PEACEBUILDING PROCESSES AND STATE FAILURE STRATEGIES

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Transcrição:

Núcleo de Estudos para a Paz PEACEBUILDING PROCESSES AND STATE FAILURE STRATEGIES Lessons learned from three former Portuguese colonies Desafios à Cooperação Portuguesa Fundação Cidade de Lisboa 28.05.2007

O projecto Financiamento: Fundação Ford Duração: 24 meses Objectivo: analisar o impacto das políticas de cooperação dos doadores nos processos de consolidação da paz em três excolónias portuguesas - Angola, Guiné-Bissau e Moçambique e a sua própria contribuição para cenários de fragilidade institucional. Resultados: recomendações a doadores, ONGD, Cooperação Portuguesa e actores locais Actividades: reunião de peritos 3 missões a cada país parcerias bi-nacionais (INEP; ADRA; UEM/CEA) 2 reuniões de disseminação (Bissau; Luanda) publicações

Reunião com actores da Cooperação Portuguesa, 28.5.2007 Objectivos Apresentação de pressupostos e perspectivas de acção desenvolvidos neste projecto Recolha de reacções críticas por parte de interlocutores privilegiados

Conteúdos Pensar os pressupostos Consolidação da paz Estados falhados Pensar a ajuda Securitização da ajuda Impacto, coordenação e avaliação da ajuda Pensar as políticas Governação Economia e integração no mercado internacional Violências

Pensar os pressupostos 1) Consolidação da paz Padronização das práticas (standard operating procedure) Oposição violências/paz e não guerra/paz Reanalisar as fórmulas fáceis e prontas a usar Actuar para além da cessação e prevenção de emergência do conflito armado Valorizar a vertente psicossocial de reabilitação pós-conflito Contrariar a emergencialização da ajuda

Pensar os pressupostos 2) Estados falhados Conceito instrumental para doadores e elites locais Internalização das causas e externalização das respostas Respostas centradas no Estado Olhar para além do Estado e das instituições formais Ter em conta os efeitos da ajuda no tecido social Repensar as estratégias de reconstrução do Estado Evitar a utilização acrítica de conceitos

Pensar a ajuda 1) Securitização da ajuda Desenvolvimento como técnica de contenção e prevenção da turbulência Representação da periferia como fonte de todas as ameaças Sentido estratégico: estabelecimento de barreiras aos fluxos de turbulência temidos Dissociar a cooperação de interesses paralelos Evitar a excessiva militarização de respostas de controle de fluxos ilegais Não reforçar a componente técnico-militar da ajuda Fiscalizar as políticas de repatriamento Promover campanhas de combate aos estereótipos

Pensar a ajuda 2) Impacto, coordenação e avaliação da ajuda Coordenação, coerência e harmonização Défice de uma cultura de avaliação de conjunto da ajuda Reforçar e pôr em prática a coordenação entre doadores Dotar as representações nos países beneficiários de meios humanos e financeiros Instituir uma cultura de avaliação coordenada e global Reforçar a ajuda em sectores produtivos

Pensar as políticas 1) Governação Governação induzida Concepção técnica, formal e procedimental de boa governação Ignorância de práticas de governação não estatal Dar prioridade à reforma do sistema judicial e à luta contra a impunidade Identificar e apoiar formas de governação não estatal Apoiar espaços e dinâmicas de cidadania participativa Combater a corrupção e promover a transparência Apoiar redes de aprendizagem e intercâmbio

Pensar as políticas 2) Integração no mercado internacional Aplicação das receitas neoliberais das IFI s Integração periférica e marginal no sistema económico internacional Desenvolvimento da economia informal e de estratégias de sobrevivência Orientar a cooperação para projectos de desenvolvimento rural e segurança alimentar Ganhar distância da tendência para privatização e mercantilização Promover modelos de gestão economicamente sustentáveis Disponibilizar assessoria técnica

Pensar as políticas 3) Violências Deficiente implementação dos programas de DDR Alheamento de violências em tempo de paz Desenvolvimento de estratégias de sobrevivência Potenciar e aplicar correctamente os programas de RSS e de DDR Prevenção de outras causas e formas de mobilização para a violência Prestar atenção e apoiar grupos específicos (mulheres, jovens) Apoiar grupos locais em iniciativas de desarmamento

Desafios Como conciliar exigência de paz formal com o apoio continuado às populações? Como reconstruir o Estado a partir de bases falhadas? Como promover uma relação equilibrada entre segurança europeia e objectivos de desenvolvimento nos países receptores da ajuda? Como coordenar a ajuda com outros actores (Espanha, China, )? Como equilibrar segurança dos investimentos com segurança das populações? Como contribuir para uma relação saudável entre economia formal e informal? Como incluir a prevenção de violências em tempo de paz nas áreas de concentração da Cooperação Portuguesa?