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Transcrição:

ORGANIZAÇÃO DO ESPAÇO NA CRECHE: CONTRIBUIÇÕES PARA PENSAR A EDUCAÇÃO COM CRIANÇAS PEQUENAS MOREIRA, Ana Rosa Costa Picanço1 - UFJF DUQUE, Letícia de Souza2 - UFJF SAMPAIO, Luciana Andrade3 - UFJF FERREIRA, Jéssica Aparecida4 - UFJF SANTOS, Aretusa5 SE/PJF Resumo Grupo de Trabalho: Educação da Infância Agência Financiadora: PROPESQ-UFJF Este estudo apresenta algumas problematizações circunscritas às relações entre a organização dos espaços da creche e a apropriação da noção de espaço pelas crianças, buscando contribuir para o campo da educação da infância. Mais especificamente, a pesquisa investiga e discute com os profissionais de creche como os espaços têm sido planejados e organizados pelos educadores. Adotamos a perspectiva histórico-cultural para pensar a relação entre criança e espaço, partindo do entendimento de que a vivência das crianças no espaço se constitui na base para a produção de sentidos e significados sobre o mundo. Particularmente, as representações de espaço são fruto das significações produzidas pelas crianças a partir das e nas interações sociais. Assim, a criança pequena mapeia com seu corpo e sua oralidade aquilo que conhece. O espaço geográfico é um processo sócio-histórico fruto de relações concretas marcadas por conflitos e negociações. Para a realização do estudo, produzimos material empírico a partir de observações das relações de crianças de 0 a 3 anos com seus ambientes de referência (salas de atividades), numa creche pública do município de Juiz de 1 Doutora em Educação pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro. Professora adjunta da Faculdade de Educação da Universidade Federal de Juiz de Fora. Coordenadora adjunta do Núcleo de Pesquisa Linguagem, Educação, Formação de Professores e Infância (LEFoPI/UFJF). E-mail: anarosamaio@uol.com.br 2 Graduanda em Pedagogia na Universidade Federal de Juiz de Fora. Bolsista de Iniciação Cientifica. E-mail: leleduque@yahoo.com.br 3 Graduanda em Geografia na Universidade Federal de Juiz de Fora. Bolsista de Iniciação Científica. E-mail: lusampaio2002@yahoo.com.br 4 Graduanda em Pedagogia na Universidade Federal de Juiz de Fora. Bolsista de Iniciação Científica. E-mail: julianaferreirar@yahoo.com.br 5 Mestre em Educação pela Universidade Federal de Juiz de Fora. Professora e coordenadora pedagógica da Rede Municipal de Educação da Prefeitura de Juiz de Fora. E-mail: aretusasantos@yahoo.com.br

24643 Fora, feitas entre os meses de fevereiro e abril deste ano, e a videogravação de uma sessão reflexiva realizada com as coordenadoras de creches públicas desse município em 2012. A análise dos dados indica a necessidade de esse tema ser problematizado em contextos de formação dos profissionais de creche, no sentido de promover a reflexão crítica e a elaboração de propostas de organização espacial mais interessante para as crianças com base no olhar sensível do educador às suas necessidades e aos seus desejos. Igualmente, os resultados revelam como as crianças pequenas são capazes de subverter a lógica do ordenamento proposto pelos adultos, ressignificando os espaços através de ações criativas. Palavras-chave: Organização do espaço. Criança. Formação dos profissionais de creche. Introdução A discussão sobre as relações estabelecidas entre crianças e espaços na educação infantil, especialmente na creche, é bastante recente e os estudos são ainda escassos. Nas últimas décadas, pesquisadores dos campos da Psicologia, Arquitetura, Geografia e Educação, pautados em diferentes aportes teórico-metodológicos, têm sido referências para o debate dessa questão. Na perspectiva da Psicologia Ambiental, podemos citar os trabalhos de Legendre (1983, 1985), Campos-de-Carvalho (1990, 2004), Moreira (1992), que discutem a relação entre organização espacial e desenvolvimento infantil na creche, utilizando a experimentação ecológica como método investigativo. No âmbito da Geografia da Infância e da Cartografia com Crianças, destacamos as pesquisas, de cunho etnográfico, de Lopes (2007, 2012), que buscam compreender o processo de construção e representação da noção de espaço em crianças pequenas. O objetivo deste trabalho é problematizar a organização espacial na creche e a apropriação da noção de espaço por crianças pequenas procurando contribuir para o campo da Educação Infantil. Fundamenta-se na perspectiva teórico-metodológica de uma pesquisa em andamento sobre os arranjos espaciais na creche e a formação do educador, desenvolvida em uma creche pública do município de Juiz de Fora/MG, assim como no banco de dados construídos no interior do Grupo de Pesquisa Linguagem, Educação, Formação de Professores e Infância - LEFOPI/UFJF - que há 08 anos desenvolve pesquisas em parceria com as 23 creches públicas do município de Juiz de Fora/MG. Espaço geográfico, criança e creche: orientações teóricas e metodológicas

24644 A creche, enquanto instituição social e historicamente responsável pelo cuidado e educação das crianças de 0 a 03 anos de idade, enfrenta importantes desafios no que se refere à garantia do direito à infância. A reunião de diversas e diferentes crianças em seus primeiros anos de vida em um mesmo espaço físico e geográfico traz a pluralidade de concepções sobre crianças, infâncias, cuidado e educação. Conflitos de saberes/valores imbricados em complexas redes de relações e poderes assimétricos entram em disputa: políticas públicas oficiais, famílias historicamente e socialmente inseridas em diferentes contextos sociais, culturais e econômicos, os educadores, as crianças, a extensa jornada de trabalho, as complexas questões subjacentes ao fazer cotidiano, pesquisadores, projetos de extensão, agentes comunitários, vizinhança, entrelaçados por fragmentos da história da educação da criança pequena no Brasil, acentuam os desafios. Mineghili e Carvalho (2003, p. 376-377) apontam que: O cenário da creche é constituído por múltiplos aspectos, físicos e humanos, sendo permeado por uma complexa rede de significações. Cada criança componente de um grupo está imersa em inúmeras significações, construídas com base em vários aspectos, tais como sua idade e habilidades, tempo de permanência na creche, mudanças de turma, relações fora da creche, etc., o que influencia o processo interativo com outras crianças e adultos no aqui-e-agora. O educador, por sua vez, possui suas próprias significações, permeadas pelo contexto sócio-histórico tanto da instituição (sua ideologia, sua proposta educativa, etc.) como da cultura ou subcultura a qual pertence, concebendo educação e desenvolvimento infantil de uma determinada maneira e organizando o espaço físico da creche de acordo com estas significações. Os arranjos espaciais na creche têm se direcionado, com frequência, a vivências padronizadas de infância com base em um conjunto de características consagradas como a referência de criança universal. Muitas vezes, os ambientes têm sido planejados a partir de visões adultocêntricas que acabam por conter os movimentos e deslocamentos da criança pelo espaço no intuito de protegê-las de suas fragilidades. Em contraponto, as ações das crianças não são determinadas pelo mundo que os adultos lhes significam. Ao contrário, as crianças dialogam com esses significados, rompendo-os criativamente e construindo novos sentidos. Nesse sentido, muitas vezes, objetos e mobiliários são utilizados para a construção de brincadeiras pelas crianças transformando significativamente o ambiente, fator esse indicativo de que os ambientes não são os mesmos para todas as crianças.

24645 Esta discussão está baseada num olhar plural e histórico-cultural para o espaço pautado nas ideias de Lefebvre, Santos, Vigotski e Wallon. Falamos especificamente do espaço geográfico, isto é, o espaço que guarda a presença humana (LOPES, 2012, p. 154). Na visão do geógrafo Milton Santos (1999), o espaço geográfico é uma invenção humana híbrida, apresentando-se como um composto de formaconteúdo cujo significado só emerge quando a forma (material) e o conteúdo (social) são vistos em conjunto, dialeticamente, constituindo uma unidade indissociável. Isto significa dizer que o espaço não abrange somente aquilo que é concreto, a forma; ele se constitui como campo de relações dialéticas, de tensões e embates permanentes, sendo, portanto, um elemento processual. O espaço é um sistema interdependente de formas (objetos) e ações sobre essas (conteúdo), no qual os objetos só podem ser compreendidos na relação com os homens em contextos histórico-culturais determinados. Na mesma direção de Santos, no campo da Psicologia, Vigotski (1935/2010) e Wallon (1959/1986) destacam a necessidade de conceber o espaço numa dimensão dialética na qual ele não se opõe à pessoa; ao contrário, os dois se constituem na relação de interdependência. No texto Quarta aula: a questão do meio na pedologia, Vigotski discute exatamente essa concepção de meio, advertindo que ele (espaço/ambiente/lugar) nunca é estático, pois os significados produzidos pelas crianças sobre o ambiente variam de acordo com o momento da vida em que se encontram. Para elas, o ambiente é o seu mundo, um contexto de interações que vai ganhando novos sentidos conforme suas experiências cotidianas. Assim, (...) no começo também se trata de um mundo muito pequeno, o mundo do quarto, o mundo do parque mais próximo, da rua. Com os passeios, seu mundo aumenta e, cada vez mais, novas relações entre a criança e as pessoas que a circundam tornamse possíveis. [...] Cada idade possui seu próprio meio, organizado para a criança de tal maneira que o meio, no sentido puramente exterior dessa palavra, se modifica para a criança a cada mudança de idade (VYGOTSKY, 1935/2010, p.683). (grifo nosso) Conforme comenta Pino (2011, p. 747), para Vigotski, o meio sempre opera em função da dinâmica do desenvolvimento da criança. Assim como Vigotski destaca o caráter relacional e processual do espaço, Wallon chama a atenção para a mudança do sentido do meio para a pessoa dependendo do seu estado

24646 afetivo e motivações em cada idade e contexto cultural. De acordo com Carvalho et al. (2012, p. 77-78), para Wallon, O meio oferece as oportunidades para a ontogênese se realizar e, ao mesmo tempo, permite afirmar que as crianças, à medida que adquirem mais possibilidades de ações, transformam o meio mais eficientemente, organizando-o, complexificando-o e compatibilizando-o com novos propósitos. Com base nesse argumento, podemos dizer que as crianças sempre estão ressignificando os espaços que lhes são ofertados, seja aqueles que nós, adultos, qualificamos como adequados e propícios à aprendizagem e ao desenvolvimento, seja aqueles que acreditamos ser precários e inadequados para a infância. O espaço é sempre um campo de possibilidades onde cada sujeito produz o seu, na medida em que as pessoas constroem sentidos particulares sobre o espaço a partir de suas experiências sobre os significados que a cultura lhes apresenta. Entendemos que a vivência 6 das crianças se constitui na base para sua compreensão do mundo. Particularmente, a apropriação do espaço é fruto das significações produzidas pelas crianças nas interações sociais. Dessa forma, elas mapeiam significados e sentidos que constroem sobre o mundo utilizando os recursos que dispõem: seu corpo, sua oralidade, suas brincadeiras, seus desenhos. Nas palavras de Almeida (2000, p.28): A exploração do espaço ocorre a partir do nascimento, através das experiências que a criança realiza em seu entorno. Ao ser tocada, acariciada, segurada no colo, ao sugar o seio para mamar, a criança inicia o processo de aprendizagem do espaço. Em sua memória corporal são registrados os referenciais dos lados e das partes do corpo, os quais servirão de base para os referenciais espaciais. O caminhar da pesquisa Os dados trabalhados neste texto foram produzidos em dois contextos diferentes e complementares. O primeiro contexto refere-se a uma sessão reflexiva, integrante do banco de dados do Grupo de Pesquisa LEFOPI/UFJF, realizada em parceria com coordenadores de creches 6 Para Vigotski (1935/2010), a vivência é a unidade da consciência. Isto é, ela é aquilo que funda o ser humano, pois é considerada a condição própria e singular de cada momento de ser e estar do sujeito no mundo. A vivência do sujeito possibilita a sua interpretação particular dos elementos do meio.

24647 públicas do município de Juiz de Fora 7 no interior da pesquisa intitulada Educação Infantil, fundamentada no aporte teórico-metodológico da perspectiva crítico-reflexiva em contextos de colaboração. O segundo foi desenvolvido no âmbito de uma pesquisa-intervenção intitulada Ambientes da infância e a formação do educador: arranjo espacial na creche, em andamento em uma das creches públicas parceiras do LEFOPI/UFJF, também fundamentada na perspectiva crítico-reflexiva. Os sujeitos da pesquisa foram: sete coordenadoras de creche presentes na sessão reflexiva que ocorreu em 18 de abril de 2012 e 83 crianças da creche observadas durante os meses de fevereiro a abril de 2013. Utilizamos a videogravação e a observação participante como técnicas de produção dos dados. Análise da sessão reflexiva A sessão reflexiva ocorreu em uma das salas da Faculdade de Educação da UFJF, como de costume. Uma das pesquisadoras do Grupo de Pesquisa Linguagem, Educação, Formação de Professores e Infância (LEFoPI) coordenou os trabalhos daquela tarde. A questão inicial foi saber das coordenadoras quais seriam as suas demandas em relação à brincadeira (tema refletido em sessões anteriores). Imediatamente, a temática do espaço emergiu em vários momentos. Para fins deste trabalho, discutiremos apenas três aspectos que estão relacionados entre si: (1) o espaço da brincadeira; (2) o mobiliário escolar; e (3) o lugar dos bebês. A coordenadora A destacou o espaço da brinquedoteca como uma questão para ser pensada pelo grupo. Ela disse que as crianças da sua creche frequentam regularmente esse espaço e que isto está previsto no planejamento pedagógico da instituição. A ocupação de outros ambientes da creche pelas crianças, além da sala de referência, está em consonância com as recomendações feitas pela Secretaria de Educação/Departamento de Educação Infantil, que aparecem na Proposta Pedagógica (2010). Este material orienta a organização de rotinas em ambientes diversificados de modo a possibilitar às crianças vivências em diferentes espaços construídos na experiência humana. De acordo com Cunha 7 Contexto de pesquisa crítico-colaborativa do Grupo de Pesquisa Linguagem, Educação, Formação de Professores e Infância (LEFoPI).

24648 (1998, p.40), a brinquedoteca "é um espaço preparado para estimular a criança a brincar, possibilitando o acesso a uma grande variedade de brinquedos, dentro de um ambiente especialmente lúdico. Nesse sentido, a brinquedoteca se constitui em mais um espaço da creche que favorece a brincadeira e o desenvolvimento da imaginação e da fantasia. Já a coordenadora B disse que a sua creche, por ser muito pequena, não possui brinquedoteca. Além disso, as dimensões das salas de atividade são limitadas, dificultando a criação de cantinhos 8. Uma das pesquisadoras questionou o que existe nas salas dessa creche que não deixa os cantinhos aparecer. A coordenadora A respondeu que as cadeiras, as mesas, os armários e os berços ocupam grande parte do espaço das salas, não sobrando lugar para montar os cantinhos Embora o discurso de grande parte dos profissionais de creche privilegie a organização das salas com cantinhos, na prática, observamos que eles quase não existem, além de muitos deles serem criados sem reflexão crítica da intencionalidade pedagógica e sem a participação das crianças. Vários estudos (COUTINHO, 2002; AGOSTINHO, 2003; GUIMARÃES, 2008; MOREIRA, 2011) têm demonstrado que a organização espacial das salas de atividades das creches públicas brasileiras têm preconizado o uso de mobiliário escolar e/ou berços (somente nos berçários). Entendemos que esses marcadores espaciais não determinam a qualidade das relações que as crianças estabelecem com os aspectos físicos do ambiente, no entanto, eles expressam significados de infância e educação infantil. Ao transformar o mobiliário em um objeto de brincadeira, (...) a criança está ativamente ressignificando um objeto de sua cultura e criando para esse objeto um significado que potencialmente passa a fazer parte da cultura de seu grupo de brinquedo ( CARVALHO et al., 2012, p. 78). O grupo refletiu coletivamente que o professor, de um modo geral, tanto do ensino fundamental quanto da educação infantil, foi/é formado para ensinar num determinado ambiente: o escolar. Este ambiente é definido por artefatos histórico-culturais e as relações que as professoras estabelecem com eles. Dissociar o trabalho pedagógico com crianças pequenas desses elementos envolve embates e reconstruções permanentes pelas professoras da sua prática e do lugar que elas ocupam no processo educativo. 8 Também chamados de cantos temáticos, os cantinhos, propostos por Freinet têm sido recomendados pela Secretaria de Educação de Juiz de Fora, como uma forma de organizar o espaço nas salas de educação infantil, e existem em vários lugares do mundo. São locais dentro da sala, que abrigam móveis, livros, brinquedos e outros objetos temáticos, de acordo com o interesse do grupo. Eles podem ser fixos ou móveis. Assim, podemos ter o cantinho da leitura, o cantinho de artes, o cantinho do descanso, o cantinho da fantasia etc.

24649 Sob nosso ponto de vista, a reflexão crítica entre pesquisadores e educadores sob os arranjos espaciais na creche, suas intencionalidades e a possibilidade de recriação considerando também os desejos e significados atribuídos às crianças s pode trazer importantes contribuições às configurações físicas e relacionais no espaço da creche,, na medida em que no decorrer da pesquisa, o(s) significado(s) atribuído(s) pela(s) criança(s) ao espaço vivido são alvo de investigação e se tornarão pauta de discussões nos momentos de formação em serviço na creche. Dar visibilidade aos significados atribuídos pelas crianças ao espaço pode evidenciar os conflitos ou inadequações entre o espaço planejado, assegurado pelo adulto e os desejos, necessidades e significações atribuídas pela criança àquele mesmo ambiente, objeto, atividade, relacionamento etc. Conflitos esses já trazidos em alguns fragmentos nas vozes de algumas coordenadoras na sessão discutida neste artigo. A coordenadora A destacou que, muitas vezes, o que as crianças fazem nas mesas, poderiam fazer no chão, como pinturas, colagens etc. A coordenadora B, então, revela que o educador perde o chão se as mesas e as cadeiras forem retiradas de seu ambiente de trabalho, mas acredita que as crianças iriam adorar. A coordenadora A argumenta que o educador tem liberdade de organizar as mesas e cadeiras como achar conveniente, mas que esse mobiliário é uma necessidade do educador. A educadora C complementou dizendo que as mesas e cadeiras possibilitam ao professor o controle da turma. Embora as discussões tenham girado em torno da presença ou ausência dessas mobílias, parece que a questão principal é: quais os sentidos e significados que adultos e crianças produzem a respeito desses objetos e ambientes? Outra questão interessante levantada por esta coordenadora foi a respeito da localização do berçário ser no segundo pavimento, dificultando a saída dos bebês para outros ambientes, como o pátio. De acordo com Goldschmied e Jackson (2006), este fator se constitui num obstáculo prático para o uso flexível do espaço externo. Além do acesso de bebês e adultos às outras áreas da creche ficar comprometido por esse motivo, existe a crença de que os bebês devem sair unicamente da sala para o banho de sol. Isto tem limitado as possibilidades de experiências dos bebês, que, muitas vezes, têm as suas disponibilidades e capacidades socioculturais invisibilizadas (CUZZIOL, 2013). Lopes (2012, p. 218) salienta a importância de novos olhares para a espacialidade constituída e atribuída aos bebês e suas relações com o mundo, deslocando das leituras

24650 marcadas por suas condições biológicas e propondo a visibilidade de "suas competências sócio-cognitivas, suas diversas linguagens, eventos constituídos ao longo da filogênese humana que evidenciam uma ontogênese singular. Análise das observações das crianças As notas de campo sobre as relações estabelecidas entre crianças e espaço foram produzidas entre os meses de fevereiro e abril de 2013 e foram construídas a partir da observação da corporeidade e do diálogo com as crianças da creche estudada, ressaltando, neste último aspecto, suas vivências e a sua oralidade. Percebemos que as crianças estão sempre, de maneiras diversas, subvertendo as regras impostas pelos adultos e criando novos significados às suas ações, modificando os ambientes e lugares os quais vivenciam. Observamos que todo o espaço da creche é ressignificado pelas crianças. Por exemplo, elas são ensinadas pelos adultos a ficarem quietas na sala de atividades, pois lá não é lugar de bagunça. As crianças respondem criando novas possibilidades de brincadeiras, como sentar com os amigos e cantar em roda ou se juntarem e brincarem com peças de montar, desconstruindo a proposta inicial do adulto. Se para as educadoras a sala é lugar do controle, da repetição, da submissão, a área externa não o é, ou seja, o pátio é sinônimo de liberdade, brincadeira, diversão. Isto sugere pensar que espaços internos se ocupam da aprendizagem, e os externos, da diversão (MOREIRA et al., 2011) Cada criança ocupa os espaços e os lugares prescritos pelos adultos e reservados a elas pela sociedade, contudo, elas não os aceitam passivamente, transformam e ressignificam esses espaços de acordo com suas vivências e conhecimentos adquiridos continuamente pelas interações com os adultos e com seus pares. Almeida (2000, p. 29) reforça essa ideia ao mencionar que: À medida que a criança for crescendo, reconstruirá o espaço próprio dos adultos, pois estará constantemente voltada para o espaço exterior com móveis, casas, ruas, praças, campos e montanhas. Esse espaço não corresponde às suas pequenas dimensões físicas e à sua pouca vivência do mundo. A reconstrução desse mundo será feita, inicialmente, a partir de suas próprias dimensões e capacidade de percebêlo, adaptando-se a ele através de uma imaginação transformadora das coisas.

24651 Percebemos interações criativas exatamente nos momentos em que as educadoras pedem para que as crianças fiquem quietas ou sentadas. É nessa hora que criam outras formas de interação e recriam brincadeiras. Vale citar um momento presenciado na creche no dia 03/04/2013. As crianças estavam prontas para a festa do coelhinho da páscoa, muitas estavam curiosas para compreender aquele momento e não entendiam o significado daquela comemoração. Quando todas se encontraram no refeitório perguntavam umas às outras sobre o que estava acontecendo e entre si chegaram a conclusão de que era aniversário do coelhinho, comemoraram muito por isso. As educadoras fizeram um teatro para encenar a entrega de ovos da Páscoa e mais uma vez as crianças falaram: o aniversário do coelhinho é muito legal! Na verdade, elas estavam na festa do coelhinho, e não na festa da Páscoa, pois o tempo todo cantavam parabéns para você e festejavam muito. Com base nesta observação, percebemos como as crianças recriam a partir das situações estabelecidas pelos adultos, atribuindo novos e interessantes significados às situações experienciadas. De alguma forma, elas participaram e gostaram da festa, porém deram-lhe outro sentido. Outra questão que ressalta diante das observações e notas de campo são as relações de afeto que as crianças estabelecem com as áreas externas da creche, relacionadas a movimentos, alegrias, brincadeiras e interação entre pares da creche. Toda vez que a educadora cita ou comenta algo relacionado ao parquinho ou ao pátio, as crianças festejam e se mostram muito alegres, o que revela o estabelecimento de laços afetivos com o espaço. Isto é denominado pelo geógrafo Tuan (1980) de topofilia. Pensando nessas relações entre crianças e espaços da creche, é importante ressaltar a disposição dos brinquedos nas salas, pois, em muitos casos, eles se encontram em estantes muito altas ou em locais fisicamente acessíveis às crianças, porém proibidos de serem manuseados nos momentos em que elas os desejam. Sobre isto, podemos questionar o quão existe um hiato entre o discurso defendido pelos educadores e as suas práticas concretas. Falase de formar crianças autônomas e criativas, mas a elas é privado a liberdade de escolherem os brinquedos e os momentos de brincar. Arriscando algumas conclusões

24652 Este estudo discutiu as relações entre os espaços da creche e a apropriação da noção de espaço pela criança. Nossas reflexões teóricas juntamente com as análises das notas de campo envolvendo vivências e oralidades das crianças em uma creche de Juiz de Fora/MG e a sessão reflexiva do grupo LEFoPI possibilitaram a construção de resultados preliminares que apontam para a necessidade de maior atenção à organização dos espaços da creche em dimensões plurais que incorporem não somente a perspectiva dos adultos, mas também os desejos, vivências e necessidades de locomoção e apropriação dos espaços pelas crianças. Entendemos que é de suma importância que os educadores repensem quais sentidos e significados atribuem à disposição de objetos, móveis e brinquedos em determinadas configurações para que sejam locais apropriados para a interação e o aprendizado das crianças. Nessa direção, levar em consideração os desejos, as expressões, os movimentos e os significados construídos pelas crianças nos espaços da creche nos despontam como um interessante instrumento de dar visibilidade às crianças em suas diferenças, não só com relação ao adulto, mas também entre seus pares, marcando o ser criança como um acontecimento social, histórico e cultural particular, prenhe de possibilidades de reinvenção, criação e política. REFERÊNCIAS AGOSTINHO, Kátia. O espaço da creche: que lugar é este? Dissertação (Mestrado em Educação). Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis/SC, 2003. ALMEIDA, Rosângela D. de. A criança e as relações espaciais. In: (org.) O espaço geográfico: ensino e representação. 8 ed. São Paulo: Contexto 2000. CAMPOS-DE-CARVALHO, Mara Inês. Arranjo espacial e distribuição de crianças de 2-3 anos pela área de atividades livres em creche. 1990. Tese (Doutorado) Instituto de Psicologia da USP, São Paulo, 1990.. Psicologia ambiental e do desenvolvimento: o espaço em instituições infantis. In: GÜNTHER, H.; PINHEIRO, J. Q.; GUZZO, R.S.L. (Orgs.) Psicologia ambiental: entendendo as relações do homem com seu ambiente. Campinas: Alínea. 2004. CARVALHO, Ana Maria Almeida et al. Aprendendo com a criança de zero a seis anos. São Paulo: Cortez, 2012.

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