Indicador de Confiança do Consumidor Julho 2017
Mesmo com incertezas no cenário político e econômico, confiança do consumidor volta a crescer e atinge 41,4 pontos em julho Indicador de Confiança do Consumidor 54,2 53,1 54,5 52,1 53,9 51,1 52,7 41,9 41,4 42,3 40,5 41,5 39,4 41,4 29,6 29,7 30,1 28,9 29,2 27,8 30,2 jan/17 fev/17 mar/17 abr/17 mai/17 jun/17 jul/17 Confiança do Consumidor Percepção do Cenário Atual Índice de Expectativas O consumidor brasileiro segue cauteloso ao avaliar o desempenho da economia e da própria vida financeira. O cenário traçado em julho, porém, foi ligeiramente melhor do que aquele traçado em junho, quando o país esteve sob o impacto de novas turbulências no campo político. Dados apurados pelo SPC Brasil e pela Confederação Nacional dos Dirigentes Lojistas mostram que, depois de marcar 39,4 pontos em junho, o Indicador de Confiança do Consumidor alcançou 41,4 pontos em julho, o que representa uma diferença de 5,1%. Apesar da variação mensal positiva, o número segue abaixo do que se considera satisfatório e, devido às incertezas ainda presentes no cenário, não se pode descartar novos retrocessos no humor do consumidor. Na percepção dos entrevistados, merece destaque a desconfiança com o que se vê na representação política; o receio do desemprego; e o peso do custo de vida na vida financeira. Esses são temas que, com a crise, ganharam a atenção do noticiário e ainda estão bastante presentes na avaliação dos consumidores. Outro destaque é que a maior parte dos otimistas não soube apontar ao certo porque esperam dias melhores. Esse dado vem reforçar o viés de otimismo dos consumidores, isto é, a tendência de considerar que o futuro será sempre melhor do que o passado, evidenciando que a confiança ainda não se sustenta em base sólida. O Indicador de Confiança do Consumidor é apurado desde janeiro de 2017 e busca medir a avaliação do momento atual e as expectativas para os próximos seis meses, considerando em ambos os casos as dimensões da economia e dos negócios. Pela metodologia, resultados acima dos 50 pontos, indicam haver confiança entre os consumidores; resultados abaixo dessa marca indicam desconfiança.
Indicador de Percepção do Cenário Atual Expressivos 81% ainda avaliam o atual momento da economia como ruim Em julho de 2017, o Indicador de Percepção do Cenário Atual, que compõe o Indicador de Confiança do Consumidor e mede a avaliação que os consumidores fazem do momento presente, registrou 30,2 pontos. O resultado ficou acima daquele observado no mês anterior, quando marcara 27,8 pontos, mas ainda permanece distante da marca dos 50 pontos. Há que se notar, porém, a diferença substantiva observada entre a avaliação que os consumidores fazem da vida financeira e economia. No primeiro caso, a pontuação foi de 40,2, praticamente o dobro da observada para o segundo caso (20,2 pontos). Em suma, o momento atual é ruim para a economia e isso afeta a vida financeira dos consumidores. Porém, a percepção de deterioração da economia é mais acentuada do que na vida pessoal. Indicador de Percepção do Cenário Atual 41,0 39,8 40,7 39,6 38,8 37,0 40,2 29,6 29,7 30,1 28,9 29,2 27,8 30,2 18,1 19,5 19,4 18,3 19,6 18,6 20,2 jan/17 fev/17 mar/17 abr/17 mai/17 jun/17 jul/17 Percepção do Cenário Atual Avaliação da Economia Avaliação da Vida Financeira Em julho, o percentual de consumidores que avaliaram o desempenho da economia como bom foi de apenas 2,3%. Já o percentual dos que avaliaram como ruim foi de 81,5%, enquanto 15,4% avaliaram como regular. Para aqueles que avaliam que a economia vai mal, o principal sintoma disso é o desemprego elevado, citado por 50,9%. Mesmo com a queda da inflação, também se destaca o aumento dos preços, mencionado por 24,1%, e as altas taxas de juros (9,8%), que também caíram, mas ainda permanecem elevadas.
POR QUE AVALIA MAL A ECONOMIA O desemprego está alto 50,9% Os preços de produtos e serviços em geral aumentaram 24,1% As taxas de juros estão altas 9,8% As pessoas estão comprando menos 4,4% A moeda está desvalorizada frente ao dólar 3,2% Quando se trata de responder sobre a própria vida, o quadro melhora, mas não muito. Em termos percentuais, 14,1% avaliam que a vida financeira vai bem, enquanto 41,5% asseguram que vai mal. Para 42,4%, a situação é regular. A dificuldade para pagar as contas é a principal razão para a avaliação negativa da vida financeira, apontada por 37,0% desses consumidores. O desemprego aparece em seguida, mencionado por 34,6%, além da queda da renda familiar (14,8%), dos imprevistos (5,4%), e da perda do controle financeiro (3,6%). POR QUE AVALIA MAL A SUA VIDA FINANCEIRA Estou com dificuldades de pagar as contas, orçamento apertado 37,0% Estou desempregado 34,6% A renda familiar diminuiu 14,8% Tive um imprevisto que afetou minhas finanças 5,4% Perdi o controle financeiro / gastei muito mais do que podia 3,6% Outros 4,5% Indicador de Expectativas Perspectivas para o futuro torna 56% dos consumidores mais confiantes quanto a vida financeira O Indicador de Expectativas registrou 52,7 pontos em julho de 2017. Diferentemente do componente das condições gerais, que avalia o momento atual, esse componente do indicador ficou acima dos 50 pontos, indicando haver uma maioria com expectativas positivas para os próximos seis meses. Como nos meses anteriores, os consumidores mostram-se mais otimistas quando pensam sobre o futuro da própria vida financeira do que quando pensam no futuro da economia. No primeiro caso, a pontuação foi de 63,9 e, no segundo caso, de 41,4.
Indicador de Expectativas 63,2 61,9 63,6 62,7 65,0 60,6 63,9 54,2 53,1 54,5 52,1 53,9 51,1 52,7 45,1 44,3 45,4 41,6 42,8 41,5 41,4 jan/17 fev/17 mar/17 abr/17 mai/17 jun/17 jul/17 Índice de Expectativas Expectativas para a Economia Expecativas para a Vida Financeira Em termos percentuais, 40,5% estão pessimistas com a economia, enquanto 37,4% dizem não estar nem pessimistas nem otimistas. Além desses, 14,9% dizem estar otimistas. A principal razão para o pessimismo com o futuro da economia está na corrupção: 32,4% desses consumidores dizem que os escândalos acabam atrapalhando o desempenho do país. Outros 23,5% mencionam o aumento do desemprego e 13,6% citam o fato de discordarem das medidas econômicas que estão sendo adotadas. Além desses, 10,5% dizem que a inflação não será controlada e um percentual semelhante (9,9%) diz que as instituições e leis do país não favorecem o desenvolvimento. POR QUE ESTÁ PESSIMISTA COM O FUTURO DA ECONOMIA Os escândalos de corrupção acabam atrapalhando o desempenho do país 32,4% Porque o desemprego segue aumentando 23,5% Porque discordo das medidas econômicas que vêm sendo adotadas 13,6% A inflação não será controlada e os preços continuarão subindo 10,5% As leis e instituições não favorecem o desenvolvimento do Brasil 9,9% Outros 10,2% O quadro de expectativas melhora quando os consumidores falam da própria vida financeira. O percentual de otimistas com a vida financeira foi de 56,1%, enquanto o percentual de pessimistas foi de 10,9%. Para 24,1%, as expectativas não são boas nem ruins. Mais uma vez, a maior parte dos que têm boas expectativas para a vida financeira (31,4%) não sabe apontar as razões do seu otimismo. Também há os que esperam conseguir um novo emprego ou promoção (28,7%); os
que acreditam que a economia irá melhorar (10,9%) e os que têm feito boa gestão das finanças (9,8%), entre outros. RAZÕES DO OTIMISMO COM VIDA FINANCEIRA Não sei por que, mas tenho o sentimento de que as coisas vão melhorar 31,4% Acredito que conseguirei um novo emprego 16,0% Tenho perspectivas de conseguir um emprego melhor ou promoção no emprego atual 12,7% Porque a economia vai melhorar 10,9% Tenho feito uma boa gestão das minhas finanças 9,8% Outros 12,9% Em suma, os dados de julho mostram que o impacto das incertezas políticas sobre a confiança foi absorvido: depois de uma queda em junho, o Indicador voltou ao nível de maio. A depender dos desdobramentos da crise, o humor dos consumidores pode sofrer novos abalos. A esse propósito, cumpre notar que boa parte do pessimismo com a economia resulta da percepção de os escândalos de corrupção afetam o desempenho do país. Conjuntura Econômica Custo de vida continua pesando na vida financeira de quase metade dos consumidores Para quase metade dos consumidores (48,1%), o que mais tem pesado na vida financeira familiar é o custo de vida. A questão dos preços reflete a corrosão da renda das famílias, que mesmo com a queda da inflação, ainda não foi recuperada. Também pesa sobre o orçamento das família o desemprego, citado por 22,1%, e o endividamento, mencionado por 13,9%. Além desses, 7,6% citam a queda dos rendimentos mensais. Somente 3,6% dizem que nada está pesando sobre a vida financeira familiar. Se o custo de vida incomoda, é nos supermercados que os consumidores mais percebem o aumento dos preços: 71,6% notaram que os preços aumentaram nesses locais. Para 61,8%, também aumentou o preço da energia elétrica. Nas tarifas de combustíveis, telefone, preço de roupas e calçados, e de itens de bares e restaurante, a percepção de aumento dos preços também foi elevada, como mostra a tabela abaixo.
Aumentaram Permaneceram iguais Diminuíram Não sei Supermercado 71,6% 20,6% 5,4% 2,4% Conta de luz 61,8% 28,5% 6,5% 3,3% Roupas/calçados 49,1% 27,8% 10,6% 12,5% Bares e restaurantes 45,6% 20,9% 11,3% 22,3% Telefone fixo 43,9% 43,1% 5,5% 7,5% Combustível 40,9% 26,6% 11,3% 21,3% Entre os que exercem uma atividade remunerada, que somam 54,8% dos consumidores sondados, a maioria relativa (37,7%) diz não ter receio de ser demitido. Para 27,4%, há um risco médio de demissão, e para 5,9%, o risco é alto. O desemprego é um dos principais dramas da crise e a insegurança do trabalhador acaba por afetar o nível de confiança no futuro e consequentemente o consumo. De acordo com o IBGE, a taxa de desemprego registrou um recuo de 0,7 ponto percentual no trimestre terminado em junho. A continuidade da recuperação desse indicador requer, porém, a retomada econômica. Metodologia Para o cálculo do Indicador de Confiança, aplica-se, sobre uma amostra de 801 casos, um questionário com quatro questões principais. Por essas questões, mede-se: 1) a avaliação dos consumidores sobre o momento atual da economia; 2) a avaliação sobre a própria vida financeira; 3) a percepção sobre o futuro da economia e 4) a percepção sobre o futuro da própria vida financeira. Cada uma das quatro questões tem opções de respostas que vão da mais otimista à mais pessimista, no caso das projeções, e da mais positiva à mais negativa, no caso das avaliações. Entre os extremos, há a resposta neutra, que não denota nem otimismo nem pessimismo. A marca de 50 pontos foi escolhida para representar a situação limite em que todos os entrevistados estão neutros na avaliação de todos os quesitos. Quanto maior a proporção de entrevistados otimistas, maior tende a ser o valor do indicador. Analogamente, quanto maior a proporção de entrevistados pessimistas, menor o valor do indicador. Acima do nível neutro, o indicador mostra os consumidores confiantes; abaixo dessa marca, mostra consumidores sem confiança.
Além das questões base do indicador, procura-se compreender as razões que levam os entrevistados ao otimismo ou ao pessimismo. Um bloco de questões também avalia a conjuntura do ponto de vista emprego e da inflação. A pesquisa abrangeu 12 capitais das cinco regiões brasileira, a saber: São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Porto Alegre, Curitiba, Recife, Salvador, Fortaleza, Brasília, Goiânia, Manaus e Belém. Juntas, essas cidades somam aproximadamente 80% da população residente nas capitais. A amostra, de 801 casos, foi composta por pessoas com idade superior ou igual a 18 anos, de ambos os sexos e de todas as classes sociais. Os dados foram coletados via web e presencialmente entre os dias 02 a17 de maio.