RELATÓRIO DA PESQUISA ONLINE - BRASIL: Hábitos de Navegação na Internet: será que nossos alunos e educadores navegam com segurança na Internet?



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Transcrição:

RELATÓRIO DA PESQUISA ONLINE - BRASIL: Hábitos de Navegação na Internet: será que nossos alunos e educadores navegam com segurança na Internet? REALIZAÇÃO: SaferNet Brasil APOIO: Ministério Público Federal Secretarias Municipais de Educação Secretarias Estaduais de Educação

Apresentação A SaferNet Brasil é uma associação civil de direito privado, com atuação nacional, sem fins lucrativos ou econômicos, sem vinculação político partidária, religiosa ou racial. Fundada em 20 de dezembro de 2005 por um grupo de cientistas da computação, professores, pesquisadores e bacharéis em Direito, a organização surgiu para materializar ações concebidas ao longo de 2004 e 2005, quando os fundadores desenvolveram pesquisas e projetos sociais voltados para o combate à pornografia infantil na Internet brasileira. Naquela época, era urgente a necessidade de oferecer uma resposta eficiente, consistente e permanente no Brasil para os graves problemas relacionados ao uso indevido da Internet para a prática de crimes e violações contra os Direitos Humanos. Aliciamento, produção e difusão em larga escala de imagens de abuso sexual de crianças e adolescentes, racismo, neonazismo, intolerância religiosa, homofobia, apologia e incitação a crimes contra a vida e maus tratos contra animais já eram crimes cibernéticos atentatórios aos Direitos Humanos presentes na rede. A SaferNet Brasil vem trabalhando para se consolidar como entidade de referência nacional no enfrentamento aos crimes e violações aos Direitos Humanos na Internet, e tem se fortalecido institucionalmente no plano nacional e internacional pela capacidade de mobilização e articulação, produção de conteúdos e tecnologias de enfrentamento aos crimes cibernéticos. Desde o primeiro ano de atividades tem cooperado com diferentes instituições públicas através de acordos de cooperação como os firmados com os Ministérios Públicos Federais e Ministérios Públicos Estaduais. Por meio do diálogo permanente, a SaferNet Brasil conduz as ações em busca de soluções compartilhadas com os diversos atores da Sociedade Civil, da Indústria de Internet, dos Governos, dos Ministérios Públicos, do Congresso e das Autoridades Policiais. Nosso ideal é contribuir para transformar a Internet em um ambiente de relações sociais éticas e responsáveis, que permita às crianças, jovens e adultos criarem, desenvolverem e ampliarem relações e exercerem a plena cidadania com segurança e dignidade. O primeiro projeto da SaferNet, a Central Nacional de Denúncias de Crimes Cibernéticos, foi criado para contribuir de forma pragmática com a promoção dos Direitos Humanos na Internet, recebendo e encaminhando denúncias dos usuários. Como empenho adicional, a SaferNet desenvolve também ações nas áreas de educação e prevenção contra os perigos na web. O primeiro passo foi a realização, no segundo semestre de 2008, de uma pesquisa nacional inédita com crianças, jovens e pais de internautas sobre Hábitos de Navegação e Segurança na Internet. Na área de Prevenção do Portal da SaferNet na Internet disponibilizamos uma Cartilha com dicas de segurança e proteção, Glossários com termos indispensáveis para entender os perigos na rede, Guia de Netiqueta com orientações sobre boas maneiras nas relações virtuais e noções básicas de Direitos Humanos na Internet. A SaferNet oferece também palestras, oficinas e cursos para alunos, pais, educadores e monitores de Infocentros/Lan Houses interessados em conhecer mais sobre como proteger os direitos das crianças e adolescentes, bem como promover os Direitos Humanos e a cidadania no ciberespaço. Para tirar dúvidas, os internautas podem entrar em contato pelo canal de orientação por e-mail. Usando a Internet com respeito e educação, podemos garantir que a rede continue sendo um espaço público livre e aberto para todos se expressarem, interagirem e se informarem no mundo globalizado.

Introdução No ano de 2009, em cooperação o Ministério Público Federal e com o o Ministério Público Estadual em mais de 8 estados, a SaferNet realizou pesquisas sobre Hábitos de Navegação com educadores e alunos. A pesquisa foi amplamente divulgada através dos trabalhos de orientação e prevenção dos Ministérios Públicos e das Secretarias de Educação engajadas. O objetivo desta pesquisa foi identificar os principais hábitos e vulnerabilidades de crianças e adolescentes quando estão online. A pesquisa também procurou identificar qual é o grau de informação e engajamento dos educadores em relação aos perigos online, bem como conhecer que tipo de atividades pedagógicas estão sendo desenvolvidas para estimular o uso seguro e responsável da Internet. Os resultados da pesquisa nacional realizada pela SaferNet em 2008 com adolescentes e pais revelou um cenário até então desconhecido sobre a relação dos jovens brasileiros com a rede, sobretudo, no que diz respeito aos riscos de um uso desorientado. Os dados desta pesquisa de 2009 reforçam a importância de mantermos os estudos atualizados e ampliados em diferentes regiões do país, destacando as singularidades locais no que diz respeito aos riscos e medidas eficazes de proteção. Por essa razão, a SaferNet assumiu o compromisso de, periodicamente, cooperar com o Ministério Público Federal e com o Ministério Público Estadual, para realizar novas pesquisas e subsidiar ações educativas que orientem os internautas e ajudem a promover o uso ético e responsável da Internet no Brasil. Além destas pesquisas, a SaferNet e o Ministérios Públicos estão trabalhando para viabilizar as oficinas de promoção do uso seguro das TIC para formar educadores e distribuir materiais pedagógicos especialmente desenvolvidos para estimular debates sobre o uso ético das tecnologias nas salas de aula. O uso da Internet no Brasil já atingiu mais de 45% da população brasileira (pesquisa TIC Domicílios CGI 2009). Entre a população com idades entre 10 e 15 anos o percentual de usuários sobe para 68%, chegando a 78% entre os jovens de 16 a 24 anos de idade. A utilização da Internet está sendo rapidamente incorporada aos hábitos dos brasileiros e configura uma nova geração multimídia on-line, habituada ao uso constante e prolongado de diferentes tecnologias de comunicação desde a tenra infância. A Internet oferece ricas oportunidades para o desenvolvimento de habilidades cognitivas, de comunicação e socialização para nossas crianças e jovens, e seu uso pode e deve ser estimulado quando orientado para ser ético e responsável. Como outros espaços

públicos, a Internet requer cuidados para proteger as crianças e adolescentes dos riscos imanentes. Preocupados em manter o destaque na proteção e promoção dos Direitos Humanos na Internet, idealizamos estas pesquisas para criar indicadores de segurança também no que diz respeito a segurança na Internet, levando em consideração o respeito à liberdade de expressão, às diversidades e aos diretos fundamentais, especialmente aqueles previstos pelo Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA). Nesta primeira etapa, realizamos a pesquisa para conhecer mais detalhes sobre o que significa segurança na Internet, tanto para as crianças e jovens desta geração multimídia on-line quanto para os seus educadores. Indagamos, por exemplo: Como as crianças e adolescentes internautas encaram os perigos do aliciamento on-line, do Ciberbullying e dos encontros presenciais com estranhos? Como eles encaram as medidas de segurança adotadas pelos educadores para protegê-los? Qual a distância entre as habilidades dos educadores e dos alunos no que diz respeito ao uso da Internet? O que significa a Internet para esta nova geração? Que tipo de conteúdo estão publicando online e quais riscos consideram quando o fazem? Estas são algumas das perguntas que compuseram esta pesquisa realizada no segundo semestre de 2009 com amostras de alunos e educadores nos Estados do Rio de Janeiro, Paraíba, Pará, Maranhão e São Paulo. Foram aplicados dois formulários de pesquisa on-line: um para os educadores e um para os alunos. Abaixo, seguem os resultados para cada um dos grupos da pesquisa

PESQUISA COM EDUCADORES Amostra da Pesquisa Esta pesquisa foi realizada com 2525 alunos e 966 educadores das redes pública e particular, através de formulário online disponibilizado no no site www.safernet.org.br/no segundo semestre de 2009. Em algumas questões há um número inferior de respostas devido à respostas incompletas ou inválidas. Em cada gráfico apresentamos os valores específicos para cada questão. Dentre os participantes houve relativo equilíbrio de gênero, com leve destaque para as meninas: 17% do gênero masculino 83% do gênero feminino Entre os educadores, 36% têm entre 45 e 59 anos e 34% entre 35 e 44 anos de idade. 41% fez ou está cursando Especialização e apenas 8% não tem graduação. 69% dos respondentes lecionam principalmente no Ensino Fundamental. Hábitos de Uso da Internet Antes de indagar sobre os principais trabalhos realizados e desafios enfrentados

pelos educadores no que diz respeito ao tema Segurança na Internet, buscamos compreender quais são os principais hábitos de uso. Quais locais, que tipo de serviços são usados, para quais fins e que tipo de habilidades são mais desenvolvidas, permitindo comparações com o grupo de alunos. Uma das características de uso que influencia diretamente os hábitos é o local onde se encontra o computador utilizado com maior frequência. No caso dos educadores, os dois principais locais de acesso á Internet são a escola (71,22%) e o computador no próprio quarto (58%). Já em relação à intensidade de uso fica evidente que os educadores participantes estão bastante conectados pois 70,7% usa a Internet todos os dias e apenas 1,2% não usa a Internet com frequência.

As atividades preferidas nestas horas diárias diante da Internet são lideradas pelas pesquisas / estudos (86%), uso do email (78%) e busca por atualidades (59%), diferentemente dos alunos que preferem os Sites de Relacionamento (71%). O fato de os educadores usarem a Internet principalmente da própria escola pode inibir o uso para diversão e comunicação que também é feito, provavelmente de outro espaço já que 36% deles possuem Blog e 80% usa algum site de relacionamento.

Outro dado que indica um importante uso da Internet para diversão e comunicação é a quantidade de amigos virtuais que os educadores possuem. Dentre os participantes, 45% possui ao menos um amigo que conheceu pela Internet e 21,58% possui mais de 10 amigos virtuais. Aprender a usar a Internet antes dos 18 anos é uma realidade de apenas 15% dos educadores, 45% aprendeu a usar entre os 19 e 34 anos de idade. No entanto,

para 41% dos educadores a Internet só foi descoberta após os 35 anos de idade, situação compreensível pela idade da própria Internet. 38% dos educadores aprenderam sozinhos e 22% com filhos ou parentes em casa. Destaca-se o pequeno número de educadores que aprenderam em treinamentos na escola (7.6%). Contudo, 34% dos educadores se consideram habilidosos e 13% muito habilidosos no uso da Internet e apenas 6% iniciante.

Riscos e Vulnerabilidades Quando indagados sobre a segurança na Internet, 37,3% dos educadores nunca se sente seguro online e 53% afirma se sentir seguro na maior parte do tempo, sempre buscando se proteger. Dentre os maiores riscos identificados os 3 principais são: Ter os dados / perfil roubados ou clonados online (84%) Sofrer golpes financeiros ou ser vítima de fraudes (78%) Encontrar conteúdos violentos e/ou criminosos (55%) Ainda no âmbito dos riscos, 32% teme ser difamado pela Internet por alunos e/ou colegas de trabalho. 9% teme ser ameaçada presencialmente por um dos amigos virtuais que esteja mal intencionado. Quando indagados sofre os 3 principais riscos online para seus alunos, os educadores apontam:

Os conteúdos de apologia à violência e/ou criminosos e a pornografia ainda são as maiores preocupações dos educadores em relação aos alunos, muito mais intensas do que as preocupações com o risco de Ciberbulling (31%). Apenas para 16% o maior risco é de os alunos sofrerem ameça presencial de um dos amigos virtuais. Em relação às experiências do próprio educador, 28% já receberam conteúdos de pornografia e 14% já sofreu algum tipo de humilhação ou difamação online. Surpreende positivamente saber que 47,31% dos educadores nunca vivenciaram nenhuma destas situações. Entre os participantes da pesquisa, 26% diz conhecer casos de ciberbullying em sua escola e apenas 6% afirmam ter tido conhecimento de algum caso de aluno da escola que foi aliciado sexualmente pela Internet. Um aspecto importante de proteção é manter o sigilo das informações pessoais também na Internet. No entanto, podemos perceber no gráfico abaixo que grande parte dos educadores se expõem demasiadamente, divulgando fotos, sobrenome e preferências.

Estas informações podem ser usadas por qualquer estranho e mesmo pelos alunos. Quando os próprios adultos se expõem, dificilmente as crianças e adolescentes verão problemas nesta atitude, dificultando o aprendizado das medidas de proteção. Esta questão envolve o complexo contexto de culto das celebridades e da auto-exibição nas sociedades contemporâneas, tornam usual a publicização das intimidades e a invasão de privacidade. Em relação ao contato presencial com os amigos virtuais, 30% dos educadores fariam este tipo de encontro avisando um outro amigo. Apenas 5% já se arriscaram. Acompanhamento dos alunos Conversas dos alunos com os educadores sobre a navegação na Internet é uma realidade para 77%, sendo que para 65% ela é constante.

Além disso, 57% dos educadores admite discutir com frequência em sala de aula os efeitos das tecnologias na vida dos alunos. Para 91,4% dos educadores os alunos deveriam ter limite de tempo para navegar na Internet. Os limites sugeridos pelos os educadores estão bem distantes da realidade de seus alunos que ficam mais de 2 horas diárias online. Medidas de Proteção e prevenção aos perigos Online Para 67% dos educadores é urgentemente necessário trabalhar, na escola, as questões ligadas ao Uso ético e segura da Internet. A maior parte dos educadores (68%) já considera que os riscos online são tão perigosos quando o de outros espaços públicos frequentados por seus alunos. O tipo de atividade mais realizada em sala atualmente são os debates sobre situações reais (30,5%) e as discussões de comentários dos próprios alunos. Interessante notar que este tema não está mais restrito á sala de informática que fica em terceiro lugar dentre as principais atividades.

49,4% consideram que as atuais medidas de proteção de crianças online disponíveis são insuficientes e 29% afirmam não ter nenhum recurso disponível e gostaria muito de ter. conhecer nenhum programa sobre este tema. Para 52% dos educadores a capacitação para uso geral das Tecnologias ainda apresenta-se como principal necessidade para poder trabalhar a questão do uso ético e seguro, sendo que apenas 31% consideram a capacitação específica como maior necessidade. Em termos de preferência para aprender mais sobre o tema, os educadores indicam as oficinas e treinamentos na escola (34%) e as palestras (22%) como meios mais legais e práticos de capacitação.

Os educadores parecem animados para engajarem-se em atividades de promoção de uso seguro da Internet já que 64% deles participaria como multiplicador e 74% gostaria de receber orientações e sugestões de materiais por email. Para 79% dos educadores participantes seria importante que existisse um canal de orientação online (tipo comunicador instantâneo ou bate-papo) para esclarecer dúvidas. O que podemos inferir é que não são conversar ou atividades pontuais que efetivamente podem garantir a proteção online e os educadores sabem disso. Cibercrimes e canais de denúncia Dentre os educadores 40% não sabe nem onde nem como denunciar um cibercrime. Do total, apenas 19% indicaram já ter presenciado algum crime pela Internet. Os dados acima apontados podem orientar futuras ações de formação para que os educadores possam efetivamente usar as tecnologias também como um recurso de formação para a cidadania e não apenas científica. Nos parece vital que a promoção do uso ético e seguro das tecnologias seja incorporado aos currículos escolares de forma transversal e permanente, simultaneamente aos processos de inclusão digital dos alunos, educadores e familiares. Sabemos que os programas públicos de educação tecnológica, a massificação do acesso doméstico e a intensificação das horas de uso pelas crianças e adolescentes são realidades que merecem especial atenção na elaboração das políticas públicas de educação e de proteção dos direitos das crianças e adolescentes no Brasil.