Revista Iberoamericana de Tecnología Postcosecha ISSN: Asociación Iberoamericana de Tecnología Postcosecha, S.C.

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Transcrição:

Revista Iberoamericana de Tecnología Postcosecha ISSN: 1665-0204 rebasa@hmo.megared.net.mx Asociación Iberoamericana de Tecnología Postcosecha, S.C. México Marines Moreno, Batalha; Gadret Rizzolo, Rafaela; de Moraes Fagundes, Cíntia; Bender, Angélica; Corrêa Antunes, Luís Eduardo EFEITO DO ÁCIDO SALICÍLICO NA PRÉ-COLHEITA DE AMORA PRETA CV. TUPY. Revista Iberoamericana de Tecnología Postcosecha, vol. 16, núm. 2, 2015, pp. 234-239 Asociación Iberoamericana de Tecnología Postcosecha, S.C. Hermosillo, México Disponível em: http://www.redalyc.org/articulo.oa?id=81343176013 Como citar este artigo Número completo Mais artigos Home da revista no Redalyc Sistema de Informação Científica Rede de Revistas Científicas da América Latina, Caribe, Espanha e Portugal Projeto acadêmico sem fins lucrativos desenvolvido no âmbito da iniciativa Acesso Aberto

EFEITO DO ÁCIDO SALICÍLICO NA PRÉ- COLHEITA DE AMORA PRETA CV. TUPY. Moreno, Marines Batalha 1 ; Rizzolo, Rafaela Gadret 1 ; Fagundes, Cíntia de Moraes 1 ; Bender, Angélica 1 ; Antunes, Luís Eduardo Corrêa 2 ; 1 Universidade Federal de Pelotas - Faculdade de Agronomia Eliseu Maciel (FAEM) Departamento de Fruticultura de Clima Temperado - Caixa Postal 354, CEP 96010-900.; mmoreno_faem@ufpel.edu.br; rafaelarizzolo@yahoo.com.br; cintiafagundes_15@hotmail.com; bender.angelica@hotmail.com; 2 Embrapa Clima Temperado - Caixa Postal 403, CEP 96001-970, Pelotas, RS; luis.antunes@embrapa.br Palavra- chave: Rubus sp, elicitor, pós- colheita. RESUMO A aplicação de elicitores está sendo testada para aumentar a conservação de frutas, devido a sua capacidade de reduzir a incidência de podridões em pós- colheita. O ácido salicílico (AS) é um deste elicitores, o qual tem um extensivo papel de sinalizador em plantas, especialmente na defesa contra patógenos. O objetivo deste trabalho foi avaliar o efeito do elicitor ácido salicílico aplicado em pré- colheita de amora- preta cv. Tupy na qualidade de conservação pós- colheita. Aplicou- se 2,0 mm nos estádios de maturação dos frutos róseo, vermelho e preto. Sendo estes colhidos no ponto de maturação, acondicionados em bandejas de isopor cobertos com filme PVC 9µ e armazenados em ±19ºC durante 0, 2 e 3 dias, contendo três repetições com 30 frutos. As características avaliadas foram sólidos solúveis (SS), índice de maturação (DA), acidez titulável (AT), cor da polpa (L*, a*, b* e Hue), ph e podridões. Para os parâmetros de coloração dos frutos houve uma redução com o tempo de armazenamento, bem como para SS e AT, no entanto os frutos tratados com AS mantiveram os melhores valores para L*, ângulo Hue, AT e ph. O desenvolvimento de podridões aumentou com o tempo de armazenamento, porém houve uma redução significativa na ocorrência de podridões e na perda de massa dos frutos, com a aplicação de AS. A aplicação AS aumentou a vida de pós- colheita da amora- preta cv. Tupy. SALICILIC ACID EFFECT ON PRE- HARVEST BLACK BERRY CV. TUPY. Keywords: Rubus sp, elicitors, postharvest ABSTRACT The application of elicitors is being tested to enhance the conservation of fruit due to its capacity to reduce postharvest rots occurrences. Salicylic Acid (SA) is one of the elicitors, which has an extensive paper flag in plants, particularly in the defense against pathogens. The objective of this study was to evaluate the effect of elicitor salicylic acid applied at pre- harvest in blackberry cv. Tupy as post- harvest conservation. AS was applied at 2.0 mm in of fruits pink, red and black ripening stages. The fruits were collected at the point of maturity, packaged in trays covered with PVC film and stored in 9μ ± 19 C for 0, 2 and 3 days, containing three repetitions with 30 fruits. The characteristics evaluated were soluble solids (SS), maturation index (DA), titratable acidity (TA), flesh color (L *, a *, b * and Hue), ph and rot. Fruit coloring parameters was reduced along with the time of storage, as well as for SS and TA, however the fruit treated with SA achieved the best values for L * Hue angle, TA and ph. The rot development increased with the storage time, but there was a significant reduction to rot and weight loss in fruits with the AS application. The application AS increased the life of post- harvest blackberry cv. Tupy. INTRODUÇÃO Nos últimos anos a área cultivada com a amoreira- preta (Rubus fruticosus) no Rio Grande do Sul vem crescendo, de exploração recente no Brasil, provavelmente devido ao sabor diferenciado e às propriedades benéficas à saúde que as frutas apresentam, e ao fácil cultivo em sistema de produção agroecológica (Antunes et al., 2014). Atualmente a cultivar Tupy é a mais importante em todo o mundo, devido a sua elevada produtividade e à qualidade dos frutos (Volk et al., 2013), no entanto, possui frutos extremamente frágeis, associada a sua elevada 234 Rev. Iber. Tecnología Postcosecha Vol 16(2):234-239

taxa de respiração, acarreta em curto tempo de vida pós- colheita (Gonçalves et al., 2012). Torna- se necessário, portanto, a utilização de técnicas que permitam uma redução das atividades metabólicas e ação do etileno. O ácido salicílico (AS) é um elicitor que tem um extensivo papel de sinalizador em plantas, especialmente na defesa contra patógenos, (resposta de hipersensibilidade), que causam a morte de células no local de infecção (Vlot et al., 2009), este mecanismo de defesa do vegetal é utilizado para aumentar a conservação de frutos, como por exemplo na pós- colheita de amora- preta (Borsatti, 2014), morangos (Lolaei et al., 2012; Salari et al., 2012) e pêssegos (Khademi e Ershadi, 2013). Entretanto, são inexistentes os trabalhos em pré- colheita para a amora- preta. Neste sentido, o objetivo deste trabalho foi avaliar o efeito do ácido salicílico aplicado na pré- colheita em diferentes estádios de maturação, e sua conservabilidade na qualidade pós- colheita. MATERIAL E MÉTODOS O experimento foi realizado com cultivar Tupy desenvolvida pelo programa de melhoramento da Embrapa Clima Temperado em 1988, o pomar de amoreiras conduzidos em espaldeira, localizado na sede da Embrapa Clima Temperado, na rodovia BR 392, km 78, no Monte Bonito 9º distrito de Pelotas, RS, com latitude de 31º 42 S, longitude de 52º 24 O e altitude de 57metros. O solo pertence à unidade de mapeamento Camaquã, sendo moderadamente profundo com textura média, classificados como Argisolo Vermelho Amarelo. O clima da região caracteriza- se por ser temperado úmido com verões quentes conforme a classificação de Köppen, do tipo Cfa. A região possui temperatura e precipitação média anual de 17,9 C e 1500 mm, respectivamente. A aplicação do ácido salicílico na pré- colheita de 2mM foi realizada com pulverizador, os frutos foram marcados com fitas para distinguir os estádios de maturação, róseos, vermelhos e pretos. O delineamento experimental utilizado foi inteiramente casualizado, com quatro repetições de cada tratamento, sendo a unidade amostral constituída por 30 frutas, em um esquema fatorial de 3 x 3 ( 3 períodos de armazenamento: 0, 2 e 3 dias e 3 estádios de maturação: róseo, vermelho e preto). Após dois dias foram colhidos os pretos, e assim os demais estádios, feita a caracterização (E0) e armazenados em bandejas de poliestireno expandido (isopor) de 300x230x33mm e embaladas com filme PVC esticável de 9µ, alcançando o peso médio de 200 gramas cada bandeja, as quais foram armazenadas em temperatura controlada de 20ºC (±1º). Um dos principais problemas enfrentados pelos produtores e consumidores de amora- preta é a rápida perda de qualidade pós- colheita, o que limita sua comercialização e consumo, por isso as análises nos períodos de vida de prateleira foram de 0 (E0), 2 (E1) e 3 (E2) dias, em temperatura ambiente. O trabalho foi executado nas dependências do Laboratório de Agronomia/Fruticultura e as variáveis analisadas são: Perda de massa: Determinada pela diferença, em porcentagem, entre a massa inicial da repetição, através da equação: (peso inicial peso final / peso inicial) x 100; Índice de maturação (DA): Obtido através do equipamento DA- meter 53500, que gera o índice pela diferença de absorbância nos comprimentos de onda 670 e 720nm (pico da clorofila a); Sólidos solúveis, acidez titulável e firmeza de polpa: Expressas respectivamente em ºBrix, meq 100mL - 1 e Newtons. Esses foram avaliados pelo método destrutivo, sendo medido com o auxílio de refratômetro digital, titulometria e penetrômetro de bancada, respectivamente; Rev. Iber. Tecnología Postcosecha Vol 16(2):234-239 235

Coloração da epiderme: Através do colorímetro Minolta marca Konica Minolta Chroma Meter CR- 400/410, com iluminante D65, realizando- se as leituras de L (luminosidade), a*, b*, sendo estes dados transformados em h (ângulo de cor) pela fórmula h= tg- 1x b*/a*. Foram realizadas duas leituras na região equatorial das frutas; Acidez titulável (AT): Avaliada por titulometria de neutralização, com a diluição de 10mL de suco puro em 90mL de água destilada e titulação com solução de NaOH a 0,1N, até que o suco atingisse o ph 8,1, expressando- se o resultado em percentual (%) de ácido cítrico; Determinação do potencial hidrogeniônico (ph): Medido através do peagâmetro da marca Quimus; Incidência de podridão: Avaliada pela contagem das frutas que apresentarem lesões com diâmetro superior a 0,5cm, características de ataque por fungos e bactérias. Os resultados serão expressos em porcentagem; Os dados foram submetidos à análise de variância (ANOVA) e as variáveis cujos resultados revelarem significância (p<0,05, sendo que posteriormente, variáveis com diferenças significativas, tiveram suas médias comparadas pelo teste de Tukey (p 0,05). As análises foram realizadas através do Programa estatístico WinStat (Machado e Conceição, 2002). RESULTADOS E DISCUSSÃO A amora- preta é um fruto não climatérico, muito perecível, sendo sua atividade metabólica bastante acelerada em pós- colheita (Antunes et al., 2003), valores determinados para a coordenada a* demonstraram que o AS deve ser aplicado na maturação preta ou rósea, pois quando aplicados na maturação vermelha os frutos na planta sofrem uma fitotoxidez, a sua infrutescência apresentaram drupetes que não atingiram a coloração preta, quanto maduros, além de sofrerem um clareamento ao longo do armazenamento (Tabela 1). Como pode ser observado na Tabela 1 o valor de luminosidade quando aplicado o AS, propiciou um maior valor de L*, para todos os estádios de maturação, e uma menor perda de massa dos frutos no estádio de róseos. A tonalidade cromática dos frutos representada pelo ângulo Hue (Hº) decresceu com o tempo de armazenamento sendo mais acentuada para a maturação rósea, no entanto os frutos com AS obtiveram os maiores valores de Hº (Tabela 3), valores estes que melhor expressam a coloração real das amoras. De acordo com Hirsch (2011) em geral, consumidores têm preferência por frutas de cor forte e brilhante. Perda de massa dos frutos foi crescente com o tempo de armazenamento, sendo distinta para a maturação rósea que não obteve perdas de massa significativas com o armazenamento. Com a aplicação de AS houve uma redução na perda de massa, sendo significativa apenas para a maturação rósea, onde os frutos tiveram as menores perdas. Estudos realizados pelos autores Lolaei et al. (2012), Salari et al. (2012) e Khademi e Ershadi (2013) demonstraram que o AS teve efeito na redução da perda de massa da matéria fresca, bem como na incidência de fungo e na manutenção da firmeza, reduzindo assim a respiração e a produção de etileno, fatores estes relacionados com a aceleração da deterioração de frutos. Com relação ao índice de maturação dos frutos (DA), Tabela 1, observou- se que, quando o AS for aplicado na maturação vermelha e rósea, os frutos apresentaram um maior teor de clorofila a, bem como estes teores de clorofila a foram degradados com o tempo de armazenamento. Segundo Infante et al. (2011) este método de quantificação dos pigmentos de clorofila é confiável para determinar o estádio de maturação real dos frutos. 236 Rev. Iber. Tecnología Postcosecha Vol 16(2):234-239

Tabela 1. Interação entre os fatores estudados para os estádios de maturação com o período de armazenamento e os tratamentos, foram significativos para coloração de polpa (L* e a*), na amora preta Tupy, tratada na pré- colheita com ácido salicílico em diferentes estádios de maturação (preto, vermelho e róseo), da safra de 2014, Pelotas, RS, 2015. L Preto Vermelho Roseo Controle 18,10 ba 18,11 bb 19,55 ab Àcido Salicílico 18,10 ba 19,80 aa 20,17 aa C.V. (%) 5,59 a* Preto Vermelho Roseo Zero dia 2,09 ba 3.78 aa 1,76 ba Dois dias 1,51 aa 2,16 bb 1,67 aa Três dias 1,79 aa 1,98 ab 1,74 aa C.V. (%) 38,54 Perda de Massa (g) Preto Vermelho Roseo Zero dia Dois dias 4,5 ab 3,33 ab 3,16 aa Três dias 6,33 aa 6,5 aa 4,16 ba Controle 5,5 aa 5,0 aa 4,66 aa Ácido Salicílico 5,33 aa 5,16 aa 3,13 bb C.V. (%) 19,88 *letras minúsculas distintas na mesma linha e maiúsculas na mesma coluna diferem entre si ao nível de 5% de probabilidade de erro. O teor de sólidos solúveis (SS) e a acidez titulável (AT) reduziram com o tempo de armazenamento dos frutos, e apresentando os menores valores de SS para a maturação rósea e de AT para a maturação preta (Tabelas 2 e 3). Observa- se que o fenômeno onde ocorre a perda de massa durante o armazenamento contribui para elevar a concentração dos açúcares através (Tucker, 1993), não ocorreu neste experimento, devido à aplicação de AS. O tratamento de AS resultou um descréscimo maior com o armazenamento em AT, quando comparado ao controle. O ph dos frutos aumentou com o armazenamento, resultando em valores similares para as diferentes maturações, com a aplicação de AS, os frutos obtiveram diferenças mais significativas e uma discrepância maior, quando ao ph, que o controle. Segundo Chitarra e Chitarra (2005) os ácidos e os sólidos são utilizados como substratos no metabolismo respiratório dos frutos, confirmando- se os dados encontrados neste experimento onde houve uma redução na acidez titulável e nos sólidos solúveis conforme o tempo de armazenamento, um aumento do ph. De acordo com Hirsch (2011) valores de ph baixos são esperados para a amora- preta Tupy, por causa das suas características peculiares do fruto como sabor ácido a doce- ácido, variando em torno de 3,06 de ph para a região de Pelotas RS. A deterioração acelerada dos frutos poderia ser restringida pela temperatura utilizada neste experimento de 20º ±1ºC, temperatura ambiente, Antunes et al. (2003) verificaram que a temperatura de 2ºC proporcionou maior conservação para as cultivares Comanche e Brazos, até 9 dias de armazenamento. Com relação a porcentagem de frutos atacados por podridões, observou- se que estas foram mais eficientemente controladas quando aplicado o AS (média de 10,55%), já nos frutos não tratados houve uma perda média de 55,92%, não diferindo- se, significativamente, entre o estádio de aplicação, no armazenamento ocorreram perdas crescentes (Tabela 3). Confirmando- se, assim, que o AS é um indutor de resistência contra doenças, mesmo aplicado na pré- Rev. Iber. Tecnología Postcosecha Vol 16(2):234-239 237

colheita em amora- preta Tupy, atuando na ativação de genes que codificam para diversas respostas de defesa da planta (Borsatti, 2014; Campos, 2009). Tabela 2. Interação entre os fatores estudados para os diferentes estádios de maturação, o período de armazenamento e os tratamentos, foram significativos para as variáveis do ângulo Hue, na amora preta Tupy, tratada na pré- colheita com ácido salicílico em diferentes estádios de maturação (preto, vermelho e róseo), da safra de 2014, Pelotas, RS, 2015. Ângulo Hue Preto Vermelho Roseo Controle Ác. Salicílico Zero dia 56,30 aba 48,99 ba 60,90 aa 51,24 ba 59,56 aa Dois dias 62,09 aa 53,39 aba 44,67 bb 50,63 bab 56,13 aab Três dias 61,40 aa 45,19 ba 45,23 bb 49,01 bb 53,20 ab C.V. (%) 15,02 ph Preto Vermelho Roseo Controle Ác. Salicílico Zero dia 3,56 bb 3,63 ab 3,47 cc 3,56 ab 3,54 ac Dois dias 3,64 aa 3,70 aa 3,63 ab 3,66 aa 3,66 ab Três dias 3,69 aa 3,70 aa 3,70 aa 3,67 ba 3,73 aa C.V. (%) 1,30 Acidez Titulável Preto Vermelho Roseo Controle Ác. Salicílico Zero dia 0,54 aa 0,46 ba 0,50 aa 0,48 ba 0,52 aa Dois dias 0,45 aab 0,41 bb 0,43 ab 0,42 ab 0,44 ab Três dias 0,41 ac 0,39 ab 0,40 ab 0,40 ab 0,39 ac C.V. (%) 6,71 *letras minúsculas distintas na mesma linha e maiúsculas na mesma coluna diferem entre si ao nível de 5% de probabilidade de erro. Tabela 3. Valores médios obtidos para as variáveis de coloração da polpa (L*), índice de maturação (DA), sólidos solúveis (SS) e a porcentagem de podridões das amoras pretas Tupy, tratadas na pré- colheita com ácido salicílico em diferentes estádios de maturação (preto, vermelho e róseo), da safra de 2014, Pelotas, RS, 2015. Maturação DA SS % Podridões L* Preto 1,31 b 9,37 a 35,83 a ns 18,20 b Vermelho 1,72 a 9,2 a 36,66 a 18,96 b Roseo 1,56 ab 8,61 b 34,58 a 20,97 a Período de Armazenamento Zero dia 1,23 b 9,27 a 0 c 18,95 ab Dois dias 1,55 a 9,15 ab 41,11 a 18,54 b Três dias 1,60 a 8,76 b 30,27 b 19,73 a C.V. (%) 23,46 6,60 28,59 5,59 *letras minúsculas distintas na mesma coluna diferem entre si ao nível de 5% de probabilidade de erro; ns não diferem estatisticamente. CONCLUSÕES O ácido salicílico a 2mM aplicado na pré- colheita de amora- preta cv. Tupy reduziu as podridões e as perdas de massa, o estádio de maturação indicado para aplicação é o róseo, que mantém as melhores características de vida de prateleira, na qualidade pós- colheita. AGRADECIMENTOS À EMBRAPA pelo financiamento da pesquisa e a Capes pela concessão de bolsa de estudos. 238 Rev. Iber. Tecnología Postcosecha Vol 16(2):234-239

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