O LETRAMENTO DIGITAL NA FORMAÇÃO CONTINUADA DOS PROFESSORES DE MATEMÁTICA. Ettiène Cordeiro Guerios (UFPR) Andreia Rabello de Souza (UFPR)

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Transcrição:

1 O LETRAMENTO DIGITAL NA FORMAÇÃO CONTINUADA DOS PROFESSORES DE MATEMÁTICA Ettiène Cordeiro Guerios (UFPR) Andreia Rabello de Souza (UFPR) Resumo A relação entre linguagem, tecnologias e educação é contemporânea e tem sido alvo de investigação em diversas pesquisas, justamente porque hoje, inegavelmente, temos uma geração de nativos digitais, crianças que tiveram a tecnologia presente em suas vidas desde muito cedo. Muitas delas aprendem quando interagem com as informações, ambientes de colaboração, mas também quando criam conteúdo. Sendo assim, quais são os caminhos para que os professores possam interagir com seus alunos nesta Era Digital, redesenhando os espaços pedagógicos de aprendizagem, (re)criados a partir da utilização das TDIC? Este trabalho tem por objetivo apresentar reflexões sobre a emergência do letramento digital, bem como suas características dialógicas e de socialização de signos. Busca identificar como a mudança na visão do que é alfabetização e letramento a partir dos contextos digitais impacta na formação continuada do docente, avançando de aspectos meramente operacionais de uso, para alcançar uma reflexão maior sobre: o que, como e porque ensinar a matemática com o suporte digital? O quadro teórico utilizado foi: Nóvoa (1992), Morin (2013), Xavier (2002) e Vygostky (1998). Os indicadores metodológicos preliminares revelam uma pesquisa de natureza qualitativa:a pesquisa descritiva na modalidade bibliográfica relativa ao tema e objeto deste artigo e o da investigação da prática didática dos professores na modalidade estudo de caso. Espera-se que osresultados norteiem as perspectivas para a criação de uma concepção pedagógica renovada, que propicie elementos teóricos e metodológicos que fundamentem o letramento digital à prática docente. Palavras-chave: letramento digital, formação continuada, matemática Introdução O uso de tecnologias digitais tem impactado diretamente o campo da comunicação, permitindo o rápido acesso à informação, que por consequência tem reconfigurado profundamente as práticas de escrita e leitura, ditas tradicionais. A abordagem presente neste texto visa apresentar reflexões sobre o letramento digital na formação continuada dos professores de matemática, a partir da análise do conceito de Letramento, ampliando seu alcance por meio da incorporação dos fundamentos na Teoria Histórico Cultural e no Pensamento Complexo, com suporte nas Tecnologias Digitais de Informação e Comunicação (TDIC). Tem por objetivo apresentar perspectivas sobre a emergência do letramento digital, bem como suas características dialógicas e de socialização de signos, identificando como a mudança na visão do que é alfabetização e letramento a partir dos contextos digitais impacta na 5118

2 formação continuada do docente, avançando de aspectos meramente operacionais de uso, visando a alcançar a função (re)criadora das TDIC, na dimensão onde os professores e alunos participam como protagonistas no ativismo social. Xavier (2002) evidencia que estamos acompanhando uma fusão entre o alfabético e o digital, em um processo de absorção e junção destes tipos de letramentos, sendo assim um tem ao outro como ponto de partida, ou seja, o alfabético está servindo de apoio para a aprendizagem do letramento digital: Nesta perspectiva, podemos afirmar que a principal condição de apropriação do letramento digital é o domínio do letramento alfabético pelo indivíduo. Há uma inegável dependência do novo tipo de letramento em relação ao velho. Essa condicionalidade aumenta a importância e amplia o uso do letramento alfabético em razão da chegada do digital (XAVIER, 2009, p.4). Para se compreender o letramento digital como um processo de interação, devemos levar em conta os aspectos pelo quais os homens fazem dos instrumentos e signos em suas atividades práticas, a partir das categorias de mediação e Zona de Desenvolvimento Proximal de Vygotsky (1998). Ao propormos uma formação continuada de professores de Matemática em contextos digitais, temos a intenção de colaborar com a melhoria nos diferentes níveis de Ensino. Para ir além da mera indagação quanto ao uso das tecnologias na escola, Silva (2012) apresenta as cinco fases pelas quais o professor passa ao ser apresentado às novas tecnologias digitais, que foram fases detectadas por Sandholtz, Ringstaff, and Dwyer (1997): 1. Exposição;2. Adoção; 3. Adaptação; 4. Apropriação 5. Inovação (invenção). A primeira etapa é denominada Adoção das novas tecnologias, onde [...] os professores passam a se preocupar menos com os aspectos técnicos e mais com a integração para apoiar práticas já existentes; o uso da tecnologia aumenta para apoiar as práticas pedagógicas [...] (SILVA, 2012, p.8). Após esta etapa teremos mais duas etapas pelas quais os professores passam ao serem apresentados a novas tecnologias, que correspondem as fases de desenvolvimento do letramento digital, que englobam a Adoção e Adaptação destas tecnologias integradas à prática tradicional em sala de aula e a partir delas introduzem novas práticas, alcançando a utilização da tecnologia para criar novos e diferentes ambientes de aprendizagem, culminando na última etapa, conhecida como Inovação, e que culmina com o letramento digital do professor. Para compreender as implicações do processo contínuo e complexo da formação continuada, cada professor é, segundo Nóvoa (1992), chamado a trocar experiências e partilhar saberes em espaços de formação mútua, nos quais é chamado a desempenhar, 5119

3 concomitantemente, o papel de formador e de formando. Este professor nada mais é para Morin do que [...] um sujeito que emerge desde o ponto de partida sistêmico e cibernético, lá em certos números de traços dos próprios sujeitos humanos (finalidade, programa, comunicação etc.) são incluídos no sujeito máquina. (2011, p. 38) O pensamento complexo segundo Edgar Morin, nos remete à reflexão de como o ensinar está vinculado a separar, isolar e fragmentar conteúdos, separando os conceitos dos seus contextos e compartimentando-os em disciplinas que não conversam entre si. Ao contrário disso, a vida é um todo complexo, feito de laços e interações que são tecidos juntos. A crítica aqui se faz presente quanto ao sistema educacional que segue a lógica determinista da simplificação, obedecendo à lógica mecânica sem clareza dos seus fins. Morin nos convida a compreender o problema da complexidade a partir do paradigma simplificador, que embute a organização do universo, trazendo ordem e expulsando a desordem. Portanto a ordem se reduz a uma lei, a um princípio e a simplicidade vê o uno, ou o múltiplo, mas não consegue ver o que o uno pode ser ao mesmo tempo múltiplo. (MORIN, 2011, p. 59). Discussão de resultados O contexto da pesquisa se baseia no projeto de Dissertação, cujo tema provisório é O LetramentoDigitalno Ensino damatemática sobaperspectivadateoria DaComplexidade e que tem por objetivo geral a analisar quais as habilidades, competências e fatores que podem contribuir para a formação e desenvolvimento do letramento digital de professores de matemática do Ensino Fundamental II. Estas questões norteiam a construção do problema desta pesquisa: Como o letramento digital na formação dos professores de matemática pode contribuir para que a práxis pedagógica alcance a complexidade que envolve os contextos sociais, sistemas de signos e as tecnologias materiais na construção do conhecimento? A pesquisa está estruturada em dois momentos: o da pesquisa descritiva na modalidade bibliográfica relativa ao tema e objeto deste artigo e o da investigação da prática didática dos professores na modalidade estudo de caso. O material empírico foi constituído pelas Teses e Dissertações publicadas na Base de Dados do Portal de Periódicos da Capes e da Scientific Eletronic Library On Line (SciELO),no período de 2000 e 2015, a partir das seguintes expressões de busca: Letramento Digital, Letramento digital na Matemática, Multiletramentos, Letramento do Professor de Matemática, TDIC (Tecnologias Digitais de Informação e Comunicação). A partir da leitura de resumos e, quando compatível com a temática da pesquisa, leitura integral, 5120

4 foram analisadas as seguintes variáveis: a) abordagem do método de pesquisa; b) estratégia de pesquisa, c) problema de pesquisa e d) os resultados obtidos. Desta análise, resultou a seleção de 21 Dissertações de Mestrado e 9 Teses de Doutorado, que compuseram o corpus de análise. Conclusão Ao compararmos os conhecimentos do profissional docente entre o que é dominante e o desejável, percebe-se um distanciamento ou até mesmo um antagonismo preponderante de visões. O que se espera de um profissional de educação no século XXI vai além do que ele consegue apreender em sua formação inicial? Sem dúvida isto é apenas a abertura para uma revisão do conhecimento docente, que não pode se restringir aos aspectos teóricos e metodológicos, mas avançar na prática através da reflexão da ação docente. A pesquisa sobre o letramento digital na formação continuada dos professores de matemática indicou através da revisão de literatura que há uma lacuna a ser preenchida, portanto pretendemos que os resultados alcançados possam contribuir com novos conhecimentos para a Área.A ação do professor demanda uma apropriação de instrumentos e linguagem tecnológica, de forma a lhes atribuir uma dimensão de letramento digital. A complexidade constituiu-se de uma importante interlocução para nos auxiliar na compreensão das relações tecidas no complexus entre o letramento digital, a formação do professor, as tecnologias digitais da informação e comunicação e a formação continuada do professor de matemática. Portanto, a partir deste estudo preliminar, percebe-se que o Letramento Digital está na pauta de reflexões do dia a dia na Escola, pois esta é uma época de rápidas mudanças nos modos de pensar, expressar, comunicar e agir, onde o ativismo social permite professor e alunos vivenciem claramente este processo através da utilização das TDIC dentro e fora de sala de aula. 5121

5 REFERÊNCIAS BUZATO, M. E. O letramento eletrônico e o uso de computadores no ensino de língua estrangeira: contribuições para a formação de professores. Dissertação de Mestrado (Linguística Aplicada), UNICAMP, 2001. CAPES. Banco de Teses. Disponível em<http://bancodeteses.capes.gov.br/>. Acesso em 21/05/2015. FAVA, Rui. Educação 3.0 Aplicando o PDCA nas instituições de ensino. São Paulo: Saraiva, 2014. GILSTER, P. Digital literacy.new York: John Wiley & Sons, Inc., 1997. MORIN, Edgar; tradução de Maria D. Alexandre e Maria Alice Araripe de Sampaio Doria. Ciência com Consciência. Ed. Revista e modificada pelo autor 15ª ed. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2013. MORIN, Edgar, Introdução ao Pensamento Complexo / Edgar Morin; tradução. Eliane Lisboa. 4ª ed. Porto Alegre: Sulina, 2011. NÓVOA, Antonio. Os professores e a sua formação. Lisboa: D. Quixote/ Instituto de Inovação Educacional, 1992. SANDHOLTZ, J. H., RINGSTAFF, C., & DWYER, D. C. (1997). Teaching with technology: Creating student-centered classrooms. New York: Teachers College Press the learning return on our educational tecnology investment. SCIELO. Base de dados. Disponível em: <http://www.scielo.org/php/index.php>. Acesso em 20/04/2015. SILVA, Solimar Patriota. Letramento Digital e Formação de professores na era web 2.0: O que, como e porque ensinar? HIPERTEXTUS REVISTA DIGITAL. VOLUME 8 2012. Disponível em: http://www.hipertextus.net/volume8/01-hipertextus-vol8-solimar-patriota- Silva.pdf>. Acesso em20/04/2015. SOUZA, V. V. Soares. Letramento digital e formação de professores. Revista Língua Escrita, n. 2, p. 55-69, dez. 2007. Disponível em: <http://www.ceale.fae.ufmg.br/app/webroot/files/uploads/revista%20lingua%20escrita/linguae scrita_2.pdf>. Acesso em20/03/2015. WOOD, David. Como as crianças pensam e aprendem. Edições Loyola, São Paulo, Brasil, 2003. XAVIER, Antonio C. S. Letramento digital e ensino. 2013. Disponível em: <https://www.ufpe.br/nehte/artigos/letramento%20digital%20e%20ensino.pdf. Acesso em: 10 jan. 2015. VYGOTSKI, L. S. A formação social da mente. 7 ed. São Paulo: Martins Fontes, 2007. VYGOTSKI, L. S. Pensamento e linguagem. 4 ed. São Paulo: Martins Fontes, 1998. 5122