Competências avaliadas na Redação do ENEM
Competência I A primeira competência cobrada é o domínio da gramática e estética textual. O candidato deve conhecer o uso da norma padrão da língua portuguesa e suas aplicações. Serão observados os conhecimentos sobre todas as regras gramaticais, levando em consideração critérios relacionados à ortografia, regência, concordância e semântica.
O que será avaliado? Diferença entre modalidade oral e escrita Ortografia e regras gramaticais Estética geral do texto e número de linhas Ausência de marcas de oralidade Precisão vocabular Colocação das letras maiúsculas e minúsculas Divisão silábica na mudança de linha (translineação)
Competência II A segunda competência cobrada no Enem é a compreensão da proposta. Aqui o candidato precisa entender o tema a ser desenvolvido, organizar as ideias e aplicá-las em um texto. Para isso, é preciso ler o tema com bastante atenção, para conseguir relacionar outras áreas do conhecimento e provar que sabe o que é um texto dissertativo.
O que será avaliado? Compreensão da proposta: evite ficar preso aos textos motivadores, não os copie, mas também não deve ignorá-los. Conhecimento sobre outras áreas, como, por exemplo, literatura, biologia, cinema e entre outras. Se o aluno sabe estruturar um texto dissertativo.
Competência III Na terceira competência é cobrado se a argumentação do candidato é feita com base em fatos concretos para defender seu ponto de vista. Tudo que será escrito na redação, precisa ser fundamentado em algo real e comprovado. O aluno pode usar dados estatísticos, analogias, metáforas, fatores com causa e consequência, enumeração e citação.
O que será avaliado? Progressão qualitativa (sentido entre as partes do texto) Ordem lógica entre as ideias apresentadas Coerência: adequação entre o conteúdo do texto e o mundo real Encadeamento de ideias (sem saltos temáticos)
Competência IV Nessa competência, será avaliado se o candidato sabe escrever um texto coeso. Como na redação do Enem é exigido um texto dissertativoargumentativo, as ideias precisam, além de serem bem embasadas, estar bem articuladas e organizadas por meio de parágrafos bem estruturados. A utilização de conectivos deve ser explícita, ligando os argumentos e parágrafos, evitando repetições.
O que será avaliado? Estruturação dos parágrafos: o parágrafo é formado por uma ideia principal à qual se ligam as ideias secundárias Estruturação dos períodos: os períodos de um texto dissertativo são, normalmente, estruturados de modo complexo, formados por duas ou mais orações, para que se possam expressar as ideias de causa- consequência, contradição, temporalidade, comparação, conclusão, entre outras.
Uso de referências: os lugares, pessoas, coisas, dados, informações e fatos que são introduzidos devem ser retomados, à medida que o texto vai progredindo. Referências podem ser expressas por meio de pronomes, advérbios, e artigos.
Competência V Essa é a competência mais importante, pois a elaboração da solução do problema proposto é a mais criteriosa entre os corretores e onde os alunos possuem mais dificuldade. O candidato deve ter levantado alguns aspectos voltados para uma problemática, para um fato passível de ser solucionado. Ao concluir seu texto, deve-se apresentar uma solução para o que foi discutido ao longo da redação.
A proposta de intervenção deve ser detalhada de modo a permitir ao leitor o julgamento sobre sua exequibilidade, portanto, deve conter a exposição da intervenção sugerida e o detalhamento dos meios para realizá-la. Além disso, é preciso considerar os pontos abordados durante o desenvolvimento do texto e ter coerência com os argumentos utilizados, já que expressa a sua visão, como autor, das possíveis soluções para a questão discutida.
O que será avaliado? Presença da proposta Detalhamento dos meios para realização da solução proposta Possibilidade de ser executada. A solução que eu apresento é viável? Respeito aos Direitos Humanos: a intervenção não pode ferir aos valores como cidadania, liberdade, solidariedade e diversidade cultural.
Proposta de redação A partir da leitura dos textos motivadores e com base nos conhecimentos construídos ao longo de sua formação, redija texto dissertativoargumentativo em modalidade escrita formal da língua portuguesa sobre o tema Caminhos para combater a epidemia de crack no Brasil, apresentando proposta de intervenção que respeite os direitos humanos. Selecione, organize e relacione, de forma coerente e coesa, argumentos e fatos para defesa de seu ponto de vista.
TEXTO I Quem é pai ou mãe tem preocupações constantes, não importa a idade de seus filhos. Porém, nos últimos anos, não existe assombração maior para familiares do que o fantasma do crack droga derivada da cocaína, adaptada para ser fumada, o que torna seu efeito rápido e devastador no organismo do consumidor. O vício acontece numa velocidade absurda; pesquisas apontam que em um mês o usuário passa de eventual a dependente. E os pesadelos começam: veloz perda da realidade, necessidade cada vez mais frequente de consumir a droga, e também ergue-se uma barreira de convivência entre o usuário e sua família, afinal ele não consegue se relacionar mais com as pessoas. Considerada em passado recente a droga das populações menos favorecidas, o perfil do usuário vem mudando a cada ano, atingindo todas as classes sociais. Segundo dados da Secretaria de Saúde do Estado de São Paulo, entre 2006 e 2008, o número de usuários de crack com renda familiar acima de 10.000 reais aumentou 139,5%. Em algumas das mais caras clínicas particulares de tratamento de dependências químicas em São Paulo, cerca de 60% das internações são de usuários de crack. É importante se avaliar o aspecto social nos tratamentos, visto que o crack, por ser ilícito, é distribuído em um cenário de marginalidade e violência. Para conseguir saciar o vício, o usuário perde a noção do perigo e envolve-se constantemente em situações de alto risco. Segundo dados da Universidade Federal de São Paulo Unifesp, a mortalidade associada ao crack é de 30%, sendo que metade das vítimas morre em confrontos violentos com traficantes ou policiais, e isso deve ser levado em conta na hora de planejar o tratamento adequado para cada usuário.
TEXTO II Ivone Ponczek, diretora do Núcleo de Estudo e Pesquisa em Atenção ao Uso de Drogas (Nepad) da Universidade do Estado do Rio (Uerj), afirma ser um retrocesso a proposta do deputado Osmar Terra (PMDB-RS). Ela compara a aprovação do projeto de lei com a polêmica nomeação do deputado Marco Feliciano (PSC-SP) à Comissão de Direitos Humanos da Câmara. É tão questionável quanto à situação dele (Feliciano), afirma. O projeto de lei 7.663/2010 prevê, entre outras ações, a internação involuntária de usuários de droga. Como a senhora avalia a proposta? É um retrocesso. Sou contra. Tivemos um enorme ganho com a atual legislação que descriminaliza os usuários de drogas. Entendo que esses dependentes precisam de tratamento e não de punição. Em relação ao tráfico (o projeto do deputado Osmar Terra aumenta a pena para este tipo de crime), acho que os responsáveis devem ser punidos. Agora, tem que resguardar os usuários de drogas. O dependente precisa de médico. Se (o projeto) for aprovado, voltaremos à fase anterior da reforma psiquiátrica.
Como resolver o problema então? A única maneira de resolver o problema é o tratamento. Acho que tem poucas instituições, principalmente para internação. Mas temos que entender que a internação não deve ser uma medida de isolamento da sociedade, de exclusão. A internação tem que ser por indicação médica. É transformar a ideia de punição a um direito que a Constituição garante à saúde, que não é cumprida no nosso país.