Aspectos fonéticos nas produções orais de alunos brasileiros aprendizes de espanhol Maria Sílvia Barbosa (UNESP/ UNIFRAN/ Uni-FACEF) Ucy Soto (UNESP) Em nossa prática docente percebemos, muitas vezes, que alunos brasileiros, aprendizes de espanhol como língua estrangeira, demonstram algumas dificuldades no que diz respeito à pronúncia da língua espanhola. Essa dificuldade pode ser acarretada por diversos fatores. A partir da teoria da análise contrastiva, podemos dizer que existe uma previsão dos erros na aprendizagem de uma segunda língua (espanhol) a partir do conhecimento da primeira língua (português). Nesse sentido podemos citar: Suponemos que el estudiante que se enfrenta a un idioma extranjero encuentra que algunos aspectos del nuevo idioma son muy fáciles, mientras que otros ofrecen gran dificultad. Aquellos rasgos que se parezcan a los de su propia lengua le resultarán fáciles y por el contrario los que sean diferentes le serán difíciles. El profesor que haya hecho una comparación de la lengua extranjera con la lengua nativa de los estudiantes tiene más probabilidad de saber qué problemas van a surgir y puede prepararse para resolverlos (LADO, 1957, p. 2-3). Assim, podemos dizer que existem os sons idênticos nas duas línguas que não criarão dificuldades na aprendizagem. Teríamos também os novos sons na língua estrangeira, sem equivalência na língua materna, em que é muito possível alcançar uma produção muito próxima. E, por último, há os sons similares nas duas línguas que são os mais passíveis de interferência e que, possivelmente, são os que provocarão mais problemas na aprendizagem. Com vistas ao ensino da língua espanhola em contexto brasileiro devemos considerar três conceitos preliminares, de acordo com Listerri (2003), para que a 3061
conscientização e o ensino de pronúncia sejam abarcados nesse contexto. São eles: o ensino da fonética, o ensino da pronúncia e a correção fonética. O ensino de fonética consiste em uma reflexão explícita sobre o sistema e deve ser considerado para a formação de um especialista para que adquira um conhecimento formal e detalhado das características articulatórias, acústicas e perceptivas dos elementos segmentais e supra-segmentais da língua. Já o ensino de pronúncia, ao contrário, é uma das destrezas que todo aluno necessita dominar quando aprende uma língua estrangeira. Por isso deveria fazer parte dos conteúdos de qualquer plano curricular e o professor teria que incorporar às suas atividades em aula. E a correção fonética é necessária quando na produção oral se detectam erros que é preciso corrigir. O professor deverá, em algum momento, enfrentar a correção da pronúncia com cautela. Considerando, ainda, que no ensino de pronúncia é necessário que haja o apontamento de alguns objetivos. A variedade geográfica em língua espanhola é muito importante, assim, é preciso que sejam oferecidos modelos das variedades utilizando materiais autênticos. Ainda é necessário que o professor tenha consciência do grau de precisão fonética, ou seja, o grau que se deseja alcançar na produção oral dos estudantes. Pensando em todas as considerações acima, realizamos uma pesquisa com alunos brasileiros, nível intermediário, aprendizes de espanhol como língua estrangeira. Para tentar observar algumas ocorrências próprias desse público, optamos por gravar (em áudio) as produções orais desses estudantes. Assim, muitas considerações foram feitas sobre alguns aspectos passíveis de observação nessas produções. Tentaremos, a seguir, apontar alguns deles, sabendo que nossas observações foram no nível fonético e, que outros casos e ocorrências podem existir, dependendo da medida que se tome para a observação. 3062
Salientamos que não usaremos a fonte contemplada pelo Alfabeto Fonético Internacional. Dessa forma descreveremos de forma sintética cada um dos aspectos e tendências dos brasileiros: Abrir e e pronunciar como é Abrir o e pronunciar como ó Prolongar as vogais tônicas Introduzir i depois de p ao final de sílaba Introduzir i depois de c ao final de sílaba Introduzir i depois de g ao final de sílaba Pronunciar s como z entre vogais São apenas alguns aspectos, que consideramos importantes no ensino de pronúncia da língua espanhola como língua estrangeira e que formam parte de um notável conjunto de fatores para a produção oral. Sabemos, no entanto, que outros preceitos devem ser considerados, como os aspectos prosódicos, mais especificamente a entoação e o ritmo e que muito colaboram para uma produção próxima à do nativo falante. Entretanto, esses não são fatores considerados no presente estudo. A título de conclusão, acreditamos que a correção e consideração da pronúncia devam ser abarcadas no planejamento de cursos de espanhol como língua estrangeira, uma vez que a produção oral é uma importante destreza na aprendizagem de uma língua estrangeira. Referências 3063
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