PRIMEIRA CÂMARA CÍVEL AGRAVO DE INSTRUMENTO Nº 2562/2011 - CLASSE CNJ - 202 - COMARCA DE SINOP



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Transcrição:

AGRAVO DE INSTRUMENTO Nº 2562/2011 CLASSE CNJ 202 COMARCA DE AGRAVANTE: BANCO DO NORDESTE DO BRASIL S. A. AGRAVADO: VANDERLEI CARLOS DE LIMA Número do Protocolo: 2562/2011 Data de Julgamento: 3152011 EMENTA AGRAVO DE INSTRUMENTO RECUPERAÇÃO JUDICIAL RECLASSIFICAÇÃO DE CRÉDITOS GARANTIA REAL PRESTADA POR TERCEIROS CRÉDITO QUIROGRAFÁRIO EM RELAÇÃO À RECUPERANDA RECURSO DESPROVIDO. Se a garantia real que assegura os créditos do agravante é da propriedade de terceiros, não integrando o patrimônio da empresa em recuperação judicial, a credora tem direito pessoal de crédito perante a devedora, que deve ser incluído dentre os quirografários, conservando, no entanto, seus direitos e privilégios contra os coobrigados, fiadores e obrigados de regresso. Inteligência do artigo 49 da Lei nº 11.101/2005. Fl. 1 de 7

AGRAVO DE INSTRUMENTO Nº 2562/2011 CLASSE CNJ 202 COMARCA DE AGRAVANTE: BANCO DO NORDESTE DO BRASIL S. A. AGRAVADO: VANDERLEI CARLOS DE LIMA RELATÓRIO EXMO. SR. DES. ORLANDO DE ALMEIDA PERRI Egrégia Câmara: Agravo de instrumento aviado contra decisão que antecipou os efeitos da tutela em impugnação retardatária de crédito realizada nos autos da recuperação judicial do Grupo Vale Grande Indústria e Comércio de Alimentos S/A, determinando a reclassificação de parte do crédito da recorrente para a classe dos credores quirografários. Aduz que tal decisão é desacertada na medida em que a própria Vale Grande incluiu a totalidade do seu crédito na classe dos credores com garantia real, em razão de todas as operações de crédito possuírem garantia hipotecária, o que foi ratificado pela Administradora Judicial quando da publicação do Quadro Geral de Credores (fls. 200/202). Sustenta que o fato de a hipoteca ter sido oferecida por terceiros em partes das operações não desvirtua a natureza do seu crédito, que deve permanecer, em sua integralidade, na classe dos credores com garantia real, o que lhe asseguraria cerca de 55% (cinqüenta e cinco por cento) dos créditos dessa classe, permitindolhe maior poder de decisão na aprovação ou reprovação do Plano de Recuperação Judicial. O efeito suspensivo pleiteado foi indeferido na decisão de fls. 1161/1164. Contrarrazões pelo desprovimento do recurso. O Parquet Estadual (fls. 1183/1188) acostou os documentos de fls. 1189/1196, emitindo Parecer pelo desprovimento do agravo. Fl. 2 de 7

AGRAVO DE INSTRUMENTO Nº 2562/2011 CLASSE CNJ 202 COMARCA DE Instados a manifestaremse sobre os documentos juntados pelo Ministério Público Estadual (decisão de fl. 1199), tanto o agravante quanto o agravado foram uníssonos em afirmar que a integralização de bens mencionada na Ata da Assembléia Geral Extraordinária realizada em 29/12/2009 não se efetivou, sendo certo que os bens continuam sob a posse e propriedade de terceiros. É o relatório. P A R E C E R (ORAL) A SRA. DRA. DALVA MARIA DE JESUS ALMEIDA Ratifico o parecer escrito. Fl. 3 de 7

AGRAVO DE INSTRUMENTO Nº 2562/2011 CLASSE CNJ 202 COMARCA DE VOTO EXMO. SR. DES. ORLANDO DE ALMEIDA PERRI (RELATOR) Egrégia Câmara: Como já mencionei na decisão que indeferiu a liminar vindicada, os bens de propriedades de terceiros, conquanto gravados com garantia real decorrentes das hipotecas constituídas, não integram o Plano de Recuperação Judicial da empresa Vale Grande, haja vista que esta não pode dispor de tais bens para honrar com as suas obrigações. Ou seja, esses imóveis não compõem o patrimônio da Vale Grande, de tal modo que, no que diz respeito à recuperação judicial, não podem ser incluídos nos ativos da empresa para liquidação de seus débitos. Não se trata, contudo, de desconstituição da garantia, que permanece incólume em face dos coobrigados que a ofereceram ao recorrente, consoante se denota da redação do artigo 49, 1º, da Lei nº 11.101/2005, verbis: Art. 49. Estão sujeitos à recuperação judicial todos os créditos existentes na data do pedido, ainda que não vencidos. 1 o Os credores do devedor em recuperação judicial conservam seus direitos e privilégios contra os coobrigados, fiadores e obrigados de regresso. (...) (grifado). Assim, se no prazo da recuperação judicial o recorrente não receber o seu crédito na condição de credor quirografário, ainda lhe resta intacta a garantia real constituída pelos terceiros proprietários dos imóveis hipotecados, que poderá ser excutida para a satisfação do seu crédito. Idêntico entendimento encontrase sufragado em inúmeros acórdãos prolatados pelo Tribunal de Justiça de São Paulo, dentre os quais cito: Recuperação judicial. Crédito com garantia real prestada por terceiro. Hipótese em que deve ser classificado, no quadro geral como quirografário porque não afasta, especificamente, qualquer bem do patrimônio Fl. 4 de 7

AGRAVO DE INSTRUMENTO Nº 2562/2011 CLASSE CNJ 202 COMARCA DE da devedora. Precedentes da Câmara Reservada. Agravo de instrumento não provido. (SP Agravo de Instrumento n 054391159.2010.8.26.0000 Rel. Des. Romeu Ricupero julgado em 29/03/2011). "Recuperação judicial. Crédito com garantia real prestada por terceiro. Hipótese em que deve ser classificado, no quadro geral, como quirografário porque não afasta, especificamente, qualquer bem do patrimônio da devedor. Reclassificação determinada. Recurso provido para esse fim" (AI n. 531.6564/500, da Comarca de São Paulo, Rei. Des. José Araldo da Costa Telles, j. 19/12/2007). "Agravo de instrumento. Recuperação judicial. Classificação de crédito. É quirografário o crédito garantido por bens não pertencentes à devedora que está pleiteando a recuperação judicial. Se não há previsão no plano de recuperação judicial apresentado pela devedora de alteração do valor ou das condições originais do pagamento de crédito com garantia real, em relação a ele o credor não terá direito de voto na assembléiageral. Agravo provido em parte" (AI n. 485.041.4/000, da Comarca de Matão, Rei. Des. José Roberto Lino Machado, j. 17/01/2007) (grifado). Destaco deste último acórdão, na parte que aqui interessa: "O segundo deles, embora a devedora o esteja enquadrando dentre os créditos com garantia real (aliás, parece considerar que todos os créditos dessa classe estão garantidos por bens de terceiros, como se vê à fl. 315: "Cabe ressaltar ainda, que as garantias desses credores recaem sobre bens de raiz de terceiros, razão pela qual não atingem a nenhum patrimônio da Recuperanda ou da Emissora da moeda de pagamento da categoria III"), não merece tal enquadramento, uma vez que, perante a devedora, a credora tem direito pessoal de crédito, incluído dentre os quirografários. Como esclarecido na Apelação Cível n 198.9824/600, da Comarca de São Paulo, em acórdão desta Corte relatado pelo Desembargador Cezar Peluso, se o imóvel dado em garantia pela devedora Fl. 5 de 7

AGRAVO DE INSTRUMENTO Nº 2562/2011 CLASSE CNJ 202 COMARCA DE não lhe pertence "não pode, na falência dela, que já não é proprietária, ser o crédito correspondente habilitado com a prerrogativa do art. 102,1, da Lei de Falências, porque tal norma supõe, como condição necessária, que a garantia recaia sobre coisa de propriedade da massa". O que vem de ser dito está em conformidade com o art. 49, Io, da NLF; "Os credores do devedor em recuperação judicial conservam seus direitos e privilégios contra os coobrigados, fiadores e obrigados de regresso". Assim, se a garantia real é de propriedade de terceiros, não se desfalca, no caso em exame, o patrimônio da recuperanda para o pagamento daquele credor especificamente. Vale dizer, em relação ao devedor, o crédito é de natureza comum, devendo, portanto, ser incluído na classe dos quirografários, tal como determinado na decisão vergastada. Diante do exposto, nego provimento ao recurso. Custas ex lege. É como voto. Fl. 6 de 7

AGRAVO DE INSTRUMENTO Nº 2562/2011 CLASSE CNJ 202 COMARCA DE ACÓRDÃO Vistos, relatados e discutidos os autos em epígrafe, a PRIMEIRA CÂMARA CÍVEL do Tribunal de Justiça do Estado de Mato Grosso, sob a Presidência do DES. ORLANDO DE ALMEIDA PERRI, por meio da Câmara Julgadora, composta pelo DES. ORLANDO DE ALMEIDA PERRI (Relator), DES. JURACY PERSIANI (1º Vogal convocado) e DR. ALBERTO PAMPADO NETO (2º Vogal convocado), proferiu a seguinte decisão: A UNANIMIDADE, DESPROVERAM O RECURSO. Cuiabá, 31 de maio de 2011. DESEMBARGADOR ORLANDO DE ALMEIDA PERRI PRESIDENTE DA PRIMEIRA CÂMARA CÍVEL E RELATOR PROCURADOR DE JUSTIÇA GEACOR Fl. 7 de 7