A INVENÇÃO DE SI: A ARTE COMO POSSIBILIDADE DE AUTORIA NA FORMAÇÃO DE EDUCADORES

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Transcrição:

A INVENÇÃO DE SI: A ARTE COMO POSSIBILIDADE DE AUTORIA NA FORMAÇÃO DE EDUCADORES Renata Soares Universidade Metodista de São Paulo Mestrado em Educação CAPES Pôster Pergunto-me, nesta investigação, se a arte pode ser uma possibilidade da invenção de si, dentro do âmbito da formação de educadores. Uma possibilidade do contato com aspectos que vem sendo deixados de lado na nossa sociedade, como a subjetividade, a intuição e a imaginação. Para desenvolver o presente trabalho, me servi, até aqui, dos seguintes autores: Fayga Ostrwer e Fritjof Capra na discussão dos paradigmas dominantes e emergentes; Paulo Freire na crítica de um modelo educacional que já não é mais viável e na busca de uma educação possível, assim como Joaquim Barbosa, Gazy Andraus e Carlos Rodrigues Brandão. Este trabalho é de natureza bibliográfica. Minhas leituras apontam, no que pesem as diferentes propostas dos paradigmas emergentes, para uma concepção antropológica que defende o desenvolvimento da inteireza humana, entendendo que o ser humano é basicamente trabalho, sentimento e pensamento que se constroem desde seus aspectos corporal, emocional, racional, espiritual e cultural. Do ponto de vista gnosiológico emerge uma concepção que dá valor não apenas ao conhecimento científico, academicamente construído, mas também ao saber popular, ao conhecimento artístico, ao conhecimento oriundo de tradições espirituais, e à importância da intuição no processo de construção do conhecimento.

TEXTO A INVENÇÃO DE SI: A ARTE COMO POSSIBILIDADE DE AUTORIA NA FORMAÇÃO DE EDUCADORES. INTRODUÇÃO: Vivemos um tempo de grandes dificuldades. É possível reconhecer que enfrentamos uma complexa crise, que pode ser percebida em seus aspectos civilizacionais, epistemológicos, ecológicos; no consumismo desenfreado, no acentuado processo de desumanização, na violência. Precisamos de transformações no mundo, na sociedade, na educação, dentro das pessoas. Proponho, com meu trabalho, um olhar crítico para o paradigma dominante e para as sementes de novo pensamento que vem surgindo. Nos paradigmas emergentes, mulheres e homens são compreendidos como seres complexos, em que a subjetividade, a imaginação, os sentimentos, a complexidade humana são tão importantes como a racionalidade. É preciso que nos posicionemos, assim, escolhi o âmbito da educação, mais especificamente da formação de educadores, para desenvolver minha pesquisa. OBJETIVO: Pergunto-me, nesta investigação, se a arte pode ser uma possibilidade da invenção de si, dentro do âmbito da formação de educadores. Uma possibilidade do contato com aspectos que vem sendo deixados de lado na nossa sociedade, como a subjetividade, a intuição e a imaginação. DESENVOLVIMENTO: Meu trabalho como psicóloga e meu envolvimento com a saúde pública me trouxeram inquietações sociais que entendo, tem uma ligação profunda com a educação. Paulo Freire, logo nas primeiras páginas da Pedagogia do Oprimido (2005), defende a luta pela humanização, pelo trabalho livre, pela desalienação, pela afirmação dos homens como pessoas, como seres para si. Freire fala na vocação de ser mais de mulheres e homens e luta para que as mãos estendidas sejam menos de súplica e, cada vez mais, mãos humanas que

trabalham e transformam o mundo. Concordo com Paulo Freire, quando ele afirma que se a educação sozinha não pode transformar a sociedade, tampouco sem ela a sociedade muda. É possível reconhecer em nossos dias olhares, atitudes e métodos reducionistas, capazes de grandes avanços tecnológicos, mas que carecem de um entendimento da complexidade de mulheres e homens. O paradigma moderno, que vem dominando nosso pensamento há alguns séculos, segundo Capra (2005), baseia-se em um tipo de pensamento que privilegia a razão, as ciências exatas, o rigor do controle, a generalização, tem seu fundamento no século XVI com pensamento de Descartes e de Newton. Descartes baseou seu pensamento em seu famoso cogito penso, logo existo. Newton, por sua vez, formulou leis exatas para o movimento de todos os corpos. Tais leis têm aplicação universal e são válidas para todo o sistema solar, o que parecia confirmar a visão cartesiana da natureza. Assim, o universo passou a ser entendido como um gigantesco sistema mecânico que funcionava segundo leis matemáticas exatas. Segundo Ostrower (1998), esse modelo mecanicista prevaleceu para se pensar, analisar e explicar de modo científico e objetivo não apenas a constituição física do universo material, mas também todo tipo de comportamento e até o mundo espiritual das pessoas. Esse paradigma moderno, dominante, acaba por invadir o cotidiano e os lugares mais privados e delicados da vida das pessoas, levando a uma mecanização dos homens e mulheres, assim como do processo aprender-ensinar, menosprezando aspectos humanos, o prazer e a arte. O modelo tradicional da escola, já não responde mais às necessidades de hoje. Barbosa (1998) comenta que desde as primeiras séries escolares, ocorre a negação do que é produzido pelo aluno no que se refere ao pensar, ao sentir, ao imaginar, ao agir. É negado ao aluno o processo de produção, e assim é negado também seu processo de autoprodução. Precisamos atentar para o fato que esse processo é um processo social, não só escolar. Algumas novas concepções de ciência segundo Andraus (2006) não buscam mais um objetivo pragmático de uma vida mecânica, existe hoje um olhar para a questão da subjetividade, para que a realidade seja melhor construída. Acredito que possa ser a arte uma alternativa transformadora, por que traz para a educação concepções importantes em nossos dias, diante da necessidade de se repensar a educação, resgatar a complexidade do homem e da sociedade. Andraus (2007) define que o papel da arte é oferecer uma expressão integrada às dimensões corporais e intelectuais, que o racionalismo fragmentário separou nos homens e nas mulheres. Nos alerta para o fato da ciência ter isolado a arte e afirma que novas teorias cognitivas, vem mostrando que a educação deve ser ampla, unindo à ciência as artes.

Um fator bastante esquecido entre os educadores, assinala Brandão (2010), é a extraordinária capacidade humana de criar mundos próprios, de internalizar sentidos e sentimentos, de antecipar criativamente situações. Sabemos que aprender é integrar novos dados, novos fatos, novas sensibilidades, novos saberes. Assim, Brandão considerando que essa ilimitabilidade do aprender e do saber vale para o pensamento que pensa racionalmente, como o da geometria, valerá ainda mais quando ousarmos considerar a imaginação humana como uma forma fértil e criativamente imprevisível e confiável de pensamento. A imaginação em nada serve para dizer como as coisas são, serve para sugerir como elas poderiam ser, como seriam ou serão, se vistas, sonhadas, imaginadas de outra maneira, de múltiplas maneiras, de maneiras não convencionais. Ele defende que estamos continuamente nos autoproduzindo como pessoa, que a imaginação seria em nós o limite da combinação interior de todas as capacidades de uma pessoa que aprende e sabe, a alternativa limite, em cada um de nós e em nas comunidades de ideia e imaginário em que nós estamos envolvidos, de se estender o pensamento humano a seus máximos limites. E, sendo a mais imprevisível e menos subordinada às regras é o que de mais fecunda e imprevisivelmente humano em nós. REFERÊNCIAL TEÓRICO E METODOLOGIA: Para desenvolver o presente trabalho, me servi até aqui dos seguintes autores: Fayga Ostrwer e Fritjof Capra na discussão dos paradigmas dominantes e emergentes; Paulo Freire na crítica de um modelo educacional que já não é mais viável e na busca de uma educação possível, assim como Joaquim Barbosa, Gazy Andraus e Carlos Rodrigues Brandão. CONSIDERAÇÕES: Minhas leituras apontam, no que pesem as diferentes propostas dos paradigmas emergentes, para uma concepção antropológica que defende o desenvolvimento da inteireza humana, entendendo que o ser humano é basicamente trabalho, sentimento e pensamento que se constroem desde seus aspectos corporal, emocional, racional, espiritual e cultural. Do ponto de vista gnosiológico emerge uma concepção que dá valor não apenas ao conhecimento científico, academicamente construído, mas também ao saber popular, ao conhecimento artístico, ao conhecimento oriundo de tradições espirituais, e à importância da intuição no processo de construção do conhecimento. Quanto aos aspectos políticos destacam-se as críticas aos fundamentos reducionistas das políticas vigentes, a defesa da vida presente em humanos e não-humanos, o empenho pela superação da atitude consumista, a visão de que a política perpassa todo o humano, da subjetividade individual às construções ideológicas partidárias. Conclui-se mostrando que estes novos fundamentos pedem outro tipo de educação escolar e não escolar.

REFERÊNCIAS: Andraus, Gazy. As histórias em quadrinhos como informação imagética integrada ao ensino universitário. Tese de doutorado. São Paulo Eca USP, 2006. Andraus, Gazy. A autoria artística das histórias em quadrinhos (HQs) e seu potencial imagético informacional. In: Franco, Edgar. VISUALIDADES. Revista do programa de mestrado em cultura visual FAV UFG V.5, N.1. Goiânia GO: 2007. Barbosa, Joaquim Gomes (coord.). Multirreferencialidade nas ciências e na educação. São Carlos: EdUFSCAR, 1998. Brandão, Carlos R. Saber para si, saber com os outros. in:...e uma educação pro povo, tem? /Renato Pontes Costa, Socorro Calháu (orgs.) Rio de Janeiro: Editora Caetés, 2010. Capra, Fritof. O ponto de mutação. Editora Cultrix: São Paulo, 2005. Freire, Paulo. Pedagogia do oprimido. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2005. Ostrower, Fayga. A sensibilidade do intelecto. Rio de janeiro: Elsevier. 1998