ACIDENTE DE TRABALHO. AÇÕES INDENIZATÓRIAS INDIVIDUAIS

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1 CÂMARA DE COORDENAÇÃO E REVISÃO PGT/CCR N 235/2006 INTERESSADOS: MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO PARANÁ E GUILHERME EMER ASSUNTO: ACIDENTE DE TRABALHO E MEIO AMBIENTE DE TRABALHO RELATÓRIO EMENTA: ACIDENTE DE TRABALHO. AÇÕES INDENIZATÓRIAS INDIVIDUAIS Nas denúncias acerca de acidentes de trabalho, haverá instauração de procedimento investigatório sob o aspecto coletivo e, para fins de indenização individual decorrente do acidente, o trabalhador deverá ser orientado a procurar o sindicato profissional, a Defensoria Pública ou advogado particular. ACIDENTE DE TRABALHO. DANO MORAL COLETIVO Nas denúncias de acidente laboral, o Ministério Público do Trabalho poderá postular judicialmente a reparação do dano moral coletivo, se verificada, na investigação, a inobservância de normas de segurança e medicina do trabalho, ainda que o trabalhador acidentado ou seu sucessor já tenha ingressado com ação judicial pleiteando indenização individual. Em conclusão, a CCR ratifica as conclusões da CODEMAT acima. Trata-se de conflito negativo de competência decorrente de ofício do MM Ministério Público do Estado do Paraná encaminhando autos de procedimento preparatório instaurado em virtude de acidente de trabalho que acarretou a morte do trabalhador Jacó Armando Frank, havido na cidade de Foz do Iguaçu, em 11 de julho de

2 A Procuradora do Trabalho Ana Lucia Barranco Licheski, às fls 58/59 determinou o arquivamento do procedimento considerando não ser caso de atuação do Ministério Público do Trabalho, pois trata-se de ação já em trâmite pelo Ministério Público Estadual do Paraná, somando-se ao fato de ter operado a prescrição de possível ação individual de reparação de dano, com o que concordo. Diante da peculiaridade da discussão do foro competente para processar e julgar as ações de indenização por danos morais e patrimoniais decorrentes de acidente do trabalho proposta pelo empregado, principalmente após a edição da Emenda Constitucional n 45 de 31 de dezembro de 2004, encaminhei os autos à Coordenadoria Nacional de Defesa do Meio Ambiente do Trabalho CODEMAT para que sugira forma e conteúdo de ação. A CODEMAT, às fls 116, noticiou que ainda não dispunha de orientação a respeito, o que ocorreria a partir da reunião nacional de seus membros. Às fls 125/148 foi juntada ata da 4ª Reunião Nacional dos Membros da CODEMAT 2006, havida em 04 e 05 de outubro de Os itens 4 e seguintes debateram o tema específico das ações indenizatórias: 4) PRAZO PRESCRICIONAL. AÇÕES INDENIZATÓRIAS AJUIZADAS NA JUSTIÇA COMUM O prazo prescricional para o ajuizamento de ações indenizatórias decorrentes de acidente de trabalho propostas inicialmente na Justiça Comum e que foram remetidas à Justiça do Trabalho, haja vista a nova competência advinda da Emenda Constitucional nº 45/04, é de vinte anos, se o ajuizamento for anterior a 10/01/03, e de dez anos, se posterior à esta data. (PRT 10ª) Ítens 3 a 6: Votou-se, por maioria, pela rejeição da edição do Precedente como Orientação, vencidas as PRTs 9ª e 10ª. 5) PRAZO PRESCRICIONAL DE VINTE ANOS. AÇÕES INDENIZATÓRIAS 2

3 AJUIZADAS NA JUSTIÇA DO TRABALHO. FATOS OCORRIDOS NA VIGÊNCIA DO CÓDIGO CIVIL BRASILEIRO DE 1916 Nas ações indenizatórias decorrentes de acidente de trabalho ajuizadas na Justiça Laboral, relativas a fatos ocorridos antes de 10/01/03, o prazo prescricional é o do artigo 177, caput, do Código Civil Brasileiro de 1916, ou seja, vinte anos. (PRT 10ª) Ítens 3 a 6: Votou-se, por maioria, pela rejeição da edição do Precedente como Orientação,vencidas as PRTs 9ª e 10ª. 6) PRAZO PRESCRICIONAL DE DEZ ANOS. AÇÕES INDENIZATÓRIAS AJUIZADAS NA JUSTIÇA DO TRABALHO. FATOS OCORRIDOS NA VIGÊNCIA DO CÓDIGO CIVIL BRASILEIRO DE 2002 Nas ações indenizatórias decorrentes de acidente de trabalho ajuizadas na Justiça Laboral, relativas a fatos ocorridos após 10/01/03, o prazo prescricional é o do artigo 205, caput, do Código Civil Brasileiro de 2002, qual seja, dez anos. (PRT 10ª) Ítens 3 a 6: Votou-se, por maioria, pela rejeição da edição do Precedente como Orientação, vencidas as PRTs 9ª e 10ª. 7) AÇÕES DE INDENIZAÇÃO POR ACIDENTE DE TRABALHO. INTERVENÇÃO FACULTATIVA A intervenção do Ministério Público do Trabalho, como custos legis, nas ações de indenização por acidente laboral, é facultativa, cabendo ao Procurador definir a forma de atuação, que pode envolver a emissão de parecer circunstanciado, a participação na instrução processual para colheita de provas, a instauração de procedimento investigatório, ou a simples devolução dos autos sem manifestação, por falta de interesse público. (PRTs 3ª, 4ª, 7ª, 9ª, 12ª e 14ª) Aprovada por maioria, vencidas, quanto à redação, as PRTs 13ª e 17ª, e quanto ao fato de não atuarem como custos legis, as PRTs 1ª, 2ª e 15ª. 8) ACIDENTE DE TRABALHO. AÇÕES INDENIZATÓRIAS INDIVIDUAIS Ressalvadas as ações já ajuizadas pelo Ministério Público Estadual, recebidas em face da Emenda Constitucional nº 45/04, nas novas denúncias acerca de indenizações individuais decorrentes de acidente laboral o trabalhador poderá ser encaminhado ao sindicato profissional ou à Defensoria Pública, conforme determinação da Lei nº 5.584/70. (PRT 9ª) Foi dada nova redação à Orientação, como se segue: ACIDENTE DE TRABALHO. AÇÕES INDENIZATÓRIAS INDIVIDUAIS Nas denúncias acerca de acidentes de trabalho, haverá instauração de procedimento investigatório sob o aspecto coletivo e, para fins de indenização individual decorrente do acidente, o trabalhador deverá ser orientado a procurar o sindicato profissional, a Defensoria Pública ou advogado particular. Aprovada por maioria, vencida a PRT 2ª. 9) ACIDENTE DE TRABALHO. AÇÕES INDENIZATÓRIAS INDIVIDUAIS É possível a atuação do Ministério Público do Trabalho, como custos legis ou como autor, em processos de indenização individual decorrente de acidente de 3

4 trabalho, em face de regramento específico da assistência judiciária gratuita em prol de pessoa pobre na Justiça do Trabalho (Lei nº 5.584/70). (PRT 7ª) Votou-se pela não edição do Precedente como Orientação, por unanimidade. 10) ACIDENTE DE TRABALHO. DANO MORAL COLETIVO Nas denúncias de acidente laboral, o Ministério Público do Trabalho poderá postular judicialmente a reparação do dano moral coletivo, se verificada, na investigação, a inobservância de normas de segurança e medicina do trabalho em nível coletivo, ainda que o trabalhador acidentado ou seu sucessor já tenha ingressado com ação judicial pleiteando indenização individual. (PRT 19ª) Foi dada nova redação à Orientação, como se segue: ACIDENTE DE TRABALHO. DANO MORAL COLETIVO Nas denúncias de acidente laboral, o Ministério Público do Trabalho poderá postular judicialmente a reparação do dano moral coletivo, se verificada, na investigação, a inobservância de normas de segurança e medicina do trabalho, ainda que o trabalhador acidentado ou seu sucessor já tenha ingressado com ação judicial pleiteando indenização individual. Aprovada por unanimidade. VOTO 1. Recebo a questão como consulta, nos termos do Art. 103, III, CL 75/93, para questões de acidente de trabalho e ações indenizatórias individuais. A Procuradora do Trabalho Ana Lucia Barranco Licheski, às fls 58/59 determinou o arquivamento do procedimento considerando não ser caso de atuação do Ministério Público do Trabalho, pois trata-se de ação já em trâmite pelo Ministério Público Estadual do Paraná, somando-se ao fato de ter operado a prescrição de possível ação individual de reparação de dano, com o que concordo. O tema dos autos enseja a discussão do foro competente para processar e julgar as ações de indenização por danos morais e patrimoniais decorrentes de acidente do trabalho proposta pelo empregado, principalmente após a edição da 4

5 Emenda Constitucional n 45 de 31 de dezembro de 2004, que alterou a competência da Justiça do Trabalho. A questão revela-se na previsão do art. 17, da Lei n 5.584/70, que atribui ao Ministério Público atribuição residual : Art 17. Quando, nas respectivas comarcas, não houver Juntas de Conciliação e Julgamento ou não existir Sindicato da categoria profissional do trabalhador, é atribuído aos Promotores Públicos ou Defensores Públicos o encargo de prestar assistência judiciária prevista nesta lei. Embora ainda isolada, a mais moderna decisão do Supremo Tribunal Federal, no julgamento do CC n , de relatoria do Ministro Carlos Britto, decidiu, por unanimidade, pela competência da Justiça do Trabalho. Essa decisão também analisou o marco temporal para fixação dessa competência e daí, por maioria, decidiu fixar a edição da EC 45/04 como limite, entendendo que as ações com sentença de mérito que tramitavam perante a Justiça comum dos Estados lá continuar e, as que não haviam ainda alcançado esse patamar deveriam ser remetidas à Justiça do Trabalho, com aproveitamento total dos atos praticados até então, conforme cópia anexa. Essa decisão certamente trará à Justiça do Trabalho e, conseqüentemente às atribuições do Ministério Público do Trabalho, uma grande quantidade de processos. Como se trata de decisão recente a orientação da Câmara de Coordenação e Revisão exige cautela, em nome do princípio constitucional da segurança jurídica. 5

6 2. Ouvida a coordenadoria especializada e em face dos encaminhamentos havidos no sentido de orientar a atuação dos órgãos do MPT, entende-se próprio sejam as mesmas ratificadas pela CCR, conforme as proposições a seguir: EMENTA: ACIDENTE DE TRABALHO. AÇÕES INDENIZATÓRIAS INDIVIDUAIS Nas denúncias acerca de acidentes de trabalho, haverá instauração de procedimento investigatório sob o aspecto coletivo e, para fins de indenização individual decorrente do acidente, o trabalhador deverá ser orientado a procurar o sindicato profissional, a Defensoria Pública ou advogado particular. ACIDENTE DE TRABALHO. DANO MORAL COLETIVO Nas denúncias de acidente laboral, o Ministério Público do Trabalho poderá postular judicialmente a reparação do dano moral coletivo, se verificada, na investigação, a inobservância de normas de segurança e medicina do trabalho, ainda que o trabalhador acidentado ou seu sucessor já tenha ingressado com ação judicial pleiteando indenização individual. A) Nas ações individuais acerca de acidente de trabalho, haverá instauração de procedimento investigatório sob o aspecto coletivo e para a perseguição da indenização decorrente do acidente, deve o trabalhador procurar o sindicato profissional, a Defensoria Pública ou advogado particular. B) Nas denúncias de acidente laboral, o MPT pode postular judicialmente a reparação do dano moral se verificar inobservância de normas de segurança e medicina do trabalho, mesmo que o acidentado ou seu sucessor tenha ingressado com ação indenizatória. Brasília, 05 de dezembro de Maria Aparecida Gugel Relatora 6