A História da cidade por meio de fotografias em preto e branco: experiências do PIBID de História da UEG Câmpus Porangatu Alexandre Souza Silva 1(IC), Bruna Luana Ferreira Pires 2(IC), Denise Santos de Araújo 3(IC), Jakeline Alves de Morais 4(IC), Lucas Rodrigues Parrião 5(IC), *Maria Doralice Nepomuceno Barbosa 6(PQ), Max Lanio Martins Pina 7(PQ), Mikaely Lima dos Santos 8(IC), Rondinelly Gomes Medeiros 9(IC), Rosângela Vieira Carvalho 10(IC), Sirley Rodrigues de Jesus 11(FM), Uilton da Silva de Souza 12(IC) Viviane Lopes Celedônio 13(IC) 1 UEG, Câmpus Porangatu. 2 UEG, Câmpus Porangatu. 3 UEG, Câmpus Porangatu. 4 UEG, Câmpus Porangatu. 5 UEG, Câmpus Porangatu. 6 mdnepomuceno55@hotmail.com, UEG, Câmpus Porangatu. 7 UEG, Câmpus Porangatu. 8 UEG, Câmpus Porangatu. 9 UEG, Câmpus Porangatu. 10 UEG, Câmpus Porangatu. 11 Colégio Estadual Presidente Kennedy. 12 UEG, Câmpus Porangatu. 13 UEG, Câmpus Porangatu. Resumo: O subprojeto do PIBID de História da Universidade de Goiás, Câmpus Porangatu, funciona desde 2014. De lá para cá foram inúmeros os avanços conquistados na formação docente dos futuros licenciandos em História. Como é comum no projeto, bimestralmente elegemos um tema/assunto para discussão/reflexão que são trabalhados nos encontros semanais de formação e consequentemente realizamos o desenvolvimento de atividades envolvendo tal temática na escola campo. Para o 1º e 2º bimestre de 2016, decidimos nos ocupar da relação existente entre História e cidade. Isso culminou com um projeto de exposição fotográfica junto aos alunos dos anos finais do Ensino Fundamental do Colégio Estadual Presidente Kennedy, que pretendia demonstrar a historicidade dos atores que estão presentes no contexto do espaço urbano da cidade. Palavras-chave: História. Cidade. Fotografias. Memórias. Introdução A cidade é um importante local onde podem ser observados encontros e desencontros, bem como, a interação de indivíduos que se descobrem diariamente através de sociabilidades e sensibilidades, que deixam marcas em relevo no tempo e no espaço físico ou imaginário da urbe. A humanidade elegeu a cidade como ponto essencial para construção da civilização. Isso indica que na História tudo está relacionado ao aspecto da vida urbana, como a cultura, a religião, a música, as invenções, o trabalho, o lazer etc. É
quase impossível a compreensão da modernidade sem relacioná-la a essa realidade tangível e intangível ao ser humano. Para Pesavento (2008, p. 03) é na cidade que estão nossos pontos de ancoragem da memória, pois ela se constitui de lugares visíveis, invisíveis e imaginados que são o sustentáculo do nosso reconhecimento indenitário, tendo em vista que as experiências cotidianas ou excepcionais nos dotaram de carga simbólica que nos permite diferenciar ou identificar espaços construídos pelo tempo. Pensando assim, o subprojeto do PIBID de História da UEG do Câmpus de Porangatu, decidiu trabalhar/refletir/discutir durante os encontros de formação semanal do primeiro semestre de 2016, a temática que relacionava História e Cidade. Assim, a finalização do semestre culminou com uma exposição na escola campo, de fotografias em preto e branco que representavam diversos aspectos da vida urbana nas décadas de 1940 até 1990. Material e Métodos Para o desenvolvimento do nosso estudo e sua consequente discussão, contamos com o auxílio de diversos artigos publicados em periódicos científicos que apresentam e discutem a partir do ponto de vista cultural, a história dos espaços urbanos que aqui também são compreendidos como lugares invisíveis e imaginados, porque também são identificados como locais de memória. Semanalmente o grupo de bolsistas do PIBID se reunia para debater e refletir o quanto a centralidade citadina nos influencia e condiciona a nossa existência fazendo parte de nossas relações. Nesse sentido, o foco principal dos encontros de formação semanal, sempre foi transformar o conhecimento teórico intelectual em ferramenta prática para auxiliar o cotidiano escolar das aulas de História. Por essa razão, o grupo de bolsistas desenvolveu para a escola campo um projeto de exposição de fotografias históricas como o título Memórias em arquivo de família: a vida em preto e branco, que foi dividido em várias estações, as quais procuravam abordar diversas facetas que representavam pessoas/indivíduos como homens, mulheres, crianças, casamentos e a relação entre pais e filhos, bem como lugares, como foi o caso de fotografias do campo (zona rural) e da cidade de
Porangatu, entre outras. As imagens que foram expostas pertencem a arquivos pessoais/privados que foram cedidas para a ocasião, como também a páginas do Facebook de moradores de Porangatu. Resultados e Discussão O estudo/projeto no possibilitou perceber a existência de duas cidades, a do passado e a do presente. De acordo com Pesavento (2005, p. 14) uma cidade, inventa seu passado e cria o seu futuro para explicar o seu presente. Por isso, é aceitável afirmar que ao longo dos anos a cidade foi representada por palavras, faladas e escritas, por músicas através de melodias e canções, por imagens desenhadas, pintadas ou projetadas do seu todo ou de suas partes. Elas também foram sonhadas, desejadas, temidas, odiadas e admiradas (PESAVENTO, 2007, p. 11). Todavia, compreendemos a cidade também como sociabilidade, porque ela comporta atores, relações sociais, personagens, grupos, classes, práticas de interação e de oposição, ritos e festas, comportamentos e hábitos (PESAVENTO, 2007, p. 14), entre outras situações que são eternizadas pela sensibilidade da fotografia. Nesse ponto do trabalho, destacamos o papel fundamental da fotografia como recurso para compreensão dos traços que fizeram parte do passado dos atores históricos que vivem e viveram na cidade. A fotografia é uma invenção do século XIX. Seu surgimento foi marcado de acordo Mauad (1996, p. 2) por polêmicas ligadas aos seus usos e funções, porque trazia consigo o caráter de prova irrefutável daquilo que de fato havia acontecido, isto é, transformou-se num espelho, cuja função era eternizar a imagem que refletia. Essa visão já não define a fotografia na atualidade, as reflexões sobre o tema conforme a Mauad (1996, p. 6) classifica essa prática como circuito social da fotografia, problematizando a natureza técnica da imagem fotográfica como o próprio ato de fotografar, apreciar e consumir fotografias. Sendo assim, a fotografia pode ser qualificada ou interpretada como resultado de um trabalho social de produção de sentido, pautado sobre códigos convencionalizados culturalmente (MAUAD, 1996, p. 7). Ela se processa como informação que se processa através do tempo, cujos constituintes são culturais mas
são significados diferenciados, porque são entendidos numa generalidade que está relacionada com o contexto, com a mensagem veiculada e com o local no interior da própria imagem (MAUAD, 1996). A relação existente entre História, cidade e fotografia abre um leque de infinitas possibilidades de construção e reconstrução do passado urbano, permitindo assim um acesso a locais de memórias e espaços sociais sobrepostos por outras realidades que no futuro também serão substituídos por outras formas e práticas socioculturais. Considerações Finais As mudanças e permanências ocorridas ao longo do tempo nos espaços urbanos podem ser visíveis, invisíveis ou imaginadas, muitas vezes passam despercebidas diante olhos destreinados e incapazes de captar os ricos traços deixados pelo tempo. Cabe aos historiadores e professores de História colorir esse mundo invisível de transformações e despertar em cada indivíduo o sentimento de valorização de suas próprias memórias inseridas nos territórios construídos e destruídos pertencentes à cidade. Portanto, observamos por meio dos estudos e da aplicação do projeto na escola campo que a fotografia é um elemento muito importante para fazer e refazer as ligações da memória com o passado cotidiano e privado da vida de indivíduos que contribuíram e deixaram suas marcas visíveis e invisíveis na urbe. A experiência nos permitiu perceber que alunos, professores e funcionários da escola em geral, ficaram impressionados, pois a história evocada pela imagens, fazia referencia ao passado do qual eles fazem parte e que, no entanto, já havia sido esquecido pelo fato de vivermos um constante presentismo. Agradecimentos Agradecemos ao prof. Max Lanio Martins Pina (colaborador) e a profa. Maria Doralice Nepomuceno Barbosa (coordenadora de área), pelas orientações aos temas abordados e principalmente pelo florescimento de novas ideias e visões construtivas ao olhar crítico e compreensivo do historiador perante as transformações que acontecem em nossa volta. Também agradecemos a profa.
Sirley Rodrigues de Jesus (supervisora) pelo trabalho em nos orientar na carreira da docência, servindo-nos como referência para relação existente e necessária básica entre professor e aluno. Referências FLORES, Maria Bernardete Ramos; Campos, Emerson César de. Carrosséis urbanos: da racionalidade moderna ao pluralismo temático (ou territorialidades contemporâneas). Revista Brasileira de História. São Paulo, v. 27, nº 53, p. 267-296, 2007. MAUAD, Ana Maria. Através da imagem: fotografia e história interfaces. Tempo, Rio de Janeiro, vol. 1, nº. 2, 1996, p. 73-98. NORA, Pierre. Entre memória e história: a problemática dos lugares. Tradução: Yara Aun Khoury. Proj. História, São Paulo, (10), dez. 1993. PESAVENTO, Sandra Jatahy. Cidade, espaço e tempo: reflexões sobre a Memória e o patrimônio urbano. Cadernos do LEPAARQ Textos de Antropologia, Arqueologia e Patrimônio, V. II, n 4. Pelotas, RS: Editora da UFPEL. Ago/Dez 2005. PESAVENTO, Sandra Jatahy. Cidades visíveis, cidades sensíveis, cidades imaginárias. (Abertura). Revista Brasileira de História, vol. 27, nº 53, junho de 2007. PESAVENTO, Sandra Jatahy. História, memória e centralidade urbana. Rev. Mosaico, v.1, n.1, p.3-12, jan./jun., 2008. PESAVENTO, Sandra Jatahy. Muito além do espaço: por uma história cultural do urbano. Estudos Históricos, Rio de Janeiro, vol. 8, nº 16, 1995, p. 279-290.