DIREITO CONSTITUCIONAL Prof. DUDU WWW.EDUARDOFERNANDESADV.JUR.ADV.BR
PRINCÍPIO DA INAFASTABILIDADE DA JURISDIÇÃO (Art. 5º, XXXV, CF) XXXV - A LEI NÃO EXCLUIRÁ DA APRECIAÇÃO DO PODER JUDICIÁRIO LESÃO OU AMEAÇA A DIREITO; STATUS CONSTITUCIONAL COM CF DE 1946 DENOMINAÇÕES: PRINCÍPIO DA INAFASTABILIDADE DA JURISDIÇÃO DIREITO DE AÇÃO PRINCÍPIO DO LIVRE ACESSO AO JUDICIÁRIO PRINCÍPIO DA UBIQUIDADE DA JUSTIÇA (PONTES DE MIRANDA) PRINCÍPIO DO ACESSO À ORDEM JURÍDICA JUSTA
PRINCÍPIO DA INAFASTABILIDADE DA JURISDIÇÃO (Art. 5º, XXXV, CF) TRATAMENTO DA QUESTÃO NA CONSTITUIÇÃO DE 1969 (alterada pela EC nº 07) JURISDIÇÃO CONDICIONADA ou INSTÂNCIA ADMINISTRATIVA DE CURSO FORÇADO: ART. 153, 4º, CF/69: 4º A lei não poderá excluir da apreciação do Poder Judiciário qualquer lesão de direito individual. O ingresso em juízo poderá ser condicionado a que se exauram previamente as vias administrativas, desde que não exigida garantia de instância, nem ultrapassado o prazo de cento e oitenta dias para a decisão sobre o pedido. TRATAMENTO NA CONSTITUIÇÃO DE 1988: DIMENSÕES: REPRESSIVA (LESÃO) e PREVENTIVA (AMEAÇA)
PRINCÍPIO DA INAFASTABILIDADE DA JURISDIÇÃO (Art. 5º, XXXV, CF) EXCEÇÃO: JUSTIÇA DESPORTIVA: Art. 217, 1º, CF/88: 1º O Poder Judiciário só admitirá ações relativas à disciplina e às competições desportivas após esgotarem-se as instâncias da justiça desportiva, regulada em lei. FORA DA APRECIAÇÃO JUDICIAL: Atos interna corporis das Casas Legislativas; condenação imposta pelo Senado Federal no processo de impedimento (impeachment); o mérito do ato administrativo. QUESTIONAMENTOS PERTINENTES: Lei nº 9.507/97 (habeas data): a petição deverá ser instruída com a prova da recusa ao acesso às informações ou do decurso de mais de dez dias sem decisão Lei nº 11.417/06 (Súmula Vinculante): reclamação somente após esgotamento das vias administrativas Lei nº 9.307/96 - Lei de Arbitragem
PRINCÍPIO DA INAFASTABILIDADE DA JURISDIÇÃO (Art. 5º, XXXV, CF) JURISPRUDÊNCIA SOBRE O TEMA: É inconstitucional a exigência de depósito prévio como requisito de admissibilidade de ação judicial na qual se pretenda discutir a exigibilidade de crédito tributário. (Súmula Vinculante 28.) Viola a garantia constitucional de acesso à jurisdição a taxa judiciária calculada sem limite sobre o valor da causa. (Súmula 667.)
LIMITES À RETROATIVIDADE DA LEI (Art. 5º, XXXVI, da CF) XXXVI - A LEI NÃO PREJUDICARÁ O DIREITO ADQUIRIDO, O ATO JURÍDICO PERFEITO E A COISA JULGADA; ESTABILIDADE DAS RELAÇÕES JURÍDICAS DIREITO ADQUIRIDO: direito que seu titular, ou alguém por ele, possa exercer, como aquele cujo começo do exercício tenha termo prefixo, ou condição preestabelecida inalterável, a arbítrio de outrem;
LIMITES À RETROATIVIDADE DA LEI (Art. 5º, XXXVI, da CF) E M E N T A: RECURSO EXTRAORDINÁRIO - CONVERSÃO DOS BENEFÍCIOS PREVIDENCIÁRIOS, EM URV, COM BASE NA MÉDIA DO VALOR NOMINAL - LEGITIMIDADE CONSTITUCIONAL DA EXPRESSÃO "NOMINAL" CONSTANTE DO ART. 20, I, DA LEI Nº 8.880/94 - RECURSO DE AGRAVO IMPROVIDO. CONVERSÃO, EM URV, DE BENEFÍCIOS PREVIDENCIÁRIOS - VALIDADE CONSTITUCIONAL DO DIPLOMA LEGISLATIVO QUE A INSTITUIU (LEI Nº 8.880/94, ART. 20, I). (...). DIREITO ADQUIRIDO E CICLO DE FORMAÇÃO. - A questão pertinente ao reconhecimento, ou não, da consolidação de situações jurídicas definitivas há de ser examinada em face dos ciclos de formação a que esteja eventualmente sujeito o processo de aquisição de determinado direito. Isso significa que a superveniência de ato legislativo, em tempo oportuno - vale dizer, enquanto ainda não concluído o ciclo de formação e constituição do direito vindicado - constitui fator capaz de impedir que se complete, legitimamente, o próprio processo de aquisição do direito (RTJ 134/1112 - RTJ 153/82 - RTJ 155/621 - RTJ 162/442, v.g.), inviabilizando, desse modo, ante a existência de mera "spes juris", a possibilidade de útil invocação da cláusula pertinente ao direito adquirido. (RE 322348 AgR, Relator(a): Min. CELSO DE MELLO, Segunda Turma, julgado em 12/11/2002, DJ 06-12-2002 PP-00074 EMENT VOL-02094-03 PP-00558)
LIMITES À RETROATIVIDADE DA LEI (Art. 5º, XXXVI, da CF) ATO JURÍDICO PERFEITO: o ato já consumado segundo a lei vigente ao tempo em que se efetuou COISA JULGADA OU CASO JULGADO: a decisão judicial de que já não caiba recurso
LIMITES À RETROATIVIDADE DA LEI (Art. 5º, XXXVI, da CF) JURISPRUDÊNCIA SOBRE O TEMA: O disposto no art. 127 da Lei 7.210/1984 (LEP) foi recebido pela ordem constitucional vigente, e não se lhe aplica o limite temporal previsto no caput do art. 58. (Súmula Vinculante 9.) Ofende a garantia constitucional do ato jurídico perfeito a decisão que, sem ponderar as circunstâncias do caso concreto, desconsidera a validez e a eficácia de acordo constante de termo de adesão instituído pela LC 110/2001. (Súmula Vinculante 1.); A garantia da irretroatividade da lei, prevista no art 5º, XXXVI, da CF, não é invocável pela entidade estatal que a tenha editado. (Súmula 654.) Arquivado o inquérito policial, por despacho do juiz, a requerimento do promotor de justiça, não pode a ação penal ser iniciada, sem novas provas. (Súmula 524.)
PRINCÍPIO DO JUIZ NATURAL ou LEGAL (Art. 5º, XXXVII e LIII, da CF) XXXVII não haverá juízo ou tribunal de exceção; LIII ninguém será processado nem sentenciado senão pela autoridade competente; PONTES DE MIRANDA: PRINCÍPIO DO DIREITO AO JUÍZO LEGAL COMUM
PRINCÍPIO DO JUIZ NATURAL ou LEGAL (Art. 5º, XXXVII e LIII, da CF) PROIBIÇÃO de designação de tribunais para casos determinados; DESDOBRAMENTO DO PRINCÍPIO DA IGUALDADE: proibição à discriminação de pessoas ou casos para efeito de submissão a juízo ou tribunal que não o recorrente por todos os indivíduos; INÉRCIA DA JURISDIÇÃO
PRINCÍPIO DO JUIZ NATURAL ou LEGAL (Art. 5º, XXXVII e LIII, da CF) NELSON NERY FUNÇÃO TRIDIMENSIONAL DO PRINCÍPIO PROIBIÇÃO DE TRIBUNAL DE EXCEÇÃO ou AD HOC; DIREITO AO JULGAMENTO POR JUIZ COMPETENTE, PREVIAMENTE ESTABELECIDO EM LEI; JUIZ IMPARCIAL
PRINCÍPIO DO JUIZ NATURAL ou LEGAL (Art. 5º, XXXVII e LIII, da CF) JUSTIÇA ESPECIALIZADA? PRERROGATIVA DE FORO? EX.: JUIZ TJ, NÃO JÚRI Art. 52. Compete privativamente ao Senado Federal: I - processar e julgar o Presidente e o Vice-Presidente da República nos crimes de responsabilidade, bem como os Ministros de Estado e os Comandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica nos crimes da mesma natureza conexos com aqueles; JÚRI X PRERROGATIVA DE FORO INSTITUÍDA POR CONSTITUIÇÃO ESTADUAL (ex.: Vereador) FORO DE ELEIÇÃO JUÍZO ARBITRAL
PRINCÍPIO DO JUIZ NATURAL ou LEGAL (Art. 5º, XXXVII e LIII, da CF) TRIBUNAL PENAL INTERNACIONAL TPI Art. 5º, 4º, CF/88: 4º O Brasil se submete à jurisdição de Tribunal Penal Internacional a cuja criação tenha manifestado adesão. PRINCÍPIO DA COMPLEMENTARIDADE: preserva-se o sistema jurídico interno, na medida em que o "TPI" só exercerá jurisdição em caso de incapacidade ou omissão dos Estados. CRIMES: de genocídio, contra a humanidade, de guerra e de agressão
PRINCÍPIO DO JUIZ NATURAL ou LEGAL (Art. 5º, XXXVII e LIII, da CF) FEDERALIZAÇÃO DOS CRIMES CONTRA DIREITOS HUMANOS Art. 109. Aos juízes federais compete processar e julgar: V-A as causas relativas a direitos humanos a que se refere o 5º deste artigo 5º Nas hipóteses de grave violação de direitos humanos, o Procurador-Geral da República, com a finalidade de assegurar o cumprimento de obrigações decorrentes de tratados internacionais de direitos humanos dos quais o Brasil seja parte, poderá suscitar, perante o Superior Tribunal de Justiça, em qualquer fase do inquérito ou processo, incidente de deslocamento de competência para a Justiça Federal.
PRINCÍPIO DO JUIZ NATURAL ou LEGAL (Art. 5º, XXXVII e LIII, da CF) Princípio do juiz natural. Relator substituído por juiz convocado sem observância de nova distribuição. Precedentes da Corte. O princípio do juiz natural não apenas veda a instituição de tribunais e juízos de exceção, como também impõe que as causas sejam processadas e julgadas pelo órgão jurisdicional previamente determinado a partir de critérios constitucionais de repartição taxativa de competência, excluída qualquer alternativa à discricionariedade. A convocação de juízes de primeiro grau de jurisdição para substituir desembargadores não malfere o princípio constitucional do juiz natural, autorizado no âmbito da Justiça Federal pela Lei 9.788/1999. O fato de o processo ter sido relatado por um juiz convocado para auxiliar o Tribunal no julgamento dos feitos e não pelo desembargador federal a quem originariamente distribuído tampouco afronta o princípio do juiz natural. Nos órgãos colegiados, a distribuição dos feitos entre relatores constitui, em favor do jurisdicionado, imperativo de impessoalidade que, na hipótese vertente, foi alcançada com o primeiro sorteio. Demais disso, não se vislumbra, no ato de designação do juiz convocado, nenhum traço de discricionariedade capaz de comprometer a imparcialidade da decisão que veio a ser exarada pelo órgão colegiado competente. (HC 86.889, Rel. Min. Menezes Direito, julgamento em 20-11-2007, Primeira Turma, DJE de 15-2-2008).
TRIBUNAL DO JÚRI (Art. 5º, XXXVIII, da CF) XXXVIII - é reconhecida a instituição do júri, com a organização que lhe der a lei, assegurados: a) a plenitude de defesa; b) o sigilo das votações; c) a soberania dos veredictos; d) a competência para o julgamento dos crimes dolosos contra a vida;
TRIBUNAL DO JÚRI (Art. 5º, XXXVIII, da CF) COMPETÊNCIA para o julgamento dos crimes dolosos contra a vida : CPP: Art. 74. A competência pela natureza da infração será regulada pelas leis de organização judiciária, salvo a competência privativa do Tribunal do Júri. 1º Compete ao Tribunal do Júri o julgamento dos crimes previstos nos arts. 121, 1º e 2º, 122, parágrafo único, 123, 124, 125, 126 e 127 do Código Penal, consumados ou tentados.
TRIBUNAL DO JÚRI (Art. 5º, XXXVIII, da CF) A competência constitucional do Tribunal do Júri prevalece sobre o foro por prerrogativa de função estabelecido exclusivamente pela Constituição estadual. (Súmula 721.) A competência para o processo e julgamento de latrocínio é do juiz singular e não do Tribunal do Júri. (Súmula 603.)
TRIBUNAL DO JÚRI (Art. 5º, XXXVIII, da CF) (CESPE/UNB.ESCRIVÃO PC/DF. 20/10/2013) À luz da Constituição Federal de 1988 (CF), julgue os itens que se seguem, acerca de direitos e garantias fundamentais: Uma lei complementar não pode subtrair da instituição do júri a competência para julgamento dos crimes dolosos contra a vida. (CESPE/UNB.ESCRIVÃO DPE/RN. 13/12/2015) A determinação de foro justificada por prerrogativa de função, ainda que instituída exclusivamente por Constituição estadual, prevalece sobre a competência do tribunal de júri.
TRIBUNAL DO JÚRI (Art. 5º, XXXVIII, da CF) (CESPE.UNB PROCURADOR.SSA. 18/10/2015) Ainda com relação aos direitos e às garantias individuais, assinale a opção correta com base na jurisprudência do STF. A) A competência do júri para o julgamento de crimes dolosos contra a vida não é absoluta e pode ser excepcionada por regra da própria CF, como, por exemplo, o julgamento de prefeitos pelo TJ. B) Desde que prevista em lei, é constitucional, em processo administrativo, a exigência de depósito ou de arrolamento prévio de bens e de direitos como pressuposto de admissibilidade de recurso administrativo. C) O princípio da inafastabilidade da jurisdição impede o estabelecimento, no ordenamento jurídico brasileiro, de cláusulas compromissórias de arbitragem em contratos, ainda que estes sejam relativos a direito disponível. D) O julgamento, pelo Senado Federal, de crime de responsabilidade praticado por presidente ou vice-presidente da República constitui ato de conteúdo político, razão por que não está sujeito a controle jurisdicional. E) Como as relações entre os servidores públicos e a administração pública são estatutárias, lei posterior poderá revogar vantagem pessoal que esteja incorporada ao patrimônio do servidor, sem que seja cabível a alegação de ofensa a direito adquirido.
Súmula Vinculante 21/STF: É inconstitucional a exigência de depósito ou arrolamento prévios de dinheiro ou bens para admissibilidade de recurso administrativo. "Ementa: (...) A exigência de depósito ou arrolamento prévio de bens e direitos como condição de admissibilidade de recurso administrativo constitui obstáculo sério (e intransponível, para consideráveis parcelas da população) ao exercício do direito de petição (CF, art. 5º, XXXIV), além de caracterizar ofensa ao princípio do contraditório (CF, art. 5º, LV). A exigência de depósito ou arrolamento prévio de bens e direitos pode converter-se, na prática, em determinadas situações, em supressão do direito de recorrer, constituindo-se, assim, em nítida violação ao princípio da proporcionalidade. Ação direta julgada procedente para declarar a inconstitucionalidade do art. 32 da MP 1699-41 - posteriormente convertida na Lei 70.235/72." (ADI 1976, Relator Ministro Joaquim Barbosa, Tribunal Pleno, 28.3.2007, DJde 18.5.2007)