DETERMINAÇÃO DA DISTRIBUIÇÃO DO TEMPO DE RESIDÊNCIA EM PROCESSOS QUÍMICOS ATRAVÉS DO PROCESSAMENTO DIGITAL DE IMAGENS

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Transcrição:

IX Congresso Brasileiro de Engenharia Química - Iniciação Científica 3 a 6 de julho de 211 Maringá, Paraná, Brasil DETERMINAÇÃO DA DISTRIBUIÇÃO DO TEMPO DE RESIDÊNCIA EM PROCESSOS QUÍMICOS ATRAVÉS DO PROCESSAMENTO DIGITAL DE IMAGENS FONSECA 1, G.G.L.; MATIAS 1, J.O.A.; GUT 2, J.A.W. 1 2 Aluno do DEQ/EP/USP Professor do DEQ/EP/USP Dep. de Engenharia Química - Escola Politécnica da Universidade de São Paulo Av. Prof. Luciano Gualberto, trav.3, n.38, 558-1 - São Paulo - SP e-mail: jorgewgut@usp.br RESUMO - Este trabalho visa desenvolver um método offline de medição da distribuição do tempo de residência (DTR) em escoamento de fluidos em processos químicos. O procedimento experimental proposto é constituído da filmagem do escoamento de um fluido em um tubo de retenção após a injeção de um traçador. Além disso, desenvolveu-se um programa em MATLAB que permite traçar as curvas de DTR através da conversão da intensidade da cor do traçador nos frames do filme em valores numéricos. Palavras chave: escoamento, análise colorimétrica, difusão. INTRODUÇÃO A análise da distribuição do tempo de residência (DTR) é uma importante ferramenta no estudo de sistemas de escoamento contínuos. A análise teórica é normalmente baseada na suposição de idealidade do escoamento pistonado, escoamento convectivo ou da mistura perfeita. Nenhuma dessas suposições corresponde ao escoamento real que ocorre na maioria dos casos. O conhecimento do verdadeiro comportamento do fluido é essencial para o dimensionamento de equipamentos, para a avaliação de projetos e para um discernimento mais completo do processo físico (Wolf e Resnick, 1963). Desta forma é necessário desenvolver maneiras de medir a DTR e, utilizando-se dos dados coletados, criar modelos que descrevam os casos não ideais. Esta medição pode ser feita através de diversos métodos de impulso/resposta e estes se encaixam em duas categorias: off-line ou on-line. Em ambos os métodos, um traçador é injetado em um ponto na entrada do equipamento. Nos métodos off-line, o fluido que sai do equipamento é coletado em amostras de volume definido por um certo intervalo de tempo. Posteriormente, a concentração média do traçador nestas amostras é determinada. Já nos métodos on-line, usa-se um sistema de aquisição de dados que analisa continuamente a vazão de saída em tempo real e coleta dados de concentração com dada freqüência de aquisição. Os métodos on-line permitem a obtenção de um número maior de pontos para a curva de DTR e consomem menor tempo para consolidação dos dados (Lee et al., 29). Existem diversos métodos on-line para medição do tempo de residência em um escoamento. Entre eles estão o condutimétrico, onde o traçador é uma solução salina concentrada e mede-se a condutividade elétrica

do fluido (Gutierrez et al., 21) e também o colorimétrico, onde o traçador é uma solução de corante e mede-se a absorbância ou a transmitância do fluido (Lee et al., 29). O objetivo deste trabalho é desenvolver e testar um método colorimétrico para determinação da DTR baseado no processamento digital das imagens que mostram a saída do traçador do equipamento através de um tubo transparente. Revisão Bibliográfica A distribuição do tempo de residência (DTR) é uma aproximação empírica que pode descrever o escoamento em um equipamento (Danckwerts, 1953). Os elementos do fluido seguem rotas de extensões diferentes através do equipamento. A distribuição desses tempos na saída é chamada de função da densidade (de probabilidade) de tempos de residência E(t), que caracteriza a DTR do processo. A maneira mais simples de se obter esta função é pelo método do pulso, onde uma pequena quantidade de um traçador inerte é instantaneamente injetada na entrada do equipamento e sua concentração, C(t), é continuamente registrada na saída. A função de densidade de tempo de residência é então obtida pela Equação 1, onde C é a concentração de fundo do traçador (Levenspiel, 1999). E( t ) C( t ) C Ci = (1) Ci ti C( t ) C dt Além da utilidade de se conhecer a probabilidade de um tempo de residência estar compreendido em um intervalo de tempo definido, também é igualmente importante conhecer a probabilidade de um tempo de residência ser inferior a um dado valor. A função de distribuição cumulativa de tempos de residência F(t) permite obter esta informação, sendo calculada através da integral de E(t), pela Equação 2 (Levenspiel, 1999). t t Ci ti F ( t ) = E( t )dt (2) C t i i No estudo de tempos de residência, o tempo médio de residência é um parâmetro muito importante, pois indica o tempo médio que as moléculas permaneceram no sistema. Este pode ser calculado pela Equação 3 (Levenspiel, 1999). tici ti tm = t.e( t )dt (3) Ci t i Conhecido o tempo de residência médio é conveniente utilizar o tempo adimensional, θ, e a distribuição de tempo de residência correspondente, E(θ), calculados pelas Equações (4) e (5) respectivamente (Levenspiel, 1999; Torres e Oliveira, 1998). t θ = (4) t m ( ) = t E( t) E θ (5) m Finalmente, é possível determinar a dispersão da distribuição em torno do seu valor médio, a variância, cujo valor é calculado pela Equação 6 (Levenspiel, 1999). 2 ( ti tm ).C i. t 2 2 i σ = ( ti tm ).E( t ).dt (6) Ci t i Modelar e prever a DTR para variadas combinações de condições de operação requerem uma vasta gama de informações sobre a distribuição. Medir isto manualmente, pelos métodos tradicionais é trabalhoso e sujeito a erros. Por este motivo, sugere-se neste trabalho um método de análise colorimétrico em que a concentração do traçador é medida da seguinte maneira: o escoamento do fluido de estudo, com um corante injetado, é filmado na saída do equipamento e depois tratado em um programa computacional que analisa a intensidade da cor através do tempo e então determina os pontos da DTR. Teoria da análise colorimétrica Uma cor pode ser descrita em diversos sistemas (RGB, CYMK, L*a*b*, etc.). No sistema de cores de L*a*b*, por exemplo, cada cor é determinada por três coordenadas, L (representando a luminosidade), a* (valores negativos indicam verde, enquanto valores positivos indicam magenta) e b* (valores negativos indicam azul e positivos indicam amarelo). Com essa distinção das cores através das coordenadas, é possível em uma imagem digital separar mais facilmente algumas tonalidades e, posteriormente medir sua intensidade. Para a análise através de processamento digital de imagens, a filmagem do processo tem seus frames separados e todos os pixels, de

alguns frames pré-determinados, são lidos pelo programa e analisados em relação ao valor da cor. Isso permite que a cor do traçador possa ser identificada ao passar por um tubo transparente, fornecendo assim, a curva da concentração em função do tempo. foto e é importante garantir que ela tenha sempre a mesma área em diferentes ensaios. METODOLOGIA EXPERIMENTAL Para a determinação do tempo de residência, foi desenvolvido um método baseado no trabalho de Lee et al. (29) e de Stähle (29). O principal objetivo da análise é desenvolver uma técnica que usa numerosos pontos experimentais para determinar a distribuição do tempo de residência e que pode ser facilmente reproduzida. Para testar a técnica, foi usado um corante azul [Azul de metileno (C.I. 52.15) P.A., fabricante Synth] com concentração de 1% v/v água e o volume injetado foi de,8 ml. Diversas concentrações e volumes de corante foram testados e estes valores foram escolhidos através de um critério simples, a menor concentração que fosse detectável pela câmera e pelos observadores, visando desta maneira alterar o mínimo possível a estrutura do fluido estudado (água) com a adição das moléculas de corante. Caso as mesmas apresentassem mesma facilidade de detecção, o critério utilizado foi o de menor variância em relação ao tempo médio. A concentração relativa do corante foi determinada através da análise do filme gravado por uma câmera digital comum (Sony Cyber-shot DSC-W5) em um tripé estático. Um tubo de vidro foi adaptado à tubulação de saída do equipamento para que fosse possível ver a passagem do traçador em um fluxo de água destilada. A câmera foi posicionada de tal maneira que apenas o tubo de vidro transparente e um fundo branco são capturados na filmagem, Figura 1. A régua foi posicionada na frente do fundo por dois motivos: para estabilizar o foco da câmera e para padronização da relação pixel/centímetro da imagem. Esta padronização é útil, pois se pretende analisar a variação da intensidade da cor do corante (neste caso, azul) em apenas uma região da Figura 1 Frame do filme mostrando a passagem do corante azul pelo tubo. A metodologia experimental foi aplicada para estudar a DTR de água destilada escoando no tubo de retenção do pasteurizador de bancada FT-43 (Armfield) com vazão de operação de 2L/h. Trata-se de um tubo helicoidal com diâmetro interno de 6,6 mm e volume interno de 2 ml, Figura 2. Figura 2 Tubo de retenção usado para o experimento de DTR (sem o isolamento térmico). A metodologia está baseada nas seguintes etapas: Liga-se a bomba e água começa a percorrer o sistema, em seguida, inicia-se procedimento de filmagem; depois de decorridos 5 segundos de captura de imagens o corante é injetado em um ponto prédeterminado a jusante da detecção; o processo é filmado até, por um critério visual, o fluxo de água se tornar incolor.

Este tempo de espera de 5 segundos é necessário para determinar a coloração natural do fundo, sem a presença do traçador. Este valor de fundo deve ser subtraído dos resultados finais de intensidade de cor. Com as filmes obtidos é possível iniciar uma análise dos dados através do MATLAB (Versão R21a, The MathWorks Inc., Natick EUA). Na linguagem de programação foram implementadas duas rotinas de cálculos que visam ajudar no tratamento de dados, a eliminação do ruído proveniente da cauda da função E(t), Equação 1, e também o refinamento da detecção nos instantes de maior concentração de corante. A primeira rotina foi desenvolvida, pois a determinação do tempo de residência no final do processo é afetada pela variância e pela curtose da distribuição (indicador do tamanho da cauda da distribuição) (Torres e Oliveira, 1998). Para minimizar este fenômeno, apenas 99% do total da concentração do traçador são utilizados nos cálculos. Este limite é determinado através da função da distribuição cumulativa de tempos de residência, F(t), Equação 2, onde o tempo correspondente a 99% da concentração total é utilizado como tempo limite para os cálculos, ou seja, a partir deste tempo, todas as concentrações são consideradas como sendo. A segunda rotina, relativa ao refinamento da detecção, consiste basicamente no aumento da amostragem quando as partículas de corante cruzam o detector, neste caso a câmera. Normalmente é analisado pelo programa desenvolvido um quadro a cada segundo de filmagem, porém quando o corante começa a cruzar o detector, esse número é alterado para quatro quadros por segundo. Isto foi implementado para diminuir o tempo computacional, evitando assim analisar quadros que não apresentam detecção de corante, e também para fornecer um maior número de dados para uma análise mais precisa da DTR do processo. RESULTADOS E DISCUSSÃO Após a análise dos frames dos filmes, foram obtidos os seguintes resultados gráficos, Figura 3, para concentração de 1% v/v água de corante e um volume injetado de,8 ml. Logo em seguida, foi subtraído do valor medido da intensidade da cor o que correspondia ao valor da coloração natural do background (que foi obtida nos primeiros 5 segundos de filmagem, isto é, antes da injeção do traçador e foi denominado de valor de referência). Figura 3 Gráfico da Concentração de traçador medida em função do tempo para as condições 1% v/v água,,8 ml. Como o fluido estudado (água destilada) é transparente é importante frisar que quando uma intensidade da cor é medida, ela é a somatória da intensidade da cor do corante diluído e do background. Portanto, conclui-se que essa subtração é necessária para a análise, pois com esse artifício matemático espera-se minimizar a interferência da coloração do fundo na detecção. Caso algum ponto analisado possua valores de intensidade abaixo do valor de referência, têm a intensidade considerada como zero, pois foi considerado que é impossível de se obter uma intensidade negativa, visto que o valor de referência foi fixado como sendo relativo à ausência da coloração do traçador. Para uma melhor comparação dos gráficos experimentais com os teóricos foi calculado o número de Reynolds do processo, caracterizando assim o tipo escoamento no interior do tubo. Para esse cálculo foram utilizadas as propriedades da água à 2 ºC (ρ água = 998 kg/m³, µ água = 1,x1 3 Pa.s) (Bennet,

C.O., 1982) e o diâmetro do tudo e a vazão utilizada nos experimentos (Q = 2 L/h, Φ tubo = 6,6 mm), o valor obtido para o Reynolds foi de 166 que permite afirmar, com uma boa margem de segurança, que o escoamento é laminar (para o escoamento dentro de tubos, considera laminar a faixa de Reynolds de a 21) (Bennet, C.O., 1982). A Equação 7 apresenta a forma teórica para curva E(θ) da DTR do escoamento laminar num tubo reto (Levenspiel, 1999). 1 1 E ( θ) = θ (7) 2θ3 2 A Figura 4 apresenta a curva teórica e a curva obtida através experimentalmente. O resultado está de acordo com o estudo teórico de de Ruthven (1971) sobre escoamento laminar em tubos helicoidais. Em comparação com a curva teórica para escoamento em tubo reto, a DTR de um tubo helicoidal deve ter a curva E mais estreita, alta e com um tempo de residência mínimo maior. Estas diferenças estão associadas às correntes de recirculação que se formam ao longo das curvas. aplicar todas as equações da revisão bibliográfica. Com base nos dados apresentados é possível estimar que este método apresenta boas perspectivas de desenvolvimento. Isso pode ser afirmado observando o comportamento da curva experimental de DTR. Portanto, os primeiros testes mostraram que os objetivos do trabalho foram ser alcançados. Nos próximos passos estão previstos primeiramente a idealização de uma metodologia experimental fixa e reprodutível. Para isso, será preparado um aparato que permita uma luminosidade fixa, sem interferências externas. Logo em seguida serão feitos testes com diversas variações nos parâmetros do processo e posteriormente os dados provenientes destes ensaios serão tratados e comparados com outros obtidos por diferentes métodos, como o condutimétrico (Gutierrez et al., 21). NOMENCLATURA C: concentração de traçador (kg/m 3 ); C : concentração de fundo do traçador (kg/m 3 ); E: função de distribuição de tempo (s -1 ); F: função de distribuição cumulativa de tempos de residência (-); Q: vazão volumétrica no trocador de calor (L/h); Re: Número de Reynolds (-); t m : média do tempo de residência (s). ρ: densidade (kg/m³) Φ: diâmetro interno do tubo (mm) µ : viscosidade (Pa.s) REFERÊNCIAS Figura 4 Comparação entre os resultados experimentais e teóricos. CONCLUSÕES Neste trabalho, o principal objetivo foi desenvolver a linguagem de programação que atendesse às necessidades de identificação da concentração de corante ao longo do tempo de uma maneira satisfatória e trabalhasse com os dados obtidos de maneira que fosse possível BENNET, C.O., MYERS, L.E. (1982) Momentum, Heat and Mass Transfer. McGraw Hill. New York. DANCKWERTS, P. W. (1953), Continuous flow systems: Distribution of residence times. Chemical Engineering Science, 2(1). 1-13. GUTIERREZ, C.G.C.C., DIAS, E.F.T.S., GUT, J.A.W. (21), Residence time distribution in holding tubes using generalized convection model and numerical convolution for non-ideal tracer detection. Journal of Food Engineering, 98, 248-256.

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