MONITORAMENTO AMBIENTAL E INTELIGÊNCIA COMPETITIVA EM EMPRESAS DO SETOR TÉXTIL QUE EXPORTAM SEUS PRODUTOS

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Transcrição:

MONITORAMENTO AMBIENTAL E INTELIGÊNCIA COMPETITIVA EM EMPRESAS DO SETOR TÉXTIL QUE EXPORTAM SEUS PRODUTOS Natalia de Almeida Ferraz (UFPE) nati.ferraz@gmail.com Eugenia Cornils Monteiro da Silva (UFPE) eugeniacornils@yahoo.com.br Marcella Brito Galvao (UFPE) marcella_brito@yahoo.com.br Denise Dumke de Medeiros (UFPE) medeirosdd@gmail.com Em meio à complexidade do ambiente na qual as organizações atuais estão inseridas se faz cada vez mais necessário estar informada sobre tudo que ocorre a sua volta. No ambiente externo as mudanças ocorrem freqüentemente, exigindo das empressas um dinamismo para uma rápida adaptação a tais mudanças. A atividade de monitoramento consiste numa prática que auxilia as organizações a monitorar os elementos ambientais que exercem alguma influencia sobre suas atividades, adotando uma postura estratégica perante o ambiente. Tal prática tem sido tratada como uma ferramenta para obtenção de vantagem competitiva que ao mesmo tempo estimula as empresas na busca por Inteligência Competitiva, onde a informação é um dos elementos fundamentais para a geração do conhecimento. O presente artigo tem como finalidade mostrar os resultados do diagnóstico do monitoramento ambiental em um grupo de cinco empresas do setor têxtil que exportam seus produtos. Como método utilizou-se o estudo de caso com fins exploratórios. Os dados foram trabalhados qualitativamente. Após análise dos principais resultados, identificou-se certa carência na prática e quanto à escolha de fonte estratégicas para a busca de informações, tais como os Programas de apoio á exportação e Órgãos oficiais do governo, principalmente naquelas empresas cujo percentual das exportações era inferior a 50% do faturamento. Palavras-chaves: Monitoramento Ambiental, Inteligência Competitiva, Informação.

1. Introdução As organizações atuais estão inseridas num ambiente cada vez mais complexo e dinâmico, onde as incertezas impactam as atividades organizacionais ao mesmo tempo em que influenciam o processo decisório cotidiano destas organizações. A volatilidade deste ambiente termina por desafiar as organizações à acompanhar e reagir antecipadamente às mudanças ocorrentes no mesmo, a fim de garantir sua sobrevivência e obter vantagem competitividade. Nesse sentido, as organizações necessitam adotar uma postura estratégica perante o ambiente na qual estão inseridas, buscando sempre atender as necessidades dos clientes e relacionandose com os demais atores do ambiente organizacional, tais como a concorrência, os fornecedores, os órgãos governamentais, entre outros. Em meio a esta necessidade de agir estrategicamente com o ambiente, a análise do ambiente externo trata-se de uma parte importante e fundamental deste processo. É nesse contexto que surge a atividade de Monitoramento Ambiental, que conforme Hambrick (1981a), apresentase como um conjunto formado por percepções e ações que permite a empresa a adaptar-se ao ambiente, conferindo às organizações inovação e a formação de vantagem competitiva e capacitando as organizações a agir de forma rápida e efetiva a mudanças ambientais. A atividade de Monitoramento Ambiental é o ponto de partida do processo de formação da Inteligência Competitiva que se refere ao tratamento estratégico das informações coletadas no ambiente e uma ferramenta fundamental da Gestão do Conhecimento. Tais atividades são imprescindíveis, independente do porte da organização ou da atividade por ela exercida. Entretanto, organizações que lidam com a exportação de seus produtos, além de monitorar os elementos do país onde está inserida, necessitam estar informadas sobre as mudanças que ocorrem nos países as quais seus produtos serão destinados. Assim, o monitoramento ambiental para estas empresas tem fundamental importância e exerce total influencia sobre sua competitividade. Dentro deste contexto o presente artigo tem como apresentar o resultado do diagnóstico da prática de monitoramento ambiental em um grupo composto por cinco em empresas do setor têxtil, que exportam seus produtos. A partir deste objetivo pretende-se obter uma melhor compreensão da temática e verificar como tais empresas pesquisadas monitoram o ambiente externo, além da importância que cada uma delas destina a esta importante prática nos dias atuais. 2. Referencial Teórico Nesse tópico serão abordados os principais temas que orientarão a pesquisa. O primeiro abordará o ambiente externo e a busca de informações. Em seguida, tem-se uma breve explanação sobre a prática de monitoramento ambienta. Por último, a respeito de como a atividade de monitoramento pode contribuir para a obtenção de Inteligência Competitiva. 2.1 O ambiente externo e a busca de informações Conhecer o ambiente externo que cerca as organizações e estar informado sobre os eventos e que ocorrem neste ambiente, deixa de ser apenas uma necessidade e passa a ser utilizada como ferramenta de vantagem competitiva. Assim, é através da informação que a organização tem o conhecimento de tudo que ocorre no ambiente externo e por conseqüência adquirem autoconhecimento a respeito de suas reais potencialidades. Nessas condições, as modernas organizações são fundamentadas basicamente em dois aspectos: informação e conhecimento. Tais aspectos são imprescindíveis para as organizações, pois, conforme Drucker (1993), as 2

organizações bem sucedidas trabalham a informação e o conhecimento como um capital de valor estratégico. Segundo Boff (2000), a importância da informação para as organizações é definida pela necessidade de se reduzir as incertezas provenientes do ambiente para a tomada de decisão e solução de problemas, e reduzir equívocos causados pela ambigüidade das informações recebidas, que influenciam a forma como as organizações compreendem o seu ambiente e interpreta os cenários futuros. Considerando a importância da informação no mercado globalizado as organizações têm buscado sistematizar a tarefa de monitorar o ambiente (Sapiro, 1993), ou seja, de estarem informadas. 2.2 A prática de monitoramento ambiental Segundo Aguilar (1967), o monitoramento ambiental trata-se de um processo de coleta de informações a respeito de eventos e acontecimentos e análise das relações da empresa com o seu ambiente externo, que permite a empresa definir o curso de ação que deverá ser executado com base nestas informações extraídas do ambiente. Sapiro (1993) corrobora afirmando que a atividade de monitoramento permite, através de informações, dotar o administrador de uma visão que permitirá a organização se proteger das ameaças ou eventos que possam porventura prejudicar o funcionamento das atividades da organização e favorecer a adaptação da organização ao seu ambiente. Para Carvalho et. al (2001), a atividade de monitoramento é a observação sistemática das varáveis que podem influenciar o desempenho de uma organização. Trata-se de coletar informações que apoiarão o planejamento estratégico, quer seja durante a definição da estratégia ou na implementação dos planos e nas mudanças necessárias para adequar a organização ao ambiente. Com base nos conceitos anteriormente descritos, em suma, pode-se definir o monitoramente ambiental como um meio pelo qual as organizações se interelacionam com o seu ambiente de operação e coletam informações que poderão auxiliar no processo de tomada de decisão focalizando eventos que possam interferir no decorrer das atividades organizacionais, a fim de garantir um bom relacionamento com seus diversos atores. No entanto, para monitorar o ambiente externo é preciso primeiramente compreender sua extensão e complexidade e os elementos a ele integrados. Portanto, a fim de facilitar tal compreensão, Daft et al. (1988) subdivide o ambiente externo conforme os seguintes segmentos: i) cliente: trata-se de indivíduos ou empresas que adquirem produtos ou serviços da organização; ii) concorrência: abrange todas as empresas com as quais se compete no mercado; iii) tecnológico: abrange as tendências relativas ao desenvolvimentos de novos produtos e processos, inovações em tecnologia da informação, entre outros; iv) regulatório: abrange fatores referentes a mercado de capitais, taxas de inflação, balanças comerciais, orçamento público, taxa de jutos, crescimento econômico, dentre outros; e v) sócio-cultural: refere-se a aspectos como tendências demográficas, ética trabalhista, hábitos e valores sociais similares. Entretanto, conforme Vasconcellos (1983), são as características de cada organização como tamanho, autonomia, âmbito de atuação e grau de participação que irão estabelecer o grau de relevância das várias variáveis de cada segmento ambiental. Nessa perspectiva, de acordo com Aguilar (1967), independente da estratégia da organização, todas as empresas mantêm de modo formal ou informal, alguma atividade de monitoração do ambiente, e de alguma forma as organizações estão atentas ao que ocorre no mercado. Em seus estudos, Aguilar (1967) detectou 4 (quatro) formas básicas de monitoramento do ambientes, são elas: a) Observação indireta: uma busca mais despreocupada, não há um 3

comprometimento com os objetivos da organização, ou a sua realidade; b) Observação condicionada: há o entendimento da necessidade de estar atento ao ambiente, mas este é consultado somente para resolver demandas específicas; c) Busca informal: apesar de reconhecer a importância do ambiente, não há nenhum método formal de monitoração; d) Busca formal: o ambiente é reconhecido como elemento-chave para a sobrevivência da organização, portanto é constantemente monitorado, através de ferramentas e métodos formalmente estabelecidos. A forma como cada organização monitora o seu ambiente irá depender do contexto onde cada uma encontra-se inserida e do tipo de informação que se pretender alcançar. Para isso, as organizações buscam fontes de informação sobre variados aspectos do ambiente informacional. Barbosa (2002) classifica as fontes em cinco grandes grupos, a saber: fontes externas, que são clientes, concorrentes, fornecedores, parceiros e associados (banqueiros, advogados, consultores, outro empresários, etc.); fontes documentais externas, os jornais e revistas, publicações governamentais, rádio e televisão, serviços externos de informação eletrônica; outras fontes externas, associações empresariais e entidades de classe, congressos e feiras; fontes pessoais internas, que são os superiores hierárquicos; colegas de mesmo nível hierárquico; subordinados hierárquicos; e por fim, as fontes documentais internas, ou seja, memorandos, circulares, relatórios e outros documentos internos. No caso das empresas que realizam a atividade exportadora, o procedimento de busca através das fontes se torna ainda mais complexo, pois além de monitorar as fontes do país na qual está inserida, ou seja, no seu próprio contexto de atuação, elas precisam monitorar as fontes de informação do país a que se destinam seus produtos, tais como a legislação vigente no país importador, as suas políticas tributárias e econômicas, entre outras. Além disso, as empresas exportadoras precisam adaptar seu produto em conformidade com os requisitos da demanda externa e fixar o preço mais conveniente possível para ambas as partes. Dentre as principais fontes de informação que devem ser adotadas pelas empresas exportadoras para monitorar o ambiente externo, é importante destacar os órgãos oficiais do Governo, os Programas Governamentais de apoio á exportação e os Seminários de Exportação que além de servir como suporte as empresas que já exportam, visualizando possíveis oportunidades ou ameaças do setor, permite auxiliar àquelas que desejam ingressar na atividade e ainda verificar a participação de novos entrantes no mercado ou possíveis concorrentes. 2.3 Do monitoramento ambiental à Inteligência Competitiva Os estudos realizados por Aguilar (1967), indiscutivelmente, trouxeram muitas contribuições para a literatura no que tange a prática de monitoramento ambiental. Posteriormente, o conceito de monitoramento ambiental evolui para uma nova abordagem, mais completa e mais sofisticada, denominada Inteligência Competitiva (IC). Além de obter informações do ambiente externo, a IC preocupa-se com a forma que estas informações serão tratadas até que estejam aptas para serem transmitidas para aqueles que farão parte da tomada de decisão. Segundo a ABRAIC (Associação Brasileira dos Analistas de Inteligência Competitiva), a IC trata-se de um processo informacional pró-ativo que visa descobrir as forças que regem os negócios, reduzir riscos e conduzir o tomador de decisão a agir antecipadamente, bem como proteger o conhecimento gerado. Segundo Valentin et al. (2002) o processo de Inteligência Competitiva (I. C.) tem muita relevância para as organizações que necessitam ser competitivas frente ao mercado 4

consumidor, quer seja regional, nacional ou internacional. A inteligência competitiva (I. C.) é fundamental à organização sob vários aspectos, como por exemplo, para as pessoas desenvolverem suas atividades profissionais, para as unidades de trabalho planejarem suas ações táticas e operacionais, para os setores estratégicos definirem suas estratégias de ação, visando o mercado, a competitividade e a globalização. Dados, informação e conhecimento são os insumos básicos para o processo de I. C (Conforme apresentado na Figura 1). Segundo Davenport e Prusak (1998), dados são simples observações facilmente estruturadas, obtidas por máquinas, freqüentemente quantificáveis e facilmente transferíveis; já as informações são dados dotados de relevância e propósito, requer unidade de análise, exige consenso em relação ao significado e necessariamente exige a mediação humana; por fim, o conhecimento é a informação valiosa da mente humana, que inclui reflexão, síntese e contexto, além disso é de difícil estruturação, transferência e captura em máquinas, e geralmente tácito. Redução de custos Vantagem Competitiva Diferenciação de produtos e processos Figura 1 Elementos da inteligência competitiva Fonte: Adaptado da Battagli (1999) Segundo Battagli (1999), a inteligência competitiva tem seus elementos sustentados pela informação e o conhecimento como objetivo maior de ajudar as organizações a terem uma postura empreendedora, adotando uma estratégia sempre inovadora. Conforme a Figura 1, a Inteligência Competitiva também é um instrumento para obtenção da redução de custos, obtenção de Vantagem Competitiva e abre caminhos para a Diferenciação de produtos e serviços. Nesse sentido, os dados, informações e conhecimento prospectados sobre empresas, produtos, mercados, processos, meio ambiente, tecnologia etc., têm a finalidade de dar maior segurança às estratégias estabelecidas pela organização. E, é por essa razão que, conforme Palop e Vicente Gomila (1999), a atividade de monitoramento é um dos focos da Inteligência Competitiva, visto que, através do monitoramento é possível transformar uma informação bruta em inteligência. Cabe aqui destacar os papéis das Tecnologias de Informação (TI) que apóiam a atividade de monitoramento e o processo de Inteligência Competitiva e do homem que é o pilar responsável pelo conhecimento a ser agregado na captura de informação. A Organização, as Pessoas e as Tecnologias da informação são os três pilares básicos para a gestão do conhecimento. Assim, a gestão do conhecimento depende além do fator humano, da estrutura organizacional propriamente dita e das tecnologias de informação que servirão de interface e intermediarão o acompanhamento e utilização do conhecimento organizacional nas ações 5

estratégicas da empresa, de uma cultura corporativa enraizada favorável à prática da socialização do conhecimento e de um comprometimento com o processo (VALENTIN, 2002). 3.Metodologia A partir do objetivo proposto no artigo, o caminho mais adequado para a condução desta pesquisa é o estudo de caso, com abordagem qualitativa, o qual para Yin (2001) é a estratégia de pesquisa indicada para examinar acontecimentos contemporâneos inseridos em algum contexto da vida real. Neste estudo de caso as organizações estudadas são 5 (cinco) empresas do setor têxtil que exportam produtos para outros países, no Estado de Paraíba. Para preservar a identidade das mesmas serão denominadas de Estudo de Caso e o número a que ela se refere ao questionário avaliado. O método de abordagem utilizado foi o fenomenológico, uma vez que, a compreensão do problema em questão exige a leitura do contexto. Desta forma, segundo Vergara (2002), as principais fontes de dados para o pesquisador serão relatos centrados no cotidiano, estudo de caso, observação e conteúdo de textos para análise. Esta pesquisa, quanto aos fins, apresentou, em termos de métodos de procedimentos, o exploratório, que tem por finalidade proporcionar maiores informações sobre determinado assunto e o descritivo que expõe características de determinada população ou de determinado fenômeno. O estudo contou com revisão bibliográfica para formulação do embasamento teórico e, como instrumento de coleta de dados realizou-se entrevistas com roteiro semi-estruturado aos gestores de cada empresa pesquisada. O tratamento dos dados ocorreu qualitativamente, correlacionando à teoria estudada com as práticas observadas em cada um dos casos. 4.Resultados Obtidos O presente estudo coletou informações a respeito do tema explorado em 5 (cinco) empresas do setor têxtil localizadas no estado da Paraíba. São pequenas, médias e grandes empresas nas quais a prática de exportação de seus produtos se faz presente. A seguir tem-se uma breve descrição de cada uma delas, caracterizando-as através do porte do ano de fundação. Segue também informações a respeito dos profissionais que concederam informações para esta pesquisa. 4.1 Empresas estudadas As empresas onde o estudo de múltiplos casos foi aplicado foram: Estudo de Caso 1 Trata-se de uma empresa que trabalha com o algodão colorido fabricando peças do vestuário, brinquedos e produtos artesanais com esta matéria-prima. Foi fundada em 2003. Trata-se de uma pequena empresa. O respondente foi o diretor da mesma. Estudo de Caso 2 trata-se de uma empresa têxtil de médio porte fundada em 1998. A gerência geral foi responsável por fornecer informações para a pesquisa. Estudo de Caso 3 trata-se de uma empresa têxtil de médio porte fundada em 2002. O Diretor/proprietário foi responsável por fornecer informações para a pesquisa. Estudo de Caso 4 trata-se de uma grande empresa têxtil fundada em 2001. O gerente de exportação foi o respondente da pesquisa. Estudo de Caso 5 trata-se de uma grande indústria têxtil. Fundada em 1998. O respondente da pesquisa foi o gerente da fábrica. 6

4.2 Percentual de exportação sobre o faturamento da empresa Para verificar a representatividade da exportação em cada uma das empresas, o estudo buscou diagnosticar quanto exportações representam sobre o faturamento de cada uma delas. As informações estão no Quadro 1. Conforme o Quadro 1, observa-se que em 2 empresas (E4 e E5), mais de 50% de seu faturamento provém das exportações enquanto nas demais, a exportação representa menos de 50% de seu faturamento. Empresas Percentual do faturamento referente às exportações Empresa 1 20% Empresa 2 5% Empresa 3 40% Empresa 4 80% Empresa 5 60% Quadro 1 Percentual da exportação sobre o faturamento. Cabe destacar que as empresas que apresentaram mais de 50% trata-se de grande empresas e possuem mais anos de atuação no seu setor. 4.3 Uso de Tecnologias de Informação na atividade de monitoramento Na revisão da literatura já foi destacado a importância do uso de Tecnologias da Informação (TI) na prática de monitoramento ambiental. Diante disso, o estudo verificou se as empresas possuíam TI especifica para monitorar o ambiente externo e, se possuía, qual seriam elas. Segundo as informações obtidas, verificou-se que todas as empresas pesquisadas usam TI para monitorar os atores que exercem alguma influencia sobre as atividades organizacionais. As TIs utilizadas pelas empresas são Sistemas Integrados de Engenharia de processos, Sistemas de gestão da qualidade, SAC (Serviço de atendimento ao consumidor), Data Sul, Meta frame XP, SIC (Sistema de Informação Comercial), SRI (Sistema para gestão agrícola), Corpore RM, E-Procurement, SIGEP (Sistemas de gerenciamento da Produção), Sistema de Registro de Dados, SPIDE WEB, Intranet. Algumas empresas não quiseram informar as TI por ela utilizadas, por considerar essa informação como estratégica. 4.4 Intensidade de monitoramento dos elementos ambientais A pesquisa buscou saber a intensidade nas quais os elementos ambientais: Político/Legal, Econômico, Sócio-Cultural, Tecnológico, Clientes e Concorrentes são monitorados pelas empresas. As intensidades foram identificadas nas seguintes escalas : Nenhuma, Pouca, Moderada, Bastante e Muita. Diante disso, foram obtidas as informações apresentadas no Quadro 2. Político Legal Econômico Sócio- Cultural Tecnológico Clientes Concorrentes E1 Nenhuma Nenhuma Bastante Bastante Bastante Pouca E2 Nenhuma Pouca Pouca Pouca Pouca Pouca E3 Nenhuma Moderada Nenhuma Bastante Bastante Pouca E4 Moderada Bastante Moderada Bastante Bastante Moderada 7

E5 Bastante Muita Bastante Moderada Bastante Bastante Quadro 2 Detalhamento da intensidade de monitoramento de cada uma das empresas Conforme o Quadro 2, os elementos mais monitorados em intensidade pelas empresas são os Clientes e as Tecnologias. Os demais elementos variam de empresa para empresa. Entretanto é possível notar que o elemento Político Legal é o elemento monitorado com menor intensidade nas empresas pesquisadas. 4.5 Freqüência em que os elementos do ambiente externo são monitorados Após o diagnóstico da intensidade na qual cada elemento do ambiente é monitorado pelas empresas, realizou-se um diagnóstico a respeito da freqüência nas qual estes mesmos elementos são por elas monitorados. No Quadro 3 estas informações estão apresentadas. Político Legal Econômico Sócio-Cultural Tecnológico Clientes Concorrentes E1 --- --- Mensal Mensal Diária --- E2 --- Mensal Anual Mensal Mensal Mensal E3 --- Mensal --- Semanal Semanal Mensal E4 Mensal Diária Anual Diária Diária Semanal E5 Diária Diária Semanal Mensal Diária Diária Quadro 3 Detalhamento da freqüência de monitoramento de cada uma das empresas Conforme o Quadro 3 observa-se que o elemento Político Legal é o menos monitorado em termo de freqüência pelas empresas. Com maior freqüência destacam-se os elementos Clientes e Concorrentes, respectivamente. O monitoramento dos demais elementos varia de empresa para empresa. 4.6 As Fontes de Informação acessadas pelas empresas No intuito de verificar os tipos de fontes de informação mais acessadas pelas empresas, o presente estudo segmentou as fontes, conforme a literatura em Fontes Externas e Fontes Internas (BARBOSA, 2002). Fontes Internas Clientes; Fornecedores; Consultores Externos; Jornais; Publicação na Mídia (rádio/tv) sobre o setor; Associação Comercial/Industrial; Conferencias/Seminários; Feiras de Negócios; Órgãos Oficiais do Governo; Programas governamentais de apoio à exportação. Fontes Externas Assessores da própria empresa; Pessoas que ocupam cargos de chefias; Reuniões Internas; Base de dados eletrônica da empresa. Os Quadros 4 e 5, a seguir, mostram a quantidade de empresas que monitoram cada uma das fontes de informação especificadas. É possível observar que as empresas buscam mais as fontes externas á organização do que as fontes internas. Fonte Externas Nº de empresas Clientes 2 Fornecedores 2 Consultoria Externa 1 Jornais e revistas 5 Publicação na mídia sobre o setor 5 8

Associação Comercial/Industrial 2 Conferencias/Seminários 2 Feiras de Negócios 2 Órgaos Oficiais do Governo 1 Programas de apoio à exportação 1 Quadro 4 Diagnóstico das fontes de informações externas acessadas Conforme o Quadro 4, observa-se que as publicações em mídias especificas do setor e as manchetes de jornais e revistas parecem ser as mais acessadas pelas empresas da pesquisa. Fontes Intenas Nº de empresas Assessores da própria empresa 2 Pessoas que ocupam cargos de chefia 2 Pessoas não ocupantes de cargos de chefia 1 Reuniões internas 5 Base de dados eletrônica da empresa 1 Quadro 5 Diagnóstico das fontes de informações internas acessadas Conforme o Quadro 5, observa-se que as reuniões internas destacam-se como a fonte interna mais utilizada pela empresas da pesquisa para monitorar os elementos do ambiente externo. 4.7 Acessibilidade às informações Buscou-se identificar com que nível facilidade as empresas adquirem informações do ambiente externo a um custo razoável. O nível de acessibilidade segue a seguinte escala: Nada acessível/ Pouco Acessível/ Moderadamente acessível/ Muito acessível/ Extremamente acessível. Os dados são apresentados no Quadro 5. EMPRESAS Empresa 1 Empresa 2 Empresa 3 Empresa 4 Empresa 5 NÍVEL DE ACESSIBILIDADE Nada acessível Moderadamente acessível Moderadamente acessível Moderadamente acessível Muito acessível Quadro 5 Diagnóstico das fontes de informação mais acessadas pelas empresas da pesquisa Conforme o Quadro 5, observa-se que a maioria das empresas da pesquisa consideram o seu nível de acessibilidade às informações moderadamente acessível. Apenas uma empresa considerou as informações nada acessível e também apenas uma empresa considerou muito acessível a obtenção de informações a um custo razoável. 4.8 Percepção da Incerteza do ambiente externo O estudo procurou investigar a percepção da incerteza do ambiente na qual as empresas da pesquisa estão inseridas. Para o alcance deste propósito, três variáveis foram utilizadas, a saber: 1) rapidez e frequência das mudanças nos elementos do ambiente externo; 2) Variedade e quantidade de eventos ocorridos no ambiente; 3) Impactos dos elementos sobre a rotina da empresa. Os dados são apresentados nos Quadros 6, 7 e 8. 9

- Rapidez e Freqüência das mudanças nos elementos do ambiente externo Conforme o Quadro 6, é possível que, segundo a maioria das empresas da pesquisa, para os elementos Político Legal e Sócio-Cultural as mudanças ocorrem no ambiente externo com pouca rapidez e freqüência. Já para os elementos: Economia e Tecnologia, o oposto é observado, pois as mudanças ocorrentes nesses ambientes são mais rápidas e mais freqüentes. Quanto aos elementos ambientais Clientes e Concorrentes essa rapidez e freqüência, o ponto de vista varia para cada empresa. Político Legal Econômico Sócio-Cultural Tecnológico Clientes Concorrentes E1 Moderada Moderada Moderada Moderada Muita Muita E2 Nenhuma Bastante Nenhuma Bastante Pouca Pouca E3 Nenhuma Bastante Nenhuma Bastante Bastante Moderada E4 Bastante Bastante Pouca Bastante Moderada Pouca E5 Pouca Pouca Pouca Moderada Moderada Pouca Quadro 6 Rapidez e freqüência das mudanças nos elementos do ambiente externo - Variedade e quantidade de eventos ocorridos no ambiente Conforme o Quadro 7, a seguir, de acordo com a pesquisa, para todos os elementos do ambiente abordados, a variedade e a quantidade de eventos que ocorrem nesse ambiente é relativamente alta. Entretanto, o elemento Sócio-Cultural apresenta-se, para a maioria, como um ambiente no qual a variedade e quantidade de eventos ocorridos são menos significativas, enquanto os elementos Político Legal, Econômico, Tecnológico, Clientes e Concorrentes a variedade e a quantidade de eventos ocorridos no ambiente são mais significativas. Não houve como identificar um ponto de vista convergente entre as percepções das empresas especificadas, visto que, as percepções quanto à variedade e a quantidade, variam conforme cada empresa. Político Legal Econômico Sócio-Cultural Tecnológico Clientes Concorrentes E1 Moderada Moderada Moderada Moderada Muita Muita E2 Bastante Bastante Nenhuma Bastante Pouca Pouca E3 Nenhuma Bastante Nenhuma Bastante Bastante Moderada E4 Moderada Moderada Moderada Moderada Moderada Moderada E5 Bastante Bastante Bastante Moderada Muita Muita Quadro 7 Variedade e quantidade de eventos ocorridos no ambiente - Impacto dos elementos sobre a rotina da empresa Conforme os dados apresentados no Quadro 8 a seguir, as empresas divergiram quanto à percepção do impacto dos elementos do ambiente externo sobre a rotina da empresa. Entretanto alguns elementos, tais como a Tecnologia, Clientes e Economia, destacaram-se como os elementos de maior impacto sobre as atividades, visto que a maioria das respostas para estes elementos foram: Bastante impacto e Muito impacto do elemento sobre a rotina da empresa. Político Legal Econômico Sócio-Cultural Tecnológico Clientes Concorrentes E1 Muito Muito Muito Muito Muito Muito 10

E2 Nenhum Moderado Nenhum Moderado Moderado Moderado E3 Nenhum Bastante Nenhum Bastante Bastante Moderada E4 Moderado Muito Moderado Muito Muito Moderado E5 Muito Muito Muito Muito Muito Muito 5. Considerações Finais Quadro 8 Impacto dos elementos sobre a rotina da empresa A partir das informações coletadas junto às empresas é possível realizar algumas inferências sobre a população em estudo. Primeiramente, observou-se que as empresas que possuem um maior percentual do faturamento sobre os produtos exportados tendem a monitorar mais e com maior freqüência os elementos ambientais do que as empresas com menores percentuais. Naquelas que apresentam menores percentuais, o inverso pode ser observado. Segundo, quanto às fontes de informação, devido à facilidade e conveniência, as empresas do estudo buscam mais informações em fontes externas do que nas fontes internas. Cabe destacar que importantes fontes de informação para estas empresas tais como os Órgãos oficiais do Governo e Programas de apoio à exportação pouco são exploradas pelas empresas em estudo. As informações de interesse das mesmas a um custo razoável são relativamente acessíveis. Finalmente, no que se refere às percepções quanto aos fatores: Rapidez e Freqüência das mudanças nos elementos do ambiente externo, Variedade e quantidade de eventos ocorridos e Impacto dos elementos sobre a rotina da empresa não obteve uma padronização, variando de empresa para empresa. Entretanto foi possível observar a forte influência dos elementos Tecnologia e Economia sobre as atividades das empresas em estudo. Diante disto, observa-se que tais empresas necessitam alavancar seus esforços na prática da atividade de monitoramento ambiental, e principalmente buscar informações em fontes mais estratégicas, principalmente aquelas direcionadas à exportação de seus produtos. Necessita-se também de um maior comprometimento, regular e constante na busca de informações, devendo tal prática estar presente na rotina de atividades das empresas. Assim acredita-se que, a atividade de monitoramento ambiental e a busca de Inteligência Competitiva podem colocar as empresas em vantagem competitiva perante a concorrência e ser uma importante ferramenta que estimulará a inovação e a disseminação da Gestão do Conhecimento. Portanto, para as organizações atuais, tais práticas são fundamentais para superar os desafios impostos pelo ambiente incerto e dinâmico no qual estão inseridas. Agradecimentos Os autores agradecem o apoio recebido, para a concretização deste trabalho, do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), entidade governamental brasileira promotora do desenvolvimento científico e tecnológico. Referências ABRAIC Associação Brasileira dos Analistas de Inteligência Competitiva. Acessado em 08 de dezembro de 2010. Disponível em: http://www.abraic.org.br/v2/ AGUILAR, F. J. Scanning the business environment. New York, NY: Macmillan Co, 1967. BARBOSA, R. R. Inteligência empresarial: uma avaliação de fontes de informação sobre o ambiente organizacional externo. Datagrama Zero - Revista de Ciência da informação - v.3 n.6, dezembro de 2002. BATTAGLIA, M. G. B. A inteligência Competitiva modelando o Sistema de Informação de Clientes Finep*. Ci. Inf., Brasília, v. 29, n. 2, p. 200-214, mai./ago. 1999. 11

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