DESENVOLVIMENTO PROFISSIONAL DA DOCÊNCIA: NARRATIVAS DE PROFESSORES NO CONTEXTO DA ESCOLA PÚBLICA

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Transcrição:

GT08 Formação de Professores Pôster 978 DESENVOLVIMENTO PROFISSIONAL DA DOCÊNCIA: NARRATIVAS DE PROFESSORES NO CONTEXTO DA ESCOLA PÚBLICA Deusodete Rita da Silva Aimi UFMT Filomena Maria Arruda Monteiro UFMT Agência financiadora: CNPq Resumo As informações que apresentamos estão relacionadas a uma pesquisa em andamento intitulada Desenvolvimento profissional da docência nos anos iniciais: ressignificando aprendizagens, que tem como objetivo, compreender o desenvolvimento profissional dos docentes do primeiro ciclo do Ensino Fundamental de rede municipal de ensino. A pesquisa teve início em 2014 com a realização de um levantamento das escolas municipais. Esta investigação está ancorada em uma proposta de Pesquisa Narrativa em Educação proposta por Connelly e Clandinin (2011), que nos propõe tomar as narrativas como método de pesquisa e também como fenômeno a ser estudado. Tomaremos aqui, apenas uma das modalidades de produção de dados/textos de campo, as narrativas produzidas pelo grupo de pesquisa a partir dos encontros formativos intitulado de Roda de Conversa. Tomamos como base as contribuições de Nóvoa (2009) Zeichner e Diniz Pereira (2005), Marcelo Garcia (1999) Day (2001), e Mizukami (2002). Até o momento tem sido possível compreender que o espaço de formação continuada oferecido não apresenta contribuições significativas para promover o desenvolvimento profissional dos professores. Palavras-Chave: Desenvolvimento Profissional. Formação Continuada. Pesquisa Narrativa Introdução Apresenta-se neste texto resultados parciais de uma pesquisa em andamento que intitulada Desenvolvimento profissional da docência nos anos iniciais: ressignificando aprendizagens que vem sendo desenvolvida desde 2014 na rede pública de ensino municipal de uma cidade brasileira. A primeira ação efetiva desta pesquisa contou com um levantamento de informações sobre todas as escolas da rede municipal que atendem os alunos do primeiro

2 ciclo do ensino fundamental. Nesta etapa foi possível identificar 78 escolas que atendem os alunos deste período da escolarização e de outros seguimentos. Este número caiu para 23 quando se optou por considerar apenas aquelas que ofertam os iniciais do ensino fundamental. A partir destas informações optou-se então pela seleção de 3 destas escolas, por se tratar de instituições que atendem especificamente os três primeiros anos do ensino fundamental, ou seja, que atuam apenas com turmas do primeiro ciclo, consideradas como turmas de alfabetização. Vale destacar que para a escrita deste texto foi feita a opção de apresentar aqui apenas os textos de campo que foram construídos durante os momentos formativos intitulados por Roda de Conversa realizados em uma destas três escolas. Este momento formativo acontece bimestralmente e é realizado pela equipe gestora que recebe orientações e materiais da Secretaria de Ensino. Destaca-se ainda que como pesquisadores narrativos, membro do grupo de pesquisa nossa tarefa é estar nesses momentos formativos vivenciando junto com os profissionais que ali estão as atividades concernentes a esta atividade. Além da narrativa construída durante o encontro, nós pesquisadores, a partir das nossas anotações produzimos a nossa narrativa e de posse destes dois textos fazemos uma inter-relação de significados que estão nas diferentes narrativas para assim buscar uma compreensão do processo vivido. Percurso metodológico Para discorrer sobre as questões metodológicas desta pesquisa é preciso trazer aqui a principal referencia teórico/metodológica desta investigação os autores Canadenses Connelly e Clandinin (2011) cuja contribuição nos auxilia a realizar Pesquisa Narrativa, tomando a Narrativa como método de pesquisa e também como um fenômeno a ser estudado. Segundo estes pesquisadores, Pesquisa narrativa é uma forma de experiência narrativa (2011, p.49). De modo que, a temporalidade que marca as experiências sejam elas consideradas individual ou coletivamente, desempenha um papel fundamental, por permitir conjecturar e refletir sobre a vida ao ser experienciada em um processo de continuidade. É também nestes autores que sustentamos a escolha por este modo de fazer pesquisa na escola juntamente com os profissionais que ali trabalham, vivem e narram suas experiências.

3 A partir das leituras e estudos coletivos destes autores no grupo de pesquisa é que avançamos no entendimento da pesquisa narrativa, ao mesmo tempo em que bimestralmente vamos à escola e junto com os professores conversamos sobre como estes vem buscando o seu desenvolvimento neste espaço/tempo de formação. A cada visita, cada momento formativo e a cada narrativa produzida neste contexto o grupo se reúne e juntos dialogamos sobre a experiência vivenciada. Neste exercício observamos principalmente o papel do professor, os espaços a ele concedido, ou simplesmente negado, no cotidiano desta escola que é construída diariamente a partir do seu trabalho e que deve ser pensada como um local mais humano fraterno e livre de discriminações (ZEICHNER; DINIZ-PEREIRA, 2005). Textos de campo e análises iniciais Ter a possibilidade de estar na escola e acompanhar o desenvolvimento das atividades que ali acontecem tem sido para nós pesquisadores uma experiência gratificante, pois temos a possibilidade de ver de perto as alegrias e os desafios que este espaço impõe diariamente àqueles que ali convivem. Assim, participar das rodas de conversa desta escola nos permite vivenciar situações muito ricas para quem acredita na escola como espaço de aprendizagem, não só para os alunos, mas para todos que compõem a comunidade escolar. Em algumas situações, vivenciamos o relato de um professor que demonstra uma postura de isolamento por não aceitar participar das atividades coletivas com seus pares, quando na verdade a recusa já revela que o ponto que ele precisa avançar é na possibilidade de se relacionar, de conviver e compartilhar com o colega que chega, mas a escola tem permitido a esse sujeito este isolamento, talvez por temer o enfrentamento das ideias, talvez por medo de revelar suas fragilidades diante das tarefas diárias. Outro aspecto muito destacado durante os momentos formativos, principalmente nos trabalhos em grupo proporcionado pela equipe gestora, é a queixa por uma falta de estrutura do espaço, ou mesmo da falta de apoio diante dos problemas de aprendizagem dos alunos. É possível perceber nesses relatos o quanto o professor ainda se sente desamparado. Percebe-se que ainda temos na escola uma cultura de culpabilização pelos

4 problemas, que em determinados momentos recai sobre o aluno que não aprende, ou sobre o professor que não consegue ensinar. A cada encontro formativo percebemos o quanto ainda precisamos avançar no debate e na reflexão sobre estas questões, percebemos quanto precisamos refletir sobre as condições de trabalho na escola, e ao discutir com a equipe de pesquisadores, retomamos os escritos de Nóvoa que nos possibilita refletir sobre esses conflitos vivenciados: [...] nada será conseguido se não se alterarem as condições existentes nas escolas e as políticas públicas em relação aos professores. É inútil apelar à reflexão se não houver uma organização das escolas que a facilite. É inútil reivindicar uma formação mútua, inter-pares, colaborativa, se a definição das carreiras docentes não for coerente com este propósito. É inútil propor uma qualificação baseada na investigação [...] se os normativos legais persistirem em dificultar essa aproximação. (NÓVOA, 2009, p. 21). Não se pode desconsiderar por exemplo o momento que estamos vivendo, principalmente relacionado às propostas que apontam cada vez mais a perda de direitos já garantidos constitucionalmente. Os profissionais da educação bem como todos outros estão vivenciando momentos de grande insegurança com as mudanças que vem acontecendo no país. As discussões em torno da modificação nas regras da aposentadoria principalmente tem sido motivo de discussões nas escolas e isso interfere na qualidade da ação docente. Vale destacar aqui a participação dos professores neste espaço de formação, a disponibilidade expressa em participar desse momento, de se fazer presente e de contribuir com o processo formativo, embora, em alguns momentos eles não tenham oportunidade de se expressar. Assim é preciso repensar a realização dos momentos formativos considerando acima de tudo a garantia de um espaço de escuta para o professor. Outro aspecto que se destaca nos momentos de formação é o pouco cuidado com os professores iniciantes na carreira, em algumas situações é possível perceber que apesar da tentativa da equipe gestora em incluí-lo nas atividades da equipe ele ainda está se sentindo muito solitário, sem ter com quem contar. Para discutir estas questões buscamos as contribuições de Garcia que nos afirma que: Os professores geralmente continuam enfrentando sozinhos a tarefa de ensinar. Apenas os alunos são testemunhas da atuação profissional dos professores. Poucos profissionais se caracterizam por maior solidão e isolamento. Ao contrário de outras profissões ou ofícios, o ensino é uma atividade que se realiza sozinho. (GARCIA, 2009, p. 122).

5 Outro autor que tem nos auxiliado compreender as dificuldades vivenciadas pelos professores e escancaradas nestes momentos de formação é Christopher Day, pois para ele é preciso que os professores ampliem seus conhecimentos sobre a prática ao longo da carreira, para tal necessitam de apoio intelectual e afetivo e tem de se tornar investigadores individuais e colaborativos. (DAY, 2001, p.53). Desse modo a escola tem um longo caminha a percorrer a ponto de garantir aos seus professores momentos de aprendizagem do fazer docente, aprendizagens esta que são diferentes da aprendizagem da formação inicial, mas aprendizagem da docência enquanto docentes, enquanto sujeitos desse processo que envolve passar de aluno a professor, que envolve se refazer constantemente no dia-a-dia do trabalho pedagógico. (MIZUKAMI, 2002). Considerações finais Neste momento não temos a intenção de apresentar conclusões a partir do objetivo especificado, mas sim compartilhar relatos de momentos vivenciados, juntamente com um grupo de professores que diariamente estão as voltas com os desafios e dúvidas da profissão e compartilhar os sentidos e significados que construímos neste processo. Sendo assim é possível dizer, que os momentos de formação ainda não têm sido suficientes para auxiliar o professor diante dos desafios encontrados diariamente, o que pode estar relacionado a este modelo de formação que vem sendo desenvolvido pelos gestores escolares e da própria Secretaria de Ensino ainda esteja pautado em um modelo de formação com base numa racionalidade técnica, Estes questionamentos têm nos mobilizado a continuar em busca de outras experiências que nos permitam escutar os professores, ouvir o que estes querem dizer sobre a forma como aprendem, e o que consideram importante nesse processo. O que se pode afirmar até o momento é que a Roda de Conversa ainda não tem sido um espaço que permita a estes professores refletirem e ressignificarem suas práticas. Referências

6 CLANDININ, D. J.; CONNELLY, F. M. Pesquisa Narrativa: experiências e história na pesquisa qualitativa. Tradução: Grupo de Pesquisa Narrativa e Educação de Professores ILEEL/UFU. Uberlândia: EDUFU, 2011 DAY, C. Desenvolvimento Profissional de Professores. Os desafios da aprendizagem permanente. Portugal: Porto Editora, 2001. GARCIA, M. C. Formação de professores: para uma mudança educativa. Porto, Portugal: Porto Editora, 1999. MIZUKAMI. M. G. N. et al. Escola e aprendizagem da docência: processos de investigação e formação. São Carlos: EdUFSCAR, 2002. NOVOA, A. Professores: Imagens do Futuro presente. EDUCA: Lisboa, 2009.. O passado e o presente dos professores. In: NÓVOA, A. (org.). Profissão Professor. Porto: Porto Editora, 1995. ZEICHNER, K. M.; DINIZ-PEREIRA, J. E. Pesquisa dos educadores e formação docente voltada para a transformação social. Cadernos de pesquisa, v. 35, n. 125, p. 63-80, 2005.