O ACERVO FAMILIAR DA ARTISTA OLLY REINHEIMER

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Transcrição:

O ACERVO FAMILIAR DA ARTISTA OLLY REINHEIMER The family collection of the artist Olly Reinheimer Pereira, Carolina Morgado; Mestre; Universidade Federal do Rio de Janeiro, carolina.morgado.carol@gmail.com 1 Resumo: O objetivo deste trabalho é expor como as ações documentais empreendidas dentro do acervo familiar de Olly Reinheimer são desenvolvidas. Bem como, apresentar o processo de catalogação e classificação com a utilização do vocabulário de termos básicos de vestuário do Comitê de Indumentária do ICOM (International Council of Museums) e do Tesauro de objetos (2016). Palavras chave: Olly Reinheimer; ações de documentação; Tesauro; Abstract: The objective of this work is to show how the documentary actions undertaken within Olly Reinheimer's family collection are developed. As well as, to present the cataloging and classification using the vocabulary of basics terms for cataloguing costume of the ICOM (International Council of Museums) and the Thesaurus of objects (2016). Keywords: Olly Reinheimer; documentation actions; Thesaurus; Introdução Este artigo é resultado de um recorte do processo de pesquisa de doutoramento desenvolvida no PPGAV / EBA / UFRJ que analisa a elaboração das obras têxteis e vestíveis de Olly Reinheimer presentes tanto em exposições de arte quanto em desfiles promovidos pela artista no Rio de Janeiro (RJ). Olly Reinheimer (1914-1986), nascida na Alemanha, migrou para o Brasil, radicando-se no Rio de Janeiro, em 1936. Aqui, realizou cursos no MAM-RJ no final dos anos de 1950 e início dos anos de 1960, e esteve em 1 Doutoranda em Artes Visuais na Escola de Belas Artes da UFRJ. Docente do Curso Técnico de Produção de Moda da FAETEC/RJ. Professora Substituta na área de vestuário e têxteis na UFRRJ. Mestre em Artes Visuais - PPGAV / EBA / UFRJ. Graduada em Artes Cênicas Hab. Indumentária pela EBA /UFRJ. Graduada no curso de Bacharelado em Design de Moda pela Faculdade Senai-Cetiqt. 1

contato com a produção de arte moderna brasileira. Além de professora, produziu uma obra bastante variada que incluía cerâmica, pintura, gravura, estamparia e têxteis. Seu trabalho distinguia-se por sua multiplicidade de manifestações artísticas, cores singulares, mesclas de referenciais oriundos de diversas culturas e combinações de técnicas. Dentre estes últimos, destacamos a produção de vestuário e tecidos feitas através de seu processo de experimentação. O período de criação mais produtivo de Olly foi entre a década de 1960 e início de 1970. A produção que nos interessa são aquelas produzidas em tecido. Este recorte se justifica pela originalidade da utilização dos objetos têxteis e vestuários como suporte para desenvolvimento de obras de arte, o que evidencia o caráter particular da produção artística de Olly. Figura 1: Olly costurando junto de modelo com vestido da série Carajá, de pintura sobre tecido, (sem data). Fonte: Coleção Olly e Werner Reinheimer - PH 660. Atualmente, o acervo se encontra no apartamento do casal Olly e Werner Reinheimer em Ipanema, na cidade do Rio de Janeiro. O acervo é composto por parte da produção artística remanescente de Olly, seus métodos e instrumentos de criação. As ações de guarda, preservação e o desejo de pesquisa da coleção foram incentivados pela família. Dentre as atividades empreendidas, estão a organização, catalogação e acondicionamento do 2

acervo documental, bibliográfico, obras e materiais empregados nas experimentações. Esta comunicação visa apresentar como se deram as ações de documentação do acervo de Olly Reinheimer, com seus objetos têxteis e de vestuário, e os processos de organização, tombamento, catalogação e guarda. O artigo se propõe também a expor o método de catalogação especificamente no desenvolvimento da ficha catalográfica e de classificação dos objetos a partir do Tesauro de Objetos do Patrimônio Cultural nos Museus Brasileiros (2016). As ações documentais no acervo da família Reinheimer A guarda, a preservação e o desejo de pesquisa do acervo Olly Reinheimer, que faz parte da Coleção Olly e Werner Reinheimer, foram dirigidos por sua neta Patricia Reinheimer, professora do programa de Pós- Graduação em Ciências Sociais da UFRRJ. A coleção Olly e Werner Reinheimer se originou do arquivo pessoal do casal, composto por um grande conjunto de documentos pessoais: correspondências, manuscritos, contatos pessoais, viagens, fotografias, livros, convites e registros. Deste conjunto, fazem parte documentos, processos e obras da produção artística de Olly, com os registros de suas exposições, seus cursos de formação e estudos específicos, cadernos de anotações e estudos sobre as técnicas artísticas desenvolvidas em seus projetos, além dos objetos pertencentes ao processo ou a finalização de suas obras, como ferramentas, moldes, tecelagens, carimbos, tecidos, fios, vestuários e acessórios. O acervo é um conjunto de peças justapostas, formando um grande arquivo pessoal, possibilitando questões multidisciplinares, o que acarreta ao profissional que vai estar em contato com o acervo uma busca por soluções adequadas, e que dialoguem com as áreas de museologia, arquivologia, biblioteconomia, e mais especificamente para o campo dos têxteis e vestuários. Desta forma, o trabalho para a formação da coleção e a catalogação das obras 3

tem o objetivo de criar uma metodologia de trabalho, estabelecendo critérios e instrumentos teóricos. O grande desafio é trabalhar com terminologias adequadas para estas áreas e, entender as diferenças entre as nomenclaturas em cada uma delas. Ao que cabe aos têxteis e vestuário, o vocabulário controlado está sendo desenvolvido a partir da pesquisa em bibliografia especializada, como o vocabulário de vestuário do Comitê de Indumentária do ICOM (International Council of Museums) e o Tesauro de Objetos do Patrimônio Cultural nos Museus Brasileiros (2016). Entretanto, anterior a este trabalho, uma organização inicial foi criada por Patricia Reinheimer, responsável pelo acervo, a partir do perfil de cada documento. Assim, nomenclaturas foram aplicadas através da análise do material encontrado. No material têxtil Patricia indicou campos de classificação inicial e intitulou os têxteis e vestuários da coleção de documentos têxteis. As Grandes Classes foram divididas em Roupas (Vestuários); Acessórios; Fios; Tecidos; Esculturas móveis; Carimbos; Ferramentas; Moldes; Tecelagens. Observa-se que foram criados campos de classificação específicos para a coleção, pautados na tipologia e função dos objetos. Dentro do trabalho técnico-científico, o tombamento inicial da peça com a criação de um número de registro e o desenvolvimento da ficha de catalogação de têxteis, vestuários e acessórios, são processos de grande relevância, pois confirmam a singularidade destes objetos. O processo de catalogação identifica, organiza e classifica as peças por suas especificidades. Por isso, as fichas de catalogação são adaptáveis para cada acervo. A partir delas se determina a guarda e acondicionamento, o modo como serão separadas no mobiliário existente e qual tipo de armazenagem adequada (plana/horizontal vertical ou enrolada). A armazenagem deve ser feita em função do estado do objeto têxtil, e deve propor menor dano e, tensão à peça. 4

Além disso, a conservação é garantida pela utilização de materiais adequados: plástico polionda 2 para forrar gavetas, papel especial para envolver as peças individualmente. Àquelas acondicionadas verticalmente, cabides de acrilon 3 e algodão, cobertas com capas de tecido 100% algodão ou TNT 4. Os acessórios são guardados em caixas. Após a organização, as peças devem ser fotografadas. Os trajes, nas vistas frontal e posterior. Os sapatos e chapéus devem ser fotografados, também, nas vistas lateral e superior. Todos os detalhes deverão ser fotografados separadamente. A produção e o tratamento da imagem aprimoram o registro das peças e devem ser feitos de acordo com as normas estabelecidas para a coleção. A etapa seguinte será a manutenção das coleções, o estabelecimento das rotinas de utilização da coleção e o desenvolvimento de pesquisas sobre as peças que a constituem. A ficha catalográfica A ficha catalográfica foi desenvolvida a partir de pesquisas em projetos científicos nacionais de pesquisa como o Centro de Referência Têxtil e Vestuário, projeto de iniciação científica desenvolvido no curso de Artes Cênicas da Escola de Belas Artes (EBA) da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), coordenado pela Prof.ª Dr.ª Maria Cristina Volpi. Também pesquisas realizadas em fichas de museus internacionais como o Victoria and Albert Museum. Desta forma, estes são os campos que estão na ficha para a catalogação: número de registro; objeto; classe; subclasse; data / peça; data / catalogação; descrição; descrição de peças complementares; técnica; material; possível uso da peça; proprietário anterior da peça; dimensões; cor; estado de 2 O polipropileno corrugado (polionda) é excelente barreira à umidade, inerte, contém excelentes propriedades óticas (transparência e brilho), boa resistência mecânica, boa estabilidade dimensional, média barreira a gases, boa barreira ao vapor de água e permissão de selagem a quente. 3 A manta acrílica (acrilon) é composta de poliéster, e é utilizada para realização de enchimentos para o acondicionamento de peças em acervos. 4 TNT é um tecido não tecido de filamentos contínuos de polipropileno termosoldados que oferece resistência a rasgo e à tração. 5

conservação; tratamento da peça; localização (acervo); observações; reprodução fotográfica; reprodução fotográfica - detalhes; Esses campos foram escolhidos devido à peculiaridade dos objetos a serem catalogados, pois, no acervo, as peças são em sua grande parte processos, materiais, instrumentos e obras de Olly. As fichas dos acessórios são as mesmas fichas de roupas e acessórios. Cada peça na ficha catalográfica terá seu registro fotográfico digital e, para cada imagem, será criado um número de imagem correspondente a ser anexado ao número de chamada da peça. O fundamental objetivo dessas fichas é documentar as principais características dessas criações. Para o conhecimento de cada campo pertencente à ficha catalográfica, seguem os tópicos abaixo: - Número de Registro: o número de registro é o número criado no tombamento da peça; ele identifica a peça que está sendo catalogada na ficha em todo o acervo. - Objeto: consiste na tipologia da peça e sua denominação geral. É a mesma identificação que constará na planilha de tombamento e na ficha catalográfica, estabelecendo uma ligação desses documentos e configurando uma nomenclatura para essa peça dentro do acervo. Este campo foi fundamentado pelo vocabulário de vestuário do Comitê de Indumentária do ICOM (International Council of Museums) e o Tesauro de Objetos do Patrimônio Cultural nos Museus Brasileiros (2016). - Classe: a classe é relacionada à classificação desta peça dentro do acervo, e a tipologia deste objeto. Este campo foi fundamentado pelo Tesauro de Objetos do Patrimônio Cultural nos Museus Brasileiros (2016). - Subclasse: É relacionada à subclassificação desta peça dentro do acervo. Este campo foi fundamentado pelo Tesauro de Objetos do Patrimônio Cultural nos Museus Brasileiros (2016). - Data / Peça: neste campo, deve-se inserir a data de criação da peça catalogada. Quando esse dado não é preciso pode-se deixar o campo em 6

branco com o objetivo de futura pesquisa para o conhecimento dessa informação. - Data / Catalogação: data em que foi feita a catalogação e/ou a ficha de catalogação. Esse conteúdo também é de grande relevância para o conhecimento das informações sobre a peça e como foi catalogado em determinado momento. - Descrição: este campo se determina pela especificação do objeto em suas características físicas. - Descrição de peças complementares: as peças complementares que compõem o vestuário e devem ser relatadas neste campo em suas peculiaridades físicas. - Técnica: a técnica é o processo de realização de determinada atividade artesanal que foi utilizada na peça. - Material: o tipo de material ou tecido que compõe a peça. - Possível uso da peça: este campo se destina a determinar o provável uso da peça no período em que foi criada. - Proprietário anterior da peça: quem foi o proprietário da peça antes de estar no acervo. - Dimensões: as dimensões são as medidas de comprimento, largura e profundidade da peça. - Cor: a cor é a tonalidade de cores da peça. - Estado de conservação: este campo se destina ao atual estado físico da peça. - Tratamento da peça: o tratamento desenvolvido no acervo para a limpeza dos objetos. - Localização (acervo): o local físico em que a peça está guardada no acervo deve ser colocado neste campo; tal informação facilita o acesso à peça. - Observações: as considerações sobre as principais percepções sobre as peças. - Reprodução Fotográfica: são os registros digitais (fotografias) da peça. - Reprodução Fotográfica - Detalhes: são os registros digitais (fotografias) dos detalhes da peça, partes específicas, que devem ser documentados. 7

A classificação das peças O desenvolvimento da classificação de objetos e documentos existentes no acervo foi direcionado pela categoria funcional. O embasamento metodológico foi fundamentado no vocabulário de vestuário do Comitê de Indumentária do ICOM (International Council of Museums) em conjunto com o Tesauro de Objetos do Patrimônio Cultural nos Museus Brasileiros (2016). O objetivo é criar uma terminologia padrão para a nomeação das peças e uma linguagem documental adequada. O Tesauro conforme Helena Dodd Ferrez (2016, p. 5) é uma linguagem documentária para o sistema de documentação de museus brasileiros, seu intuito é classificar, conceituar e nomear parte considerável dos objetos existentes em seus acervos. Entretanto os têxteis e vestuários estabelecem algumas dificuldades nesta classificação, quando se encontram em dupla finalidade ou estão fragmentados em partes de tecidos e/ou acessórios, e não podem ter sua função definida. Nesta publicação a autora optou em manter os vestuários na categoria de objetos de uso pessoal, de numeração 3 no plano geral. Estes são segundo Ferrez (2016, p. 12) objetos criados para servir às necessidades pessoais dos indivíduos, tais como de proteção, higiene, estética do corpo, adornos e identificação pessoal. A metodologia da parte sistemática do tesauro é utilizada na ficha catalográfica do acervo de Olly para a classificação dos objetos. Desta forma, a primeira categoria corresponde à classe da peça e a subcategoria a subclasse, e o termo/descritor é a nomeação do objeto de acordo com sua tipologia e função, inicialmente estruturada em relações hierárquicas de gênero e espécie. Em um momento posterior a esta primeira classificação as relações associativas foram utilizadas em termos não definidos. O vocabulário do Comitê de Indumentária do ICOM (International Council of Museums) foi empregado na definição dos termos básicos para catalogação de vestuário. Dentro da categoria de vestuário feminino, os termos 8

da categoria vestuário principal (1), encontrados no acervo de Olly, são: vestido (1.1); blusa (1.2); saia (1.31); calça (1.32); na categoria de vestuário de proteção (3), são: casaco (3.2); macacão (3.3); avental (3.4); na categoria de acessórios (7) acima da cintura (7.4): lenço (7.44). Entretanto na categoria de materiais para confecção de roupas (12.5), os têxteis ou fragmentos não estão incluídos, pois para o comitê (ICOM) estes artefatos fazem parte de outro estudo de terminologia. Para o acervo de Olly, a união destas duas metodologias de classificação de termos se estabelece como a solução encontrada, até o momento, para que todos os itens fossem nomeados. Deste modo, os objetos pertencentes ao acervo se estruturam na seguinte metodologia: Exemplo 1: Vocabulário ICOM Tesauro (2016) Objeto: Blusa Bata Classe: Objeto de uso pessoal Subclasse: Vestuário Tesauro (2016) Blusa: Vocabulário ICOM 1. Vestuário Principal 1.2 Blusa Blusa: Tesauro (2016) 3 Objetos de uso pessoal 3.6 Vestuário 3.6.3 Peças de vestuário 3.6.3.2 Peças de vestuário associadas ao tronco e aos membros *** Blusa [Blusa: segundo a forma] **** Bata 9

Exemplo 2: Vocabulário ICOM Tesauro (2016) Objeto: Saia godê Classe: Objeto de uso pessoal Subclasse: Vestuário Tesauro (2016) Saia: Vocabulário ICOM 1. Vestuário Principal 1.31 Saia Saia: Tesauro (2016) 3 Objetos de uso pessoal 3.6 Vestuário 3.6.3 Peças de vestuário 3.6.3.2 Peças de vestuário associadas ao tronco e aos membros *** Saia [Saia: segundo a forma] **** Saia godê Exemplo 3: Vocabulário ICOM Objeto: Lenço Tesauro (2016) Classe: Objeto de uso pessoal Subclasse: Vestuário Lenço: Vocabulário ICOM 7. Acessórios usados 7.4 Acima da cintura 7.44 Lenço Lenço: Tesauro (2016) 3 Objetos de uso pessoal 3.6 Vestuário 10

3.6.1 Acessórios de vestuário *** Lenço (vestuário) Exemplo 4: Objeto: Tecido (amostra) Classe: Amostras e Fragmentos Subclasse: Amostra (tecido) Tesauro (2016) Tecido (amostra): Tesauro (2016) 16 Amostras e Fragmentos *** Amostra (tecido) Neste formato de classificação observa-se que o primeiro e segundo exemplos são da área do vestuário, assim o primeiro termo do objeto Blusa Bata é encontrado tanto no vocabulário do ICOM quanto no Tesauro (2016), porém o segundo termo do objeto Blusa Bata é situada somente no Tesauro (2016). Já no terceiro exemplo o acessório Lenço está nos dois estudos de terminologia. No entanto, o quarto exemplo com o termo Tecido é somente localizado no Tesauro (2016) no campo de amostras e fragmentos, e neste caso foi feita uma adaptação para que este possa se encaixar em amostra, portanto, Tecido (amostra). Considerações Finais As ações de documentação do acervo de Olly Reinheimer evidenciam o direcionamento da família em incentivar a pesquisa sobre a obra da artista, agregando novo significado a sua produção. A catalogação e a classificação do acervo de Olly Reinheimer foram desenvolvidas a partir da fundamentação de dois estudos de terminologia, o Vocabulário de vestuário do Comitê de Indumentária do ICOM (International Council of Museums) e o Tesauro de Objetos do Patrimônio Cultural nos Museus Brasileiros (2016), com o objetivo de criar um 11

método atualizado e adequado aos objetos existentes no acervo e sua multiplicidade de itens. Referências Fontes Currículo de Olly - Fonte do acervo Olly e Werner Reinheimer - DE-04-E. Bibliografia ANDRADE, Rita Morais de. Boué Soeurs RG 7091: a biografia cultural de um vestido. Tese (Doutorado em História). Programa de Pós-graduação em História, Pontifícia Universidade Católica, São Paulo, 2008. AZZI, Christine Ferreira. Vitrines e coleções: quando a moda encontra o museu. Rio de Janeiro: Memória visual, 2010. Código de Ética do ICOM para Museus: versão lusófona, Secretaria de Cultura, Rio de Janeiro, 2011. Disponível em: <http://www.mp.usp.br/sites/default/files/arquivosanexos/codigo_de_etica_do_i com.pdf> Acesso em 4 de junho de 2016. DESVALLÉES, A.; MAIRESSE, F. Conceitos-chave de museologia. Tradução de: SOARES, B. B.; CURY, X. M. São Paulo: Comitê Brasileiro do Conselho Internacional de Museus: Pinacoteca do Estado de São Paulo: Secretaria de Estado da Cultura, 2013. FERREZ, Helena Dodd. BIANCHINI, Maria Helena S. Thesaurus para acervos museológicos. Ministério da Cultura, Secretaria do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, Fundação Nacional Pró-Memória, Coordenadoria Geral de Acervos Museológicos. Rio de Janeiro, 1987. 2 vol.. Tesauro de objetos do patrimônio cultural nos museus brasileiros. Prefeitura do Rio de Janeiro. Secretaria Municipal de Cultura. Rio de Janeiro, 2016. Disponível em: <http://www.tesauromuseus.com.br/> Acesso em 02 de setembro de 2017. ICOM - Vocabulary of Basic Terms for Cataloguing Costume / ICOM International Committee for the Museums and Collections of Costume. Disponível em: <http://terminology.collectionstrust.org.uk/icom-costume/>. Acesso em 02 de setembro de 2017. 12

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