FORMAÇÃO TUTORES CONTEC 1. Os diferentes papéis docentes no EaD Visão Geral Esses novos papéis se aplicam aos professores de maneira geral. Entretanto, tornam-se vitais para o professor na Educação a Distância, uma vez que a realização da aprendizagem se dá pela mediação tecnológica, o que dimensiona de maneira nova e desafiadora o processo de ensino e aprendizagem. Segundo Belloni (2006), a inserção das TICs produziu efeito intenso na organização da EaD, transformando-a em uma estrutura complexa segmentada em múltiplas tarefas. Consequentemente, a função docente sofre um desdobramento característico da EaD. Belloni (2006) identifica três subdivisões da função docente: concepção e realização dos cursos e materiais; planejamento e organização da distribuição dos materiais e da administração acadêmica acompanhamento dos discentes no processo ensino-aprendizagem. Dentro dessas categorias, a autora apresenta sete possíveis funções dos docentes: professorformador, conceptor e realizador de cursos e materiais, professor-pesquisador, professor-tutor, tecnólogo educacional, professor-recurso e monitor. Essa divisão não segue necessariamente uma organização clara ou padronizada, mas dá indícios de caminhos a seguir. Assim, o professor-autor (conceptor e realizador de cursos e materiais) é visto como aquele que elabora os textos, seleciona artigos e publicações para serem utilizados na elaboração do material do curso ou redige, especificamente para o curso, um texto que será utilizado como material. Segundo Torres (2007), é possível também a formação de equipes técnicas especializadas em transformar o texto original do autor em um texto mais apropriado para EaD, mais interativo e atraente. O professor-tutor é aquele responsável pelo acompanhamento dos alunos ao longo do curso (presencial e/ou distância). Cabe a ele a responsabilidade de mediar todo o desenvolvimento do curso, orientar os alunos em seus estudos, esclarecer dúvidas, explicar questões a relativas aos conteúdos abordados e avaliar o desempenho dos alunos em todo o processo (Costa, 2007; Machado; Machado, 2004; Martins, 2003). 2. O trabalho do Tutor em EAD A fim de validarmos a aprendizagem na Educação a Distância, vamos iniciar nossa discussão apresentando os princípios pedagógicos que norteiam o trabalho do tutor, que são os verdadeiros pilares que apoiam esta modalidade de ensino. Estamos nos referindo à autonomia, a dialogicidade e a mediação como princípios que garantem o sucesso de um sistema de orientação acadêmica na modalidade EAD. Princípio da Autonomia Autonomia vem do grego e significava a capacidade de se auto-governar, ou seja, de elaborar os seus preceitos e as suas leis. No contexto da relação pedagógica que se estabelece na EAD, a autonomia é considerada como a capacidade de o sujeito tomar para si sua própria formação, tornando-se autor de seu projeto de vida.
Segundo Preti (2007), não é fácil para o professor, que se coloca como dirigente da formação do seu aluno, tomar para si sua formação, ainda mais que, na Educação a Distância, a figura do professor presencial diretivo não é visível, desaparece, provocando no cursista um sentimento de abandono, de estar só. Ainda para Preti (2007) a autonomia não pode ser encarada como uma qualidade humana dada e pronta. Ela é uma conquista. Princípio da Dialogicidade: Comunicação A função do educador deve ser a de comunicação. A relação dialógica implica numa reciprocidade, num encontro de sujeitos interlocutores que buscam significados através da comunicação que se estabelece. O dialogismo é um dos princípios teóricos fundamentais para se pensar uma prática educativa que não se pretende mais estática, mas que seja de construção e reconstrução permanente. Já não cabe à escola e ao educador meramente a função de transmissão de conhecimento. Para Freire (2002), conhecer não é o ato através do qual um sujeito transformado em objeto recebe dócil e passivamente os conteúdos que o outro lhe impõe. É a dialogicidade do sujeito com o mundo que lhe permite modificar as suas estruturas de pensamento, provocando novas formatações e aplicabilidades do conhecimento na sua práxis educativa. O diálogo implica que as pessoas estejam abertas a novas ideias e supõe a capacidade de escuta. Além disso, o diálogo deve acontecer em um clima de confiança. Na EAD aluno e tutor devem estar em permanente contato. Nessa relação, o processo dialógico permite construir uma pedagogia fundada na ética, no respeito à dignidade e à própria autonomia do educando. O verdadeiro diálogo propicia a construção da individualidade, promove a integração, amplia as relações sociais e gera a aprendizagem. Princípio da Mediação Educação mediada é concebida como participação, orientação, apoio e relacionalidade. A mediação pedagógica tem uma concepção oposta à do sistema tradicional de ensino, baseado na transmissão da informação e no simples cumprimento de tarefas. A função da mediação não é simplesmente passar conteúdo, mas orientar a construção do conhecimento pelo aluno, o que ocorre no momento em que guiamos nossa práxis para uma concepção de educação construtivista/interacionista, ou seja, quando consideramos que todos os atores trazem seus conhecimentos prévios, que se transformam em pontos de partida. Para atuar como mediador, o Tutor deve conhecer a realidade de seus alunos em todas as dimensões (pessoal, social, familiar, escolar etc), oferecendo assim possibilidades permanentes de diálogo com eles. Segundo Freire (2002) aprendemos a escutar, e é escutando que aprendemos a falar com eles. Assim, o educador que escuta aprende a difícil lição de transformar o seu discurso, em uma conversa com seus alunos. Deve ser empático e manter uma atitude de cooperação, que nasce das liberdades que se assumem eticamente, constituindo um caráter formador do espaço pedagógico.
O Tutor tem papel fundamental no que diz respeito ao acompanhamento do percurso do educando, sendo um fiel observador da metodologia que o aluno desenvolve: seu método de estudo, as dificuldades apresentadas, o relacionamento com os colegas e a realização de tarefas. Deve ser o estimulador e, sobretudo, possibilitar o desenvolvimento da capacidade de organização das atividades acadêmicas e da auto-aprendizagem, auxiliando o aluno a assumir uma postura ativa no processo de construção do conhecimento. A mediação pedagógica tornase fundamento-chave no desenvolvimento das ações de todos os envolvidos no processo educacional à distância. Enfim, um professor atuante em EAD deve agir como: Orientador/mediador intelectual é aquele que usa os meios tecnológicos disponíveis para ajudar na escolha das informações mais importantes para o aluno; que procura adaptar essas informações aos seus contextos de vida e ajuda a ampliar o grau de compreensão de tudo e a integrá-lo em novas sínteses. Orientador/mediador emocional mesmo a distância, o professor tem de motivar, estimular, incentivar e organizar os limites, com equilíbrio, credibilidade, autenticidade e empatia. Orientador/mediador gerencial e comunicacional é o principal elo entre o aluno, a instituição e os demais atores envolvidos no processo de ensino e aprendizagem a distância. Planeja constantemente e orienta o aluno para usar as mais variadas formas de comunicação e expressão. Orientador ético como em qualquer processo de ensino e aprendizagem, o professor a distância tem também a importante responsabilidade de conduzir esse processo mediante a adoção de valores e atitudes que contribuam para o desenvolvimento de valores individuais e coletivos numa perspectiva ética e construtiva. 2.1 Competências de um Tutor Algumas competências gerais desejáveis ao tutor: Conhecimento do projeto político-pedagógico do curso e do material didático da disciplina, de forma a dominar o conteúdo específico da área. Acompanhar as atividades discentes conforme o cronograma do curso. Apoiar os discentes em relação aos seus estudos, Orientar os alunos na busca de esclarecimento das suas dúvidas, apontando-lhes alternativas para aprendizagem. Estimular a autoconfiança, a independência na tomada de decisões, a iniciativa e a criatividade para organização da aprendizagem. Trazer a presença humana ao processo de aprendizagem, tornando a EaD um processo menos solitário e mais comunitário, aumentando assim a adesão do estudante ao sistema. Observar critérios éticos que permitam estabelecer uma perspectiva relacional positiva com os alunos e com os demais colegas de trabalho, a fim de estimular a criação de um ambiente que favoreça o processo de ensino e aprendizagem. Disponibilidade para interagir com os alunos, atendendo às consultas dos mesmos, seguindo o modelo de tutoria estabelecido.
2.2. TUTORIA CONTEC Atribuições Específicas A tutoria da Contec é formada pelo Professor Presencial e o Tutor à Distância. Ambos são responsáveis pelo processo de aprendizagem do aluno através das interações, que podem ser presencial e/ou à distância. Veja abaixo as atribuições. 3. Dicas de Comunicação Hoje em dia nos comunicamos cada vez mais através da Internet e email. Assim, torna-se fundamental para garantir a interação na comunicação, a elaboração de textos concisos e bem estruturados que transmitem de forma clara seus objetivos, pontos de vista ou intenções. Segundo professor Izidoro Blikstein, escrever bem é, antes de tudo, escrever de modo claro, conciso e atraente. As pessoas escrevem (e falam!) sem ter consciência do modo como a mensagem foi elaborada. Partem do princípio de que se está claro para mim, está claro para o leitor, o que constitui um trágico engano. A comunicação é essencial na educação a distância e a boa e clara comunicação não é nada fácil. Algumas Dicas : Para que você possa interagir com o aluno de forma eficaz é preciso entender o que ele está questionando e/ou querendo comunicar. Lembre-se que ao comunicar-se você, também, expressa suas ideias, desejos e emoções. Daí que todos os cuidados devem ser tomados para evitar ruído. Antes de tirar conclusões precipitadas ou fazer intervenções, é importante ter o entendimento completo do que a pessoa quer dizer. Crie o hábito da releitura sempre que for enviar uma mensagem, seja por e-mail ou qualquer outro recurso que exija a escrita.
Humor excessivo, sarcasmo e ironia não incentivam os alunos a solucionarem seus problemas. Procure ser sempre específico na sua mensagem. A objetividade e a clareza na comunicação facilitam o entendimento. Em caso de comunicação por telefone com o aluno o tutor deve tomar alguns cuidados: identificar-se de imediato; perguntar como o aluno está mostrando interesse por ele; ser direto e breve ao falar o motivo da ligação; mostrar-se sensível aos problemas do aluno, sendo flexível quanto à solução. Mantenha o foco nas discussões quando estiver com o grupo de alunos. A interação virtual é diferente da interação presencial. É preciso estar atento à forma de comunicar-se, pois muitas vezes a palavra escrita pode ter um outro significado. Antes de tirar conclusões precipitadas ou fazer intervenções, é importante ter o entendimento completo do que a pessoa quer dizer. É importante que você faça uma pausa antes de dar uma resposta, para refletir sobre o que você escreveu. Não responda impulsivamente. Seja gentil em suas postagens. No ambiente virtual, em recursos como: fórum, mensagens e outros que dependam da escrita, ninguém pode ver suas expressões faciais ou ouvir sua voz. Não deixe o aluno sem resposta. Mas, fique atento para respostas como: ok, irei verificar. A comunicação se instalou, mas não significa que o aluno obteve sua resposta. A comunicação é um recurso de orientação e esclarecimentos. Organize-se para que o tempo de resposta seja o mais breve possível. A demora por uma resposta pode caracterizar abandono. Desperte a curiosidade do participante, escrevendo palavras e títulos convidativos. O assunto deve conter em poucas palavras o teor da mensagem. Lembre-se: você é o profissional que interage direto com o estudante e a pessoa que deve ajudá-lo na solução de seus problemas com o curso. Referências: DIAS, Sandra Rodrigues da Silva. Dialógica e a interatividade em educação on-line. In: http://www.abed.org.br/congresso2005/por/pdf/095tcc5.pdf. Acesso em 12/12/2008. FREIRE, Paulo. Pedagogia da Autonomia: Saberes necessários à prática educativa. 23a ed. Paz e Terra. 2002. (Coleção Leitura). RIGONI, Dirce M. de R. G. R. Orientador: reconstruindo a aprendizagem na ead. In: http://www.universiabrasil.net/materia/imprimirjsp?id=9717 PRETI, Oreste. Autonomia do aprendiz na educação a distância: significados e dimensões. In: http://www.nead.ufmt.br/principalphp?area=producao_artigo&tipo_producao=3. Acesso em maio de 2009. Educação Pública: http://www.educacaopublica.rj.gov.br/biblioteca/educacao/0407.html. <Acesso em 18-02-16>.