SISTEMA DIGESTÓRIO E ESTOMATOGNÁTICO O tratamento de alimentos por processos físico-químicos, em diferentes níveis do sistema digestório, permite um fornecimento adequado de nutrientes para as células do organismo. O alimento penetrando na cavidade oral é impulsionado por contrações musculares através das regiões do trato digestivo. Este movimento súpero-inferior no homem (ântero-posterior em outras espécies) está relacionado principalmente com a atividade do músculo liso, que se estende desde a parte distal do esôfago até as porções finais do intestino grosso. A disposição das camadas musculares: longitudinal externa, circular interna e a "muscularis mucosae", promove movimentos que facilitam a propulsão e a mistura com as secreções digestivas, permitindo a degradação e absorção dos alimentos. Os constituintes orgânicos da dieta (proteínas, carboidratos e lípides), penetram no sistema digestivo de forma estruturalmente complexa, não podendo ser absorvidos em seu estado natural. Porém, o sistema digestório possui uma grande quantidade de glândulas exócrinas, que secretam enzimas e que convertem as grandes e complexas moléculas em moléculas simples, passíveis de serem absorvidas pelo trato gastrintestinal. Principalmente as glândulas salivares parótidas, submandibulares e sublinguais, desempenham funções relevantes, nos processos digestivos, pois a saliva facilita os processos mecânicos realizados na boca (mastigação e deglutição) e inicia a degradação de carboidratos, além de propiciar a função dos receptores de gustação presentes na cavidade bucal. As funções motoras e secretoras das diversas estruturas do sistema digestório são reguladas por mecanismos nervosos e hormonais. A regulação nervosa é realizada por plexos localizados no próprio trato gastrintestinal (Meissner e Auerbach) e por nervos autonômicos provenientes dos ramos simpático e parassimpático. Centros nervosos superiores também podem ter participação no controle da atividade digestiva (reflexos condicionados). A participação hormonal na regulação da motilidade e da secreção no trato gastrintestinal constitui ponto importante no processo digestivo. Atualmente se conhece os seguintes hormônios nesse processo: gastrina (aumenta a liberação de HCl no estômago); gastrozimina (aumenta a secreção de enzimas no estômago); secretina (aumenta a secreção pancreática rica em bicarbonato e também de bile); pancreozimina (aumenta a secreção pancreática rica em enzimas);
colicistoquinina (aumenta o esvaziamento da vesícula biliar para o duodeno); enterogastrona (inibe secreção e a motilidade gástrica); viliquinina (aumenta os movimentos das vilosidades intestinais). Propõe-se frequentemente que uma mastigação cuidadosa é importante para o processo digestivo, embora trabalhos recentes tenham demonstrado que as dietas modernas requerem um mínimo de mastigação para uma digestão completa. A função mastigatória destina-se à divisão dos alimentos, de forma a diminuir o atrito contra os tecidos moles da boca e do tubo digestório aumentar a superfície de contato entre os alimentos e as secreções digestivas, possibilitando uma digestão adequada e rápida. Na execução da função mastigatória, dois fatores são básicos: 1º) a ação muscular, que por meio de trabalho muscular produz forças que permitem vencer a resistência imposta pelo alimento; 2º) transmissão de força, conduzida por meio dos dentes nos alimentos. Esses fatores, embora pareçam simples, na realidade constituem mecanismos extremamente complexos, considerando que estão envolvidos mecanismos de regulação altamente diferenciados, com a finalidade de controlar a grandeza da distribuição da força necessária para a trituração ou maceração do alimento. Para que a mastigação seja efetiva é, pois necessário conhecer a quantidade de força que será desenvolvida pela ação muscular, levando em conta as condições intra-orais. Esse conhecimento da força mastigatória é elaborado pela integração no SNC de informações que chega ao trono encefálico, oriundos dos receptores da cavidade oral, do olfato, visão, tato, etc... Pessoas habituadas a uma alimentação cujos elementos da dieta apresentam resistência à mastigação (corte ou trituração) possuem força mastigatória maior, comparadas àquelas pessoas que ingerem alimentos de baixa resistência. A disposição correta e a oclusão dos dentes superiores e inferiores é um fator de grande importância, visto que a força produzida pelo trabalho muscular é exercida nos alimentos por meio dos dentes. Assim, deve haver uma disposição dos dentes que permita uma transmissão uniforme dessas forças, caso contrário, algumas partes do sistema serão afetadas, e consequentemente ter-se-á um ato mastigatório deficiente.
ATIVIDADE DOS MÚSCULOS DA MASTIGAÇÃO Objetivos: Analisar se 1 (um) minuto de descanso é suficiente para se refazer de 2 (dois) minutos de exercícios mandibulares. Materiais: Cronômetro; pedaço de borracha flexível, (não facilmente friável), com cerca de 1,5 cm de espessura (largura e comprimento suficiente para ser colocado entre os dentes incisivos). Técnica: 1) Coloque o pedaço de borracha entre os dentes incisivos. Fazer compressões sucessivas na frequência de 120/min (2/s) durante 2 minutos. Os movimentos do maxilar inferior devem ser feitos para haver compressões de 5 mm na borracha. Contar a frequência realizada no 1º e 2º minuto. Após os 2 minutos de exercícios parar por 1 minuto. Repetir o exercício como antes e contar as compressões no 1º e 2º minutos pós-pausa. 2) Realizar as mesmas etapas do item 1, mas alterar a frequência de 120/min (2/s) para 180/min (3/s). Estudo Orientado: Descrever as sensações que surgem nos músculos da mastigação desde o início até o término do experimento. Apesar da proposta de realizar 120 movimentos por minuto, conseguiu tal intento? Mostre num gráfico as frequências de compressões nos 1º e 2º minuto, e pós-pausa. 1º e 2º minutos, colocando o tempo no eixo horizontal e a frequência no eixo vertical. Descrever o mesmo para 180 movimentos por minuto. Neste tipo de experimento o descanso (pausa) de 1 minuto foi suficiente para refazer as condições contráteis dos músculos. Explicar O que seria previsto se a borracha fosse mais rígida? E se os movimentos fossem mais lentos? E mais rápidos?
Quais meios artificiais poderiam ser utilizados para se refazer mais rapidamente deste exercício feito? Pelas sensações tidas, quais músculos da mastigação entraram em maior grau de fadiga, neste tipo de experimento? O que significa fadiga muscular, quais os tipos e qual ou quais possivelmente, tenha(m) ocorrido neste caso? Justifique. SECREÇÃO SALIVAR E ph BUCAL Objetivos: 1. Mostrar a influência do fluxo salivar sobre o ph da boca. 2. Analisar a relação entre o tipo de alimento a ingestão alimentar e a secreção salivar. Materiais e métodos: Materiais: fita de ph, limão, chiclete com açúcar, chiclete sem açúcar, bolacha salgada, bolacha doce, refrigerante comum e refrigerante dietético. Soluções: fluoreto de sódio a 0,05%. Técnicas Para a Determinação do ph da Boca: Segurar uma das pontas da fita indicadora de ph com os dedos polegar e indicador; introduzir aproximadamente 1/3 da fita na boca do voluntário, mantendo-a dentro até o completo umedecimento com a saliva, colocando a ponta da fita sob a língua a fim de favorecer o contato com o líquido bucal. Após 10 segundos, retirar a fita e fazer a leitura, comparando a reação de cor ocorrida com a da escala colorimétrica fornecida na caixa de fitas, verificando o valor correspondente de ph. Nesta determinação do ph, permanecer no mínimo 1 hora sem ingerir alimentos, chupar balas, mascar chicletes, fumar ou beber refrigerantes. Sequência Experimental:
1. Escrever os nomes dos alunos do grupo e numerar sequencialmente. Usando a fita para ph, fazer a determinação do ph da boca de cada aluno do grupo. Anotar os resultados. 2. O aluno número 1 irá mastigar um chiclete com açúcar por um período de 5 minutos e, a seguir, medir o ph da boca. Anotar o resultado. 3. Após a realização do item 2, fazer bochecho com solução de fluoreto de sódio a 0,05% e determinar novamente o ph. Anotar os resultados. 4. O número 1 da relação de nomes deverá repetir os itens 2 e 3 utilizando chicletes sem açúcar e a solução de flúor, Anotando os dados obtidos. 5. O aluno número 2 irá realizar o experimento, ingerindo três bolachas doces em um período de 1 minuto. Medir o ph da boca. A seguir, fazer bochecho com a solução de flúor e medir novamente o ph. Anotar os resultados. 6. O aluno do grupo número 2 deverá repetir o experimento anterior ingerindo três bolachas salgadas. 7. O aluno número 3 deverá ingerir lentamente, mas de forma contínua, um copo de refrigerante comum e, logo a seguir determinar o ph da boca. Após um intervalo de 10 minutos, medir novamente o ph e repetir o experimento ingerindo refrigerante dietético. 8. Escolher dois alunos do grupo e pedir para colocarem 3 gotas de suco de limão sobre o dorso da língua. Após 1 minuto, determinar o ph bucal. Anotar os resultados. 9. Ilustrar os efeitos das manobras experimentais preparando tabelas com os dados obtidos. Estudo Orientado: Em relação ao tipo de alimento apresentado e ingerido, que influência teve no ph da boca? O volume de saliva formado foi influenciado pelo tipo de alimento? Descreva. Quais são as glândulas encarregadas de produzir saliva? Classificá-las de acordo com o tipo de saliva secretado. Explicar a importância da saliva para a manutenção da fisiologia bucal. Qual a função dos ácinos e dos ductos na secreção salivar? Como é feita a regulação da secreção salivar? Qual o volume diário de secreção salivar? Citar fatores que podem alterar este volume. Explicar como o fluxo e a composição da saliva podem influenciar o ph da boca.