DECISÃO DE ARQUIVAMENTO

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Transcrição:

DECISÃO DE ARQUIVAMENTO (autos de n. 1.28.000.000139/2015-10) Trata-se de inquérito civil instaurado a partir de notícia de fato autuada em 29 de janeiro de 2015 em razão de representação apresentada anonimamente. Tal representação noticiou a possível existência de irregularidades e eventual prática de ato de improbidade administrativa relativamente à celebração e execução do contrato de repasse n. 0350824-56 (n. SIAFI: 669801), firmado entre o Ministério das Cidades e o Município de São Gonçalo do Amarante-RN, no montante total de R$ 40.334.171,44, e que tem por objeto a construção do sistema adutor Maxaranguape, com captação, elevação, tratamento, adução e reservação em São Gonçalo do Amarante-RN. De acordo com a representação, Alessandro Gaspar Dias, Secretário Municipal de Infraestrutura de São Gonçalo do Amarante-RN, é sobrinho do diretor-presidente da Construtora A. Gaspar S.A., empresa responsável pela execução da obra objeto do contrato de repasse. Além disso, observou-se a possibilidade de que pagamentos indevidos estariam sendo realizados, apesar do Autos de n. 1.28.000.000139/2015-10. 1/5

controle por medições feito pela Caixa Econômica Federal (folhas 05 e 07 e 16 e 17). A Caixa Econômica Federal e o Ministério das Cidades afirmaram que as fiscalizações por medição ordinariamente realizadas são suficientes para impedir que qualquer pagamento indevido seja realizado (folhas 27 a 29 e 32 a 67). A Controladoria-Geral da União (CGU) realizou fiscalização no processo de licitação do contrato de repasse n. 0350824-56 (n. SIAFI: 669801) e encontrou um sobrepreço inicial no valor de R$ 2.864.045,84 em relação ao valor de mercado. Contudo, depois de comunicado dos resultados da auditoria da CGU, o Município de São Gonçalo do Amarante-RN reviu o valor contratado e o reduziu ao valor de mercado, adaptando-se às recomendações da CGU (folhas 77 e 78). Afora isso, a unidade da CGU no Rio Grande do Norte solicitou à sua unidade central a inclusão de fiscalização relativamente à execução do contrato de repasse n. 0350824-56 (n. SIAFI: 669801) e aos pagamentos já realizados e a realizar (folhas 77 e 77v). O Tribunal de Contas da União foi formalmente comunicado pelo Ministério Público Federal para realizar um acompanhamento especial do contrato de repasse n. 0350824-56 (n. SIAFI: 669801) ainda durante sua execução, com a finalidade de impedir eventual emprego indevido de recursos públicos enquanto a conduta ainda está ocorrendo (e não somente posteriormente, buscando-se uma incerta reparação) (folhas 72 e 73 e 76). Autos de n. 1.28.000.000139/2015-10. 2/5

A análise dos autos demonstra que, até o presente momento, não foi constatada nenhuma irregularidade insanável que se qualifique como ato de improbidade administrativa a justificar a tramitação deste inquérito civil. As obras objeto do do contrato de repasse n. 0350824-56 (n. SIAFI: 669801) que deram origem à sua instauração, embora ainda não estejam totalmente concluídas, estão tendo andamento devido e estão sendo acompanhadas e fiscalizadas pela Caixa Econômica Federal. Assim, tratando-se apenas de uma obra regularmente em execução sem qualquer indício de irregularidade, não há mais necessidade em seu acompanhamento pelo Ministério Público Federal, o que, em consequência, torna também desnecessária a tramitação deste inquérito civil. O puro e simples acompanhamento da execução de uma obra realizada pela administração, sem um dado especial ou qualificador que justifique tal acompanhamento, não é tarefa do Ministério Público Federal mas sim da própria administração, nos termos, aliás, do que dispõe o art. 67, caput, da Lei 8.666/1993 ( a execução do contrato deverá ser acompanhada e fiscalizada por um representante da administração especialmente designado, permitida a contratação de terceiros para assisti-lo e subsidiá-lo de informações pertinentes a essa atribuição ). Além disso, como se mostrou, a CGU e o TCU estão atribuindo ao contrato de repasse n. 0350824-56 (n. SIAFI: 669801) uma atenção diferenciada. Autos de n. 1.28.000.000139/2015-10. 3/5

Por esses motivos, além de não se ter configurado a prática de nenhum ato de improbidade administrativa, a tramitação do presente inquérito civil não é mais útil nem necessária. Pelas mesmas razões acima expostas, não é o caso de se adotar nenhuma providência no âmbito criminal, porque também não houve crime, sequer em tese. 1 De todo modo, a 5ª Câmara de Coordenação e Revisão do Ministério Público Federal, se entender necessário, pode remeter diretamente estes autos à 2ª Câmara de Coordenação e Revisão do Ministério Público Federal para apreciação do arquivamento também relativamente à inocorrência de qualquer crime. Em razão do exposto, determino o arquivamento dos presentes autos, devendo a Coordenadoria Jurídica desta Procuradoria proceder às anotações de praxe. Nos termos do art. 62, IV, da Lei Complementar 75/1993, remetam-se os autos à 5ª Câmara de Coordenação e Revisão do Ministério Público Federal, para apreciação do presente arquivamento, tudo mediante ofício a ser expedido conforme minuta que apresento em separado. Tão logo a 5ª Câmara de Coordenação e Revisão do Ministério Público Federal devolva os autos com manifestação a respeito deste arquivamento, devem eles me ser encaminhados, 1 Sobre o tema, o seguinte enunciado da 5ª Câmara de Coordenação e Revisão do Ministério Público Federal: Enunciado n. 4: PROMOÇÃO DE ARQUIVAMENTO E REGISTRO DE OUTRAS MEDIDAS. A promoção de arquivamento de procedimento administrativo ou inquérito civil público deve registrar a existência ou não de medidas no âmbito penal. Referência: Ata da 224ª Reunião, em 12.02.2003. Autos de n. 1.28.000.000139/2015-10. 4/5

para que tome ciência e adote as providências que entender devidas, inclusive permanecer atuando no caso, se me convencer das razões apresentadas para a não homologação total ou parcial deste arquivamento. Natal-RN, 19 de outubro de 2015. PAULO SÉRGIO DUARTE DA ROCHA JÚNIOR PROCURADOR DA REPÚBLICA Autos de n. 1.28.000.000139/2015-10. 5/5