MANUAL TÉCNICO OPERACIONAL: DIRETRIZES PARA VIGILÂNCIA, ATENÇÃO E ELIMINAÇÃO DA HANSENÍASE COMO PROBLEMA DE SAÚDE PÚBLICA. MINISTÉRIO DA SAÚDE. PORTARIA Nº 149, DE 03 DE FEVEREIRO 2016. BRASÍLIA-DF, 2016. 58 PÁGINAS Emanuelle Anastácio Carvalho O ministério da saúde através do Departamento de Vigilância das Doenças Transmissíveis da secretaria de vigilância nacional revela que tem se comprometido com um dos problemas de saúde pública que é o agravo Hanseníase. Visto que, podemos observar a elaboração das diretrizes para vigilância, atenção e eliminação desta doença. Tais diretrizes foram recentemente divulgadas pela portaria nº149 de 03 de fevereiro de 2016 as quais norteiam os profissionais de saúde no manejo desta doença tão antiga, porém ainda com grandes desafios para sua erradicação no Brasil. Tal instrumento foi elaborado com o intuito de uniformização do atendimento ao paciente com hanseníase nos diversos âmbitos da saúde, assim como a padronização das ações de vigilância visando à redução da propagação deste agravo a nível nacional. A divulgação deste instrumento, objetiva capacitar os profissionais de saúde que irão assistir a pessoa acometida pela hanseníase, de modo que estes profissionais desempenhe um atendimento de melhor qualidade e eficácia. Também traz subsídios aos gestores, técnicos e profissionais de saúde no que diz respeito à rotina de avaliação, planejamento e monitoramento das formas de acolhimento, diagnóstico, tratamento e cura, bem como orientações para redução de danos, muitas vezes causados por um diagnóstico tardio, através da prevenção de incapacidades. Ressaltando que um dos objetivos deste manual, não menos importante, é a organização do serviço de saúde, seja ela no âmbito ambulatorial ou hospitalar. Desde a introdução percebemos um embasamento teórico aprofundado, porém objetivo sobre a patologia. Abrange desde a definição de caso às medidas profiláticas e de controle da doença. Define como caso de hanseníase uma pessoa a qual tem um ou mais dos sintomas cardinais: lesão ou área da pele com alteração de sensibilidade, espessamento de nervo periférico, associado a alterações sensitivas e/ou motoras e/ou autonômicas ou presença de bacilos M.leprae confirmada na baciloscopia de esfregaço intradérmico ou na biópsia de pele( p.06). Ressalta a obrigatoriedade e importância da notificação compulsória e investigação (p.06). De fato, os profissionais precisam ter o emponderamento desta 279
prática. Pois através da notificação ao SINAN (sistema de informação de agravos de notificação) e a atualização do boletim de acompanhamento mensal é que se pode investigar, planejar novas ações e monitorar tal agravo afim de interromper,a cadeia de transmissão e melhorar os indicadores epidemiológicos tais como taxa de prevalência,taxa de incidência, taxa de casos novos na população menor de 15 anos, casos novos de hanseníase com grau 2 de incapacidade física no diagnóstico e na cura... (p.13,14). A educação em saúde é pontuada como uma das ações para redução da carga da hanseníase no Brasil, delegando a todos os profissionais de saúde bem como pessoas capacitadas à responsabilidade de propagar as informações sobre esta doença seja em ambiente hospitalar ou ambulatorial, com o apoio das três esferas de governo, no que diz respeito a material de divulgação e outros fatores correlacionados. O profissional é desafiado a torna-se um investigador epidemiológico continuamente, seja num atendimento de demanda espontânea, busca ativa de casos novos ou vigilância de contatos, tais ações podem levar ao diagnostico de um caso novo de hanseníase, de modo que, quanto mais precoce for diagnosticada a doença, a cadeia de transmissão é quebrada e menos pessoas podem ser acometidas pela hanseníase, além de reduzir danos ao paciente como incapacidades decorrentes de um diagnóstico tardio. A pagina nove detalha a investigação epidemiológica de contatos, enfatizado indicações e contra indicações da aplicação da vacina BCG (Bacillus Calmette-Guérin) intra dérmica após exame dermatoneurológico de todos os contatos dos casos diagnosticados independente da forma operacional ser PB (Paucibacilar) ou MB (Multibacilar). Destaca-se a importância do gestor nos três níveis de governo para obter a organização do serviço de saúde em hanseníase, elaborando fluxos de referência e contra referência (p.17), oportunizando aos profissionais tomar conhecimento da avaliação da qualidade dos serviços prestados ao acometido por este agravo mediante indicadores epidemiológicos (quadro 3, p.15 e 16).Deste modo acredita-se que medidas interventivas surgir o a ponto de fortalecer as fragilidades apontadas neste processo do cuidar, rumo a eliminação da hanseníase no Brasil. Quanto ao tratamento, o presente instrumento enfatiza a importância da adesão por parte do paciente para garantir a cura da hanseníase. Esclarece que o tratamento medicamentoso é inteiramente gratuito fornecido pelo sistema único de saúde (SUS), sendo este um direito previsto por lei. O profissional é lembrado a informar ao usuário em tratamento para hanseníase da necessidades de recursos anticoncepcionais, 280
principalmente se este usuário fizer uso de medicamentos para episódios reacionais, pois podem apresentar efeito teratogênico. Toda via se a pessoa acometida da doença já estiver gestante, sua situação não contra indica o uso da Poliquimioterapia (PTQ), mas se não estiver gestante melhor evitar, já que até mesmo antes, durante ou depois do tratamento a paciente pode apresentar reações hansências fazendo-se necessário o uso de medicamentos com efeitos teratogênicos. As paginas 21 e 22 descrevem os poli quimioterápicos indicados para cada forma operacional e faixa etária, ressaltando que em alguns casos o peso do usuário é fundamental para a escolha do tratamento. Já a (p.23) mostra uma tabela de cálculos bem didática e de fácil aplicação para as crianças menores de 30 kg. Fato é que a maioria dos casos de pessoas acometidas pela hanseníase podem ser acompanhadas pelo profissional da atenção básica, visto que este manual norteia todas as ações a serem desenvolvidas desde o tipo de PQT, tempo de tratamento, dose supervisionada, efeitos colaterais da PQT, investigação de sinais e sintomas de intolerância medicamentosa, medidas de prevenção e tratamentos das incapacidades. Deste modo, o serviço de referência deveria receber apenas os casos mais complexos tais como: crianças menores de 08 anos com suspeita de intolerância a dapsona (p.28) suspeita de falência terapêutica (p.40), dentre outros; fazendo valer um princípio do SUS que é a descentralização dos serviços de saúde. Logo, se tomarmos como exemplo um caso de um usuário diagnosticado com hanseníase no serviço de referência que posteriormente foi transferido para Estratégia de Saúde da Família (ESF) e concluiu o seu tratamento nesta unidade, dentro do prazo preconizado PB (6 doses em até 9 meses),ou MB (12 doses em até 18 meses), baseado em critérios de alta por cura que a página 30 estabelece, o profissional médico não necessitará da avaliação do serviço de referência.pois se sentirá seguro para encerrar o caso como cura, bem como fazer as devidas orientações de retorno ao serviço em caso de surgimentos de novos sinais e sintomas de uma reação hansências as quais sabemos que podem acometer o paciente mesmo após sua alta da PQT. Sabe-se que o quanto antes um episódio reacional for identificado, mais chances de prevenir incapacidades. Toda via o profissional deve ser capacitado e sentir segurança na identificação de neurites de propagação até mesmo silenciosa, mas que tem o mesmo poder incapacitante. Para tanto, o anexo E (p.55,56) traz um formulário de avaliação do grau de incapacidade física no diagnóstico e na alta de PQT e o anexo F (p.57,58) mostra um formulário para avaliação neurológica simplificada. Tais formulários subsidiam ao profissional, ao final do preenchimento destes, à exposição de um retrato do quão precoce ou tardio foi o diagnóstico da hanseníase em cada usuário, contudo teremos ainda 281
informações implícitas neste instrumento de avaliação que fortalecerão a necessidade de orientações ao paciente sobre o auto cuidado, bem como o monitoramento das reações hansências e /ou sequelas. A hanseníase é uma patologia que ainda envolve muitos fatores estigmatizantes. Por isso este manual desafia o profissional que busca capacitação através de tal instrumento, a possibilidade de adquirir não só conhecimentos teórico-práticos, mas o profissional é desafiado a desenvolver habilidades que envolvam humanização e ética desde o acolhimento de um caso suspeito até a busca ativa de um usuário faltoso ao tratamento ou em situação de abandono. Valendo ressaltar que um dos indicadores de qualidade dos serviços de saúde é a proporção de casos de hanseníase em situação de abandono, logo se o paciente abandona o seu tratamento, não quer dizer somente que o paciente falhou, mas que a qualidade do serviço se apresenta vulnerável. Se cada profissional procurar visualizar esses indicadores como estímulo para uma boa assistência e não mais um método utilizado pelo gestor para cobrar produtividade, a qualidade do serviço será notória nas estatísticas, bem como na qualidade de vida dos pacientes. Quanto aos gestores não cabe apenas avaliar indicadores. Além da organização do sistema de informação, no que se diz respeito a inspeção de impressos( fichas e formulários) essenciais para o acompanhamento eficiente da pessoa acometida com hanseníase(p.44) os quais devem contar no prontuário do usuário, o gestor deve conhecer bem o fluxo de informação, para posteriormente realizar uma programação de medicamentos e insumos(p.46). Esta última atribuição da gestão envolve o comprometimento de todos os profissionais envolvidos no processo desde o diagnóstico da doença, ao acompanhamento do tratamento no registro das doses supervisionadas até a alta da PQT, por exemplo, pois se a informação não for fidedigna ou incompleta por parte dos profissionais que estão na ponta do iceberg a aquisição da quantidade de medicamentos e insumos serão insuficientes de modo que o tratamento de algum paciente pode ser comprometido ou até mesmo interrompido. Com o advento da divulgação deste manual técnico, entende-se que há uma missão para a equipe multiprofissional que atende o paciente acometido pela hanseníase, inclusive para os gestores nas três esferas de governo. A multiplicação das informações contidas neste instrumento, através de capacitações nas instituições de saúde, campanhas de educação em saúde para a população, dentre outras, seriam uma boa ferramenta para 282
sensibilizar os profissionais e a comunidade sobre a importância de uma boa condução do tratamento, garantindo a adesão por parte do paciente, impedindo a propagação da doença, deste modo evoluindo para eliminação deste agravo como um problema de saúde pública no Brasil. 283