Iniciativa Grandes Obras na Amazônia Aprendizados e Diretrizes GT Supressão Vegetal. Relato - Segunda reunião de trabalho

Documentos relacionados
RESUMO DAS DISCUSSÕES Supressão Vegetal Autorizada

Iniciativa Grandes Obras na Amazônia Aprendizados e Diretrizes GT Supressão Vegetal Autorizada. Relato - Terceira reunião de trabalho

Iniciativa Grandes Obras na Amazônia Aprendizados e Diretrizes GT Agendas de Desenvolvimento Territorial. Relato Seminário de consulta 1

Iniciativa Grandes Obras na Amazônia Aprendizados e Diretrizes GT Instrumentos Financeiros. Relato - Segunda reunião de trabalho

Iniciativa Grandes Obras na Amazônia Aprendizados e Diretrizes GT Capacidades Institucionais. Relato Seminário de consulta 1

GRANDES OBRAS NA AMAZÔNIA: Aprendizados e Diretrizes

Relato Seminário sobre Planejamento e Ordenamento Territorial Belém, 18 e 19 de outubro de 2016

Iniciativa Grandes Obras na Amazônia Aprendizados e Diretrizes GT Ordenamento Territorial e Biodiversidade. Relato Seminário de consulta 1

Diretrizes para Políticas Públicas e Práticas Empresariais na Instalação e Operação de Grandes Empreendimentos em Territórios na Amazônia

Planejamento e desenvolvimento territorial

Diretrizes para Políticas Públicas e Práticas Empresariais na Instalação e Operação de Grandes Empreendimentos em Territórios na Amazônia

Diretrizes para Políticas Públicas e Práticas Empresariais na Instalação e Operação de Grandes Empreendimentos em Territórios na Amazônia

Diretrizes para Políticas Públicas e Práticas Empresariais na Instalação e Operação de Grandes Empreendimentos em Territórios na Amazônia

Povos indígenas, quilombolas e comunidades tradicionais

SUPRESSÃO VEGETAL AUTORIZADA

Sustentabilidade em territórios com Mineração Fabio Abdala Gerente de Sustentabilidade, Alcoa

Grandes projetos de infraestrutura como PÉS NO CHÃO

FUNBIO Fundo Brasileiro para a Biodiversidade

RESUMO DAS DISCUSSÕES Grupos Vulneráveis e Direitos Humanos Crianças, Adolescentes e Mulheres

Iniciativa Grandes Obras na Amazônia Aprendizados e Diretrizes GT Deslocamentos Compulsórios

RESUMO DAS DISCUSSÕES Capacidades Institucionais

Organização da Aula. Auditoria em Certificação Ambiental. Aula 6. Certificação. Contextualização. Instrumentalização

GT Deslocamentos Compulsórios Grandes Obras na Amazônia: Aprendizados e Diretrizes. Brasília, 03/04/2018

Forest Stewardship Council FSC Brasil. Certificação Florestal FSC

Povos indígenas, quilombolas e comunidades tradicionais

GRANDES OBRAS NA AMAZÔNIA: APRENDIZADOS E DIRETRIZES QUEM SOMOS

Desmatamento anual na Amazônia Legal ( )

RESUMO DAS DISCUSSÕES Grupos Vulneráveis e Direitos Humanos Povos Indígenas, Populações Tradicionais e Quilombolas

Certificação Florestal FSC

Certificação Florestal FSC

GRANDES OBRAS NA AMAZÔNIA: Aprendizados e Diretrizes

II Seminário Governança de Terras e Desenvolvimento Econômico Cases Unidade Aracruz

Diretrizes para Políticas Públicas e Práticas Empresariais na Instalação e Operação de Grandes Empreendimentos em Territórios na Amazônia

Agenda. Contexto. O Nordeste Territorial. Fórum de Governança da Atividade Econômica. Formas de Financiamento

Mesa Redonda da Madeira Tropical Sustentável

Demandas do setor florestal familiar e comunitário levantadas durante o Seminário Manejar e apresentadas ao grupo de transição do futuro governo do

Ciclo FEBRABAN de 14 º

Apresentação do projeto CiViA Ciclo de Vida Aplicado

Relatório de Atividades Ano 2012 Secretaria Executiva Fórum Florestal Paraná e Santa Catarina

ECONOMIA VERDE NA AMAZÔNIA: DESAFIOS NA VALORIZAÇÃO DA FLORESTA EM PÉ CONTRIBUIÇÃO DO GRUPO BANCO MUNDIAL

Relatório de Atividades da Secretaria Executiva Outubro de 2010 a novembro de 2011

AQUISIÇÃO RESPONSÁVEL DE MADEIRA NA CONSTRUÇÃO CIVIL Guia Prático para as Construtoras. Lilian Sarrouf

Oficina. Grandes Obras na Amazônia. Tema 5: Ordenamento Territorial e Biodiversidade *Síntese* Ane Alencar Paulo Moutinho e Raissa Guerra

Reunião com Governo do Estado

PLANO DE TRABALHO 2011

Análise dos impactos socioeconômicos e ambientais do complexo minero-siderúrgico de Mato Grosso do Sul (CMS-MS)

Juruti Sustentável e os Indicadores de desenvolvimento local. Governança para o desenvolvimento em Municípios com Mineração 23 de abril 2013

GRANDES OBRAS NA AMAZÔNIA: APRENDIZADOS E DIRETRIZES

Setor Gráfico. Rio de Janeiro 3 de dezembro de 2013

QUEM SOMOS DESAFIOS. > Como funciona 05. > Quem pode participar 07. > Etapas Mapa e Panorama de Negócios Comunitários Sustentáveis 08

Relatório de Atividades.

Sumário. Programa de Comunicação Indígena UHE Belo Monte

Programa Territórios Sustentáveis. Uma nova abordagem sobre sustentabilidade

CERTIFICAÇÃO FSC FOREST STEWARDSHIP COUNCIL. A responsabilidade ambiental começa aqui. Imprima somente se for idispensável.

Objetivos Estratégicos Perspectiva: Competência. Ampliar a disponibilidade de competências necessárias à atuação do SNF

Secretaria de INDÚSTRIA COMÉRCIO E MINERAÇÃO - SEICOM PLANO DE MINERAÇÃO DO ESTADO DO PARÁ

Atuação Socioambiental do BNDES. Evolução no Período 2008/2010. nov / 2010

CiViA Ciclo de Vida Aplicado. No non on nonnno

SANTARÉM, PARÁ. BELTERRA, PARÁ 2014 AGOSTO, 2016

TEEB para o setor de negócios. Integrando a biodiversidade aos negócios

PORTARIA INTERMINISTERIAL MDA e MDS e MMA Nº 239 DE 21 DE JULHO DE 2009

TERMO DE REFERÊNCIA CONSULTORIA PARA A IMPLEMENTAÇÃO DO PLANO DE TRABALHO DA INICIATIVA DIÁLOGO EMPRESAS E POVOS INDIGENAS

E C O N Ô S O C E N T A L. Cultura e Tradição

CARTA DE PRINCÍPIOS Indústria Brasileira de Árvores (Ibá)

RESUMOS DAS DISCUSSÕES Instrumentos Financeiros

Proposta de investimento em Inovação e Sustentabilidade: Planta Piloto de Bio-refinaria Jirau Soluções para uso de madeira de SVA

Carta de Compromisso. Página 1 de 5

Princípios e critérios para a produção de carvão vegetal utilizado na produção de ferro gusa para a cadeia produtiva do aço sustentável brasileiro.

PROJETO ESTRUTURANTE COSMÉTICO DE BASE FLORESTAL DA AMAZÔNIA

Internet das Coisas: um plano de ação para o Brasil

Projeto Estruturante Cosmético de Base Florestal da Amazônia

Política Territorial da Pesca e Aquicultura

Sustentabilidade nas instituições financeiras Uma visão sobre a gestão de riscos socioambientais

A Certificação da Cadeia de Responsabilidade

FORUM FLORESTAL BAHIA Certificação Florestal

4ª CNCTI Seminário Temático

PRODUÇÃO E CONSUMO SUSTENTÁVEIS. São Paulo, 19 de outubro de 2017

LINHA DO TEMPO. Março - Washington, EUA. Estabelecimento de um Conselho de Administração do FSC com caráter interino.

Área de Insumos Básicos AIB

III Conferência de Populações Tradicionais Extrativistas do Amazonas. Manaus: 25 a 29 de agosto de 2008

IMAFLORA. Certificação Florestal. Guilherme de Andrade Lopes. Instituto de Manejo e Certificação Florestal e Agrícola

Florestal Santa Maria S/A

A Certificação da Cadeia de Responsabilidade. Raquel Sanmartín Lisboa 30.Mar.12

PROJETO DGM/FIP/BRASIL

CÂMARA TÉCNICA DE FRANGO. Plano de Trabalho

Sustentabilidade nos Negócios

Relatório Minicurso REDD+ Indígena

Formação Socioambiental ( ) Sistema Integrado de Monitoramento

Carvão. Vegetal. na produção do Aço Verde. Solução renovável a favor de uma economia de baixo carbono. Imagem ArcelorMittal /Eduardo Rocha

COOPERATIVAS DE CATADORES COMO NEGÓCIOS DE IMPACTO: Conceito e Aplicação

Execução: Centro de Estudos em Sustentabilidade da Fundação Getulio Vargas. Anexo 3 Documentos temáticos sintéticos

Indústria Química, Sociedade e Território: novos desafios para o Grande ABC

Observatório Nacional da Economia Solidária e Cooperativismo

RESUMO DAS DISCUSSÕES Planejamento Territorial e Monitoramento do Desenvolvimento

Iniciativa Grandes Obras na Amazônia Aprendizados e Diretrizes GT Deslocamentos Compulsórios Brasília, 03 de abril de 2018

MINISTÉRIO DE MINAS E ENERGIA Secretaria Executiva. Assessoria Especial em Gestão Socioambiental (AESA) FÓRUM OS DESAFIOS DA TRANSMISSÃO

Gestão DEPAR

QUE NOS INSPIRA! ESSE É O IDEAL

Perfil dos Crimes Ambientais na Amazônia

B3 divulga a 13ª carteira do ISE - Índice de Sustentabilidade Empresarial

Transcrição:

Iniciativa Grandes Obras na Amazônia Aprendizados e Diretrizes GT Supressão Vegetal Relato - Segunda reunião de trabalho São Paulo, 10 de maio de 2016 O segundo encontro do Grupo de trabalho (GT) Supressão Vegetal deu continuidade aos debates sobre os gargalos na destinação de madeira oriunda de supressão vegetal autorizada (SVA), no contexto de grandes empreendimentos. Para tanto, o grupo contou com apresentação da Secretaria de Meio Ambiente e Sustentabilidade do Estado do Pará (Semas) quanto às especificidades desse processo no estado. Por sua vez, o Fundo Brasileiro para a Biodiversidade (Funbio) compartilhou os resultados da consulta pública Potencialidades e Limites do Uso de Supressão Vegetal Autorizada (SVA) e a empresa Engie apresentou plano de instalação de biorredutor para transformação da madeira de supressão em insumo energético, que poderia ser destinado à indústria metalúrgica. A intensificação e avanço de grandes projetos de infraestrutura e mineração na Amazônia é acompanhada por atividades de retirada da vegetação, previstas e autorizadas pelos órgãos licenciadores. As dificuldades para destinação deste material fazem com que o mesmo acabe por degradar-se nos pátios de armazenagem. A depender do porte do empreendimento, trata-se de um volume substancial de madeira que, se bem aproveitado, poderia beneficiar cadeias florestais legais e a produção energética menos poluente. As três apresentações do dia reforçaram de forma destacada a falta de um marco regulatório que possibilite controle de origem, de forma que a cadeia de custódia esteja rastreada desde a retirada da madeira até a chegada na serraria. Para o

projeto de biorredutor, ainda em fase de elaboração pela Engie, a falta de procedimentos adequados para que se comprove a origem legal dos insumos compromete o modelo de negócios, que apresenta a vantagem de se aproveitar madeira sem valor comercial, conhecida como refugo, promover a substituição de insumos ilegais nas cadeias produtivas e o aproveitamento energético. As possibilidades, nesse caso, são também limitadas por impedimentos legais referentes à exportação do carvão vegetal. Uma das grandes preocupações da Semas, que licencia pequenos e médios empreendimentos no estado do Pará, é a viabilização da supressão vegetal sem que se permita a entrada de madeira ilegal na cadeia madeireira, posição que foi fortemente acompanhada pelo grupo. Há que se aprofundar oportunamente as vulnerabilidades específicas de SVA relativas a tais fraudes. A rastreabilidade da supressão vegetal aparece também como uma das principais recomendações da consulta realizada pelo Funbio, da qual participaram cerca de 50 representantes de ONGs e de entidades privadas e públicas. Adicionalmente, o grupo destacou a necessidade de se atentar para a estruturação das cadeias locais. Para esse gargalo concorrem limitações legais que incidem sobre uso e comercialização da madeira e também capacidades produtivas locais. Muitas vezes, diz a Semas, os receptores selecionados não reúnem condições para processamento da madeira em tora. Além disso, no estado do Pará, para alguns tipos de empreendimento é possibilitada a comercialização e para outros apenas a doação, o que limita as possibilidades de aproveitamento, a eventual amortização dos custos da supressão vegetal para empreendedores, ou mesmo a geração de receita para comunidades locais, nos casos em que detém a propriedade da terra da qual a vegetação é suprimida. Um caminho que viabilize a comercialização dos produtos de SVA de maneira mais segura e simplificada aparece como um dos pontos fortes de trabalho para o GT. De forma complementar aos avanços que se possa aventar no âmbito regulatório, o grupo identifica como oportunidade valiosa a inclusão da SVA em

certificações socioambientais voluntárias, como o selo Forest Stewardship Council (FSC). A introdução dessa categoria entre as práticas certificáveis poderia lançar luz sobre métodos de rastreabilidade da cadeia e também sobre possibilidades de comercialização, de forma controlada e transparente. Foram destacadas, além do mais, as dificuldades operacionais dos órgãos licenciadores. De acordo com a Semas, apesar de os sistemas estarem atravessando um processo de modernização, licenças e notificações ainda são emitidas de maneira manual, o que torna os processos lentos e dificulta a fiscalização dos empreendimentos. Por fim, a consulta realizada pelo Funbio, em parceria com a Engie, contrapôs os impactos positivos do uso de SVA notadamente a geração de empregos e divisas aos riscos de aumento de conflitos sociais em torno dos recursos. O grupo avalia que é preciso garantir a participação da sociedade e populações diretamente afetadas pelos projetos, de forma a não permitir que estas sejam alijadas do processo, sendo necessária a produção de salvaguardas. Duas frentes de trabalho foram criadas no interior do GT: a primeira com compromisso de desenvolver aproximações com os órgãos reguladores a fim de estabelecer diálogo e discutir soluções sobre alguns gargalos; e uma segunda frente que deverá se debruçar sobre as questões que dizem respeito à atuação do mercado, com foco nas cadeias e no processo de certificação da madeira. Deve-se articular também no âmbito do GT uma moção a ser apresentada na próxima assembleia do FSC, em 2017. A necessidade de engajar parceiros à iniciativa foi também reiterada, reafirmando-se a importância de mobilização ampla para garantir ampliação do quórum para as próximas reuniões e seminários a serem realizados. Como próximos passos para o GT Supressão Vegetal ficaram acordados a mobilização para reunião a ser realizada em Belém ao final do mês de julho;

avanço na elaboração para moção relacionada à certificação da madeira oriunda de SVA; e aproximação com os órgãos reguladores a fim de dialogar sobre os entraves à destinação da madeira. QUEM PARTICIPOU Participaram da reunião: Mario Monzoni, Marcos Dal Fabbro, Graziela Azevedo, Kena Chaves e Miria Alvarenga (GVCes); Laura Oller e João Abud (International Finance Corporation IFC); Ageu da Silva Vilácio (Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira COIAB); Anna Beatriz de Brito Gomes (Fundo Brasileiro para Biodiversidade FUNBIO); Fabio Abdala (Alcoa); Maria Augusta Botino (Suzano); Miguel Lanzuolo de Paula e Philipp Hauser (Engie); Vera Clau Waissman (BZDUZER); Alexandre Uhlig (Acende Brasil); Jacqueline Dow-Beer (consultora independente); Tobias Brancher (Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Sustentabilidade do Governo do Pará SEMAS). Sobre a iniciativa O Centro de Estudos em Sustentabilidade da Fundação Getulio Vargas (GVces) e a International Finance Corporation (IFC) partem da convicção de que é possível aprimorar a trajetória de instalação e operação grandes empreendimentos na Amazônia. Com base em um amplo diálogo, no qual já se engajaram mais de 50 organizações, de diversos setores, a iniciativa busca consolidar aprendizados e propor diretrizes orientadas pela promoção do desenvolvimento local. O processo organiza-se em grupos de trabalho temáticos: Agendas de Desenvolvimento Territorial; Instrumentos de Financiamento; Grupos Vulneráveis e Direitos Humanos (foco em Crianças, Adolescentes e Mulheres; e em Povos Indígenas, Comunidades Tradicionais e Quilombolas); Capacidades Institucionais e Articulação das Políticas Públicas; e Ordenamento Territorial e Biodiversidade. Os grupos vêm produzindo documentos com subsídios para as discussões e para a realização de oficinas temáticas. O acúmulo desses apontamentos será debatido em seminários específicos e fóruns, que devem resultar em um conjunto de orientações com alto grau de aplicabilidade. A contínua articulação institucional e promoção de diálogo almejam que todo o processo possa inspirar aprimoramento das práticas empresariais, bem como das políticas públicas, e fortalecer o debate pela sociedade civil. Quer participar? Entre em contato:

Graziela.azevedo@fgv.br (11) 3799-3502 Saiba mais: www.gvces.com.br/grandes-obras-na-amazonia