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Transcrição:

ALIENAÇÃO FIDUCIÁRIA DE BENS IMÓVEIS Melhim Namem Chalhub www.melhimchalhub.com

DEFINIÇÃO LEGAL Negócio jurídico pelo qual o devedor, ou fiduciante, com o escopo de garantia, contrata a transferência ao credor, ou fiduciário, da propriedade resolúvel de coisa imóvel (Lei 9.514, art. 22)

FORMA CONTRATAÇÃO POR ESCRITO INSTRUMENTO PÚBLICO OU PARTICULAR

REQUISITOS DO CONTRATO I - Valor do principal da dívida; II - Prazo e as condições de reposição do empréstimo ou do crédito do fiduciário; III - Taxa de juros e encargos incidentes; IV - Cláusula de constituição da propriedade fiduciária, com a descrição do imóvel objeto da alienação fiduciária e indicação do título e do modo de aquisição;

V - Cláusula assegurando ao fiduciante, enquanto adimplente, a livre utilização, por sua conta e risco, do imóvel objeto da alienação fiduciária; VI - Indicação, para efeito de venda em público leilão, do valor do imóvel e dos critérios para a respectiva revisão; VII - Cláusula dispondo sobre os procedimentos de leilão do imóvel, em caso de inadimplemento do devedor; VIII - Cláusula de carência.

NATUREZA JURÍDICA Direito do fiduciante Direito do fiduciário

PROCEDIMENTOS DE COBRANÇA Intimação Enunciado 245 da Súmula do STJ A notificação destinada a comprovar a mora nas dívidas garantidas por alienação fiduciária dispensa a indicação do valor do débito. Demonstrativo Intimação de terceiro Purgação da mora no R.I. Não purgação da mora: certidão do oficial do R.I.

CONSOLIDAÇÃO DA PROPRIEDADE Certidão de não-purgação Pagamento de ITBI e laudêmio

LEILÃO Prazo: 30 dias após consolidação Primeiro leilão: preço mínimo fixado no contrato Segundo leilão: saldo devedor e acrescidos Exoneração do devedor pelo saldo remanescente. Diferente da alienação fiduciária de bem móvel (Código Civil - Art. 1.366) Art. 1.366. Quando, vendida a coisa, o produto não bastar para o pagamento da dívida e das despesas de cobrança, continuará o devedor obrigado pelo restante.

REINTEGRAÇÃO DE POSSE Petição instruída com certidão do R.I. Liminar com 60 dias para desocupação

IPTU E CONDOMÍNIO NIO LEI Nº 11.977/2009, art. 72 Lei nº 11.977/2009, Art. 72. Nas ações judiciais de cobrança ou execução de cotas de condomínio, de imposto sobre a propriedade predial e territorial urbana ou de outras obrigações vinculadas ou decorrentes da posse do imóvel urbano, nas quais o responsável pelo pagamento seja o possuidor investido nos respectivos direitos aquisitivos, assim como o usufrutuário ou outros titulares de direito real de uso, posse ou fruição, será notificado o titular do domínio pleno ou útil, inclusive o promitente vendedor ou fiduciário.

SÚMULA 399 DO STJ Cabe à legislação municipal estabelecer o sujeito passivo do IPTU.

STJ - REsp Nº 1111202 12.8.2009 TRIBUTÁRIO. EXECUÇÃO FISCAL. IPTU. CONTRATO DE PROMESSA DE COMPRA E VENDA DE IMÓVEL. LEGITIMIDADE PASSIVA DO POSSUIDOR (PROMITENTE COMPRADOR) E DO PROPRIETÁRIO (PROMITENTE VENDEDOR). 1. Segundo o art. 34 do CTN, consideram-se contribuintes do IPTU o proprietário do imóvel, o titular do seu domínio útil ou o seu possuidor a qualquer título. 2. A jurisprudência desta Corte Superior é no sentido de que tanto o promitente comprador (possuidor a qualquer título) do imóvel quanto seu proprietário/promitente vendedor (aquele que tem a propriedade registrada no Registro de Imóveis) são contribuintes responsáveis pelo pagamento do IPTU. Precedentes: RESP n.º 979.970/SP, Rel. Min. Luiz Fux, Primeira Turma, DJ de 18.6.2008; AgRg no REsp 1022614 / SP, Rel. Min. Humberto Martins, Segunda Turma, DJ de 17.4.2008; REsp 712.998/RJ, Rel. Min. Herman Benjamin, Segunda Turma, DJ 8.2.2008 ; REsp 759.279/RJ, Rel. Min. João Otávio de Noronha, Segunda Turma, DJ de 11.9.2007; REsp 868.826/RJ, Rel. Min. Castro Meira, Segunda Turma, DJ 1º.8.2007; REsp 793073/RS, Rel. Min. Castro Meira, Segunda Turma, DJ 20.2.2006.

TJSP - REsp Nº 1111202 12/08/2009 3. "Ao legislador municipal cabe eleger o sujeito passivo do tributo, contemplando qualquer das situações previstas no CTN. Definindo a lei como contribuinte o proprietário, o titular do domínio útil, ou o possuidor a qualquer título, pode a autoridade administrativa optar por um ou por outro visando a facilitar o procedimento de arrecadação" (REsp 475.078/SP, Rel. Min. Teori Albino Zavascki, DJ 27.9.2004). 4. Recurso especial provido. Acórdão sujeito ao regime do art. 543-C do CPC e da Resolução STJ 08/08.

RECUPERAÇÃO DE EMPRESA Lei nº n 11.101/2005 Art. 49. Estão sujeitos à recuperação judicial todos os créditos existentes na data do pedido, ainda que não vencidos. (...) 3o Tratando-se de credor titular da posição de proprietário fiduciário de bens móveis ou imóveis, de arrendador mercantil, de proprietário ou promitente vendedor de imóvel cujos respectivos contratos contenham cláusula de irrevogabilidade ou irretratabilidade, inclusive em incorporações imobiliárias, ou de proprietário em contrato de venda com reserva de domínio, seu crédito não se submeterá aos efeitos da recuperação judicial e prevalecerão os direitos de propriedade sobre a coisa e as condições contratuais, observada a legislação respectiva, não se permitindo, contudo, durante o prazo de suspensão a que se refere o 4o do art. 6o desta Lei, a venda ou a retirada do estabelecimento do devedor dos bens de capital essenciais a sua atividade empresarial.

FALÊNCIA DO DEVEDOR Lei nº n 11.101/2005 Art. 119. Nas relações contratuais a seguir mencionadas prevalecerão as seguintes regras:... IX os patrimônios de afetação, constituídos para cumprimento de destinação específica, obedecerão ao disposto na legislação respectiva, permanecendo seus bens, direitos e obrigações separados dos do falido até o advento do respectivo termo ou até o cumprimento de sua finalidade, ocasião em que o administrador judicial arrecadará o saldo a favor da massa falida ou inscreverá na classe própria o crédito que contra ela remanescer.

CONSTITUCIONALIDADE DOS PROCEDIMENTOS Evolução em relação ao Decreto-Lei n 70/66 Pela constitucionalidade, REsp 46050-RJ e RE 148.872-RS, reconhecendo ter havido recepção pela Carta Magna de 1988. Ao contrário, pela inconstitucionalidade, posicionaram-se o 1 Tribunal de Alçada Civil de São Paulo- Órgão Especial e o Tribunal de Alçada do Estado do Rio Grande do Sul (Lex-JTA, 151/186 (TASP-Órgão Especial, 4 votos vencidos) e JTAERGS, 76/81(TARS- Órgão Especial, um voto vencido).

Contribuição condominial (solidariedade) TJSP - Apelação n 984507-0/0 Relator Des. Francisco Casconi 17/02/2009 - despesas de condomínio - ação de cobrança - registro imobiliário - alienação fiduciária - credor fiduciário e devedores fiduciantes - solidariedade - o condomínio pode optar contra quem intentar ação de cobrança de taxa condominial, desde que possua qualquer relação jurídica vinculada ao imóvel - interesse da coletividade - direito de regresso - recurso improvido.

Contribuição condominial (ilegitimidade do fiduciário) Ai nº 70022169833 18ª Câmara Cível TJRS Relator Des. Nelson José Gonzaga - Cobrança de cotas de condomínio. Alienação fiduciária. Lei 9.514/97. Ilegitimidade passiva do credor fiduciário. A responsabilidade pelos encargos de condomínio, incidentes sobre imóvel adquirido por meio de alienação fiduciária, recai sobre o devedor fiduciante. Art. 27, 8º da lei 9.514/97. Ilegitimidade passiva reconhecida. Correta a exclusão do credor fiduciário do pólo passivo da ação de cobrança. Negado seguimento ao recurso.

Contribuição condominial (Responsabilidade do fiduciante) TJRJ Apelação Cível nº 2009.001.08842 Relator Des. Gabriel de Oliveira Zefiro - Ação sumária de cobrança de obrigações condominiais. Verba que é vinculada à unidade autônoma que compõe o condomínio edilício. Pedido julgado procedente em relação ao credor fiduciário, com acolhimento da preliminar de ilegitimidade ad causam suscitada pelo devedor fiduciante, sob a alegação de que o inadimplemento rompeu com o pacto e consolidou a propriedade resolúvel em favor do mutuante. Premissa falsa e conclusão de igual natureza. O rateio das despesas condominiais não se fulcra no domínio que é oponível erga omnes, mas na utilização efetiva dos bens e serviços da coisa comum. efetivada a alienação do bem pela escritura de alienação fiduciária, a responsabilidade pelos encargos do condomínio será do mutuário/fiduciante até que o fiduciário seja imitido na posse, como a respeito é o teor do art. 27, 8º, da Lei 9.514/97. Precedentes do STJ. Recurso conhecido e provido para reformar a sentença e julgar procedente o pedido em relação ao segundo demandado e improcedente em relação ao primeiro réu. Unânime.

Restituição das quantias pagas. Prevalência da Lei 9.514 sobre o CDC STJ - AgRg no Ag 932750 Ministro Hélio Quaglia Barbosa 08/02/2008 Em verdade, a situação fática dos autos discrepa daquela em que firmado o entendimento desta Corte Superior, conforme julgados colacionados; trata-se, in casu, de alienação fiduciária em garantia de bens imóveis e não de simples promessa de compra e venda. É certo que o regramento específico da matéria (Lei nº 9.514/1997) passou a integrar o ordenamento jurídico brasileiro sob intensa crítica doutrinária, capitaneada, em parte, por Cláudia Lima Marques, a partir da leitura comparativa da novel legislação com o Código de Defesa do Consumidor: Incluídos no campo de aplicação do CDC estão também os contratos concluídos no novo sistema financeira imobiliário, criado pela Lei 9.514, de 20.11.1997, que institui uma alienação fiduciária de vem imóvel. Para o consumidor, parece-me, salvo melhor juízo, altamente prejudicial a criação desta nova base de direito real (propriedade fiduciária de imóvel), pois a possibilidade de alienação fiduciária da sonhada casa própria beneficia desnecessariamente o fornecedor-credor, ao evitar o atual trâmite judicial exigido para hipotecas.

RESTITUIÇÃO PELO ART. 27 Nada obstante a postura combativa, reconhece, todavia, a autora a prevalência da normação especial posterior, sobre as regras da Lei Consumerista, quando incompatíveis entre si, resultando, pois, no afastamento dessas regras gerais e incidência da legislação de regência específica do negócio jurídico: (...) Se os casos de incompatibilidade são poucos, há neles, porém, clara prevalência da lei especial nova pelos critérios da especialidade e cronologia. Somente o critério hierárquico pode proteger o texto geral anterior incompatível.

RESTITUIÇÃO PELO ART. 27 Assim, o CDC, como lei geral de proteção dos consumidores, poderiam ser afastados para a aplicação de uma lei nova especial para aquele contrato ou relação contratual, como se dá no caso da lei sobre seguro-saúde, se houver incompatibilidade de preceitos. Observa-se, por conseguinte, que a solução da controvérsia, seja ela buscada no âmbito do conflito de normas, seja pela ótica da inexistência de conflitos entre os dispositivos normativos em questão, leva à prevalência da norma específica de regência da alienação fiduciária de bens imóveis, concluindo-se, por conseguinte, pelo descabimento da pretensão de restituição das prestações ampliadas, por força dos 4º, 5º e 6º, do art. 27 da Lei nº 9.514/97.

Apelação Cível 2007.001.38311 16ª Câmara Cível TJERJ Rel.: DES. MARIO ROBERT MANNHEIMER - 11/09/2007 Ação de Rescisão de escritura de Compra e Venda de imóvel, com Alienação Fiduciária, face ao inadimplemento dos promitentes compradores que deixaram de efetuar o pagamento de parte do preço ajustado. Não aplicação da jurisprudência do Colendo Superior Tribunal de Justiça, no sentido de que nas ações de rescisão de compromisso de compra e venda, nas quais o promitente vendedor recupera o imóvel prometido à venda, devese proceder à devolução de parte do preço ao promitente comprador, por haver na hipótese, pacto de alienação fiduciária com base na Lei 9.437/97, com a redação da Lei nº 10.931/04. Não há violação aos conceitos emanados do Código de Defesa do Consumidor, em especial ao seu artigo 53 que veda a cláusula de decaimento, pelo procedimento de realização da garantia fiduciária previsto na Lei n 9.514/97. O citado diploma legal, em seu artigo 27, afasta a possibilidade de perda total das quantias pagas pelo devedor ao prever que o mutuante deverá reembolsar-se do seu crédito, mediante a venda do imóvel em leilão, restituindo ao devedor o que sobejar. Não havendo o pagamento da dívida por um dos meios apontados em lei, tornar-seá o fiduciário proprietário pleno do bem, procedendo-se ao termo de extinção e quitação da dívida, liberando-se o devedor fiduciante de eventual saldo devedor. Conhecimento e desprovimento do Apelo.decisão. PROVIMENTO PARCIAL DO AGRAVO.

Pretensão de restituição por critério diverso do estabelecido pelo art. 27 da Lei n 9.514/97 Apelação Cível nº 2007.001.03477 8ª Câmara Cível TJRJ EMBARGOS À EXECUÇÃO DE TÍTULO EXTRAJUDICIAL. CONTRATO DE FINANCIAMENTO COM CLÁUSULA DE ALIENAÇÃO FIDUCIÁRIA EM GARANTIA. INTELIGÊNCIA DA LEI Nº 9.514/97.... O citado diploma legal, em seu artigo 27, afasta a possibilidade de perda total das quantias pagas pelo devedor ao prever que o mutuante deverá reembolsar-se do seu crédito, mediante a venda do imóvel em leilão, restituindo ao devedor o que sobejar...

Pretensão de restituição por critério diverso do estabelecido pelo art. 27 da Lei n 9.514/97 Os autores deixaram de pagar as prestações avençadas no contrato e, em razão do seu inadimplemento e da ausência de purgação da mora, a ré exerceu seu direito que a lei lhe faculta de consolidar a propriedade resolúvel com a realização do leilão do imóvel e a devolução aos autores do saldo em seu favor, se for o caso, tudo em conformidade com a lei e o contrato e não, como foi pleiteado, com fundamento nos arts. 51 e 53, do Código de Defesa do Consumidor. A forma da restituição do valor pago encontra-se regulada pelo 4º, do art. 27, da Lei nº 9.514/97 e não de acordo com a forma genérica do art. 53, do Código de Defesa do Consumidor. (TJSP, Ap. Cível 4009624/0 da 5a Câmara de Direito Privado, rel. Des. Oldemar Azevedo).

RESTITUIÇÃO PELO ART. 27 No novo sistema, o fiduciante, isto é, os fornecedores indiretos (banco e outros financiadores da construção) ou fornecedores diretos (construtores, banco e financiadores diretos negócio com o consumidor), como o credor fiduciário imobiliário, pode beneficiar-se mais rápido e eficaz do processo típico da alienação fiduciária, que permite a retomada do bem imóvel, com despejo do consumidor e sua família, se o devedor estiver constituído em mora, e posterior venda em leilão (in Contratos no Código de Defesa do Consumidor: o novo regime das relações contratuais. 5ª ed. São Paulo: RT, 2005, página 445)

Restituição das quantias pagas. (Decisão pela restituição) Apelação cível. c Ação A de reintegração de posse. Alienação fiduciária de bem imóvel. Mora do devedor. Fiel observância dos preceitos legais pertinentes pelo credor. Correta a sentença a que julga procedente em parte o pedido para determinar a reintegração de posse mediante a restituição prévia de 80% dos valores pagos pelos réus r devidamente corrigidos, e pagamento, por parte destes, de taxa de ocupação no percentual de 0,035. Recursos de ambas as partes que não são aptos a modificar a referida sentença. (TRRJ 12ª Camara Cível, rel. Des.Binato de Castro, j.15/12/2009)

PRETENSÃO DE EQUIPARAÇÃO DA ALIENAÇÃO FIDUCIÁRIA À PROMESSA DE COMPRA E VENDA Agravo de Instrumento n 386.425-4/0-00, da 7a Câmara de Direito Privado do Tribunal de Justiça de São Paulo, relator o Desembargador Encimas Manfré deixa claro que a alienação fiduciária não comporta rescisão, tendo forma própria de extinção: não se vislumbra seja caso de rescisão desse contrato, pois não respeita a simples compromisso de venda e compra.

REINTEGRAÇÃO DE POSSE Reintegração de posse. Compra e venda com financiamento imobiliário e pacto adjeto de sua alienação fiduciária em garantia. Inteligência do art. 30 da Lei n 9.514/97. A Lei n 9.514/97 é norma especial em relação ao Código de Defesa do Consumidor e, deste modo, prevalece sobre o aludido diploma legal. Ao exigir a indicação do esbulho, o Código de Processo Civil tem em vista a definição do tipo de interdito, se se trata de força velha ou de força nova, seguindo o primeiro o rito ordinário e a segunda um procedimento especial, em que se aprecia a medida liminar. Essa distinção, entretanto, perde significado para a ação de reintegração de posse da Lei n 9.514/97, pois para esta hipótese está prevista a reintegração liminar independente da duração da posse, dado o caráter especial da medida. Decisão agravada cassada, deferindo-se a excogitada reintegração possessória. Recurso provido. (TJERJ, 12a Câmara Cível, Agravo de Instrumento 315/2004, decisão unânime, rel. Des. Celso Guedes).

Alienação fiduciária Reintegração de posse Sistema financeiro imobiliário Inconstitucionalidade da Lei nº 9.514/97 Afronta ao princípio do contraditório e da ampla defesa Inocorrência Não se vislumbra qualquer indício de inconstitucionalidade na Lei 9.514/97, regulando o sistema imobiliário, facultando-se à parte a exposição dos motivos da controvérsia sob todas as formas admitidas em direito, em estrita observância aos princípios constitucionais do contraditório e da ampla defesa A.I. nº 808.389-0/2 2º TAC-SP, Rel. Des. Américo Angélico; j.16.09.03. Alienação fiduciária de imóvel. Lei nº 9.514/97. Ação de reintegração de posse. Consolidação da propriedade. Inteligência dos artigos 26 e 30 Inconstitucionalidade Inocorrência Código de Defesa do Consumidor A previsão de extrajudicial e consolidação da propriedade fiduciária por ato do legislador imobiliário não afronta a Constituição Federal, já que o acesso ao Judiciário, a ampla defesa e o contraditório continuam assegurados ao devedor que se sentir prejudicado A.I. nº 880.879-0/2, 2º TAC-SP, Rel. Des. Pereira Calças, j. 27.01.2005.

REINTEGRAÇÃO DE POSSE Alienação fiduciária de imóvel. Lei nº 9.514/97. Ação de reintegração de posse. Consolidação da propriedade. Inteligência dos artigos 26 e 30 Inconstitucionalidade Inocorrência Código de Defesa do Consumidor A previsão de extrajudicial e consolidação da propriedade fiduciária por ato do legislador imobiliário não afronta a Constituição Federal, já que o acesso ao Judiciário, a ampla defesa e o contraditório continuam assegurados ao devedor que se sentir prejudicado A.I. nº 880.879-0/2, 2º TAC-SP, Rel. Des. Pereira Calças, j. 27.01.2005.

REINTEGRAÇÃO DE POSSE (Indeferimento: não preenchimento dos requisitos) Ai nº 1.225 310-00/3 34ª Câmara de Direito Privado TJSP AGRAVO DE INSTRUMENTO - ALIENAÇÃO FIDUCIÁRIA - BEM IMÓVEL - CONCESSÃO DE TUTELA ANTECIPADA - REQUISITOS NÃO PREENCHIDOS - DECISÃO MANTIDA. Não se verificando o preenchimento dos requisitos legais, o indeferimento da tutela antecipada é de rigor. RECURSO IMPROVIDO.... O despacho que se combate entendeu por bem que não há evidência de notificação dos agravados, bem como o efetivo estado de mora, de modo que determinou que se aguardasse, em respeito ao contraditório, a resposta dos demandados, para então se decidir sobre o pedido de liminar...

PAGAMENTO DO INCONTROVERSO Agravo de Instrumento 2006.002.27799 8ª Câmara Cível Rel.: DES. ROBERTO FELINTO - 06/03/2007 CAUTELAR INOMINADA. FINANCIAMENTO IMOBILIÁRIO. DECISÃO INTERLOCUTÓRIA MEDIANTE A QUAL, DIANTE DO DEPÓSITO JUDICIAL DAS PARCELAS INCONTROVERSAS, FORAM AFASTADOS PROVISORIAMENTE OS ÔNUS DA MORA.... Quanto à pretensão de que o pagamento seja efetuado diretamente à instituição financeira credora, nos termos do artigo 50 1º da Lei nº 10.931/04, condiciona-se à demonstração de boa-fé do credor, devendo o mesmo manifestar perante o juiz da causa a sua não oposição ao pagamento das parcelas incontroversas, de modo a evitar a consignação judicial dos valores;- Reforma parcial da decisão. PROVIMENTO PARCIAL DO AGRAVO.

Apelação Cível 2007.001.54294 16ª Câmara Cível TJERJ Rel.: DES. LINDOLPHO MORAIS MARINHO - 18/03/2008 CIVIL E ALIENAÇÃO FIDUCIÁRIA DE IMÓVEL. RESCISÃO DE CONTRATO. ERRO. PROMESSA DE FINANCIAMENTO NÃO CUMPRIDA. AUSÊNCIA DE PROVAS. ALEGAÇÃO DE FALTA DE CONDIÇÕES DE PAGAMENTO DAS PRESTAÇÕES. MOTIVO INSUFICIÊNTE. IMPOSSIBILIDADE DE RESCISÃO. ALEGAÇÃO DE DIVERGÊNCIA DA LEI 9541/97 COM O CDC. INEXISTÊNCIA.... Deve-se no caso em tela, observar o disposto na lei 9.514/97, visto que o imóvel foi dado como garantia fiduciária, sendo este, portanto, o garantidor do pagamento da dívida contraída.não se diga que a lei 9.514/97 conflita com as normas de defesa do consumidor, visto que o bem dado em garantia será alienado por meio de leilão público, cujo valor apurado será utilizado para quitar o saldo devedor, devolvendo-se ao adquirente o que sobrar.precedentes do TJERJ...

LEILÃO Leilão fora do local do imóvel No caso concreto, muito embora verifique-se à primeira vista a mora da parte Agravada, por não haver adimplido as obrigações contraídas através de Termo de Securitização firmado com a Agravante, não se pode olvidar por outra banda que a praça do bem imóvel sub judice foi designada para acontecer na cidade do Rio de Janeiro, em evidente afronta aos artigos 658 e 686, 2º, do CPC, que dispõe que a alienação de bens para satisfação de crédito em execução se efetiva no foro da situação da coisa. Como bem pontuado na decisão impugnada o leilão deve ser realizado na localidade da situação do bem, não somente como proteção aos direitos dos devedores, como também em benefício do próprio credor, uma vez que, em se obtendo melhor oferta, mais efetiva se torna a satisfação do seu crédito. (f. 228). Por razões que tais, vislumbro o periculum in mora inverso em favor dos Agravados. (TJBA, AgIn 0001003-29.2010.805.0000-0-Salvador, 5ª Câmara Cível, rel. Juíza Ilza Maria da Anunciação, j. 28.1.2010).

LEILÃO Preço vil Mantenho a decisão hostilizada, na íntegra, pelos seus próprios fundamentos, eis que não houve alteração no plano fático, por ora, que dê ensejo ao deferimento do efeito recursal pretendido, notadamente pelo fato de a Julgadora a quo haver determinado, por cautela, a realização de perícia nos autos principais, antes do leilão enfocado, para que fosse aferido o valor atualizado dos bens dados em garantia, a fim de se evitar eventual prejuízo a quem quer que seja, obtendo-se o importe real do bem alienado. Entendo, pois, que a providência ordenada pela MM.ª Juíza de 1º grau atenta para o princípio da segurança jurídica que deve nortear o Magistrado em casos como tais, não se podendo atropelar atos processuais que devem ser efetivados em nome da verdade processual e do equilíbrio das partes, que devem ser observado no caso em tela.(tjba, 5ª Câmara Cível, AgIn 0001805-27.2010.805.0000-0, Salvador, rel. Juíza Ilza Maria da Anunciação, j. 23.2.2010)

Cessão fiduciária/recuperação de empresa Agravo 09750/2009 Relator Des. Luisa Bottrel Souza - 03/06/2009 17ª Câmara Cível - direito empresarial. Recuperação judicial. Contratos de cessão fiduciária em garantia de direitos creditórios. Lei nº 11.101/05, art. 49, parágrafo 3º. A cessão fiduciária, como espécie de propriedade fiduciária, transfere ao credor fiduciário a propriedade do crédito, razão pela qual não pode esse lhe ser indisponibilizado, destinado ao pagamento de dívidas ordinárias da empresa em regime de recuperação. Ainda que a posse do crédito esteja em poder do devedor, sua propriedade é do credor, daí porque há de ser excluído da recuperação judicial. Recurso provido.