LÚPUS ERITEMATOSO DERMATOPATIAS IMUNOMEDIADAS SISTÊMICO E DISCÓIDE 27/05/2017. Lúpus Eritematoso Sistêmico. Aspectos Clínicos.

Documentos relacionados
LÚPUS ERITEMATOSO DISCÓIDE EM UM CANINO - RELATO DE CASO 1 DISCOID LUPUS ERYTHEMATOSUS IN A DOG - CASE REPORT

DISQUERATINIZAÇÕES FISIOPATOLOGIA FISIOPATOLOGIA DISQUERATINIZAÇÕES 10/05/2018. Defeitos na queratinização que alteram o aspecto superficial da pele

Hemograma, plaquetas, creatinina, uréia. creatinina, uréia. Lúpus induzido por drogas, gestantes, lactantes e crianças devem ser tratados por médicos

PIODERMITES DE CÃES E GATOS

DOENÇAS AUTO-IMUNES EM GATOS

Líquen plano reticular e erosivo:

Glomerulonefrites Secundárias

PÊNFIGO FOLIÁCEO CANINO RELATO DE CASO

Odontologia Regular. Patologia. MCA concursos - PAIXÃO PELO SEU FUTURO! Patologia Dermatomucosa

RESPONSABILIDADE NA CONDUTA TERAPÊUTICA EM CASOS DE LVC. Dra Liliane Carneiro Diretora do CENP/IEC/MS CRMV/PA Nº 1715

INSIGHTS DE CONHECIMENTO CLÍNICO DERMATOSES IMUNOMEDIADAS PÊNFIGO FOLIÁCEO INTRODUÇÃO 15.1

Profº André Montillo

Patofisiologia do Pênfigo Foliáceo em cães: revisão de literatura

O diagnóstico. cutâneas. Neoplasias Cutâneas 30/06/2010. Neoplasias Epiteliais. Neoplasias Mesenquimais. Neoplasias de Origem Neural

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL FACULDADE DE MEDICINA VETERINÁRIA DISCIPLINA DE ESTÁGIO CURRICULAR EM MEDICINA VETERINÁRIA

CLASSIFICAÇÃO E EPIDEMIOLOGIA DAS DOENÇAS PERIODONTAIS

Lesões e Condições Pré-neoplásicas da Cavidade Oral

CENTRO UNIVERSITÁRIO DE FORMIGA UNIFOR MG CURSO DE MEDICINA VETERINÁRIA MARIÁ MENDES PEREIRA PÊNFIGO: RELATO DE CASO

PÊNFIGO FOLIÁCEO FELINO: RELATO DE CASO

12 PROVA DE CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS MÉDICO DERMATOLOGISTA. A dermatite de contato por sensibilização é uma reação imune do seguinte tipo:

VITILIGO. Dra Thais Veloso

DERMATITES BOLHOSAS AUTO-IMUNES

COMPOSIÇÃO Cada grama de THERASONA Creme contém: Acetato de hidrocortisona...11,2mg

TACROLIMO MONOHIDRATADO

Especificidade das lesões dos membros inferiores

Remissão de dermatopatia atópica em cão adotado

EXAME DE MEDICINA E CIRURGIA DE ANIMAIS DE COMPANHIA. (Junho do 2017) DERMATOLOGIA (Docente responsável: Dr. Pablo Payo)

Classificação das doenças dermatológicas Genodermatoses Doenças sistêmicas envolvendo a pele, doenças degenerativas, doenças causadas por agentes físi

PÊNFIGO FOLIÁCEO EM UM FELINO: RELATO DE CASO RESUMO

UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CIRURGIA DE CABEÇA E PESCOÇO LESÕES CANCERIZÁVEIS DA BOCA

[LINFOMA EPITELIOTRÓPICO]

Resumo. Abstract. Introdução. Ana Cláudia Balda, Mary Otsuka, Nilceo Schwery Michalany, Carlos Eduardo Larsson

Imagem da Semana: Fotografia

DERMATITE ALÉRGICA A PICADA DE PULGA RELATO DE CASO

APRESENTAÇÃO E COMPOSIÇÃO: Creme : Bisnaga com 25 g. Solução Capilar : Frasco com 25 ml.

Espectro clínico. Figura 1 Espectro clínico chikungunya. Infecção. Casos Assintomáticos. Formas. Típicas. Fase Aguda. Fase Subaguda.

Pênfigo foliáceo em felinos - relato de três casos

Pênfigo Foliáceo em Cães

REAÇÕES DE HIPERSENSIBILIDADE. Prof. Dr. Helio José Montassier

Imagem da Semana: Fotografia

Viviane Vinkauskas Geronymo 1, Adriana Tofanin 1, Rogéria Maria Alves de Almeida 2, Andréa Rodrigues Barros 3

Otodetes cynotis ENFERMEDADES PARASITARIAS 1 / 5

DERMATOSES OCUPACIONAIS

ENFERMAGEM DOENÇAS GASTROINTESTINAIS. Parte 2. Profª. Tatiane da Silva Campos

FOLHETO INFORMATIVO: INFORMAÇÃO PARA O UTILIZADOR

ATUAÇÃO FISIOTERAPÊUTICA NO TRATAMENTO DE LUPUS ERITEMATOSO SISTÊMICO

A técnica de coleta para a citologia de pele é determinada pelas características das lesões e suspeita clínica.

ANEMIA EM CÃES E GATOS

SOCIEDADE RELATÓRIO PARA MICOFENOLATO DE MOFETILA E MICOFENOLATO DE SÓDIO PARA TRATAMENTO DA NEFRITE LÚPICA

Gênero Leishmania. século XIX a febre negra ou Kala-azar era temida na Índia. doença semelhante matava crianças no Mediterrâneo

Patogenia, biomarcadores e imunoterapia nas dermatopatias autoimunes em cães e gatos. Uma Revisão

SENADO FEDERAL PROJETO DE LEI DO SENADO Nº 293, DE 2009

Pênfigo foliáceo em um eqüino - NOTA -

ENFERMAGEM EXAMES LABORATORIAIS. Aula 2. Profª. Tatiane da Silva Campos

ÁCIDO FUSÍDICO. Brainfarma Indústria Química e Farmacêutica S.A. Creme Dermatológico 20mg/g

[DEMODICIOSE]

DOENÇAS AUTO-IMUNES MUCOCUTÂNEAS

SOBRE O ALLERDOG SUPLEMENTO E SOLUÇÃO

RESUMO DAS CARACTERÍSTICAS DO MEDICAMENTO

Pênfigo Vegetante: Relato de Caso

Os Efeitos do Lupus Eritematoso Sistêmico no Sistema Urinário de Pequenos Animais

2ª PARTE CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS REUMATOLOGIA

NOME GÊNERO IDADE ENDEREÇO TELEFONE

Síndrome Periódica Associada à Criopirina (CAPS)

Glomerulonefrite pós infecciosa

Reações de Hipersensibilidade

Peculiaridades do Hemograma. Melissa Kayser

Febre recorrente relacionada com NLRP12

Respostas gerais da pela à injuria. Priscyla Taboada

APROVADO EM INFARMED

Ácido Fusídico. Prati-Donaduzzi Creme dermatológico 20 mg/g. Ácido fusídico_bula_paciente

Agente etiológico. Leishmania brasiliensis

Daivobet hidrato de calcipotriol + dipropionato de betametasona ROCHE

Deficiência de mevalonato quinase (MKD) (ou síndrome Hiper-IgD)

DIAGNÓSTICOS DIFERENCIAIS. I. Pápulas Nódulos

Síndrome Periódica Associada à Criopirina (CAPS)

Dia Nacional de Luta contra o Reumatismo

Verutex (ácido fusídico) LEO Pharma LTDA. CREME DERMATOLÓGICO 20 mg/g

Deficiência de mevalonato quinase (MKD) (ou síndrome Hiper-IgD)

LÚPUS ERITEMATOSO SISTÊMICO (LES) UMA REVISÃO 1

VIII - Doenças alérgicas

HOSPITAL PEDIÁTRICO DAVID BERNARDINO

Caio Abner. 3 de Junho de 2009

Daivonex (Calcipotriol) LEO PHARMA LTDA pomada 50 mcg/g

TROMBOCITOPENIA EM ANIMAIS DOMÉSTICOS

LEISHMANIOSE CANINA (continuação...)

Helena Ferreira da Silva, Paula Vaz Marques, Fátima Coelho, Carlos Dias. VII Reunión de Internistas Noveis Sur de Galicia

Consensus Statement on Management of Steroid Sensitive Nephrotic Syndrome

Febre maculosa febre carrapato

APLV - O que é a Alergia à Proteína do Leite de Vaca: características, sinais e sintomas. Dra. Juliana Praça Valente Gastropediatra

Lúpus eritematoso sistêmico com acometimento neurológico grave: Relato de Caso

UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA CENTRO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS CURSO DE BACHARELADO EM MEDICINA VETERINÁRIA

N o 41. Novembro Lúpus Eritematoso Sistêmico (LES) Afinal, o que é lúpus?

Doenças Exantemáticas Agudas (DEAS)

Carteira de VETPRADO. Hospital Veterinário 24h.

TESTES ALÉRGICOS INTRADÉRMICOS COMO AUXÍLIO DO DIAGNÓSTICO DA DERMATITE ATÓPICA CANINA (DAC) Introdução

Outras Anemias: Vamos lá? NAC Núcleo de Aprimoramento científico Hemograma: Interpretação clínica e laboratorial do exame. Jéssica Louise Benelli

Principais Doenças do Sistema Hematológico

Transcrição:

DERMATOPATIAS IMUNOMEDIADAS LÚPUS ERITEMATOSO SISTÊMICO E DISCÓIDE LÚPUS ERITEMATOSO Lúpus Eritematoso Sistêmico Fotossensibilidade Lesão queratinócitos Infiltração linfocitária Produção de auto-anticorpos Deposição de imunocomplexos Desordem auto-imune associada a um grande espectro de auto-anticorpos circulantes contra numerosos constituintes orgânicos, devido a uma hiperatividade dos linfócitos B e a deficiência de células T supressoras. Etiopatogenia Reação de hipersensibilidade do tipo III (deposição de imunecomplexos) Poliartrite Hipertermia Aspectos Clínicos Resposta auto-imune por: Fatores genéticos Fatores ambientais: radiação UV Medicamentos precipitantes ou exacerbadoras Lesões cutâneas: face, orelhas e extremidades distais dos membros desordens vésico-bolhosas cutâneas ou mucocutâneas, hiperqueratose e úlceras dos coxins plantares, piodermites secundárias refratárias e dermatite nasal solar 1

Aspectos Clínicos Diagnóstico pericardite miocardite pleurite polimiosite linfoadenopatia periférica úlceras na cavidade oral distúrbios neurológicos (meningite, mielite ou polineuropatias) HEMOGRAMA: anemia: hemolítica ou arregenerativa, com ou sem teste de Coombs direto positivo trombocitopenia neutropenia EXAME DE URINA TIPO I: proteinúria Pesquisa de células LE positivo em até 50% dos pacientes Polimorfonuclear com uma inclusão hialina volumosa e homogênea (contendo DNA modificado) que desloca o núcleo para a periferia e que adquire cor violeta escura com a coloração May-Grunwald-Giemsa. Pesquisa de anticorpos antinucleares (ANA) positivo em até 90% dos casos de LES ativo Formação de Rosetas rosetas de neutrófilos rodeando a massa de proteína nuclear amorfa Diagnóstico Diferencial seborreia dermatofitose foliculite bacteriana lúpus eritematoso discóide demodiciose hipersensibilidade alimentar escabiose Pênfigo leishmaniose Prednisona: 1 a 3 mg/kg/bid/vo para cães 2 a 2,5 mg/kg/bid/vo para gatos Azatioprina Clorambucil Ciclofosfamida/ Vincristina Cuidado com infecções.. Esplenectomia anemia hemolítica grave ou trombocitopenia 2

Prognóstico Prognóstico imprevisível! Prognóstico - Cães que respondem bem ao tratamento com glicocorticóides bom - Pacientes com doença articular, cutânea ou muscular melhor resposta - Cães com anemia hemolítica e/ou trombocitopenia resposta insatisfatória Morte após 1 ano do diagnóstico > 40% dos animais - causa natural (septicemia, doença renal) - induzida por drogas - eutanásia Lúpus Eritematoso Discóide Dermatite auto-imune, relativamente benigna, confinando-se usualmente à face. ETIOPATOGENIA?? despigmentação liso eritema Aspectos Clínicos descamação do focinho erosão, ulceração e formação de crostas sobre a ponta do focinho prurido e dor variáveis lesões nasais periocular labial palatina Aspectos Clínicos extremidades distais dos membros genitálias RADIAÇÃO UV Diagnóstico História Exame físico Testes de LE e ANA quase sempre negativos Biópsia cutânea Dermatite de interface Degeneração hidrópica Queratinócitos apoptóticos... 3

Diagnóstico Diferencial demodiciose dermatofitose piodermite pênfigo eritematoso pênfigo foliáceo lúpus eritematoso sistêmico leishmaniose Restrição à luz solar intensa Protetores solares tópicos Pimecrolimus / Tacrolimus tópico Glicocorticóides tópicos Vitamina E: 400 a 800 UI/VO/bid, 2 horas antes das refeições efeitos benéficos após 2 meses de uso Prednisona: 1 mg/kg/bid/vo até remissão dos sintomas e manutenção a cada 48 horas ou com tratamento tópico Antibioticoterapia para tratar e previnir infecções bacterianas secundárias: no mínimo por 4 semanas! Ácidos graxos ômega 3/ômega 6 Prognóstico COMPLEXO PÊNFIGO Bom, com tratamento para a vida toda! Pênfigo vulgar Pênfigo foliáceo Pênfigo eritematoso 4

Definição Etiopatogenia Grupo de enfermidades auto-imunes, caracterizadas por desordens cutâneas vésicobolhosas e pustulares da pele e das membranas mucosas. Acantólise intra-epidérmica (separação de pontes intercelulares) vesículas auto-anticorpo anti-glicocálix de queratinócitos Pênfigo vulgar foma mais grave (cav oral, junções mucocutâneas, axilas e virilhas) Aspectos Clínicos - Pênfigo Vulgar Pênfigo foliáceo cabeça, orelhas e patas Pênfigo eritematoso variante benigna do p. foliáceo Início da formação do auto-anticorpo desconhecido?? fatores genéticos uso de medicamentos luz UV desordem vésico-bolhosa, erosiva e ulcerativa erosões e úlceras circundadas por "colaretes" epidérmicos cavidade oral, junções mucocutâneas (lábios, narinas, pálpebras, prepúcio, vulva e ânus) e pele (axilas e virilhas) Aspectos Clínicos - Pênfigo Vulgar Sinal de Nikolsky 90% dos cães possuem lesões na cavidade oral sinal de Nikolsky + prurido e dor variáveis piodermite secundária anorexia, depressão e febre animais severamente afetados O Sinal de Nikolsky ocorre pela pressão com um dedo, ou mesmo com um objeto rombo, em pele perilesional, podendo-se provocar um descolamento de parte ou de toda a epiderme 5

Foliáceo Foliáceo Forma mais comum de pênfigo Conhecido como Fogo Selvagem Dermatite pustular Três formas de pênfigo foliáceo no cão: 1-) pênfigo foliáceo canino espontâneo (Akitas e Chow Chows) cães sem história prévia de dermatopatias ou exposição a drogas 2-) pênfigo foliáceo induzido por fármacos (Labrador e Doberman) 3-) cães com histórico de dermatopatia crônica Foliáceo Foliáceo início das lesões na face posterior envolvimento (hard pad) e virilhas lesões primárias passageiras das patas, coxins plantares eritema, exsudação, crostas, escamas, alopecia e erosões marginadas por colaretes epidérmicos gatos geralmente apresentam lesões no leito ungueal e mamilos Sinal de Nikolsky + prurido e dor variáveis piodermite secundária anorexia, depressão e febre animais severamente afetados Eritematoso forma mais benigna do pênfigo foliáceo dermatite eritematosa, pustular facial animais sadios sob outros aspectos eritema, exsudação, crostas, escamas, alopecia e erosões limitadas por colaretes epidérmicos prurido e dor variáveis Diagnóstico História Exame físico Esfregaço direto a partir de vesículas e pústulas intactas, ou erosões recentes (Técnica de Tzanck): neutrófilos e células acantolíticas Células acantolíticas: células epidérmicas livres nas vesículas 6

Diagnóstico Diagnóstico Diferencial do Pênfigo Vulgar Histopatológico: pústulas subcorneais contendo neutrófilos, células acantolíticas com número variável de eosinófilos Cultura bacteriana: geralmente estéril Lúpus eritematoso sistêmico Erupção medicamentosa Estomatite ulcerativa canina e felina Diagnóstico Diferencial do Pênfigo Foliáceo e Eritematoso - foliculite bacteriana - dermatofitose - demodiciose - seborreia - lúpus eritematoso sistêmico e discóide - farmacodermias - dermatose responsiva ao zinco - leishmaniose Banhos para remoção de crostas Evitar exposição a luz solar Corticosteróides tópicos (PE e PF): betametasona, fluoncinolona bid até resolução (4 a 6 semanas) e depois manutenção esporádica Como alternativa para o uso de corticosteróides: Tacrolimus 0,1% ou Ciclosporina 1 a 2% bid ou tid nas lesões; ou Pimecrolimus (antiinflamatórios) Prednisona: indução = 1 a 3 mg/kg/bid/vo para cães manutenção = 0,5 a 2 mg/kg/vo cada 48 h indução = 2 a 2,5 mg/kg/bid/vo para gatos manutenção = 2,5 a 5 mg/kg/vo cada 2 a 7 dias Ciclofosfamida: 1,5mg/kg/VO cada 48 h indução; 0,75 a 1,5mg/kg/VO/ cada 48h manutenção Azatioprina cães Clorambucil gatos Antibioticoterapia Fotoproteção Vitamina E: 400 a 800 UI/dia Ácidos graxos ômega 3 /ômega 6 7

Prognóstico OBRIGADA Pênfigo vulgar e foliáceo fatais se não forem tratados Pênfigo vulgar pior prognóstico dentro do grupo Pênfigo eritematoso benigno 8