TECNOLOGIA DE LEITO FLUIDIZADO PARA PIRÓLISE RÁPIDA DE BIOMASSA VEGETAL

Documentos relacionados
ESTUDO DO DESEMPENHO DE CORRELAÇÕES DE ARRASTO SÓLIDO-GÁS NA SIMULAÇÃO NUMÉRICA DE UM LEITO FLUIDIZADO BORBULHANTE

OPERACIONALIZAÇÃO DE UMA PLANTA DE PIRÓLISE RÁPIDA DE BIOMASSA COM REATOR DE LEITO FLUIDIZADO RESUMO

Vazão. Conceito de Vazão

Parâmetros Métricos e Medidas de Energia

Profa. Dra. Milena Araújo Tonon Corrêa

ENERGIA HIDRÁULICA MÁQUINA DE FLUXO ENERGIA MECÂNICA

ESTRUTURAS ESPECIAIS DE CONTROLE

DISPONIBILIDADE, CARACTERIZAÇÃO, COLETA E PRÉ-TRATAMENTO DA BIOMASSA 13

1. INTRODUÇÃO AO PLANEJAMENTO DE EXPERIMENTOS

Curso Engenharia de Energia

EFEITO DA PRESSÃO SOBRE DINÂMICA E CONTROLE DE COLUNA DE DESTILAÇÃO COM RETIRADA LATERAL

Caldeiras de Leito Fluidizado

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL CURSOS DE ENGENHARIA DE ENERGIA E MECÂNICA MEDIÇÕES TÉRMICAS Prof. Paulo Smith Schneider

Fenômeno de Transportes A PROFª. PRISCILA ALVES

6. Conclusões e recomendações

ALVARO ANTONIO OCHOA VILLA

ESTUDO DA VIABILIDADE ENERGÉTICA DE IMPLANTAÇÃO DE UMA USINA EÓLICA DE 100 KW PARA ABASTECER UMA COMUNIDADE RURAL ISOLADA 1

Planejamento e Otimização de Experimentos

CARACTERÍSTICAS ESTÁTICAS DE SISTEMAS DE MEDIÇÃO

Máquinas de Fluxo Prof. Dr. Emílio Carlos Nelli Silva Escola Politécnica da USP Departamento de Engenharia Mecatrônica e Sistemas Mecânicos

3. Modelos de funcionamento transiente de motores a dois tempos.

SISTEMAS TÉRMICOS DE POTÊNCIA

Conceitos matemáticos:

Introdução. Definição

ENG 3006 TRANSFERÊNCIA DE CALOR E MASSA 1 o SEMESTRE DE Capítulo 11 Trocadores de Calor

CAPÍTULO 1 INTODUÇÃO. O DESENVOLVIMENTO DE BIOPROCESSOS. INTRODUÇÃO AOS CÁLCULOS DE ENGENHARIA

4 O Modelo Termodinâmico da Turbina a Gás

Roteiro - Aula Prática Perda de carga:

DEPARTAMENTO DE ENERGIA LABORATÓRIO DE MECÂNICA DOS FLUIDOS

Alternativas para o setor Energético

Nota: Campus JK. TMFA Termodinâmica Aplicada

Prof. Gonçalo Rendeiro

PRODUTOS.

CARGA HORÁRIA CRÉDITOS ASSINATURA DO CHEFE DO DEPARTAMENTO ANO PRÁTICA ESTÁGIO TOTAL

PLANEJAMENTO ANUAL / TRIMESTRAL 2014 Conteúdos/ atividades Habilidades Avaliação/ Atividade 1º Trimestre: (12 semanas)

Biodigestores. Fontes alternativas de energia - Biodigestores 1

Modelamento e simulação de processos

CORRELAÇÃO ENTRE CARACTERÍSTICAS DA BIOMASSA PARA GERAÇÃO DE VAPOR EM UMA CALDEIRA

MOQ-14 PROJETO e ANÁLISE de EXPERIMENTOS. Professor: Rodrigo A. Scarpel

Propagação da incerteza de medição ou incerteza combinada

Medidas em Laboratório

A viscosidade 35 Grandeza física transporta e sentido da transferência 35 Experiência 03: o modelo do baralho 35 Modelo de escoamento em regime

SOLUÇÃO ANALÍTICA E NUMÉRICA DA EQUAÇÃO DE LAPLACE

Atividades e cooperações na UnB

Módulo I Ciclo Rankine Ideal

SUMÁRIO APRESENTAÇÃO PREFÁCIO... 15

CURSO: ENGENHARIA CIVIL FÍSICA GERAL E EXPERIMENTAL II 2º Período Prof.a: Érica Muniz UNIDADE 2. Propriedades Moleculares dos Gases

VERSÃO DE TRABALHO. Prova Escrita de Física e Química A. 11.º Ano de Escolaridade. Prova 715/2.ª Fase. Critérios de Classificação

DISCIPLINA DE QUÍMICA

Mecânica dos solos AULA 4

Modelagem de Chamas Não- Pré-misturadas (difusivas) G.C. Krieger Filho EPUSP/LETE-Laboratório de Engenharia Térmica e Ambiental

Operações Unitárias Experimental II Filtração. Professora: Simone de Fátima Medeiros

Compressibilidade e Teoria do adensamento. Mecânica de Solos Prof. Fabio Tonin

Mecânica dos Fluidos. Análise Dimensional AULA 18. Prof.: Anastácio Pinto Gonçalves Filho

Apesar da área de simulação de motores ter evoluído muito nos últimos anos, as modelagens do combustível e dos processos de combustão ainda

PROJETO E ANÁLISES DE EXPERIMENTOS (PAE) EXPERIMENTOS COM DOIS FATORES E O PLANEJAMENTO FATORIAL

FUNDAMENTOS DA GERAÇÃO DISTRIBUIDA. Prof. Electo Eduardo Silva Lora

Fatores que influenciam na perda de peso em uma câmara de resfriamento de carcaça.

Análise Dimensional. q 1 = f(q 2,q 3,...q n ) Matematicamente, podemos expressar a relação por uma função equivalente: F(q 1, q 2, q 3,...

Sumário. Apresentação... IX Prefácio... XI Minicurrículo do Autor... XIII

CATÁLISE ENZIMÁTICA. CINÉTICA Controle da velocidade de reações. CINÉTICA Equilíbrio e Estado Estacionário

Convecção (natural e forçada) Prof. Dr. Edval Rodrigues de Viveiros

Briquetagem e Peletização de Resíduos Agrícolas e Florestais

INTERPOLAÇÃO LINEAR E BILINEAR: APLICAÇÃO EM TRANSFORMAÇÕES GEOMÉTRICAS DE IMAGEM INTRODUÇÃO

DESTILAÇÃO FRACIONADA OPERAÇÕES UNITÁRIAS 2. Profa. Roberta S. Leone

UTILIZAÇÃO DE SENSORES CAPACITIVOS PARA MEDIR UMIDADE DO SOLO.

MISTURAS DE LÍQUIDOS

Máquinas Elétricas. Máquinas CC Parte IV

AGG 209 INTRODUÇÃO À PETROFÍSICA AULA 1

U N I V E R S I D A D E D E S Ã O P A U L O

Investigação desenvolvida. Biocombustíveis. Universidade de Trás os Montes e Alto Douro Workshop sobre Biocombustíveis Sustentáveis

Mestrado Integrado em Engenharia Mecânica. Aerodinâmica. Trabalho experimental

UTILIZAÇÃO DE UM SOFTWARE GRATUITO PARA ANÁLISE E PROJETO DE COLUNAS DE DESTILAÇÃO

Propriedades da madeira para fins de energia. Poder Calorífico

A Tabela 2 apresenta os valores médios de porosidade e o desvio padrão para as amostras dos Painéis de Fibra de Coco definidos nesta etapa.

Composição. O gás natural é uma mistura de hidrocarbonetos leves, que, à temperatura ambiente e pressão atmosfé

ANÁLISE DE PERDAS EM ESCOAMENTOS DENTRO DE

Minicurso 2. TEMA: Técnicas analíticas instrumentais: Análise térmica (TG e DSC)

Pesquisa Operacional aplicada ao Planejamento e Controle da Produção e de Materiais Programação Linear

Planta de Produção de Briquetes de Carvão Verde (PCV-60)

UNIVERSIDADE DE RIO VERDE FACULDADE DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO PROGRAMA DE DISCIPLINA

EM-524 : aula 13. Capítulo 06 Escoamento Externo Efeitos Viscosos e Térmicos

Combustão é uma reação química de óxido-redução entre um combustível e um comburente, sendo obtido calor (energia) e sub-produtos.

Dimensionamento de Colunas

PROMOVE PROCESSOS TÉRMICOS

TRANSMISSÃO DE CALOR resumo

ESTUDO COMPARATIVO DE MODELOS DE COEFICIENTES DE ATIVIDADE DA FASE LÍQUIDA PARA SEPARAÇÃO DA MISTURA ETANOL-ÁGUA

Máquinas de Fluxo Prof. Dr. Emílio Carlos Nelli Silva Escola Politécnica da USP Departamento de Engenharia Mecatrônica e Sistemas Mecânicos

Medição de vazão mássica de um motor dois tempos

Equipamentos e Técnicas de Pré, Pós-Aquecimento e Tratamento Térmico

Susana Sequeira Simão

RESUMO 1. INTRODUÇÃO. Figura 1 Primeiro caso de canais axiais. Figura 2 Segundo caso de canais axiais. Figura 3 Terceiro caso de canais axiais.

PRINCÍPIOS BÁSICOS DA TERMODINÂMICA

7 Metodologia da Pesquisa 7.1. Descrição

Torrefacção de CDRs industriais: Aplicações energéticas e materiais

ESCOAMENTOS UNIFORMES EM CANAIS

Fenômenos de Transporte Aula-Cinemática dos fluidos. Professor: Gustavo Silva

CONDUÇÃO DE CALOR UNIDIMENSIONAL EXERCÍCIOS EM SALA

DETERMINAÇÃO DE PROPRIEDADES DO ÓLEO RESIDUAL DE FRITURAS, COM E SEM FILTRAÇÃO, EM DIFERENTES TEMPERATURAS

TÉCNICA DE ANÁLISE DE GASES PARA GANHO DE EFICIÊNCIA ENERGÉTICA.

Transcrição:

ENOLOGIA DE LEIO FLUIDIZADO PARA PIRÓLISE RÁPIDA DE BIOMASSA VEGEAL Juan Miguel Mesa Pérez a ; Luís Augusto Barbosa ortez a, Edgardo Olivares Gómez a ; José Dilcio Rocha b ;Luis Enrique Brossard González b ; JoséRoberto Nunhes c a Faculdade de Engenharia Agrícola -FEAGRI/UNIAMP, idade Universitária Zeferino Vaz, Barão Geraldo, P 6011, EP 13083-970, ampinas SP, Brazil, Fax 55193788-1010, b Núcleo Interdisciplinar de Planejamento Energético-NIPE, UNIAMP c Faculdade de Engenharia Química -FEQ/UNIAMP; juanca_mesa@hotmail.com ; cortez@agr.unicamp.br ; jdr1203@uol.com.br ; egomez@ct.unicamp.br RESUMO Discute-se detalhes sobre a tecnologia de leito fluidizado existente na Universidade Estadual de ampinas (UNIAMP), Brasil, a qual tem capacidade para processar entre 100 e 250 kg/h de biomassa. A planta é usada para produzir bio-óleo e finos de carvão a partir do processo de pirólise rápida de biomassa vegetal (capim elefante e bagaço de cana de-açúcar), utilizando ar como agente de fluidização. Apresenta-se a estratégia empregada para a otimização experimental dos parâmetros de operação da planta e de qualidade dos produtos da pirólise. São discutidas ademais algumas considerações para o scale-up da planta assim como os principais problemas e soluções encontrados pelos autores durante a operação do reator. Finalmente são expostos alguns critérios para a análise econômica de alternativas geradas a partir de mudanças operacionais e de escala. ABSRA his research presents details about the fluidized bed technology developed at Universidade Estadual de ampinas (UNIAMP), Brazil, to convert biomass into bio-oil using fast pyrolysis as a process, and agricultural and industrial residues such as cane trash and bagasse as raw material. he pilot plant has a capacity in the range of 100 to 250 kg/h of biomass. he facility is able to produce bio-oil and fine charcoal from biomass. he fluidization is made with air. he experimental optimization of the parameters and the quality of pyrolysis products is the strategy applied and shown in this study. Some considerations about the process scale-up and the main operational problems are also showed, discussed, and troubleshooted. Finally some criteria to make an economical analysis are delined to consider the scale up and operational changes in the facility. INRODUÇÃO A partir da década de 70 muitos programas de pesquisa foram implantados objetivando o desenvolvimento de tecnologias alternativas de conversão termoquímica da biomassa vegetal, fundamentalmente a gaseificação e a pirólise. Nesse sentido, muitos têm sido também os trabalhos realizados por pesquisadores na busca constante de correlações que permitam descrever os processos de conversão termoquímica da biomassa vegetal, principalmente a gaseificação e a pirólise em reatores de leito fluidizado. A obtenção de gás combustível e de síntese a partir da gaseificação, e de carvão vegetal, combustíveis líquidos (bio-óleo) e gasosos a partir da pirólise, usando biomassa vegetal como insumo inicial, têm hoje atenção especial por parte de instituições de pesquisa e governamentais, universidades e muitas empresas vinculadas com a produção e comercialização de energia elétrica. Entretanto os estudos desenvolvidos em laboratório e planta piloto para a obtenção de modelos matemáticos, quase sempre relacionam parâmetros de operação como temperatura e taxa de aquecimento, só por citar alguns, mas não vinculam os efeitos destes parâmetros com as características de qualidade dos subprodutos da pirólise. Neste trabalho apresenta-se a estratégia para a otimização experimental de características de qualidade dos produtos da pirólise, assim como, algumas considerações para o scale-up da planta num reator de leito fluidizado em regime

borbulhante. Discute-se também os principais problemas encontrados durante a operação do reator e as soluções praticadas. DEALHES SOBRE A ENOLOGIA DE LEIO FLUIDIZADO DA UNIVERSIDADE ESADUAL DE AMPINAS (UNIAMP) A instalação experimental em escala piloto está baseada na tecnologia de leito fluidizado. As principais partes da planta são: um reator do tipo de leito fluidizado, uma bateria de ciclones (2 ciclones) de eficiência média que separam os finos de carvão até uma determinada classe de tamanhos (Ponto A), uma segunda bateria de ciclones (1 ciclone) de alta eficiência para separar partículas de carvão de menor tamanho (Ponto B), um sistema de recuperação de bio-óleo, e um sistema de alimentação de biomassa. (Figura 1). Reator haminé Sistema de Alimentação Sistema de Recuperação de Bio-óleo Ponto A Ponto B Figura 1. Planta de Pirólise Rápida em Leito Fluidizado O reator está configurado basicamente para uma capacidade nominal em torno de 280 kw th e utiliza durante sua operação um leito de material inerte. O reator é de secção transversal cilíndrica e está construído em aço carbono com diâmetro interno de 417 mm, revestido internamente com isolamento térmico refratário de 88 mm de espessura. Sua capacidade nominal de alimentação é de 100 kg/h de biomassa polidispersa e possui uma placa de distribuição de ar com bicos. ada bico tem 4 orifícios na sua parte superior colocados em posição tangencial para evitar perda do material inerte pelo plenum. O sistema de alimentação está composto por uma esteira transportadora, um silo de secção quadrada e uma rosca sem fim. A biomassa é alimentada na rosca através de um dosador rotativo de velocidade variável. A Figura 2(a) mostra um esquema do reator com a localização das tomadas de pressão estática, temperatura e concentração ao longo da altura do reator e as Figuras 2(b) e 2(c) uma vista em detalhes da planta.

10 9 9 8 8 7 P 5 6 7 6 5 H P 4 P 3 5 4 4 3 1 2 3 2 P 2 P 1 1 AR GLP N 2 (A) (B) () Figura 2 (a) Esquema do reator com a localização das tomadas de pressão estática, temperatura e concentração ao longo da altura do reator, (b) e (c): Vistas em detalhe da planta. È utilizado um sistema de aquisição de dados via computador que realiza a coleta de 14 dados de temperatura em tempo real. são medidos também valores de pressão estática ao longo da altura do reator. O monitoramento dos dados inclui a retirada de uma amostra de carvão vegetal na seção abaixo do ciclone e de bio-óleo no sistema de recuperação. a amostra de gás pirolítico é retirada continuamente através de uma linha de gás até a unidade amostradora que está acoplada ao analisador de monóxido de carbono (O) da Horiba modelo VIA 510. EAPAS PARA O DESENVOLVIMENO DE PESQUISAS RELAIONADAS OM A ERMOONVERSÃO DE BIOMASSA EM REAORES DE LEIO FLUIDIZADO Na Figura 3 os autores apresentam as etapas fundamentais que conformam a estratégia para o desenvolvimento de pesquisas relacionadas com a termoconversão de biomassa vegetal em reatores de leito fluidizado. Os objetivos a serem atingidos através do uso da estratégia proposta são: 1. Otimizar em laboratório ou na planta piloto as principais características de qualidades dos produtos da termoconversão a partir do ajuste de modelos estatísticos, 2. Ajustar os modelos estatísticos em uma região de experimentação o suficientemente ampla que inclua todas as possíveis condições práticas de operação, 3. Obter informações adicionais sobre o processo e/ou produtos através do uso de ferramentas computacionais, 4. Estimar o efeito da mudança de tamanho na qualidade do produto ou processo, 5. Gerar alternativas para a análise econômica a partir do conhecimento das distorções entre modelos em diferentes escalas visando a seleção de alternativas viáveis ou a busca de novas a partir da reformulação do planejamento experimental inicial. A seguir são discutidas algumas considerações sobre a estratégia a partir da experiência adquirida pelos autores durante a otimização do processo de pirólise rápida em um reator de leito fluidizado que utiliza ar como agente de fluidização.

Quantificar distorções entre reatores de diferentes tamanhos. Estratégia da otimização experimental visando as melhores condições de operação; Avaliação dos Ampliação da região de experimentação; orreção dos modelos matemáticos por efeito da mudança de tamanho, aplicando a eoria dos Modelos modelos semiempíricos utilizando ferramentas computacionais existentes (Software omprehesive Simulation Fluidized Bed (SFB). Geração de alternativas operacionais. Melhor alternativa Sim Viabilidade Econômica Não Fim Figura 3. Esquema generalizado para o desenvolvimento de pesquisas relacionadas com a termoconversão de biomassa vegetal. USO DA ESRAÉGIA DE OIMIZAÇÃO EXPERIMENAL (EOE) VISANDO A OIMIZAÇÃO DOS PARÂMEROS DE QUALIDADE DOS SUBPRODUOS DA PIRÓLISE RÁPIDA EM LEIO FLUIDIZADO X 1 X1c 100 A Estratégia de Otimização Experimental EOE é usada no estudo da influência dos fatores de possível influência sobre as principais propriedades que caracterizam quantitativa e qualitativamente os finos de carvão vegetal e bioóleo obtidos a partir do processo de pirólise rápida em leito fluidizado. Suponhamos que se deseja otimizar um processo cujos contornos apresentam um ótimo no ponto (Figura. 4). A estratégia para localizar os níveis dos fatores que geram uma resposta ótima, neste caso X 1c e X 2c, consiste em escolher uma região que contenha o ponto I, realizar uma serie de experimentos planejados convenientemente e determinar um modelo de primeira ordem que somente será válido para a região escolhida. 25 40 I 55 Figura 4. Superfície de resposta com um ótimo em O modelo ajustado indicará a direção onde a reposta se aproxima mais rapidamente ao ótimo, podendo ser um ponto de máxima ou mínima resposta. uma vez determinada esta direção que neste caso corresponde ao vetor I-II, realizam-se experimentos sobre a trajetória até obter uma reposta significativa menor que a anterior, quando isto ocorre se toma o ponto de mais alta reposta como centro de um novo planejamento experimental (II), também de primeira ordem. II 70 85 X2c 55 40 X

O número de passos necessários para chegar ao ótimo depende da localização da região onde são planejados os primeiros experimentos. O número de etapas para atingir o ponto ótimo depende do pesquisador e de seu entendimento sobre o problema. Quando a zona que se estuda encontra-se contendo um ponto estacionário, um modelo de primeira ordem é insuficiente para descrever o comportamento da reposta que se estuda, precisando-se acrescentar o número de níveis e de experimentos. Desta maneira é possível estimar os novos coeficientes contidos na correlação de segunda ordem. Finalmente são realizadas manipulações matemáticas ao modelo visando determinar o ponto ótimo e efetivar experimentos em seu entorno para determinar a estabilidade da reposta. (MESA, 1998) Os passos necessários que antecedem à experimentação e posterior obtenção de modelos matemáticos são: a) Identificação dos fatores de possível influência e variáveis de resposta b) Realização de testes exploratórios (os primeiros testes) c) Definição dos níveis dos fatores independentes identificados IDENIFIAÇÃO DOS FAORES DE POSSÍVEL INFLUÊNIA E VARIÁVEIS DE RESPOSAS Uma análise aprofundada das variáveis de possível influência no reator de leito fluidizado possibilita diferenciá-las entre dependentes e independentes. Assim tem que, do total anterior considera-se como variáveis dependentes ou respostas do planejamento as seguintes: Variáveis de processo 1. Distribuição da temperatura ao longo da altura do reator; 2. empo de residência das partículas sólidas no reator. 3. omposição dos gases na saída. Variáveis de Qualidade 4. Rendimento em carvão e bio-óleo. 5. aracterísticas dos subprodutos da pirólise rápida (carvão e bio-óleo) As variáveis independentes, podem ser agrupadas em 4 grupos fundamentais, os quais são: Grupo 1: Variáveis relacionadas com a biomassa 1. Diâmetro equivalente médio das partículas (diâmetro de Sauter); 2. Densidade aparente e real; 3. Umidade; 4. ipo de biomassa (bagaço de cana-deaçúcar e capim elefante) Grupo 3: Altura estática de material inerte do leito Quando se alimenta biomassa de baixa densidade (biomassa polidispersa) na parte inferior do leito de material inerte, os gases produtos da termoconversão precisam vencer a resistência provocada pela alta concentração das partículas de inerte. O tempo de residência dos gases produtos está relacionado com a altura do material inerte e a porosidade do leito. Uma conseqüência das altas resistências do material de inerte ao escoamento dos gases produtos é o refluxo dos gases da pirólise pelo sistema de alimentação. A intensidade deste vazamento de gás e função da queda de pressão que se estabelece entre a parte interior do leito e o Grupo 2: Variáveis relacionadas com o inerte do leito 1. Diâmetro equivalente médio das partículas (diâmetro de Sauter); 2.Densidade aparente do leito de partículas; 3. ipo de inerte. sistema de alimentação, a qual depende da altura do leito de inerte e a vazão do agente de fluidização. Grupo 4: Variáveis relacionadas com os fluxos de entrada; 1. Vazão mássica de biomassa alimentada; 2. Vazão mássica de ar suprido ao reator; 3.emperatura do ar na entrada do distribuidor; onsiderando-se que a temperatura do ar permanece praticamente constante, para um tipo específico de biomassa (mesma natureza, fonte de suprimento, e características físicas) e de material inerte do leito, as variáveis envolvidas nos grupos 1 e 2 podem ser consideradas invariáveis, portanto as correspondentes aos grupos 3 e 4 constituem as possíveis variáveis independentes, que pelas suas características podem ser controladas pelo pesquisador, elas são:

1.Relação mássica ar/biomassa R a b ou / porcentagem de ar em relação ao estequiométrico Pae. 2. Altura estática do leito de material inerte H ; OS PRIMEIROS ESES EXPERIMENAIS Para garantir a operação estável do reator de leito fluidizado em regime de pirólise rápida, assim como o estabelecimento dos níveis dos fatores independentes acima identificados, é recomendável realizar testes experimentais exploratórios, a partir dos quais seja possível identificar as principais dificuldades associadas com a operação da planta piloto. Na abela 1 abordam-se as principais dificuldades encontradas pelos autores durante a estabilização da planta piloto de pirólise rápida em leito fluidizado da UNIAMP, assim como algumas das soluções praticadas abela 1. Problemas, causas e soluções Dificuldades Possíveis causas Soluções Vazamento de gases produto da pirólise através do sistema de alimentação de biomassa ravamento da rosca de alimentação de biomassa Sinterização do material inerte no leito Verificação do fenômeno da segregação Acúmulo de biomassa e carvão vegetal dentro do leito Aquecimento inicial inadequado do material inerte Baixa eficiência de separação de bio-óleo. Elevada resistência ao escoamento dos gases da pirólise produzidos na parte densa do leito, provocada pela elevada concentração de partículas de inerte (maior queda de pressão entre a base do leito e o sistema de alimentação). Elevada densidade aparente do leito de partículas no ponto de alimentação de biomassa Elevado teor de cinzas da biomassa (5-10% base seca); Altas temperaturas na região do leito (acima de 850 o ) Elevadas relações entre as densidades das partículas de biomassa e inerte ρ b e elevadas ρi relações entre o diâmetros médios de partículas de biomassa e inerte d b di Elevados tempos de residência das partículas sólidas dentro do leito Impossibilidade de manter a temperatura do leito de inerte mediante o uso de Gás Liquefeito de Petróleo-GLP durante a partida do reator. Utilização de um sistema de separação impróprio para esta finalidade Diminuição da altura do leito de inertes; Diminuição do diâmetro médio de partículas; Maior expansão do leito às custas do aumento da vazão do agente de fluidização; Diminuição da folga entre o duto de alimentação e a rosca; Implementação de um sistema de fechamento no topo do silo do sistema de alimentação. Alimentação da biomassa acima da fase densa do leito; Maior expansão do leito Ajuste das condições hidrodinâmicas de operação do leito e do regime térmico do reator. Operar com d b =1, e com a menor d relação possível de i ρ b ρ Operar o reator com relações adequadas de ar e biomassa Utilização de finos de carvão vegetal de madeira como combustível de aquecimento Projeto, construção e montagem de um sistema de recuperação de bioóleo. Esta solução ainda encontra-se em andamento i

Os resultados dos testes exploratórios possibilitaram o trabalho estável da planta, maior conhecimento dos fenômenos que ocorrem durante a pirólise rápida em leito fluidizado assim como o estabelecimento dos níveis adequados para os fatores independentes identificados. DEFINIÇÃO DOS NÍVEIS DOS FAORES INDEPENDENES IDENIFIADOS O processo de pirólise rápida em reatores de leito fluidizado utilizando ar como agente de fluidização é complexo. Isso é provocado pelas restrições que devem ser cumpridas durante a operação do reator, tais como: 1. A vazão de ar utilizada deve ser tal que garanta uma adequada fluidização do leito de inertes, 2. As vazões de ar devem corresponder com não mais do que um 5 a 15 % do ar estequiométrico; 3. onseguir baixos tempos de residências da fase gasosa dentro do reator. Procura-se evitar reações secundárias significativas; 4. onseguir uma adequada distribuição de temperatura ao longo da altura do reator a qual é uma conseqüência dos itens anteriores. O cumprimento das condições anteriores depende dos níveis estabelecidos para os fatores que influenciam na operação do reator, tais como: diâmetro do inerte, altura do leito fixo de material inerte, velocidade de mínima fluidização do inerte utilizado e a relação ar/biomassa, entre outras variáveis. Os valores da Pae foram determinados através do conhecimento das relações estequiométricas Ar/ombustível para combustão total da biomassa (bagaço de cana-de-açúcar e capim elefante). Os resultados obtidos mostram-se a continuação: ipo de Biomassa Relação mássica de ar/biomassa seca Bagaço de ana-de- 5,93 Açúcar apim Elefante 4,69 Finalmente os níveis estabelecidos para a altura do leito de material inerte HL e a porcentagem de ar em relação ao estequiométrico ( Pae ) são os seguintes: Fatores independentes Nível Inferior Nível Superior Altura do leito de material inerte HL (mm) 164 250 Porcentagem de ar em relação ao estequiométrico ( Pae ) (%) 7 9 AMPLIAÇÃO DA REGIÃO DE EXPERIMENAÇÃO A realização de testes adicionais visa a obtenção de modelos matemáticos válidos para uma região de experimentação suficientemente ampla que possa incluir todas as possibilidades práticas durante a pirólise rápida de biomassa usando a tecnologia de leito fluidizado. Os novos testes podem ser planejados seguindo a trajetória de máxima inclinação. Na Figura 5.1 apresenta-se varias retas que partem do ponto central e passam pelas esquinas do quadrado que limita a região em estudo, esta representação é colocada só para mostrar possíveis trajetórias de forma esquemática. Outra forma que pode ser utilizada para ampliar a região experimental é através de planejamentos fatoriais na direção na qual, segundo o modelo inicial, os valores da resposta sejam os melhores (Figura 5.2). A aplicação de écnicas Evolutivas (EVOP) também pode ser usada para esta finalidade, fundamentalmente quando o estudo experimental é feito em plantas de tamanho apreciável. Para o uso das écnicas Evolutivas (EVOP) é preciso que os fatores independentes possam ser mudados convenientemente durante a realização dos ensaios, e determinadas as características de qualidades.

Figura 5.1 trajetória de máxima inclinação para cada esquina do quadrado Figura 5.2. realização de vários planejamentos experimentares fatoriais A analise da superfície de resposta é outra forma por meio da qual pode-se conhecer as características da resposta que se estuda. Esta análise é feita sobre correlações de segunda ordem, que a diferença com os métodos anteriormente discutidos. A transformação canônica de uma equação de segundo grau, brinda informações adicionais acerca das características da superfície de resposta em uma região curva do hiper-espaço. Por outro lado, em reatores de leito fluidizado, fatores tais como, velocidade superficial, diâmetro médio de partícula e temperatura, podem ser consideradas variáveis naturais porque podem ser medidas convenientemente em separado. Variáveis fundamentais que não são diretamente medidas, mas que podem descrever melhor o sistema (por exemplo, número de Reynolds, Archimedes) são freqüentemente função de duas ou mais variáveis naturais. Nesses casos, os sistemas telha são freqüentes durante a análise canônica, indicando a relação entre as variáveis naturais. A análise dimensional determina a forma na qual se encontram relacionadas as variáveis fundamentais com as variáveis naturais. EFEIO DA MUDANÇA DE AMANHO SOBRE OS PARÂMEROS DE QUALIDADE DOS SUBPRODUOS DA PIRÓLISE Existem diferentes estudos sobre a influência do diâmetro de partículas do material inerte na hidrodinâmica de leitos fluidizados visando compreender as causas da diminuição da conversão ou a qualidade de determinado produto com o incremento do diâmetro do reator. Esses estudos têm ajudado no desenvolvimento de modelos físicos sobre o desempenho do reator. A base de conhecimentos sobre a qual se apóia a eoria de Escalamento ou eoria dos Modelos está contida no seguinte princípio fundamental: A configuração espacial e temporal de um sistema físico está determinada pela razão de grandezas dentro do mesmo sistema, e não depende do tamanho deste nem da natureza das unidades em que se medem essas grandezas. Se diz que dois sistemas são semelhantes quando entre eles guardamse semelhanças geométrica, cinemática, térmica, etc. (ROSABAL, 1988) Através da eoria dos Modelos são analisados os diferentes critérios de semelhança, que vêm expressados por grupos adimensionais de força (números adimensionais, por exemplo, Reynolds, Freude, Nusselt, etc.). O conjunto de números adimensionais que caracterizam um processo dado (equações criteriais) constitui a informação necessária e suficiente para o projeto de mudança de escala. Na abela 2 são apresentados alguns parâmetros de escala determinados a quente na unidade piloto da UNIAMP para verificar a relação de escala no reator e sua influência nas características de qualidade dos subprodutos da pirólise: abela 2: Parâmetros de escala obtidos a quente no reator de leito fluidizado da UNIAMP referidos a 600 o ρ u D / μ ρ ρ L D d d p μm R u f 0 u 2 0 gd s f D φ ( ) p ep u 0 mf 533 604 707 0,0029 0,0037 0,005 6454 6454 6454 0,39 0,5 0,6 2543 2543 2543 0,6 0,6 0,6 164 164 164 0,075 0,237 0,278 2,79 8,48 10,28

ORREÇÃO DE MODELOS MAEMÁIOS POR EFEIO DE MUDANÇA DE ESALA Os modelos matemáticos empíricos derivados do planejamento experimental, descrevem as principais características de qualidade de um produto ou processo em uma região experimental pequena e para uma escala determinada. As relações de escalas obtidas ao igualar os parâmetros adimensionais para plantas de diferentes tamanhos são incorporadas nos modelos matemáticos para estimar o efeito da mudança de escala (modelos corrigidos por efeito da mudança de escala). A diferença entre os valores das respostas preditas pelo modelo matemático ajustado e o corrigidos, para as mesmas condições de operação é chamada de distorção. Essas distorções serão não significativas se o grau de mistura e a eficiência de contato gás sólido são mantidas constantes entre leitos de diferente tamanhos já que, as características térmicas e a velocidade da reação química serão também similares. O fato anterior envolve o entendimento das mudanças hidrodinâmicas e como essas mudanças influenciam as condições térmicas e químicas por variação no contato sólido - gás, tempo de residência, circulação de sólidos, mistura e distribuição do gás, etc. (WEN-HING, 1998) O uso d ferramentas computacionais possibilita o entendimento de fenômenos que na pratica são difíceis de quantificar ou os recursos necessários para sua determinação são elevados. RIÉRIOS PARA A ANÁLISE EONÔMIA DE LEIOS FLUIDIZADOS Freqüentemente se acostuma fazer análises econômicas de tecnologias para diferentes escalas visando o estudo da viabilidade econômica em função do volume de produção. Esse processo é feito quase sempre sem considerar as mudanças que experimentam a qualidade dos produtos durante a mudança de tamanho. O uso de relações lineares na maioria dos casos levam à toma de decisões erradas técnica e financeiramente. Esse fato se deve à relação existente entre a qualidade do produto e o preço de venda. Essa situação exige o conhecimento das verdadeiras relações de escala entre plantas de diferentes tamanhos visando conhecer as possíveis distorções entre as características de qualidade do produto ou processo nas diferentes escalas e sua influencia nos parâmetros econômicos e financeiros. Recomenda-se que as alternativas geradas pela combinação entre os níveis dos fatores que influenciam na operação do reator, sejam avaliadas técnica, econômica e financeiramente. O anterior permite que os modelos econômicos sejam função dos parâmetros operacionais e levem em conta o efeito da mudança de tamanho usando critérios de semelhança. Embora esses indicadores sejam calculados, o uso das estruturas dos planejamentos experimentais, além de ser válido é vantajoso. ONLUSÕES A unidade piloto de leito fluidizado para a pirólise de biomassa da UNIAMP, trabalha de forma estável, porém as flutuações de pressão durante a operação ainda não foram completamente resolvidas. A utilização da Estratégia da Otimização experimental minimiza tempo e recursos. Estimar a influencia do efeito da mudança de tamanho na qualidade dos produtos da pirólise e nos parâmetros econômicos e financeiros e uma necessidade. A estratégia generalizada para o desenvolvimento de pesquisas relacionadas com a termoconversão de biomassa indica o caminho a resultados concretos e viáveis economicamente ou à reformulação do projeto de pesquisa. PALAVRAS HAVES pirólise, biomassa, scale-up, otimização, bio-óleo AGRADEIMENOS Os autores agradecem à FAPESP pelos recursos em bolsas e auxílio a pesquisa sem os quais seria impossível o desenvolvimento desse trabalho: Processos: 98/15448-5 ; 01/08152-7 REFERÊNIAS [1]MESA PÉREZ, J.M, L.E. BROSSARD, J.R. GUERRERO, E. HENRY. Estrategia de utilización del Diseño de Experimentos, ecnología Química Vol.18, N 2, 1998 [2]ROSABAL, J. eoria del Escalado edición ISPJAM, Santiago de uba, uba, 1988; [3]WEN-HING YANG. Fluidization Solids Handling and Processing, Pittsburgh, Pennsylvania, 1998