Acervo técnico, sua valorização e reconhecimento contábil.



Documentos relacionados
Ciência, Filosofia e Contabilidade

A Perícia contábil e sua importância.

TEORIA DO ESTABELECIMENTO EMPRESARIAL

Fundação de Apoio à Pesquisa e Extensão de Sergipe. Orientações para Processos Licitatórios Gerência Executiva Outubro/2014

LUCRO CESSANTE: CONCEITO

Responsabilidade do Contador ao Registrar Ativos Imobilizados Fictícios. Como as Operações de Arrendamento Mercantil (Leasing)

Situações especiais em relação ao Fundo de Comércio nas Sociedades Simples

Ciência e Tecnologia Contábil

SÍNTESE PROJETO PEDAGÓGICO. Missão. Objetivo Geral. Objetivos Específicos

A narrativa do fundo de comércio e o fluxo de caixa na literatura moderna contábil

CISÃO PARCIAL DE ENTIDADES SEM FINS LUCRATIVOS - ASPECTOS CONTÁBEIS E TRIBUTÁRIOS

Ajustes de Avaliação Patrimonial.

Etapas para a elaboração do Balanço Patrimonial e consequentemente, das Demonstrações Financeiras.

ATRIBUIÇÕES ESPECÍFICAS POR DISCIPLINA / FORMAÇÃO. a) Administração

Aspectos essenciais do labor do perito e dos assistentes na arbitragem

ASSOCIAÇÃO AMIGOS DO MUSEU DE ARTE SACRA DE SÃO PAULO - SAMAS - ORGANIZAÇÃO SOCIAL DE CULTURA REGULAMENTO DE COMPRAS E CONTRATAÇÃO DE SERVIÇOS

experiência Uma excelente alternativa em serviços de auditoria

Perícia contábil em Ação Civil Pública, relativa a ato de improbidade administrativa e enriquecimento sem causa de Servidor Público.

RESULTADOS REDUÇÃO AGILIDADE. para os objetivos empresariais. de custos com melhor performance empresarial. para um mundo de negócios

GRADUAÇÃO CIÊNCIAS CONTÁBEIS DENOMINAÇÃO: CURSO DE GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS CONTÁBEIS

Parecer Consultoria Tributária Segmentos Normas Contábeis ICPC 10 - Interpretação Sobre a Aplicação Inicial ao Ativo Imobilizado

Workshop de Qualificação para a Décima Primeira Rodada de Licitações

Disciplina: PERÍCIA CONTÁBIL

Regulamento para utilização do FATES

Operações de Combinações de Negócios e Ágio

SORRISO: A CAPITAL NACIONAL DO AGRONEGÓCIO

INCORPORAÇÃO, FUSÃO, CISÃO, JOINT- VENTURE O QUE É, QUANDO FAZER, QUANDO NÃO FAZER

Conceito de Contabilidade

Ágio Contábil e Fiscal Aspectos Relevantes e Polêmicos

ARRENDAMENTO MERCANTIL LEASING

R E S O L U Ç Ã O. Artigo 2º - O currículo, ora alterado, será implantado no início do ano letivo de 2001, para os matriculados na 5ª série.

RESOLUÇÃO Nº II - de 2 (dois) a 4 (quatro) anos: PLE = 0,24(APR) + 0,015 (SW); IV - a partir de 6 (seis) anos: PLE = 0,08 (APR) + 0,015 (SW).

PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS DE ASSESSORAMENTO FISCAL, CONTABIL E DEPARTAMENTO PESSOAL.

MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO E CULTURA UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS FACULDADE DE ARQUITETURA E URBANISMO COLEGIADO DO CURSO DE ARQUITETURA E URBANISMO

Este glossário é de natureza específica, não devendo prevalecer entendimentos distintos dos termos

AJUSTE A VALOR PRESENTE.

ACR Consultoria Empresarial

TRABALHOS TÉCNICOS Divisão Jurídica SOCIEDADES SIMPLES E EMPRESARIAS ALGUMAS CONSIDERAÇÕES ATUAIS. Cácito Augusto Advogado

ESCRITÓRIO MODELO DA FACULDADE DO GUARUJÁ.

CPC 15. Combinações de Negócios. Conselho Regional de Contabilidade - CE AUDIT

nas técnicas de trabalho desenvolvidas no âmbito do Controle Interno do Poder Executivo, denominadas de auditoria e fiscalização.

SÓLAZER CLUBE DOS EXECEPCIONAIS - ORGANIZAÇÃO SOCIAL DE ESPORTE CNPJ /

Felipe Pedroso Castelo Branco Cassemiro Martins BALANCED SCORECARD FACULDADE BELO HORIZONTE

Características das Autarquias

Lucro e a sua contabilização, distribuição e responsabilidades

Net Sorocaba Ltda. Laudo de avaliação do patrimônio líquido contábil em 31 de outubro de 2010 para fins de incorporação

FUNDO DE COMÉRCIO ("GOODWILL") Algumas Considerações

Adoção Inicial dos arts. 1º a 70 da Lei /2014. Lei /14 e IN RFB 1.515/14

Portfólio de serviços - 1

DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS COMBINADAS

O Impacto da Lei /07 no encerramento das Demonstrações Contábeis de 2008

DURAÇÃO DO CURSO O Curso de Ciências Contábeis, bacharelado poderá ser integralizado em um período de no mínimo 8 (oito) semestres e no máximo 16

CIÊNCIAS CONTÁBEIS. A importância da profissão contábil para o mundo dos negócios

ROTEIRO DE ESTUDOS DIREITO DO TRABALHO SUJEITOS DA RELAÇÃO DE EMPREGO

Ágio nas Operações Societárias

OBRIGATORIEDADE DA EVIDENCIAÇÃO DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS

SORRISO: A CAPITAL NACIONAL DO AGRONEGÓCIO

O CONTROLE INTERNO E A AUDITORIA INTERNA GOVERNAMENTAL: DIFERENÇAS FUNDAMENTAIS

PROJETO DE LEI Nº, DE 2013

PRINCIPAIS DIFERENÇAS ENTRE A CONTABILIDADE PÚBLICA E A CONTABILIDADE GERAL

PROJETO SETORIAL DO POLO DE TI&C DE SÃO CAETANO DO SUL E REGIÃO TERMO DE REFERÊNCIA

Valores Referenciais de Honorários Contábeis

B O R N 2 A D V I S E ADVANCED CONSULTING

CAMPUS POÇOS DE CALDAS E VARGINHA

Regulamento de Compras :

Avenida Jamaris, 100, 10º e 3º andar, Moema São Paulo SP (11)

Planos de Opções de Compra de Ações Aspectos Tributários

TributAção. Novembro de 2013 Edição Extraordinária. MP 627/13 Regime tributário com o fim do RTT

ASSOCIAÇÃO CULTURAL DE APOIO AO MUSEU CASA DE PORTINARI ORGANIZAÇÃO SOCIAL DE CULTURA REGULAMENTO DE COMPRAS E CONTRATAÇÃO DE SERVIÇOS E LOCAÇÕES

PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO. Registro: ACÓRDÃO

Nota Técnica n. 001/2015/GECOG Vitória, 13 de janeiro de Registro de Passivos sem Suporte Orçamentário.

Reavaliação: a adoção do valor de mercado ou de consenso entre as partes para bens do ativo, quando esse for superior ao valor líquido contábil.

Anexo III Contratações de Serviços de Consultoria (Pessoa Física e Jurídica)

ANEXO ÚNICO RESOLUÇÃO CRM-SC N 166, DE 16/8/2015 DESCRIÇÃO DAS ATRIBUIÇÕES E REQUISITOS PARA A OCUPAÇÃO DO CARGO DE CONTADOR

PODER EXECUTIVO ANEXO I ATRIBUIÇÕES DO CARGO DE ESPECIALISTA EM POLÍTICAS PÚBLICAS E GESTÃO GOVERNAMENTAL

Parecer Consultoria Tributária Segmentos Demonstrações Contábeis por Tipo e Tamanho de Empresa e Reflexos na Escrituração Contábil Digital (ECD)

Teoria da Contabilidade. Prof. Joaquim Mario de Paula Pinto Junior 1

1 Questão 213 Participações societárias obrigatoriedade de elaboração de demonstrações contábeis consolidadas

DIAGNÓSTICOS DA AMÉRICA S.A. 4ª. EMISSÃO PÚBLICA DE DEBÊNTURES RELATÓRIO ANUAL DO AGENTE FIDUCIÁRIO EXERCÍCIO DE 2014

DIRETORIA DE ADMINISTRAÇÃO - DAD COORDENAÇÃO GERAL DE ADMINISTRAÇÃO E FINANÇAS CGADM COORDENAÇÃO DE INFRAESTRUTURA COINF SERVIÇO DE LICITAÇÃO - SELIC

Aula Nº 2 Empresa - O Empresário

UM CONCEITO FUNDAMENTAL: PATRIMÔNIO LÍQUIDO FINANCEIRO. Prof. Alvaro Guimarães de Oliveira Rio, 07/09/2014.

PÓS-GRADUAÇÃO CAIRU O QUE VOCÊ PRECISA SABER: Por que fazer uma pós-graduação?

Gestão do Conhecimento A Chave para o Sucesso Empresarial. José Renato Sátiro Santiago Jr.

INTRODUÇÃO À ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA 1.1

Ementa: Tabela Referencial de Honorários do Serviço Social. O Conselho Federal de Serviço Social no uso de suas atribuições legais e regimentais;

2ª edição Ampliada e Revisada. Capítulo 4 Demonstrações Financeiras

REORGANIZAÇÃO SOCIETÁRIA

NOTAS EXPLICATIVAS ÀS DEMONTRAÇÕES CONTÁBEIS FINDAS EM 31 DE DEZEMBRO DE 2013

INSTRUÇÃO CONJUNTA Nº 1, DE 18 DE DEZEMBRO DE 2008

Con o s n e s l e h l o h o p a p r a a a v o v c o ê c ê s e s r e um u m p r p ofi o s fi s s i s o i n o a n l a

INDICADORES FINANCEIROS NA TOMADA DE DECISÕES GERENCIAIS

POLÍTICA DE SUSTENTABILIDADE E RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL

1 - Por que a empresa precisa organizar e manter sua contabilidade?

PLANO DE TRABALHO DOCENTE 1º Semestre/2015. Ensino Técnico. Eixo tecnológico: Gestão e Negócios C. H. Semanal: 10

CONTABILIDADE E GESTÃO DE CONTROLE DE ESTOQUE NA EMPRESA

PARECER JURÍDICO. Ref.: Banco de Preços; Ferramenta Singular de Busca de Informações; Inexigibilidade de Licitação.

GERÊNCIA EXECUTIVA DO INSS EM MACEIÓ CONSELHO DE PREVIDÊNCIA SOCIAL RECOMENDAÇÃO Nº 02, DE 02 DE MARÇO DE 2005

A RELEVÂNCIA DA EVIDENCIAÇÃO DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO DECORRENTE DE ADIÇÕES INTERTEMPORAIS E DE PREJUÍZO FISCAL NAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS

Transcrição:

Acervo técnico, sua valorização e reconhecimento contábil. Prof. MSc. Wilson Alberto Zappa Hoog i Resumo: Apresentamos uma breve análise sobre a valorização importância, reconhecimento e mensuração dos acervos técnicos, para fins de demonstrar a realidade patrimonial, no que diz respeito à qualificação econômica e financeira, além de atender aos dispositivos contidos no 1 do art. 30 da Lei 8.666 de 21/06/93, (Lei de Licitações). Existe a necessidade de se escriturar no balanço patrimonial, especificamente no patrimônio líquido, os valores relativos ao acervo técnico, pois este diz respeito à qualificação econômico-financeira. Consideramos nessa abordagem que todos os acervos técnicos devem compor o fundo de comércio em decorrência da sua utilidade para o exercício da empresa, e devem ser avaliadas pela métrica contabilística adequada, a sua mensuração, ou seja: pelo método holístico. 1

Palavras-chave: Acervo técnico, licitações, balanço patrimonial, teoria pura da contabilidade; fundo de comércio; método holístico; laudo de avaliação de acervo técnico; ativo intangível. Desenvolvimento. Os acervos técnicos representam uma configuração de bens intangíveis. São os documentos que comprovam toda a experiência adquirida por uma célula social ao longo do exercício de sua atividade. Visa, entre vários fatores, demonstrar a realidade patrimonial, atender aos dispositivos contidos no 1 do art. 30 da Lei 8.666, de 21/06/93, (Lei de Licitações). A transferência de acervos técnicos entre sociedades empresárias ocorre mediante contrato de transferência de tecnologia ou assistência técnica, ou em operações de trespasse do estabelecimento empresarial; pode ser também em operações societárias, tais como: fusão, cisão ou incorporação. Não serão aceitas as inclusões no acervo técnico, de atividades que sejam condizentes com o objeto social das células sociais. Ressaltamos que o acervo técnico refere-se sempre às atividades realizadas e que estejam discriminadas com as 2

respectivas características científicas e técnicas. Um relatório do acervo técnico deve conter os trabalhos realizados, a produção de bens ou de serviços, livros e artigos e outros materiais, e, em caso de serviços de engenharia; temos as ARTs registradas no CREA. Em outros serviços, temos os contratos de prestação de serviço já liquidados, que tem como principal objetivo, dar suporte ao processo técnicoadministrativo de uma pessoa jurídica. O acervo técnico contempla também os programas de educação continuada de técnicos, e o domínio de tecnologias de ponta ou conhecimentos avançados sobre algumas das formas de conhecimento humano, tais como: a medicina, a física, a biologia, o direito, a contabilidade e os vários ramos da engenharia. Os acervos técnicos estão entre os ativos mais importantes de uma célula social, por serem fundamentais no exercício da empresa. A sua ausência implica a impossibilidade de se habilitar a uma licitação: vide inciso II, do art. 27, da Lei 8.666/93. Cabe esclarecer que à luz da teoria pura da contabilidade, para efeitos do inciso III do referido artigo, temos a necessidade de escriturar tal ativo no balanço patrimonial, especificamente no patrimônio líquido, pois este diz respeito à qualificação econômico-financeira, logo, presente na fase do procedimento licitatório, a ser 3

aferido nos moldes do art. 27 da referida lei. Estes acervos técnicos inclusos no Balanço Patrimonial se fazem necessários para fins de se ter a revelação da verdade formal sobre a qualificação econômico-financeira. A apresentação de acervo técnico, com conteúdo falso, é motivo suficiente para a declaração de inidoneidade de um licitante, uma vez que o conteúdo falso caracteriza uma ilicitude. Todos os acervos técnicos compõem o fundo de comércio em decorrência da sua utilidade para o exercício da empresa e devem ser avaliados, pela métrica contabilística adequada, pela mensuração do fundo de comércio, ou seja: pelo método holístico 1. O acervo técnico e sua escrituração são tão vitais que a contratação de serviços técnicos de natureza singular, com profissionais ou empresas de notória especialização, torna inexigível a licitação, nos termos do art. 25 da Lei 8.666/93, para fins de licitação, sendo necessário, apenas que se prove tal fato e se faça a distinção entre os serviços técnicos 1 Método holístico, informações sobre a mensuração monetária do fundo de comércio, via método holístico, pode ser obtido em nossa obra: Fundo de Comércio Goodwill em: - Apuração de Haveres - Balanço Patrimonial - Dano Emergente - Lucro Cessante- Locação Não Residencial Editora Juruá 2009. À venda no sítio eletrônico da COAD menu: livraria http://www.livrariacoad.com.br 4

profissionais generalizados e os serviços técnicos profissionais especializados, onde se incluem nesta casta os serviços relativos a: estudos técnicos, planejamentos e projetos básicos ou executivos; pareceres, perícias e avaliações em geral; assessorias ou consultorias técnicas e auditorias financeiras ou tributárias; fiscalização, supervisão ou gerenciamento de obras ou serviços; patrocínio ou defesa de causas judiciais ou administrativas; treinamento e aperfeiçoamento de pessoal; e as restauração de obras de arte e bens de valor histórico, pois ao se referir à notória especialização, no bojo do 1º do art. 25, temos o reconhecimento público da alta capacidade técnica, decorrente de desempenho anterior, estudos, experiências, publicações, organização, aparelhamento, equipe técnica, ou de outros requisitos relacionados com suas atividades, que permita concluir que o seu trabalho é essencial e, indiscutivelmente, o mais adequado à situação real. Naturalmente não estamos falando da natureza dos serviços que não estejam marcados pela singularidade ou notória especialização. Pois, os trabalhos rotineiros que configuram a temática de domínio comum, não representam um acervo técnico, para fins da dispensa de licitação. Isto posto, a notoriedade profissional está além da habilitação profissional em um Conselho Federal representativo de uma categoria, por ser a proclamação da fama consagradora do profissional 5

ou da pessoa jurídica, no campo de sua especialidade, ou seja: é o indiscutível e notório valor do acervo técnico na sua especialidade. Logo, este intangível que compõe o fundo de comércio, deve estar presente no balanço patrimonial. O art. 31 da Lei 8.666/93 determina que na documentação relativa à qualificação econômico-financeira, incluem-se o balanço patrimonial e as demonstrações contábeis do último exercício social, portanto, nele deve estar inclusa a avaliação monetária do acervo técnico. O 1º do referido artigo determina que A exigência de índices limitarse-á à demonstração da capacidade financeira do licitante com vistas aos compromissos que terá que assumir caso lhe seja adjudicado o contrato, vedada a exigência de valores mínimos de faturamento anterior, índices de rentabilidade ou lucratividade. É deveras importante que se possa realizar o enquadramento deste acervo técnico nas demonstrações contábeis como um ativo intangível, aviamento/fundo de comércio, para que estas situações específicas sejam reveladas e surjam para atender às necessidades dos fornecedores de créditos e dos investidores, além das hipóteses previstas legalmente, inclusive a do balanço patrimonial contida no CC/2002, art. 1.188. Assim, o balanço patrimonial deverá exprimir, com fidelidade e clareza, a 6

situação real da empresa e, atendidas as peculiaridades desta, bem como, as disposições das leis especiais 2, indicará distintamente, o ativo e o passivo, portanto, deve o balanço indicar o ativo fundo de comércio, formado pelo acervo técnico, destinado à exploração da atividade. Sua base é um laudo de avaliação feito por perito em contabilidade, para a mensuração monetária de sua utilidade econômica. A teoria pura da contabilidade identifica alguns requisitos básicos para que se efetue o reconhecimento contábil de um acervo técnico, como elemento do fundo de comércio, pelo método holístico, conforme segue: 1) A posse 3 do acervo técnico, com uma relação de imediatidade de seu uso; 2) O valor de utilidade do acervo técnico para o exercício da empresa; 2 Por disposições especiais, entendemos que se inclui o art. 31 da Lei 8.666/93, logo, os acervos técnicos necessários à prestação de serviços que envolvem as licitações e contratos da administração pública. 3 Posse de um bem - para a caracterização de posse de um bem são necessários dois elementos essenciais: uma coisa (corpus elemento material ou incorpóreo) e uma vontade (animus intenção de usar a coisa para com intenção de obter benefícios econômicos sociais ou financeiros, tal como proprietário fosse). É o nexo causal estabelecido entre a pessoa e a coisa pelo fim de sua utilização. Em decorrência disso, são tidos como possuidores de fato o locatário, o arrendatário, o comodatário, o depositário, o mandatário, enfim, todos os que por contrato, inclusive os de leasing, e os mercantis não financeiros, tiverem o poder sobre determinados bens. A relevância para a contabilidade, do conceito de posse é a destinação econômica do bem. Pois, se considera possuidor de uma posse a pessoa que tem poder fático de ingerência econômica, absoluto ou relativo, direto ou indireto, sobre determinado bem. Sendo que este poder se manifestar através da possibilidade do exercício inerente à propriedade. Tem a posse direta ou indireta da coisa, aquele que não é o dono dela, mas exerce uma das faculdades inerentes a propriedade. 7

3) O nexo causativo entre: a condição (elementos do estabelecimento empresarial, nele incluso o acervo técnico); a causa (os negócios jurídicos); e o efeito (o lucro superior à remuneração mínima de 6% do ativo operacional). E por derradeiro, o foco da teoria pura da contabilidade, abordada neste artigo, teve por finalidade oferecer uma contribuição a um melhor desenvolvimento doutrinário contábil, para que se possa realizar o enquadramento desse acervo técnico nas demonstrações contábeis, como um ativo intangível aviamento/fundo de comércio, para que estas situações específicas sejam reveladas e surjam os efeitos desejados junto aos utentes, ou seja: a informação está baseada na verdade real, da situação patrimonial. i Wilson Alberto Zappa Hoog, www.zappahoog.com.br; bacharel em ciências contábeis, mestre em direito, perito-contador; auditor, consultor empresarial, palestrante, especialista em avaliação de sociedades empresárias, escritor e pesquisador de matéria contábil, professor doutrinador de perícia contábil, direito contábil e de empresas em cursos de pós-graduação de várias instituições de ensino. 8