrial Mão de Obra, Insumos, Administração, Manutenção Administrativo Mão de obra, Insumos e serviços, Capital de giro CUSTO OPERACIONAL EFETIVO ("COE") CUSTO OPERACIONAL TOTAL ("COT") Agrícola e Industrial "COE", Depreciações e formação do canavial Agrícola "COT", remuneração da terra e do capital imobilizado Industrial "COT" e remuneração do Capital CUSTO TOTAL ("CT") Figura 7 Resumo do critério de alocação de custos agroindustriais 28

O Custo Operacional Efetivo (COE) refere-se à quantidade monetária efetivamente desembolsada nas suas atividades de produção diretas ao longo da safra, enquanto o Custo Operacional Total (COT) incorpora a esses custos as estimativas de custos de depreciações. Já o Custo Total (CT) adiciona custos de remuneração do capital e terra investimento na atividade de produção. Os grupos de custos componentes do COE listados na Figura 7 referem-se aos principais indicadores de custos solicitados para preenchimento nos questionários aplicados com as agroindústrias participantes dessa pesquisa. Algumas premissas importantes assumidas no cálculo do COE agroindustrial se referem à hipótese de que os custos despendidos na formação de canavial não constituem parte do COE, uma vez que são definidos como investimentos amortizáveis ao longo do ciclo de produção da cana, sendo então parte do COT. Além disso, outra premissa assumida é de que todo o capital de giro necessário para as atividades da agroindústria é alocado ao COE do departamento administrativo, uma vez que este considera exclusivamente capital captado de terceiros via financiamentos que são declarados nos questionários de pesquisas. Para o cálculo dos custos relativos às depreciações na parte agrícola, é estimado o valor de capital imobilizado na aquisição dos itens do registro de inventário de equipamentos, máquinas e benfeitorias existentes na unidade agrícola das usinas, que é depreciado usando método linear sem valor residual e vida útil de 10 anos para máquinas e equipamentos, e 20 anos para as benfeitorias agrícolas. A depreciação da parte industrial é estimada assumindo as premissas teóricas detalhadas no próximo item, uma vez que foram atualizadas em relação aos levantamentos anteriores. Por fim, um ponto importante a ser ressaltado é que as premissas de remuneração de capital imobilizado com máquinas, implementos, instalações e benfeitorias são de 6% de taxa de juro real anual, enquanto que para a remuneração da terra assume-se o valor regional do arrendamento, medido em toneladas de cana por hectare. 3.1.1 Atualizações na metodologia de cálculo de custos Atualizações na metodologia e nas premissas de cálculo de custos foram incorporadas à pesquisa com o objetivo de incluir modificações de condições de produção e mercado, facilitar o processo de geração de resultados regionais automáticos e aprimorar a aderência da metodologia de cálculo de custos da pesquisa às práticas empresariais. As premissas e regras de cálculo modificadas e incorporadas ao modelo de cálculo de custos foram: 29

i) Fixação de área agrícola de produção: No modelo de cálculo de custos proposto nos levantamento anteriores, a produção total de cana da usina representativa da região era, por premissa, definida como fixa e idêntica à capacidade de processamento da usina. Na safra atual, tal premissa foi substituída por uma área de produção fixa. Como consequência, cria-se a possibilidade de gerar indicadores de coeficientes de custos agrícolas mais estáveis ao longo das safras, assim como permitir que alterações no indicador de produtividade da cana possam transferir seus impactos aos custos de depreciação e remuneração do capital industrial. Para facilitar a definição da área de produção com cana própria, o indicador de participação de cana própria também foi definido por premissa; ii) Atualizações nas premissas de investimentos industriais: os valores de investimentos industriais considerados para o cálculo dos custos de depreciação e remuneração do capital industrial foram atualizados com base em entrevistas com fabricantes de equipamentos e consultores de mercado. O valor de investimento em uma planta industrial moderna com capacidade de processamento de 2,4 milhões de toneladas por safra foi estimado em R$ 470 milhões de reais, ou seja, R$ 195/t de capacidade de processamento anual. Aproximadamente 30% desse valor foram alocados para investimentos em equipamentos e montagem de estruturas de caldeiras, turbinas e geradores de eletricidade, e o restante para a produção de açúcar e etanol. Como premissa para o valor do investimento usado no modelo de cálculo custos de açúcar e etanol, considerou-se a organização de planta industrial hipotética como ilustrada na Figura 8. Isto é, uma indústria dividida em dois módulos operacionalmente complementares, que compartilham matérias-primas intermediárias, fornecidas de um módulo para o outro. Entretanto, cada módulo é considerado um projeto de investimentos com finalidades de produção e avaliação economicamente independentes. De outro modo, o custo de investimento considerado para o calculo de custo de produção do açúcar e do etanol foi estimado em R$ 135/t de cana de capacidade de processamento anual; 30

Figura 8 - Módulos conceituais de produção de uma usina iii) Definição do nível de utilização da capacidade instalada industrial: O conceito da taxa de utilização da capacidade industrial definido no último relatório de custos do PECEGE/CNA (2012) foi aprimorado para que possa ser estimado por meio de indicadores facilmente coletados e atualizáveis. O nível de utilização da capacidade instalada industrial é calculado pela divisão entre a quantidade de cana processada ao longo da safra e a capacidade nominal de produção da usina. A capacidade nominal de produção da usina, por sua vez, é estimada por um critério definido como a capacidade nominal horária do processo de extração do caldo de cana e o número de horas potenciais de processamento de cana ao longo da safra. Tal número foi definido em 4.800 horas para a região Centro-Sul Tradicional e Expansão e em 3.600 horas para a região Nordeste. Nos casos de usinas em que se desconheça a capacidade nominal horária de extração do caldo, o indicador pode ser aproximado para a relação entre horas de operação e horas potenciais. Para os casos dos modelos regionais foram consideradas as capacidades nominais de processamento de 2,4 milhões de toneladas por safra ou o equivalente a 500 toneladas de cana por hora na região Centro-Sul e 1,2 milhões na região Nordeste; iv) Atualização da metodologia de cálculo de custos de depreciação e remuneração do capital industrial: Os valores de investimentos considerados para o cálculo de custos de depreciação e remuneração do capital industrial foram modificados para considerar o novo valor de investimento industrial, o qual foi definido como idêntico tanto para açúcar como para etanol, como descrito no subitem ii. Além disso, a vida útil do investimento industrial foi adaptada 31

para considerar uma depreciação linear de 30 anos e valor residual de 20%. Uma observação importante é que o valor do investimento é definido em R$ 135/tonelada de capacidade de produção, ou seja, para transformar tal valor em função do processamento industrial realizado na safra deve-se dividi-lo pelo nível de utilização da capacidade instalada industrial; v) Critérios de tratamento de dados e geração de médias regionais: todos os indicadores de custos e de produção da pesquisa passaram a ser calculados como a média ponderada das observações informadas pelas usinas entrevistadas, exceto para o caso de indicadores que são valores inteiros, como o número de cortes, os quais usaram a moda. O critério de ponderação definido foi dependente do indicador em análise: ponderação em função da moagem, da área de produção de cana, da produção de cana própria, da quantidade de ART alocada à produção de açúcar e à produção de etanol. Dessa forma, foram usados todos os dados checados e consideradas aprovados pelos pesquisadores do PECEGE/CNA em entrevista e/ou visita técnica de validação dos dados com os participantes da pesquisa. O critério de remoção de valores outliers foi mantido apenas para casos de alguns indicadores de custos excessivamente discrepantes da média amostral e que não pudessem ser confirmados por meio de entrevistas de detalhamento qualitativo ou análises de relações técnicas com outros indicadores de produção/custos informados pela usina; vi) Atualização da revisão de cálculo de ATR: as revisões propostas na revisão do modelo CONSECANA-SP de 2011 foram incorporados aos cálculos de balanço de materiais necessários para a validação dos indicadores de ATR médios declarados nos questionários da pesquisa; vii) revisão do preço pago pelo ATR: no cálculo dos modelos regionais o preço de ATR coletado via questionários foram substituídos por um preço de ATR calculado segundo as regras do CONSECANA local utilizando os indicadores estimados de mix de produção e preços de cada produto industrial comercializado regionalmente. Essa modificação foi incorporada para dar consistência entre as informações de preços agrícolas e industriais declarados pelas usinas pesquisadas. O preço do ATR declarado permaneceu como referência no pagamento de arrendamentos e no cálculo dos modelos de custos de cada usina individualmente. 3.1.2 Explicações sobre cálculo de custos por produtos industriais Esta seção possui o objetivo de apresentar didaticamente os cálculos de transformação dos custos de produção medidos em reais por tonelada de cana para reais por unidade de produto, isto é, açúcar branco, VHP, etanol anidro ou hidratado. Essa transformação é realizada 32

essencialmente em duas fases: primeiramente, há a alocação dos custos pertencentes à produção de cada produto e, em seguida, tal valor é transformado de unidade de medição para outra. Essencialmente, todos os itens de custos são alocados aos produtos finais da usina, em função do mix de produção. Para esses casos, a transformação dos custos de reais por tonelada para reais por tonelada de produto é realizada utilizando a fórmula identificada na equação 2: çã O valor custo unidadeprodução refere-se ao custo do açúcar, medido em R$/t, e ao custo do etanol, medido em R$/m³. O indicador custo tonelada significa o custo, medido em R$/t, e a produtividade industrial produto representa a produção de kg de açúcar por tonelada de cana e de litros de etanol por tonelada de cana. Um detalhe relevante é que pode haver diferença de alguns centavos nos valores calculados pelo processo de transformação apresentado e o cálculo matemático exato apresentado para a realização desse documento 3. Apenas dois indicadores de custos apresentados são exceções que não podem utilizar o critério de transformação apresentado: os custos com a aquisição de cana de fornecedores e os custos de embalagem dos produtos industriais. O segundo indicador citado constitui uma exceção, pois é alocado exclusivamente como um custo de produção do açúcar branco. Dessa forma, o critério de transformação deve ser corrigido dividindo a equação 2 pelo mix de produção de açúcar branco, e a definição de custos de embalagem nulos para os demais produtos. O efeito indireto da exceção do indicador de custo de embalagem é que indicadores de custos dele dependentes (insumos, operação industrial, dentre outros) devem descontar de seus valores o custo embalagem antes de se realizar a transformação indicada na equação 2. A exceção do cálculo dos custos de aquisição de cana ocorre em função do sistema de pagamento de cana definido pelo padrão CONSECANA-SP, que considera preços de pagamento da cana dependente do preço dos produtos finais. Assim, para a cana dedicada à produção de um produto mais caro, será pago um preço maior. Com o intuito de simplificar a apresentação e manter o uso do critério de transformação de unidades para o preço da cana será apresentada uma nova tabela com indicadores que definirão o preço da cana de acordo com o produto final. 3 A diferença de centavos pode existir em função de arredondamentos de casas decimais após a vírgula. A exemplo, caso um custo de 1,544 reais por tonelada de cana seja apresentado como 1,54, e transformado para reais por metro cúbico de etanol, a diferença original de arredondamento pode ser ampliada para, a exemplo, 4 centavos, caso o coeficiente de transformação do valor medido em reais por tonelada de cana para reais por metro cúbico de etanol seja igual a 10. 33

3.2 Indicadores Técnicos de Produção Os principais indicadores técnicos agroindustriais necessários para a definição das premissas dos cálculos de custos agrícolas das usinas são listados na Tabela 4, enquanto a Tabela 5 apresenta os principais indicadores industriais. Na safra 2011/12, os indicadores técnicos que causaram maior impacto para a variação dos custos de produção foram o preço do ATR e produtividade da cana da região Centro-Sul. Os preços do ATR aumentaram em aproximadamente 27,0% nas duas regiões, enquanto a produtividade reduziu em 15,9% na região Tradicional, e em 19,2% na região de Expansão. Além disso, um novo indicador técnico industrial, nível de utilização da capacidade industrial instalada, foi criado para incorporar os efeitos da redução de produtividade agrícola na produtividade agroindustrial e, consequentemente, o aumento de custos, em função da menor diluição dos custos fixos da empresa. Na região Nordeste, os efeitos de variação dos indicadores técnicos foram mais suaves e inversos aos acontecidos no Centro-Sul, ou seja, contribuíram para a redução de custos. O efeito mais relevante foi o aumento de quase 5% na produtividade agrícola. Tabela 4. Principais indicadores de produção agrícola usina no modelo de custos das usinas regiões Centro-Sul Tradicional, Centro-Sul Expansão e Nordeste. Regiões Descrição Tradicional Expansão Nordeste Área de Produção (ha) 19.996 24.575 13.293 Área Arrendada (%) 70,5% 71,1% 27,3% Produtividade (t/ha) 70,2 68,4 62,3 Participação de Cana Própria (%) 63,3% 76,0% 63,0% Produção de cana (própria + terceiros) 2.016.000 2.007.000 1.224.000 Número médio de cortes 5 5 5 Participação de cana de ano e meio 50,0% 51,0% 37,0% Participação colheita mecanizada 72% 88% 10% Utilização de mudas 13,9 17,0 13,5 ATR médio (kg/t cana) 136,45 134,53 131,67 ATR cana fornecedor (kg/t cana) 140,60 139,10 131,90 Preço do ATR (R$/kg) 0,5307 0,5237 0,5619 Preço Arrendamento (t/ha/ano) 18,7 11,4 7,2 ATR padrão (kg/t cana) 121,97 121,97 114,09 34

Tabela 5. Principais indicadores de produção industrial utilizados nos modelos de custos. Região Descrição Tradicional Expansão Nordeste Nível de utilização da capacidade instalada 84,0% 83,6% 102,0% Perdas industriais Perdas industriais comuns 8,2% 7,3% 10,6% Rendimento de fermentação 89,6% 89,6% 87,2% Rendimento de destilação 99,5% 99,8% 99,2% Produtividade industrial¹ Açúcar branco (kg/t cana) 130,4 129,8 124,0 VHP (kg/t cana) 130,9 130,3 124,4 Etanol anidro (L/t cana) 79,4 79,3 73,2 Etanol hidratado (L/t cana) 83,7 83,5 77,1 Produção eletricidade (kwh/t)² 56,2 53,2 24,4 Mix Produção Açúcar 51,4% 37,3% 60,4% Branco 40,5% 43,6% 41,4% VHP 59,5% 56,4% 58,6% Etanol 48,6% 62,7% 39,6% Anidro 37,6% 29,9% 38,0% Hidratado 62,4% 70,1% 62,0% ¹A produtividade industrial considerada é exclusiva, ou seja, a cana é usada para produção de apenas um produto ²Não é usado nos modelos de custos, é apenas indicado. De forma a sintetizar em um único indicador os valores e variações da produtividade agrícola, ATR médio da cana e as perdas industriais, calculou-se o indicador de produtividade agroindustrial da produção de etanol hidratado, isto é, a quantidade de etanol produzida por hectare de canavial colhido na safra, o qual apresentou redução de 20,1% na região Tradicional e 23,2% na região de Expansão. A Figura 9 ilustra a distribuição das observações desse indicador nas usinas participantes do levantamento na safra 2011/12. As unidades com produtividade inferior a 4,5 m³/ha, referente a um padrão de produtividade muito baixo, representa quase 14% do total de usinas. A faixa de produção de 4,5 a 5,5 m³/ha, referente a uma produtividade baixa, representou 33% do total de usinas, sendo o nível mais comum da região Nordeste, onde 7 das 14 observações atingiram essa faixa de produção. A região tradicional concentrou a maior parte das observações medianas, ou seja, as faixas de produção entre 4,5 e 6,5 m³/ha. A característica marcante da região Expansão foi variabilidade das observações. Essa região foi a com maior número de observações nas faixas de produção abaixo de 4,5 m³/ha (5 35

observações representando 45% da amostra dessa faixa de produção) e nas faixas de produção acima de 6,5 m³/ha (7 observações representando 54% da amostra dessa faixa de produção). O coeficiente de variação da produtividade agroindustrial na região Expansão foi de 21% e a amplitude entre as melhores e piores práticas de quase 113%. Na amostra das usinas de todo o país, a amplitude de produtividade foi de 123%. A ampla variabilidade da produção indica o potencial de convergência para práticas de produção mais eficientes, e, consequentemente, com custos mais competitivos. ALTA : 6,5 m³/ha 16% das usinas 46% Tradicional 54% Expansão 0% Nordeste REGULAR: entre 5,5 e 6,5 m³/ha 37% das usinas 57% Tradicional 33% Expansão 0% Nordeste BAIXA: entre 4,5 e 5,5 m³/ha 33% das usinas 58% Tradicional 15% Expansão 27% Nordeste MUITO BAIXA: 4,5 m³/ha 14% das usinas 19% Tradicional 45% Expansão 36% Nordeste Figura 9 Distribuição da produtividade agroindustrial do etanol hidratado na safra 2011/12 3.2.1 Estimativa de preço da cana do fornecedor para cada perfil de produção O último indicador técnico relevante para o cálculo dos custos de produção é o preço pago pela cana dos fornecedores. Os valores dos preços pagos pela cana na safra 2011/12 por produto são apresentados na Tabela 6. Esses preços foram calculados utilizando os indicadores de preços médios medidos na pesquisa e seguindo as normas para cálculo de transformação de produtos, consideração de perdas industriais e participação da cana nos preços dos produtos finais definidas no CONSECANA de diferentes estados. As normas do CONSECANA-SP foram usadas para calcular os preços de custos das regiões Tradicional e Expansão e CONSECANA- AL para a região Nordeste. 36

Tabela 6 Preço pago pela cana (em R$/t) conforme sua alocação de produção e região. Região Descrição Tradicional Expansão Nordeste Preço da cana para açúcar branco 90,03 92,41 74,11 Preço da cana para açúcar VHP 73,90 71,00 74,11 Preço da cana para Anidro 70,44 68,91 74,11 Preço da cana para Hidratado 67,26 68,18 74,11 3.3 Indicadores de preços Com o intuito de aperfeiçoar a acurácia, representatividade e segurança da informação coletada com as usinas, os questionários de preços de consumo de insumos deixaram de ser escopo deste levantamento e passaram a integrar uma pesquisa mais específica e abrangente denominada Cálculos de índices de inflação da agroind stria sucroalcooleira na região produtora Centro-Sul Tradicional do Brasil, realizado pelo PECEGE com recursos de pesquisa da FAPESP. As análises dessa seção foram realizadas utilizando a série de preços e resultados dessa última pesquisa, cujos resultados detalhados compõem outra série de relatórios de pesquisas disponíveis ao público no Portal de Informações Sucroenergético. Entre as safras 2010/11 e 2011/12 alguns insumos como corretivos e fertilizantes apresentaram fortes aumentos, próximos a 20%. Entretanto, alguns grupos de insumos importantes na composição de custos agrícola, tais como defensivos agrícolas e o diesel, apresentaram preços estáveis. O mesmo repetiu-se na maior parte dos insumos industriais. O comportamento dos preços dos principais insumos agrícolas tem se mostrado mais volátil em relação aos insumos industriais, ao longo dos levantamentos do PECEGE/CNA e PECEGE/FAPESP, em função do seu estreito relacionamento com a taxa de câmbio. No entanto, de forma geral, pode-se dizer que em relação à última safra, os preços dos principais insumos (tanto agrícolas quando industriais) não sofreram variações abruptas, isto é consideravelmente superiores à inflação e cujos impactos fossem significativos para o aumento dos custos do setor sucroenergético. 37

3.4 Custos de Produção Agroindustrial Os resultados dos custos agroindustriais das usinas são apresentados em duas partes: primeiramente, são detalhados os custos de produção do departamento agrícola da usina, ou seja, os custos de produção de cana própria e, em seguida, é feito o detalhamento dos custos agroindustriais agregados em tonelada de cana e por produto final. 3.4.1 Custos de Produção Agrícola A Tabela 7 apresenta os resultados finais de custos de cana-de-açúcar produzidos pela própria usina, desagregando os principais grupos de custos constituintes do COE, COT e CT das três regiões produtoras para a safra analisada. Tabela 7. Custos de produção de cana-de-açúcar de usinas das regiões Centro-Sul Tradicional, Centro-Sul Expansão e Nordeste para o fechamento da safra 2011/12. Regiões Descrição Tradicional Expansão Nordeste R$/t R$/ha R$/t R$/ha R$/t R$/ha Mecanização 21,86 1.534,86 25,64 1.754,09 13,29 827,80 Mão de obra 6,31 442,72 2,97 203,32 19,03 1.185,88 Insumos 5,90 414,38 6,21 424,70 8,32 518,52 Arrendamentos 12,90 905,57 7,60 519,63 2,07 128,80 Despesas administrativas 3,76 263,94 2,83 193,50 3,21 199,76 Custo Operacional Efetivo (COE) 50,73 3.561,48 45,25 3.095,25 45,92 2.860,75 Depreciações 15,11 1.060,77 16,19 1.107,65 17,13 1.067,03 Formação do Canavial 11,20 786,30 13,20 902,54 15,36 956,62 Máquinas 3,74 262,72 2,70 184,68 1,19 73,97 Benfeitorias 0,11 7,87 0,17 11,52 0,03 2,13 Irrigação 0,06 3,88 0,13 8,91 0,55 34,31 Custo Operacional Total (COT) 65,84 4.622,26 61,45 4.202,90 63,05 3.927,79 Remuneração da Terra 5,40 378,75 3,09 211,42 5,50 342,49 Remuneração do Capital 5,98 419,48 6,04 413,04 5,77 359,18 Formação do Canavial 3,56 250,07 4,14 283,06 4,68 291,66 Máquinas e implementos 2,25 157,63 1,62 110,81 0,71 44,38 Benfeitorias 0,13 9,45 0,20 13,82 0,04 2,55 Irrigação/Fertirrigação 0,03 2,33 0,08 5,35 0,33 20,59 Custo Total (CT) 77,21 5.420,48 70,58 4.827,36 74,31 4.629,45 O custo total para a produção de cana-de-açúcar aumentou intensamente em relação à safra anterior nas três regiões pesquisadas. Os níveis de CT das usinas localizadas nas regiões Centro-Sul Tradicional, Expansão e Nordeste foram, respectivamente, R$ 77,21/t, R$ 70,58/t e R$ 74,31/t. Na safra anterior os valores de CT foram correspondentes a R$ 56,26/t, R$ 49,35/t e R$ 66,45/t. 38

A principal característica da safra 2011/12 foi o equilíbrio entre os custos de produção das três regiões. Pela primeira vez, os custos de produção de cana no Nordeste não foram os mais altos. Além disso, na produção de cana própria, tem se consolidado a diferenciação de custos de produção mais baixos na região Expansão. Os aumentos generalizados dos custos agrícolas das usinas estão ligados, essencialmente, à redução de produtividade e ao aumento de preços da cana-de-açúcar. As perdas de produtividade são nítidas em todos os itens e ressaltadas no item formação do canavial. A variação desse item é intensificada em razão de três diferentes fatores: a redução de produtividade, o aumento de preços de fertilizantes/corretivos e a mudança metodológica que incorpora o estágio agrícola tratos de cana planta como componente desse item de custo. Dessa forma, a formação do canavial passou de R$ 7,77/t para R$ 13,20/t (Centro-Sul Expansão), R$ 7,86/t para R$ 11,20/t (Centro-Sul Tradicional) e R$ 11,11/t para R$ 15,36/t (Nordeste), o que impactou, consequentemente, no custo do capital imobilizado para a reforma do canavial, aumentando de R$ 1,40/t para R$ 4,14/t, R$ 1,42/t para R$ 3,56/t e R$ 2,00/t para R$ 4,68/t, entre as safras 2010/11 e 2011/12, nas regiões respectivas. O impacto do aumento de preços da cana-de-açúcar e a baixa produtividade dos canaviais refletiram-se nos expressivos aumentos de desembolsos com arrendamentos. Na região Centro- Sul Tradicional, os arrendamentos se tornaram o segundo fator de produção mais impactante nos custos, logo após gastos com mecanização. Os custos do fator mecanização também apresentaram sensível aumento no custo nas regiões Centro-Sul Tradicional e Expansão, onde foram fortemente impulsionados pela queda de produtividade agrícola que incorreu em maior ociosidade do maquinário, assim como no aumento do índice de plantio e colheita mecanizada. O aumento de custos desse item deixou mais evidente o processo de substituição que vem ocorrendo entre o fator mecanização e mão de obra na região Centro-Sul Tradicional e Expansão. No Nordeste, mesmo com a intensificação da colheita mecanizada, principalmente em Alagoas, o fator mão de obra continua sendo o mais importante na composição dos custos totais de produção. Além disso, também tem sido fortemente influenciado pelo contínuo processo de aumento de custos dos salários dos trabalhadores rurais superiores às taxas de inflação. Arrendamentos e remuneração pelo uso de terras próprias permaneceram como o principal fator de diferenciação entre as regiões Centro-Sul Tradicional e Centro-Sul Expansão. Em síntese, devido à maior disponibilidade relativa de áreas na região Centro-Sul Expansão, os valores de contratos de arrendamentos e, por conseguinte, o custo de oportunidade atrelado ao 39

R$/t uso do fator de produção terra, são inferiores à região Tradicional. A diferença entre os custos com arrendamento entre as duas regiões atingiu R$ 5,30/t e a diferença dos custos de remuneração da terra própria logrou R$ 2,31/t. A remuneração do capital e despesas administrativas não apresentaram diferenças expressivas entre as regiões levantadas. De forma geral, os custos totais de produção de cana-de-açúcar das usinas típicas das três regiões foram superiores ao preço potencial pago pela cana, caso esta fosse remunerada pela respectiva quantidade e preço do ATR. (Figura 10). Isto é, para as usinas, a aquisição de cana foi uma atividade economicamente mais atraente do que sua produção. 90 80 70 60 50 40 30 20 10 0 Tradicional Expansão Nordeste RT+RC 11,37 9,13 11,26 DEP 15,11 16,19 17,13 COE 50,73 45,25 45,92 Preço "potencial" 72,41 70,46 72,70 CT 77,21 70,58 74,31 * RT Remuneração da terra; RC Remuneração do capital; DEP Depreciações; COE Custo operacional efetivo; CT Custo total Figura 10 - Comparativo entre o custo de produção da cana própria e seu preço potencial Outra forma de apresentar os resultados de custos discutidos até então é organizá-los em função dos custos por estágio de produção agrícola, destacados nas Figuras 11 a 13. Tal padrão de apresentação de resultados contribui para facilitar o processo de comunicação e análise dos resultados dessa pesquisa. COE DEP RT+RC Preço "potencial" CT 40

Modelo agrícola da usina na região Centro-Sul Expansão R$/ha colhido R$/ha cultivado Formação do Canavial 943,54 4.717,69 Participação Preparo de solo 20% Plantio 64% Tratos cul. cana planta 15% R$/ha colhido R$/ha cultivado Tratos cult. cana soca 863,35 1.079,18 Participação Mecanização 35% Mão de obra 16% Insumos 49% R$/t R$/ha CCT 24,30 1.662,45 Mecanização 96% Participação Mão de obra 4% R$/t R$/ha Arrendamento 7,60 519,63 R$/t R$/ha Custos Administrativos 2,83 193,50 R$/t R$/ha Depreciação 3,00 205,11 Benfeitorias 0,17 11,52 Irrigação / Fertirrigação 0,13 8,91 Máquinas e Implementos 2,70 184,68 Custo Total (CT) 70,58 4.827,36 R$/t R$/ha Remuneração do Capital e da Terra 9,13 624,46 Remuneração Área Própria 3,09 211,42 Remuneração do Capital 6,04 413,04 Lavoura Fundada 4,14 283,06 Irrigação / Fertirrigação 1,62 110,81 Máquinas e Implementos 0,20 13,82 Benfeitorias 0,08 5,35 Figura 11. Fluxograma de custos de produção por estágio e item de custo, para as usinas da região Centro-Sul Expansão, na safra 2011/12 Nota: R$/ha colhido é igual a R$/ha cultivado multiplicado pela porcentagem de área de colheita dividido pela área em que houve operação de formação do canavial. 41

Modelo agrícola da usina na região Centro-Sul Tradicional R$/ha colhido R$/ha cultivado Formação do Canavial 833,56 4.167,82 Participação Preparo de solo 23% Plantio 65% Tratos cul. cana planta 12% R$/ha colhido R$/ha cultivado Tratos cult. cana soca 815,46 1.019,33 Participação Mecanização 36% Mão de obra 13% Insumos 51% R$/t R$/ha CCT 25,53 1.791,96 Mecanização 81% Participação Mão de obra 19% R$/t R$/ha Arrendamento 12,90 905,57 R$/t R$/ha Custos Administrativos 3,76 263,94 R$/t R$/ha Depreciação 3,91 274,48 Benfeitorias 0,11 7,87 Irrigação / Fertirrigação 0,06 3,88 Máquinas e Implementos 3,74 262,72 Custo Total (CT) 77,21 5.420,48 R$/t R$/ha Remuneração do Capital e da Terra 11,37 798,23 Remuneração Área Própria 5,40 378,75 Remuneração do Capital 5,98 419,48 Lavoura Fundada 3,56 250,07 Irrigação / Fertirrigação 2,25 157,63 Máquinas e Implementos 0,13 9,45 Benfeitorias 0,03 2,33 Figura 12. Fluxograma de custos de produção por estágio e item de custo, para as usinas da região Centro-Sul Tradicional, na safra 2011/12 Nota: R$/ha colhido é igual a R$/ha cultivado multiplicado pela porcentagem de área de colheita dividido pela área em que houve operação de formação do canavial. 42

Modelo agrícola da usina na região Nordeste R$/ha colhido R$/ha cultivado Formação do Canavial 972,19 4.860,94 Participação Preparo de solo 20% Plantio 67% Tratos cul. cana planta 13% R$/ha colhido R$/ha cultivado Tratos cult. cana soca 886,92 1.108,65 Participação Mecanização 18% Mão de obra 23% Insumos 58% R$/t R$/ha CCT 27,35 1.703,68 Mecanização 43% Participação Mão de obra 57% R$/t R$/ha Arrendamento 2,07 128,80 R$/t R$/ha Depreciação 1,77 110,41 Benfeitorias 0,03 2,13 Irrigação / Fertirrigação 0,55 34,31 Máquinas e Implementos 1,19 73,97 Custo Total (CT) 74,31 4.629,45 R$/t R$/ha Custos Administrativos 3,21 199,76 R$/t R$/ha Remuneração do Capital e da Terra 11,26 701,66 Remuneração Área Própria 5,50 342,49 Remuneração do Capital 5,77 359,18 Lavoura Fundada 4,68 291,66 Irrigação / Fertirrigação 0,71 44,38 Máquinas e Implementos 0,04 2,55 Benfeitorias 0,33 20,59 Figura 13. Fluxograma de custos de produção por estágio e item de custo, para as usinas da região Nordeste, na safra 2011/12 Nota: R$/ha colhido é igual a R$/ha cultivado multiplicado pela porcentagem de área de colheita dividido pela área em que houve operação de formação do canavial. 43

3.4.2 Custos Agroindustriais Os resultados dos custos regionais agroindustriais serão inicialmente apresentados em função dos custos por tonelada de cana. Em seguida, utilizando os critérios de transformação de produção (Item 3.1.2) eles serão transformados por tonelada de açúcar e metro cúbico de etanol produzido. A Tabela 8 apresenta os resultados do custo de processamento agroindustrial da cana de cana-de-açúcar na última safra. É importante destacar que essa foi a primeira safra em que os custos agroindustriais ultrapassaram o patamar de R$ 100,00/t em todas as regiões. A principal razão para o incremento do custo total foi, novamente, a queda de produtividade agroindustrial na região Centro-Sul Tradicional e Expansão, a qual causou acréscimo em todos os fatores que não são facilmente ajustáveis às variações de produção, ou seja, fatores de custos fixos de curto prazo. Tabela 8. Custo de produção agroindustrial de processamento da cana (R$/t), por região Descrição Região Tradicional Expansão Nordeste Custo Agrícola 76,26 71,12 74,24 COE 59,50 51,88 56,35 cana de fornecedores 27,38 17,48 27,42 COE cana própria 32,11 34,39 28,93 Depreciações 9,57 12,31 10,79 Remuneração do capital e terra 7,20 6,94 7,10 Custo Industrial 29,27 29,09 26,45 Operação industrial (COE) 15,34 15,10 14,98 Mão de obra 5,10 4,97 4,76 Insumos 2,95 2,69 4,21 Químico 1,38 1,47 1,42 Eletrodos 0,10 0,08 0,19 Combustível 0,20 0,15 0,28 Lubrificante 0,17 0,18 0,19 Eletricidade 0,37 0,31 0,41 Embalagem 0,73 0,50 1,73 Manutenção. 6,60 6,70 5,41 Administração 0,69 0,74 0,59 Depreciação 4,29 4,30 3,53 Custo de remuneração do Capital 9,64 9,69 7,94 Custo Administrativo 9,01 9,15 4,97 Mão de obra 2,71 4,05 3,14 Insumos e serviços 3,57 3,25 1,34 Capital de giro 2,73 1,85 0,49 Custo Total 114,54 109,36 105,65 44

A alocação dos custos de produção agroindustriais considerando seus principais fatores de formação de custos é mostrada na Tabela 9. O fator cana refere-se aos custos com aquisição de cana dos fornecedores; o fator maquinário e manutenção de serviços de reparo referem-se às despesas com peças, insumos (incluindo diesel no caso agrícola), serviços (incluindo custos com operadores das máquinas agrícolas) de manutenção e reparo de máquinas agrícolas e industriais assim como itens de depreciação de máquinas e equipamentos agrícolas e da instalação industrial. O fator mão de obra se refere a todos os gastos com salários diretos e indiretos, exceto os salários dos operadores de máquinas agrícolas, enquanto que o fator terra inclui custos com arrendamentos e custos de oportunidade da terra. Já o fator custos de remuneração de capital, relaciona-se aos custos de oportunidade do capital imobilizado nas atividades agroindustriais acrescidos os custos com capital de giro. A análise da Tabela 9 ilustra a percepção geral sobre os sistemas de produção de cana no país. No Nordeste, prevalece a importância dos fatores mão de obra (21,6%) e cana (26%), indicando um sistema de produção mais intensivo em mão de obra e menos intensivo em capital. Já para a região de Expansão, observa-se o contrário, isto é, um sistema de produção intensivo em capital, como destacam seus dois principais fatores de custos, maquinário e manutenção e custos de remuneração do capital os quais respondem sozinhos por 49,8% do custo total agroindustrial. Na região Tradicional também se destaca os custos de capital complementado pelo alto impacto do fator terra, cuja participação é quase uma vez e meio superior a região Expansão e duas vezes superior a região Nordeste. Tabela 9 Distribuição dos custos agroindustriais de cada região por fatores Fator de custo Região Tradicional Expansão Nordeste Cana 23,9% 16,0% 26,0% Maquinário, Manutenção e Serviços de reparo 26,3% 34,8% 19,2% Custo de remuneração de capital 14,2% 15,0% 11,8% Mão de obra 11,7% 12,1% 21,6% Insumos agroindustriais 11,1% 12,0% 14,5% Terra 10,1% 7,4% 4,5% Outros 2,7% 2,6% 2,5% A Figura 14 detalha os custos de produção, preços e margens econômicas dos produtos finais da produção de açúcar e a Figura 15 os mesmos indicadores da produção de etanol. Os resultados deixam evidente o forte crescimento dos custos para todos os produtos do setor, os quais felizmente foram parcialmente balanceados pelos aumentos de preços dos produtos. Por outro lado, o bom momento de preços não foi totalmente aproveitado, tendo em 45

R$/m³ etanol R$/t açúcar vista a redução nas margens de todos os produtos. Assim como na safra anterior, é evidente a melhor atratividade da produção do açúcar, enquanto a produção de etanol só foi atrativa na região Centro-Sul Expansão. 1.400 1.200 1.000 800 600 400 200 - Tradicional Expansão Nordeste Tradicional Expansão Nordeste BRANCO VHP DEP 106,23 127,97 115,44 105,80 127,46 115,10 RT+RC 129,15 128,06 121,22 128,64 127,55 120,86 COE 707,76 642,51 656,76 632,90 576,78 599,38 COT 813,98 770,48 772,21 738,70 704,24 714,47 CT 943,14 898,54 893,43 867,34 831,79 835,33 Preço 1.129,43 1.171,79 1.152,86 923,37 896,65 1.109,93 Margem 19,8% 30,4% 29,0% 6,5% 7,8% 32,9% Figura 14 - Custos de produção do açúcar branco e VHP por região 1.600 1.400 1.200 1.000 800 600 400 200 - Tradicional Expansão Nordeste Tradicional Expansão Nordeste ANIDRO HIDRATADO DEP 174,37 209,52 195,68 165,50 198,85 185,72 RT+RC 212,01 209,68 205,48 201,22 199,00 195,02 COE 1.027,15 941,84 1.019,05 960,88 891,78 967,17 COT 1.201,52 1.151,36 1.214,74 1.126,38 1.090,63 1.152,89 CT 1.413,54 1.361,04 1.420,22 1.327,60 1.289,63 1.347,91 Preço 1.409,37 1.393,59 1.356,13 1.277,10 1.308,56 1.210,16 Margem -0,3% 2,4% -4,5% -3,8% 1,5% -10,2% Figura 15 - Custos de produção do etanol anidro e hidratado por região 46

3.5 Evolução dos Custos Os resultados dos custos totais de produção agroindustrial seguindo a metodologia de atualizada são apresentados nas Tabelas de 10 a 15. A Tabela 10 apresenta os preços pagos pela cana de fornecedores nas últimas cinco safras e a tendência de variação anual e acumulada. As Tabelas 11 a 15 apresentam os valores anuais, a tendência de variação anual e a variação acumulada dos custos totais de produção de cana produzida pela própria usina e os produtos industriais desde a safra 2007/08. De forma geral, nas últimas cincos safras, os custos de produção tiveram uma tendência de variação anual próxima a 14% a.a na região Tradicional, 12% a.a na região Expansão e 9,0% a.a. Isto é, valores a superiores ao índice de inflação IPA Índice de Preço Por Atacado, que foi de 6,7% a.a. no período. Tabela 10. Evolução do preço pago na cana do fornecedor, em R$/t Região Preço da safra Variação Variação 2007/08 2008/09 2009/10 2010/11 2011/12 anual acumulada Expansão 35,48 35,97 46,81 58,22 72,85 19,2% 105,3% Tradicional 34,55 35,92 45,16 63,04 74,61 21,0% 116,0% Nordeste 38,11 45,13 61,68 68,90 74,12 17,5% 94,5% Tabela 11. Evolução dos custos de produção de cana própria da usina, em R$/t Região Custo da safra Variação Variação 2007/08 2008/09 2009/10 2010/11 2011/12 anual acumulada Expansão 47,93 45,91 47,89 49,35 70,58 8,5% 47,2% Tradicional 42,53 45,93 47,61 56,26 77,21 14,0% 81,5% Nordeste 54,51 60,06 58,70 66,45 74,31 7,2% 36,3% Tabela 12. Evolução dos custos de produção do açúcar branco, em R$/t Região Custo da safra Variação Variação 2007/08 2008/09 2009/10 2010/11 2011/12 anual acumulada Expansão 502,50 558,20 649,83 660,31 898,54 13,3% 78,8% Tradicional 481,77 535,01 703,39 707,14 943,14 16,2% 95,8% Nordeste 611,83 607,91 714,88 793,87 893,43 10,2% 46,0% Tabela 13. Evolução dos custos de produção do açúcar VHP, em R$/t Região Custo da safra Variação Variação 2007/08 2008/09 2009/10 2010/11 2011/12 anual acumulada Expansão 481,43 535,86 614,54 624,53 831,79 12,5% 72,8% Tradicional 455,40 509,29 616,66 659,05 867,34 15,5% 90,5% Nordeste 594,35 593,09 702,14 767,14 835,33 9,4% 40,5% 47

Tabela 14. Evolução dos custos de produção do etanol anidro, em R$/m³ Região Custo da safra Variação Variação 2007/08 2008/09 2009/10 2010/11 2011/12 anual acumulada Expansão 812,73 925,34 1.011,64 1.011,43 1.361,04 11,2% 67,5% Tradicional 783,56 879,87 1.035,83 1.050,58 1.413,54 13,6% 80,4% Nordeste 1.003,19 1.033,88 1.182,14 1.271,73 1.420,22 9,0% 41,6% Tabela 15. Evolução dos custos de produção do etanol hidratado, em R$/m³ Região Custo da safra Variação Variação 2007/08 2008/09 2009/10 2010/11 2011/12 anual acumulada Expansão 763,78 865,85 958,37 945,90 1.289,63 11,4% 68,8% Tradicional 731,88 816,98 960,99 985,10 1.327,60 13,8% 81,4% Nordeste 952,11 981,24 1.121,95 1.206,98 1.347,91 9,0% 41,6% 4. CONCLUSÕES Os principais resultados do levantamento de custos de produção de cana-de-açúcar, açúcar e etanol ao longo da safra 2011/12 foram: Fornecedores i) No geral, os preços pagos pela cana-de-açúcar foram suficientes para cobrir os custos operacionais de produção, isto é, todos os valores desembolsáveis pelos fornecedores acrescidos das depreciações. Entretanto, considerando os custos de capital, apenas a região Centro-Sul Expansão apresenta rentabilidade positiva da produção; ii) Para a região Centro-Sul Tradicional, a abrupta queda de produtividade agrícola, resultado direto da falta de investimentos nos canaviais, foi o principal fator que não permitiu a remuneração do custo para os fornecedores; iii) Ressalta-se que tal queda de produtividade foi verificada em ambas regiões do Centro-Sul. Porém, a região de Expansão, comparativamente à Tradicional, obteve melhor rentabilidade devido aos seguintes fatores: i) maior escala de produção; ii) menores preços praticados na terceirização da colheita e, principalmente, iii) menor custo da terra; iv) Na região Nordeste, as baixas produtividades históricas, pequena escala de produção e a intensiva utilização da mão de obra nas operações agrícolas, podem ser apontados como os principais gargalos na produção de cana-de-açúcar. Usinas i) Os resultados do levantamento da safra 2011/12 mostraram os custos agrícolas com produção de cana própria homogêneos nas três regiões do país, fato inédito, uma vez que a produção no Nordeste tende a ser pelo menos 20% mais cara; 48

ii) Os custos de cana produzida pela própria usina permaneceram inferiores aos reportados por fornecedores. Entretanto, a compra da cana diretamente do fornecedor foi uma opção mais atrativa na safra atual por duas razões: falta de matéria-prima para melhor utilização dos ativos industriais e preços da cana inferiores aos seus custos econômicos; iii) A queda de produtividade da cana na região Centro-Sul reduziu a oferta de matériaprima, causando forte impacto no nível de utilização da capacidade instalada; iv) Em relação à safra anterior, nota-se uma redução na produtividade e no nível de concentração de ATR por tonelada de cana própria no Centro-Sul, o que ocasionou uma redução de produtividade agroindustrial. No caso do etanol hidratado, a redução de produtividade foi de 20,1% e 23,2% nas regiões Expansão e Tradicional respectivamente; v) Na região Nordeste, houve leve aumento na produtividade agroindustrial em função do aumento de produtividade da cana própria, próximo a 5,0%; vi) O açúcar manteve atratividade maior que do etanol; vii) O etanol anidro e hidratado só alcançou margem econômica na região Centro-Sul Expansão. Comparativamente à safra 2010/11 o presente levantamento mostra uma redução da competitividade da produção de todos os produtos agroindustriais das três regiões analisadas. Por outro lado, os impactos negativos trazidos na piora dos indicadores técnicos foram momentaneamente suplantados por melhores condições de preços do mercado de açúcar e etanol. Medidas para redução de custos e melhora dos indicadores técnicos mostram-se cruciais para trazer competitividade, segurança operacional e econômica às empresas. O indicador de produtividade agroindustrial do etanol hidratado, cuja amplitude entre as piores e melhores práticas é de quase 120%, ilustra o desafio da convergência de boas práticas produtivas nas empresas e, consequentemente, tornar seus custos mais competitivos. Mais uma vez, a publicação periódica feita pelo PECEGE/CNA sobre os custos de produção da cana-de-açúcar, açúcar e etanol reforça o compromisso do trabalho em difundir indicadores, ferramentas e métodos de cálculos de custos. Espera-se que os resultados e análises apresentados no trabalho retribuam o apoio recebido dos participantes da pesquisa, que nesse momento, necessitam de boas informações para apoiar ações para melhoria nas suas práticas de gestão e planejamento. 49

5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS CENTRO DE TECNOLOGIA CANAVIEIRA CTC. Comunicação pessoal. CEPEA. Indicadores de preço de açúcar e etanol. Disponível em: <http://www.cepea.esalq.usp.br>. CONSELHO DOS PRODUTORES DE CANA-DE-AÇÚCAR, AÇÚCAR E ÁLCOOL DOS ESTADOS DE ALAGOAS E SERGIPE CONSECANA-AL/SE. Sistema de remuneração da tonelada de cana-de-açúcar com base o açúcar total recuperável (ATR) Safra 2006/2007. Disponível em: <http://www.sindacucar-al.com.br >. CONSELHO DOS PRODUTORES DE CANA-DE-AÇÚCAR, AÇÚCAR E ÁLCOOL DO ESTADO DE PERNAMBUCO CONSECANA- PE. Normas operacionais do sistema de pagamento de cana-de-açúcar. Disponível em: <http://www.asplanpb.com.br>. CONSELHO DOS PRODUTORES DE CANA-DE-AÇÚCAR, AÇÚCAR E ÁLCOOL DO ESTADO DE SÃO PAULO - CONSECANA-SP. Manual de instruções. Disponível em: <http://www.orplana.com.br>. MARQUES, P. V. (Coord.) Custo de Produção Agrícola e Industrial de Açúcar e Álcool no Brasil na Safra 2007/2008. Piracicaba: Universidade de São Paulo, Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz, Programa de Educação Continuada em Economia e Gestão de Empresas/Departamento de Economia, Administração e Sociologia. 2009. 194 p. Relatório Apresentando a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil CNA. MATSUNAGA, M. et al. Metodologia de custo de produção utilizada pelo IEA. Agricultura em São Paulo, São Paulo, v. 23, t. 1, p. 123-139, 1976. MINISTÉRIO DA AGRICULTURA, PECUÁRIA E ABASTECIMENTO MAPA. Disponível em: http://www.agricultura.gov.br/ PECEGE. Custos de produção de cana-de-açúcar, açúcar e etanol no Brasil: safra 2009/10. Piracicaba: Universidade de São Paulo, Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz, Programa de Educação Continuada em Economia e Gestão de Empresas/Departamento de Economia, Administração e Sociologia. 2010. 100 p. Relatório Apresentando a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil CNA. PECEGE. Custos de produção de cana-de-açúcar, açúcar e etanol no Brasil: safra 2010/11. Piracicaba: Universidade de São Paulo, Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz, Programa de Educação Continuada em Economia e Gestão de Empresas/Departamento de Economia, Administração e Sociologia. 2011. 164 p. Relatório Apresentando a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil CNA. SINDICATO DA INDÚSTRIA DO AÇÚCAR E DO ÁLCOOL NO ESTADO DE ALAGOAS SINDAÇÚCAR-AL. Consecana/AL. Disponível em <http://www.sindacucaral.com.br>. UNIÃO DA INDÚSTRIA DE CANA-DE-AÇÚCAR UNICA. Disponível em: http://www.unica.com.br 50

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