Desigualdade e Pobreza em Portugal: Evolução Recente. Carlos Farinha Rodrigues

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Transcrição:

Desigualdade e Pobreza em Portugal: Evolução Recente Carlos Farinha Rodrigues ISEG / Universidade de Lisboa carlosfr@iseg.ulisboa.pt Objectivos: Caracterizar a distribuição do rendimento em Portugal; Evidenciar os principais aspectos da desigualdade dos rendimentos, da pobreza económica e da exclusão social no nosso país; Proceder a uma avaliação rigorosa, e tão aprofundada quanto a informação estatística disponível o permite, das consequências sociais de uma das mais profundas crises que Portugal atravessou nas últimas décadas, e analisar, sempre que possível, as medidas implementadas pelas autoridades públicas para lhes fazer frente; 22/04/2017 2 1

Objectivos: Analisar a eficácia e a eficiência das principais medidas implementadas sobre a distribuição do rendimento, a desigualdade social e pobreza; A identificação das famílias e dos indivíduos que mais profundamente foram afectados pela actual crise e pelas políticas de resposta à crise implementadas; Sugerir medidas alternativas que possibilitem uma maior eficácia das políticas redistributivas, a redução das desigualdades e da pobreza e o reforço da coesão social. 22/04/2017 3 A redução dos rendimentos familiares! 22/04/2017 4 2

12 000 Evolução Real do Rendimento Disponível por Adulto Equivalente (euros/ano), 2003-2014 11 000 10 000 9 000 8 000 7 000 11 150 11 089 11 177 11 303 11 131 11 383 11 083 10 776 10 509 8 404 8 541 8 486 8 525 8 946 8 870 9 373 8 956 8 552 9 897 9 829 9 996 8 176 8 206 8 435 6 000 5 000 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 Média Mediana Fonte: INE, ICOR 2004 a 2015, Valores a preços de 2014. 22/04/2017 5 Evolução das Remunerações do Trabalho (1995=100) 150 145 140 135 130 125 120 115 110 105 100 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 Índice 1995=100 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 Remunerações do trabalho Sector Público Sector Privado Fonte: Banco de Portugal (2014). 22/04/2017 6 3

Evolução do Rendimento Médio por Adulto Equivalente por decis, 2003-2009 - 2014 Euros/Ano 2003 2009 2014 Variação 2003-2009 Variação 2009-2014 1 º decil 2572 3292 2469 22 % - 25 % 2 º decil 4398 5206 4402 16 % - 16 % 3 º decil 5527 6452 5704 14 % - 12 % 4 º decil 6657 7507 6760 11 % - 10 % 5 º decil 7825 8688 7844 10 % - 10 % 6 º decil 9017 10079 8988 11 % - 11 % 7 º decil 10573 11623 10329 9 % - 11 % 8 º decil 12721 13685 12137 7 % - 11 % 9 º decil 16831 17056 15185 1 % - 11 % 10 º decil 31594 30177 26127-5 % - 13 % Total 10776 11383 9996 5 % - 12 % Fonte: INE, ICOR 2004, 2010 e 2015. Valores a preços de 2014. 22/04/2017 7 Evolução do Rendimento Equivalente Ganhos e Perdas, 2009-2012 15% 10% 5% 0% -5% 9,2% 9,6% 12,6% -10% -15% -13,4% -20% -25% -30% -24,8% -30,4% -35% Perda > 30% Perda entre 10 e 30% Perda inferior Ganho inferior Ganho entre a 10% a 10% 10 e 30% Ganho > 30% Fonte: INE, ICOR Longitudinal 2010-2013. 22/04/2017 8 4

O que aconteceu à desigualdade 22/04/2017 9 40% Evolução da Desigualdade (2003 2015) Coeficiente de Gini 39% 38% 37% 37,8% 38,1% 37,7% 36% 36,8% 35% 35,8% 35,4% 34% 33% 32% 31% 33,7% 34,2% 34,5% 34,2% 34,5% 34,0% 33,9% 30% 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 Fonte: INE, ICOR 2004 a 2016. 22/04/2017 10 5

Evolução da Desigualdade (2003 2015) 25 20 15 22,2 20,7 20,9 17,2 16,7 17,2 14,7 15,0 17,4 17,2 19,7 18,7 17,6 10 12,3 12,1 11,8 10,8 10,0 10,3 9,2 9,4 10,1 10,0 11,1 10,6 10,1 5 7,0 6,9 6,7 6,5 6,1 6,0 5,6 5,7 5,8 5,8 6,2 6,0 5,9 0 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 S80/S20 S90/S10 S95/S05 Fonte: INE, ICOR 2004 a 2015. 22/04/2017 11 O que mudou nos indicadores de pobreza. 22/04/2017 12 6

Evolução da Incidência da Pobreza (2003-2015) 23% 22% 21% 20,4% 20% 19% 18% 19,4% 18,5% 18,1% 18,5% 17,9% 17,9% 18,0% 17,9% 18,7% 19,5% 19,5% 19,0% 17% 16% 15% 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 Fonte: INE, ICOR 2004-2016 22/04/2017 13 Evolução da Intensidade da Pobreza (2003-2015) 34% 32% 30% 30,3% 29,0% 28% 26% 24% 24,7% 26,0% 24,3% 27,3% 23,2% 23,6% 22,7% 23,2% 24,1% 26,0% 22% 23,5% 20% 18% 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 Fonte: INE, ICOR 2004-2016 22/04/2017 14 7

Evolução da Incidência da Pobreza por Grupos Etários (2003-2015) 30% 28,9% 27,6% 25% 24,6% 23,7% 26,1% 25,5% 22,8% 22,9% 22,4% 22,4% 21,7% 24,4% 25,6% 24,8% 22,4% 22,3% 20% 20,8% 20,9% 20,1% 21,0% 20,0% 15% 17,4% 14,6% 15,1% 17,1% 18,3% 10% 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 Crianças [ 0-17 ] Idosos [ 65+ ] Fonte: INE, ICOR 2004-2016 22/04/2017 15 Evolução da Incidência da Pobreza por Grau de Urbanização (2003-2015) 30% 27,6% 25% 24,5% 23,9% 24,0% 23,4% 23,4% 23,9% 22,3% 25,0% 23,8% 23,8% 24,2% 24,0% 20% 15% 10% 21,9% 21,6% 15,3% 14,9% 20,4% 13,1% 22,2% 22,2% 19,8% 13,6% 13,4% 11,9% 19,6% 13,4% 20,1% 15,9% 14,3% 14,6% 16,3% 17,1% 18,1% 18,2% 17,4% 17,4% 17,0% 16,9% 5% 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 Área densamente povoada Área intermédia Área pouco povoada Fonte: INE, ICOR 2004-2016 22/04/2017 16 8

Linha de Pobreza Oficial e Linha de Pobreza Ancorada em 2009 500 480 460 440 420 400 380 360 340 320 300 434 434 421 440 416 456 469 470 469 471 409 411 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 422 Linha de Pobreza Oficial Linha de Pobreza Ancorada em 2009 439 Fonte: INE, ICOR 2010 a 2016. 22/04/2017 17 Linha de Pobreza Oficial e Linha de Pobreza Ancorada em 2009 30% 28% 25% 23% 20% 17,9% 19,6% 21,3% 24,7% 25,9% 24,1% 21,8% 18% 15% 17,9% 18,0% 17,9% 18,7% 19,5% 19,5% 19,0% 13% 10% 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 Taxa de Pobreza Oficial Taxa de Pobreza Ancorada em 2009 Fonte: INE, ICOR 2010 a 2016. 22/04/2017 18 9

Quais as famílias e os indivíduos mais vulneráveis à pobreza? 22/04/2017 19 Indicadores de pobreza por escalão etário, 2015 (%) Taxa de Pobreza Intensidade de Pobreza Distribuição da População Pobre 0 17 anos 22,4 28.7 20,6 18 64 anos 18,2 29,3 59,5 65 e mais anos 18,3 18,0 19,9 Total 19,0 26,6 100,0 Fonte: INE, ICOR 2016. 22/04/2017 20 10

Indicadores de pobreza por grau de urbanização, 2015 (%) Taxa de Pobreza Intensidade de Pobreza Distribuição da População Pobre Área densamente povoada 17,4 26,1 40,5 Área intermédia 16,9 26,0 26,1 Área pouco povoada 24,0 28,4 33,4 Total 19,0 26,6 100,0 Fonte: INE, ICOR 2016. 22/04/2017 21 Indicadores de pobreza por tipo de família, 2015 (%) Taxa de Pobreza Intensidade de Pobreza Distribuição da População Pobre Um adulto sem crianças 26,3 25,3 12,0 Dois adultos com idade <65 16,0 34,1 8,5 Dois adultos pelo menos um com >65 16,4 16,9 11,6 Outras famílias sem crianças 12,8 26,6 11,4 Família monoparental 31,6 29,7 7,1 Dois adultos com uma criança 15,0 29,0 12,8 Dois adultos com duas crianças 17,0 30,4 14,0 Dois Adultos com três ou mais crianças 42,7 26,3 7,3 Outras famílias com crianças 24,9 28,8 15,5 Famílias sem crianças dependentes 16,8 23,4 43,4 Famílias com crianças dependentes 21,0 29,0 56,6 Total 19,0 26,6 100,0 Fonte: INE, ICOR 2016. 22/04/2017 22 11

Indicadores de pobreza por condição perante o trabalho, 2015 (%) Taxa de Pobreza Intensidade de Pobreza Distribuição da População Pobre Empregado 10,9 23,4 29,9 Desempregado 42,0 36,1 23,0 Reformado 16,0 16,9 23,2 Outros Inactivos 31,2 31,1 23,8 Fonte: INE, ICOR 2016. Nota: Nos cálculos deste quadro consideram-se exclusivamente as pessoas com 18 e mais anos. 22/04/2017 23 Indicadores de pobreza por nível de escolaridade completo, 2015 (%) Taxa de Pobreza Intensidade de Pobreza Distribuição da População Pobre Inferior ao 1º ciclo E.B. 53,8 35,3 7,8 1º e 2º ciclo E.B. 28,3 29,5 50,6 3º ciclo E.B. 20,2 27,7 26,6 Secundário 10,4 24,1 8,2 Pós Secundário 10,0 24,6 0,5 Ensino Superior 5,0 29,8 6,4 Fonte: INE, ICOR 2016. Nota: Nos cálculos deste quadro consideram-se exclusivamente as pessoas entre os 18 e 64 anos. 22/04/2017 24 12

Quem eram os pobres em 2015? 54% da população pobre era do sexo feminino; 21% eram crianças com menos de 18 anos; 20% eram idosos; 57% dos indivíduos em situação de pobreza viviam em agregados familiares com crianças; 20% eram desempregados com mais de 18 anos; 23% eram reformados; 59% pertenciam a famílias cujo indivíduo de referência possuía um baixo nível de instrução, não tendo obtido mais do que o 2º ciclo do ensino obrigatório. 41% vivia em grandes centros urbanos. 22/04/2017 25 O papel das políticas redistributivas 22/04/2017 26 13

Prestações Sociais em % do PIB Portugal União Europeia 2003 2009 2014 2003 2009 2014 Pensões Velhice 8,3 10,7 12,8 9,7 10,6 11,1 Pensões Sobrevivência 1,5 1,8 1,9 1,7 1,6 1,6 Saúde 6,1 7,0 6,1 7,2 8,0 8,1 Invalidez 2,4 2,0 1,9 2,1 2,1 2,0 Família/crianças 1,4 1,4 1,2 2,1 2,4 2,4 Desemprego 1,2 1,3 1,5 1,6 1,7 1,4 Habitação 0,0 0,0 0,0 0,5 0,6 0,6 Exclusão Social 0,3 0,3 0,2 0,4 0,5 0,5 Sem Condição de Recursos 19,3 22,0 23,4 22,7 24,4 24,5 Com Condição de Recursos 1,9 2,5 2,1 2,6 3,1 3,1 Total 21,2 24,5 25,5 25,3 27,5 27,6 Fonte: Eurostat, ESSSPROS 22/04/2017 27 25 000 Despesa em Prestações Sociais por habitante (2014) 20 000 20 128 15 000 10 000 15 448 13 188 12 16612 003 11 61711 09810 821 10 494 9 603 8 623 7 987 7 903 5 000 5 661 4 735 4 470 4 360 4 242 3 593 2 927 2 592 2 273 2 192 2 121 2 049 1 838 1 714 1 114 1 096 0 Fonte: Eurostat, ESSSPROS. Valores anuais por habitante em euros 22/04/2017 28 14

Distribuição das Prestações Sociais por Quintis do Rendimento Equivalente, 2014 45% 40% 35% 42% 30% 25% 20% 15% 10% 5% 9% 15% 16% 18% 0% 1º Quintil 2º Quintil 3º Quintil 4º Quintil 5º Quintil Fonte: INE, ICOR 2015. 22/04/2017 29 Distribuição das Prestações Sociais por Quintis do Rendimento Equivalente, 2014 50% 45% 40% 35% 30% 25% 20% 15% 10% 5% 0% 1º Quintil 2º Quintil 3º Quintil 4º Quintil 5º Quintil P. Contributivas S.Desemprego Apoio à Família/Exclusão Social Fonte: INE, ICOR 2015. 22/04/2017 30 15

Eficácia das transferências sociais na redução da incidência da pobreza 2003 2009 2014 Incidência antes Pensões e Trx. Sociais 41,3 % 43,4 % 47.8 % Incidência antes Trx. Sociais 26,5 % 26,4 % 26.4 % Efeito Redutor 1-35,8 % - 39,2 % - 44,8 % Incidência da Pobreza 20,4 % 17,9 % 19.5 % Efeito Redutor 2-23,0 % - 32,2 % -26,1 % Fonte: INE, ICOR 2004, 2010 e 2015. 22/04/2017 31 Rendimento Mínimo e Limiar de Pobreza Valores em euros/mês 2003 2006 2009 2013 Linha de Pobreza (indivíduo só) 346 379 434 411 Valor do Rendimento Mínimo (RSI) 146 172 187 190 RSI /LP 42.2% 45.4% 43.1% 46.1% Linha de Pobreza (casal 2 filhos) 726 795 911 863 Valor do Rendimento Mínimo (RSI) 438 515 562 398 RSI /LP 60.3% 64.8% 61.6% 46.1% Ninguém deixa de ser pobre por receber o RSI. O RSI reduz a intensidade da pobreza. 22/04/2017 32 16

Distribuição dos Impostos Directos por Quintis do Rendimento Equivalente, 2014 80% 70% 60% 70% 50% 40% 30% 20% 10% 0% 18% 1% 3% 8% 1º Quintil 2º Quintil 3º Quintil 4º Quintil 5º Quintil Fonte: INE, ICOR 2015. 22/04/2017 33 Índices de Concentração e Coeficiente de Gini do Rendimento Equivalente, 2009-2014 0,50 0,48 0,46 0,44 0,42 0,40 0,38 0,36 0,34 0,32 0,30 0,454 0,450 0,441 0,443 0,443 0,434 0,432 0,435 0,429 0,368 0,358 0,354 0,342 0,345 0,337 0,342 0,345 0,340 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 C. Rend. Mercado C. Rend. Mercado + Pensões C. Rend. Bruto G. Rendimento Disponível Fonte: INE, ICOR 2010-2015. 22/04/2017 34 17

Eficácia e Eficiência das Transferências Sociais e Impostos Directos sobre a Desigualdade, 2006-2009-2014 2006 2009 2014 Eficácia das Pensões 0,020 0,029 0,018 Dimensão das Pensões 0,181 0,188 0,238 Eficiência das Pensões 0,112 0,152 0,076 Eficácia das Outras Transferências 0,022 0,030 0,021 Dimensão das Outras Transferências 0,048 0,055 0,051 Eficiência das Outras Transferências 0,466 0,542 0,403 Eficácia dos Impostos 0,042 0,039 0,065 Dimensão dos Impostos 0,182 0,247 0,356 Eficiência dos Impostos 0,230 0,159 0,182 Fonte: INE, ICOR 2007, 2010 e 2015. 22/04/2017 35 Efeitos Redutores das Pensões, Transferências Sociais e Impostos Directos sobre a Desigualdade, 2006-2009-2014 10 9 8 7 6 5 4 3 2 1 0 1,8 2,9 2,0 2,1 2,2 3,0 6,5 4,2 3,8 2006 2009 2014 Impostos Outras Transferências Pensões Fonte: INE, ICOR 2007,2010 e 2015. 22/04/2017 36 18

O que é necessário fazer? Aumentar a eficácia e a eficiência das políticas redistributivas. Reduzir a desigualdade e reforçar a coesão social. Implementar uma estratégia nacional de combate à pobreza e à exclusão social. 22/04/2017 37 Aumentar a eficácia e a eficiência das políticas redistributivas Os resultados apresentados demonstram que a eficácia redistributiva das prestações sociais é limitada, condicionada como é pelo forte peso das pensões contributivas no conjunto das prestações sociais e o diminuto peso de medidas directamente dirigidas ao combate às situações de maior precariedade social e às famílias mais desprotegidas. As políticas públicas implementadas como resposta à crise no período 2010-2014 agravaram essa situação ao reduzirem de forma drástica os apoios sociais préexistentes precisamente no momento em que estes se tornavam mais necessários. 22/04/2017 38 19

Aumentar a eficácia e a eficiência das políticas redistributivas Inverter essa situação implica o desenvolvimento de políticas que promovam o emprego e o crescimento económico, conjuntamente com um sistema de protecção social mais eficiente no apoio aos indivíduos e famílias que dele efectivamente carecem. A reconfiguração do sistema de segurança social, em particular do sistema de benefícios assente em condição de recursos, constitui um elemento chave para evitar desperdícios e fraude, mas garantindo simultaneamente uma verdadeira eficácia na contenção das situações de pobreza extrema. 22/04/2017 39 Aumentar a eficácia e a eficiência das políticas redistributivas O actual sistema de protecção às famílias e aos indivíduos em situação de maior precariedade social está distribuído por um largo conjunto de programas que constituem no seu todo um mosaico fragmentado com áreas de sobreposição que tornam difícil a sua monitorização, facilitam a existência de fraude e dificultam ganhos de eficácia e de eficiência. Uma redefinição, harmonização e eventual integração de muitas das prestações sociais existentes permitiria não somente ganhos em termos de eficácia e de eficiência como também a poupança de recursos que poderiam ser aplicados no aumento de alguns benefícios sociais directamente dirigidos à população mais desprotegida. 22/04/2017 40 20

Aumentar a eficácia e a eficiência das políticas redistributivas A identificação clara dos destinatários de cada medida é fundamental de forma a garantir-se uma eficácia efectiva na sua aplicação. O acentuar das políticas baseadas em condição de recursos e a identificação clara dos destinatários das políticas sociais devem ser claramente uma prioridade para uma política de combate à pobreza e à exclusão social num contexto de fortes restrições orçamentais. 22/04/2017 41 Aumentar a eficácia e a eficiência das políticas redistributivas A simplificação das medidas e uma melhor definição do seu targeting deve ser complementada com um aumento da transparência e da informação quanto aos seus objectivos, instrumentos e resultados. Somente assim será possível a consensualização das medidas a implementar e o combate ao non-take-up. 22/04/2017 42 21

Reduzir a desigualdade, reforçar a coesão social A exigência de uma política económica que promova a redução das desigualdades coloca-se não somente como uma questão de justiça social mas igualmente enquanto elemento constituinte da reivindicação de um modelo de desenvolvimento que tenha em conta as necessidades de todos os elementos da sociedade, a valorização do trabalho e um modelo de funcionamento da economia que seja simultaneamente mais eficiente e mais justo. 22/04/2017 43 Reduzir a desigualdade, reforçar a coesão social Uma política que reduza as desigualdades económicas e sociais pressupõe medidas que atendam também à necessária correcção da desigualdade na repartição funcional do rendimento, estabelecendo regras de repartição dos excedentes entre investidores e trabalhadores. Para tal é necessário assumir-se claramente que o processo de criação de riqueza e da sua distribuição não são compartimentados no tempo e sequenciais mas sim um processo simultâneo que define a natureza do próprio modelo económico 22/04/2017 44 22

Reduzir a desigualdade, reforçar a coesão social Uma política que reduza as desigualdades económicas e sociais pressupõe igualmente a valorização do trabalho, rejeitando um modelo de desenvolvimento assente nos baixos salários e na subordinação dos direitos dos trabalhadores no quadro das relações laborais. Uma política que reduza as desigualdades económicas e sociais pressupõe uma intervenção activa do Estado enquanto elemento corrector das insuficiências do mercado em matéria de equidade quer através do aumento da abrangência do sistema fiscal evitando a fraude e a evasão e fiscal, quer pela manutenção ou mesmo pelo acentuar da sua progressividade 22/04/2017 45 Implementar uma estratégia nacional de combate à pobreza e à exclusão social Portugal encontra-se hoje perante desafios importantes que passam também pela forma como os poderes públicos encaram o fenómeno da pobreza e da inclusão social. Ou se mantem o processo de empobrecimento e deterioração das condições de vida de largos sectores da população ou se opta por um por um processo integrado de reversão da actual situação, promovendo o apoio e a integração dos mais pobres e assegurando um crescimento mais integrado e inclusivo. 22/04/2017 46 23

Implementar uma estratégia nacional de combate à pobreza e à exclusão social As medidas já implementadas pelo actual governo de corrigir algumas das políticas mais directamente associadas ao agravamento recente da pobreza em Portugal são um passo necessário mas claramente insuficiente para inverter a actual situação. Terminada a fase das correcções pontuais é necessário encarar o combate à pobreza e à exclusão social no quadro de uma estratégia global que defina objectivos, metas quantificáveis a alcançar e os instrumentos da sua concretização. 22/04/2017 47 Implementar uma estratégia nacional de combate à pobreza e à exclusão social Uma estratégia nacional de combate à pobreza e à exclusão social deve ter como preocupação fundamental as crianças e os jovens em situação de pobreza definido medidas de apoio às crianças e às famílias em que estas estão inseridas de forma a atenuar ou mesmo eliminar os mecanismos que sustentam a transmissão intergeracional da pobreza. 22/04/2017 48 24

Implementar uma estratégia nacional de combate à pobreza e à exclusão social Uma estratégia nacional de combate à pobreza e à exclusão social requer medidas de carácter transversal e a avaliação dos efeitos (positivos e/ou negativos) que cada política poderá ter sobre a pobreza e a exclusão. Uma estratégia nacional de combate à pobreza e à exclusão social exige alterações profundas nas prioridades que presidem à noção de desenvolvimento e consequentemente do investimento e da despesa pública. 22/04/2017 49 Implementar uma estratégia nacional de combate à pobreza e à exclusão social Uma estratégia nacional de combate à pobreza e à exclusão social obriga a uma política concertada de combate às desigualdades sociais. Uma estratégia nacional de combate à pobreza e à exclusão social necessita de um organismo independente que avalie o impacto das políticas públicas com incidência nos diferentes indicadores de pobreza e de exclusão social. 22/04/2017 50 25

Desigualdade e Pobreza em Portugal: Evolução Recente Obrigado pela vossa atenção! 22/04/2017 51 26