CONTRIBUIÇÕES DA PEDAGOGIA SOCIAL PARA A FORMAÇÃO DO PROFISSIONAL PEDAGOGO

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Transcrição:

CONTRIBUIÇÕES DA PEDAGOGIA SOCIAL PARA A FORMAÇÃO DO PROFISSIONAL PEDAGOGO MILENA DA SILVA GORETTE CASTANHA MARLI DE FÁTIMA RODRIGUES Eixo Temático: Formação de Professores Resumo: Esta comunicação tem por objetivo discutir as relações entre a Pedagogia, Pedagogia Social e a Educação Social, enfatizando a importância do trabalho do pedagogo em ambientes não escolares, aproximando-o do trabalho desenvolvido pelo Educador Social. Assim, parte-se do entendimento de que a área da pedagogia está se expandindo e cada vez mais o profissional pedagogo assume novas práticas que extrapolam as formas tradicionais de ensino. Nessa perspectiva, considera-se importante o estudo e análise de fundamentos teóricos que subsidiem a atuação do pedagogo para além do ambiente escolar. A fim de adquirir conhecimento suficiente para explicar a atuação do pedagogo em ambientes não escolares escolheu-se como procedimento metodológico o estudo bibliográfico e documental sobre a concepção que a formação do pedagogo adquiriu no Brasil, buscando assim, estabelecer a partir de textos, artigos, teses, dissertações, livros e documentos legais, uma relação da Pedagogia com a Pedagogia Social e a Educação Social. Nessa perspectiva, defendese a Pedagogia como área do conhecimento a partir de autores como Libâneo (2007), Pimenta (2001), Franco (2003), Rodrigues e Kuenzer (2007) em contraposição ao conceito presente nas Diretrizes Curriculares Nacionais para o Curso de Licenciatura em Pedagogia. São apresentados ainda, os conceitos de Pedagogia e Pedagogia Social, atrelados à formação do Educador Social de acordo com Ribas Machado (2010, 2012, 2014), Machado (2008), Paiva (2015), Gohn (2006, 2013), entre outros. Os estudos realizados para esta pesquisa a partir das Diretrizes Curriculares Nacionais para o curso de Licenciatura em Pedagogia apontam que, de modo geral, o curso de Licenciatura em Pedagogia está enfatizando a formação para a docência em sala de aula, porém, é possível inferir que a área de atuação do profissional pedagogo é muito mais abrangente, portanto, a formação desse profissional necessita ser revista e proposta a partir de fundamentos que contemplem todos os espaços possíveis para atuação do profissional pedagogo. Assim, defende-se que as contribuições da Pedagogia Social, para o profissional pedagogo, são as que melhor fortalecem as práticas pedagógicas pautadas na sensibilização dos sujeitos, para que estes tomem consciência de sua cidadania, interajam com a sociedade de maneira crítica e passem a agir de forma autônoma. Palavras-chave: Pedagogia; Pedagogia Social; Educação Social; Formação. Introdução

O conhecimento que se adquire na graduação sobre a educação em ambientes não escolares é incipiente e exige um estudo mais aprofundado sobre situações específicas, pois o curso de Licenciatura em Pedagogia é visto, essencialmente, pelo viés da docência no qual o pedagogo é preparado, quase que exclusivamente, para trabalhar na escola. Entretanto, sabe-se que o campo de atuação do Pedagogo é amplo, mas pensar neste profissional em outros ambientes ainda é um desafio. Pensando na necessidade de abordar a educação como prática que extrapola os ambientes escolares, esta pesquisa visa contribuir para uma análise e reflexão do trabalho do pedagogo em ambientes não escolares. Desse modo, são apresentados os conceitos de Pedagogia e Pedagogia Social, atrelados a formação do Educador Social. Como ponto de partida utilizou-se a concepção de Pedagogia contida nas Diretrizes Curriculares Nacionais para o Curso de Licenciatura em Pedagogia que, de forma crítica, possibilitou a contraposição a partir do pensamento de autores como Libâneo (2007), Pimenta (2001), Franco (2003), Rodrigues e Kuenzer (2007) que defendem a Pedagogia como um campo do conhecimento e da investigação. Nessa perspectiva, é defendido a Educação Social como um dos campos de atuação para o pedagogo, pois: A educação não-formal designa um processo com várias dimensões tais como: a aprendizagem política dos direitos dos indivíduos enquanto cidadãos; a capacitação dos indivíduos para o trabalho, por meio da aprendizagem de habilidades e/ou desenvolvimento de potencialidades; a aprendizagem e exercício de práticas que capacitam os indivíduos a se organizarem com objetivos comunitários, voltadas para a solução de problemas coletivos cotidianos; a aprendizagem de conteúdos que possibilitem aos indivíduos fazerem uma leitura do mundo do ponto de vista de compreensão do que se passa ao seu redor; a educação desenvolvida na mídia e pela mídia, em especial a eletrônica etc. Em suma, consideramos a educação não-formal como um dos núcleos básicos de uma Pedagogia Social. (GOHN, 2006) Assim, ao considerar que a Educação Social é o objeto da prática da Pedagogia Social, considera-se que os ambientes não escolares são também, espaços de Educação Social.

A Formação do profissional Pedagogo e suas relações com a Pedagogia Social Atualmente, tem-se como referência as Diretrizes Curriculares Nacionais para o curso de Licenciatura em Pedagogia, documento nacional que estabelece, legalmente, fundamentos à formação do pedagogo. Este documento foi instituído pela Resolução CNE/CP Nº 1, de 15 de maio de 2006, que aborda a docência como eixo central de formação do licenciado em Pedagogia: Art. 4º O curso de Licenciatura em Pedagogia destina-se à formação de professores para exercer funções de magistério na Educação Infantil e nos anos iniciais do Ensino Fundamental, nos cursos de Ensino Médio, na modalidade Normal, de Educação Profissional na área de serviços e apoio escolar e em outras áreas nas quais sejam previstos conhecimentos pedagógicos. (BRASIL, 2006, p.2). Além dessas atribuições que as Diretrizes Curriculares fazem ao Curso de Licenciatura em Pedagogia priorizando a docência há outras funções atribuídas ao pedagogo: Parágrafo único. As atividades docentes também compreendem participação na organização e gestão de sistemas e instituições de ensino, englobando: I - planejamento, execução, coordenação, acompanhamento e avaliação de tarefas próprias do setor da Educação; II - planejamento, execução, coordenação, acompanhamento e avaliação de projetos e experiências educativas não-escolares; III - produção e difusão do conhecimento científico-tecnológico do campo educacional, em contextos escolares e não-escolares. (BRASIL, 2006, p.2). A partir dessa colocação pode-se inferir que o curso de Licenciatura em Pedagogia abrange a docência e a gestão em diferentes etapas e modalidades de ensino. Porém, mesmo que conste a atuação do Pedagogo em ambientes não-escolares, não se pode negar que a formação deste profissional está orientada para a docência, pois até mesmo o Estágio Supervisionado é voltado prioritariamente para a docência.

Conforme o exposto no inciso II, do Art. 7º das Diretrizes Curriculares Nacionais para o Curso de Licenciatura em Pedagogia, que trata da distribuição da carga horária do curso, deverá ser: 300 horas dedicadas ao Estágio Supervisionado prioritariamente em Educação Infantil e nos Anos Iniciais do Ensino Fundamental, contemplando também outras áreas específicas, se for o caso, conforme o projeto pedagógico da instituição (BRASIL, 2006, p. 4). Como se pode perceber, até mesmo os estágios, considerados como componentes curriculares práticos da formação do pedagogo, são voltados para a docência. Partindo dessa análise, defende-se que a Pedagogia seja repensada, conforme coloca Libâneo (2007): (...) a Pedagogia, antes de ser um curso, é um campo de conhecimento. Não se trata de insistir se ela é ou não uma ciência, mas que ela tem um corpo teórico, um conjunto de conceitos que, mesmo não sendo precisos e claros, formam uma base teórica para lidar com a prática educacional. Ou seja, o conhecimento pedagógico se define pelo campo empírico que é a realidade educativa, tem métodos de investigação que permitem a elaboração sistemática de resultados válidos, a explicação e compreensão dessa realidade para a transformação da prática. (p. 16, 17). Outros autores como Pimenta (2001) e Franco (2003) também defendem a ideia de que a docência não é a essência da formação do pedagogo, mas é uma área do conhecimento que estuda, analisa e sistematiza as práticas educativas e tem por seu objeto de estudo, a educação. Assim, a docência é apenas uma das matrizes que a formação do pedagogo possibilita. Em concordância com essas autoras, esta pesquisa busca uma reflexão a cerca da atuação do pedagogo em espaços não escolares, os quais apresentam uma prática educativa que não tem como base de formação, a docência. Portanto, concorda-se com Severino (1996) ao dizer que: [...] o educador que está se preparando para atuar profissionalmente no terceiro milênio deve ter um compromisso fundamental: o de investir radicalmente na construção da cidadania. É esse compromisso que deve então direcionar não só suas mediações formativas como também os rumos de sua intervenção social. Estou entendendo também que não cabe falar do pedagogo como se fosse um simples técnico, mera peça de uma engrenagem em funcionamento burocrático-administrativo do sistema de ensino. [...]

trata-se aqui de uma concepção de um profissional, sim, atuando num universo de mediações concretas, mas profundamente sensibilizado às significações mais profundas de sua prática de intervenção social. (p. 11). Nessa perspectiva, reforça-se que a formação do pedagogo precisa partir da concepção da pedagogia como área do conhecimento, para então, os diversos campos de atuação deste profissional terem maior visibilidade e relevância. Portanto, concorda-se com Franco (2003) ao afirmar que: A pedagogia, para poder dar conta de seu papel social, deverá definir-se e exercer-se como uma ciência própria, que liberta dos grilhões de uma ciência clássica e da submissão às diretrizes epistemológicas de suas ciências auxiliares, a fim de que possa se assumir como uma ciência que não apenas teoriza as questões educativas, mas que organiza ações estruturais, que produzam novas condições de exercício pedagógico, compatíveis com a expectativa da emancipação da sociedade. (p.72). Assim, ao se buscar novas formas de pensar a prática educativa não escolar, destaca-se a Pedagogia Social, como sendo uma área do conhecimento que sistematiza as ações desenvolvidas em espaços não escolares, consideradas como práticas da Educação Social. No artigo Pedagogia, Pedagogia Social e Educação Social no Brasil: entrecruzamentos, tensões e possibilidades, publicado em 2014, a Educação Social é o objeto de atuação da Pedagogia Social, ou seja, a Pedagogia Social é a Teoria Geral da Educação Social. Para os autores desse artigo: A Pedagogia Social atua, portanto, como uma matriz disciplinar que, partindo do pressuposto que reconhece o potencial que a pluralidade teórico-metodológica representa para os processos de produção de conhecimento pedagógico e, consequentemente, no aperfeiçoamento dos sistemas conceituais e tecnológicos que suportam as ações profissionais de educadores em diversos cenários socioeducativos, se inscreve no âmbito geral da Pedagogia, cuja especialidade recai em reflexão e práticas que enfatizam o caráter social e socializador da formação humana. (RIBAS MACHADO; SEVERO; RODRIGUES, 2014, p. 15). A partir dessas considerações, entende-se que a Educação Social, mesmo sendo ampla e abrangendo processos educativos que não se circunscrevem nas formas tradicionais da educação ensino sistematizado de conteúdos - ela não acontece de forma aleatória, nem ao acaso, pois, há um

referencial teórico que a fundamenta, bem como, uma preocupação com a construção de uma metodologia que oriente a formação e atuação do educador social. Infelizmente, no Brasil ainda não há um curso específico de formação profissional nesta área, nem mesmo a matriz curricular do curso de Licenciatura em Pedagogia contempla disciplinas específicas, porém é o curso que mais se aproxima do campo de atuação profissional do Educador Social. A preocupação que permeia a formação profissional específica do Educador Social ocorre pela lógica de que: O Educador Social é hoje um educador das margens que também de alguma forma está à margem e nela caminha precariamente, sem formação oficial, são brasileiros que se propõem a caminhar com os oprimidos, inserir-se em seu cotidiano, mas não possuem sequer uma titulação que os constitua como Educadores Sociais. (PAIVA, 2015, p. 83). Entende-se assim, que a defesa é voltada para que estes profissionais passem a ter uma preparação que aborde o seu campo de trabalho pelo viés educativo. Assim, defende-se a ideia de que a Pedagogia é a graduação que mais se aproxima e dá subsídios para a prática do Educador Social. A aproximação entre Pedagogia e Pedagogia Social, faz-se necessária para compreender o real significado da Educação Social. Logo, se ambas Pedagogias são consideradas ciência, teoria e conhecimento, o que as diferencia no campo da prática? Sucintamente, as aproximações desses dois campos ocorrem pela lógica educacional, porém, a Pedagogia, de acordo com Ribas Machado; Rodrigues e Severo (2014, p. 15) é um campo científico no qual se desenvolvem diferentes disciplinas científicas que aportam visões plurais do fenômeno educacional, enquanto que a Pedagogia Social se constitui como uma disciplina pedagógica e se caracteriza por aplicar um enfoque teóricoprático em problemáticas socioeducacionais, ou seja, é por meio da Pedagogia Social que são sistematizados os saberes específicos da relação entre sociedade e educação, cujo enfoque é a reflexão crítica dos sujeitos, a

emancipação humana e a socialização de conhecimentos próprios dos grupos sociais. A partir dessas considerações busca-se a compreensão da Pedagogia Social enquanto área de estudo advinda da Pedagogia, na perspectiva de uma ciência da educação. Portanto, ao analisar o campo da prática, a formação pedagógica possibilita (ou deveria possibilitar) ao profissional pedagogo experiências com variados ambientes, principalmente, os considerados nãoescolares. Assim, é necessário que estas aproximações e estudos tenham mais visibilidade no campo acadêmico. Pois: A identidade profissional do pedagogo se reconhece, portanto, na identidade do campo de investigação e na sua atuação dentro da variedade de atividades voltadas para o educacional e para o educativo. O aspecto educacional diz respeito a atividades do sistema educacional, da política educacional, da estrutura e gestão da educação em suas várias modalidades, das finalidades mais amplas da educação e dessas relações com a totalidade da vida social. O aspecto educativo diz respeito à atividade de educar propriamente dita, à relação educativa entre os agentes, envolvendo objetivos e meios de educação e instrução, em várias modalidades e instâncias. (LIBÂNEO, p. 119-120, 2001) Essa ênfase que se dá a formação do pedagogo com conhecimento na área da Pedagogia Social tem uma importante função, pois, a partir desses conhecimentos, é possível a intervenção da realidade socioeducacional articulando o conhecimento prático com o teórico, adquirido na academia. Considerações Finais Conforme exposto, esta pesquisa tem por finalidade discutir novas perspectivas de atuação para o pedagogo. Este profissional já vem assumindo novas demandas de trabalho em ambientes diversificados, os quais necessitam do desenvolvimento de projetos pautados no diálogo e na conscientização. Desse modo, a conscientização expressa é entendida a partir do que Freire (1979) coloca: A conscientização é isto: tomar posse da realidade; por esta razão, e por causa da radicação utópica que a informa, é um afastamento da realidade. A conscientização produz a desmitologização. É evidente e

impressionante, mas os opressores jamais poderão provocar a conscientização para a libertação: como desmitologizar, se eu oprimo? Ao contrário, porque sou opressor, tenho a tendência a mistificar a realidade que se dá à captação dos oprimidos, para os quais a captação é feita de maneira mística e não crítica. O trabalho humanizante não poderá ser outro senão o trabalho da desmitificação. Por isso mesmo a conscientização é o olhar mais critico possível da realidade, que a desvela para conhecê-la e para conhecer os mitos que enganam e que ajudam a manter a realidade da estrutura dominante. (p.16 e 17). As considerações de Freire (1979) nos permitem entender que, para a tomada de consciência da realidade é preciso que os sujeitos adquiram a capacidade de reflexão sobre a própria realidade e assim, se tornem cada vez mais críticos sobre as condições que estão postas. Esse movimento de açãoreflexão-ação ocorre por meio de práticas educativas que são elaboradas e analisadas a partir do contexto da realidade dos próprios sujeitos. A partir dessa perspectiva acredita-se que a educação que ocorre por meio de tal prática pedagógica não se restringe ao ato de ensinar ler e escrever, mas está intrinsicamente relacionado à sensibilização dos sujeitos, para que estes tomem consciência de sua cidadania, passem a agir autonomamente e interajam com a sociedade de maneira crítica. A formação do pedagogo ainda precisa ser repensada, pois se continuar focada apenas na docência, sem ampliar para outros campos de atuação, o entendimento da pedagogia como área do conhecimento, que oferece as condições para o pedagogo atuar em espaços da Educação Social, fica inviabilizada. Referências: BRASIL. Ministério da Educação. Conselho Nacional de Educação. Conselho Pleno. Resolução CNE/CP 01/2006. Institui Diretrizes Curriculares Nacionais para o Curso de Graduação em Pedagogia. Brasília: MEC/CNE, 2006. FRANCO, M. A. S. Pedagogia como ciência da educação. São Paulo: Papirus, 2003. FREIRE, Paulo. Conscientização: Teoria e Prática da Libertação: uma Introdução ao Pensamento de Paulo Freire. São Paulo: Cortez & Moraes, 1979.

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