NÍVEL DE FLEXIBILIDADE Deonilde Balduíno 1 Sergio Ricardo Mendes dos Santos 2 Giovana Dave 3 Aline Zandoná 4 Julieli Rodigheri Schutz 5 Claudia Radavelli 6 Gustavo dos Santos Dias 7 Elaine Cristina Antunes Klaus 8 RESUMO Para as mais diversas atividades, precisamos de diversas valências físicas, entre elas destacamos a flexibilidade, que se caracteriza como capacidade de realizar movimentos em certas articulações com apropriada amplitude de movimento. A flexibilidade contribui decisivamente em diversos aspectos da motricidade humana, desde seus gestos cotidianos e até mesmo na busca do aperfeiçoamento da execução de movimentos desportivos. O objetivo deste estudo foi avaliar o nível de flexibilidade dos educandos, na faixa etária de seis á onze anos (com algumas exceções, educandos de doze e treze anos), regularmente matriculados e frequentando as Séries Iniciais, nas turmas de 1º ao 5º ano. A pesquisa caracterizou-se como descritiva de natureza quantitativa. Participaram do estudo 206 escolares, sendo 98 do gênero masculino e 108 do gênero feminino. Para coleta de dados foi utilizado o teste de sentar e alcançar no Banco de Wells conforme os procedimentos descritos no Proesp (2012). Para analise dos dados foi utilizada a estatística descritiva (frequência relativa) para verificar a distribuição dos escolares dentro das classificações propostas pelo Proesp (zona de risco e zona saudável). Os resultados mostraram que a grande maioria dos escolares (90,9%) está com níveis de flexibilidade abaixo do recomendável, sendo que no gênero feminino 98,14% dos participantes estão em zona de risco, enquanto somente 1,86% encontram-se dentro da zona saudável. Já no gênero masculino, 83,67% estão em zona de risco, enquanto 16,33% estão na zona saudável. Desta forma, conclui-se que os níveis de flexibilidade dos escolares das séries iniciais do ensino fundamental da escola analisada estão em estado muito grave, pois a maioria esmagadora encontra-se dentro da zona de risco. Isso ocorre devido, principalmente aos avanços tecnológicos, que vem acentuadamente concorrendo com as atividades físicas, brincadeiras, esportes. Salienta-se que são necessárias ações que propiciem a melhora desses índices dentro da escola, dando uma atenção maior dentro das aulas de Educação Física e incentivar a prática de exercícios de flexibilidade também fora da escola. Palavras-chave: Flexibilidade. Séries iniciais. Escolares. 1 Unoesc Xanxerê. Orientadora PIBID. Email: deonilde.balduino@unoesc.edu.br 2 Unoesc Xanxerê. PIBID. Email: sergio.santos@unoesc.edu.br 3 Unoesc Xanxerê. PIBID. Email: giovana.dave@hotmail.com 4 Unoesc Xanxerê. PIBID. Email: aline_zandona2000@yahoo.com.br 5 Unoesc Xanxerê. PIBID. Email: jullyelle_roddigheri@hotmail.com 6 Unoesc Xanxerê. PIBID. Email: claudinha_uti@hotmail.com 7 Unoesc Xanxerê. PIBID. Email: falcao130495@hotmail.com 8 Unoesc Xanxerê. PIBID. Email: elainevic2004@hotmail.com
Introdução A escola é o local onde os educandos passa uma parte significativa do seu dia. Espaço de convivência com a diversidade, de aprendizagem, socialização, crescimento pessoal e grupal, possibilitando assim respeitar e lidar com os desafios propostos pelo cotidiano, desenvolvendo o senso de respeito mútuo, de responsabilidade, usufruindo dos direitos e deveres, podendo também experimentar da ludicidade presente no processo educativo. A flexibilidade é um dos componentes da aptidão física relacionada à saúde que tem intrínseca relação com a qualidade de vida, uma vez que está diretamente ligada a capacidade do ser humano de se movimentar com liberdade e independência. O movimento é um dos aspectos importantes do desenvolvimento e da cultura humana, por meio dele crianças e adolescentes adquirem maior controle sobre seu corpo. Infelizmente há poucos trabalhos que falem sobre a flexibilidade e os poucos que existem dificultam a comparação entre estudos pela falta de padronização que há entre eles. (ALTER, 2010). Como a movimentação (contida pela educação e pela escola), é uma necessidade para o desenvolvimento, a promoção da atividade física na infância é fator primordial para o desenvolvimento de hábitos saudáveis que podem modificar futuros aparecimentos de doenças crônicas enquanto adulto. Numerosas pesquisas sustentam a ideia de que importantes características da saúde e performance são melhoradas na infância como resultado de atividades físicas. A flexibilidade é o único requisito motor que atinge seu auge na infância, até os 10 anos, piorando em seguida se não for devidamente trabalhada. Por esta razão, o treinamento de flexibilidade deve começar já na infância, para que não haja perda e para garantir uma boa elasticidade na vida adulta. Nessa etapa que o trabalho dos educandos tende a acrescentar para as crianças desde as habilidades com comunicação, como experiências motoras, desenvolvimento cognitivo, dando à criança a consciência de si própria e do mundo em que vive. A simples prática de alguns movimentos básicos pode trazer para a criança uma confiança maior para que possam desenvolver outras movimentos mais difíceis. (RASSILAN; GUERRA, 2006; ROSA NETO, 2002). A flexibilidade não deve ser analisada como fator isolado, visto que esta influi diretamente em vários níveis do organismo humano, tais como: fisiológico, mecânico, físico e motor, psíquico e higiênico. Sugere-se relacionar os movimentos de alongamento a movimentos inerentes do desporto, tornando-os assim mais atrativos e gerando então um maior estreitamento entre o alongamento e a prática de atividades esportivas ou de lazer. (ACHOUR JÚNIOR, 1999; RIESTRA; FLIX, 2003 apud MAIO et al. 2010). Ter flexibilidade é essencial para a qualidade de vida, pois tal valência está diretamente vinculada á realização das mais variadas tarefas do cotidiano, que incluem desde o lazer, até nos deveres e tarefas diárias do ser humano. Muito fala-se da importância da prática de atividades física e sua influência na saúde, porém, essa recomendação predominantemente limita-se aos conhecimentos clínicos prescritos por médicos, que muitas vezes não incluem as demais capacidades físicas: força, velocidade, agilidade, e principalmente a flexibilidade. Como Araújo (2008) descreveu: Enquanto é comum que o cardiologista estimule e oriente a realização de exercícios, na grande maioria das vezes essa atividade limita-se aos exercícios predominantemente aeróbicos. A Educação Física escolar deve intervir no decorrer de suas aulas, trazendo conscientização da relevância que a flexibilidade tem na constituição de um corpo saudável. Sabendo da contribuição que a escola tem á oferecer durante as aulas de educação física, buscou-se investigar o nível de flexibilidade dos educandos da Escola de Ensino Fundamental Augusto Colatto, regularmente matriculados e frequentando as séries iniciais, nas turmas de 1º ao 5º ano.
Materiais e Métodos A presente pesquisa caracteriza-se como descritiva exploratória de natureza quantitativa. A população foi composta por escolares das séries iniciais da Escola de Ensino Fundamental Augusto Colatto, do município de Xanxerê (SC). A amostra foi constituída por 206 alunos, sendo 98 do gênero masculino, e 108 do gênero feminino, com faixa etária dos 06 aos 11 anos, regularmente matriculados e frequentando as aulas de 01º ao 5º ano. Para avaliar a flexibilidade, foi utilizado o teste de sentar e alcançar com o Banco de Wells, segundo a padronização do Projeto Esporte Brasil (PROESP, 2012), descrito no Manual de aplicação de Medidas e Testes, Normas e Critérios de Avaliação. A coleta de dados realizou-se na Escola de Ensino Fundamental Augusto Colatto, nos ambientes cedidos pela escola, em seus respectivos horários de aula, especificamente aula de Educação Física. A análise dos dados foi realizada através da estatística descritiva (frequência relativa), com auxilio do programa e SPSS 22.0 e planilha do Excel 2010. Resultados e Discussão Em relação ao teste do Banco de Wells, pode-se ressaltar que os índices de flexibilidade classificaram-se em sua maioria em estado de atenção, uma vez que o grupo feminino tem 98,14% do total do seu grupo em zona de risco, e apenas 1,86% estão em estado saudável. Já no grupo masculino, temos 83,66% em zona de risco, e 16,33% estão em estado saudável. Essa diferença, por menor que seja, torna significativa, e reflete os hábitos extraescolares dos alunos. Comparando os grupos, observa-se que o publico masculino apresenta menor risco de desenvolver desvios posturais e dores na região lombar que o publico feminino, conforme a preconização do Proesp (2012). Gráfico 1 - Nível de Flexibilidade dos educandos de 1º ao 5º ano, classificando em sexo feminino e masculino, classificados em zona de risco e zona saudável. 98,1% FLEXIBILIDADE 100,0% 90,0% 80,0% 70,0% 60,0% 50,0% 40,0% 30,0% 20,0% 10,0% 0,0% Feminino 1,9% 83,7% Masculino 16,3% Zona de Risco Zona Saudável Fonte: os autores Esses resultados que trazem uma menor frequência de meninos dentro da zona de
risco, ainda que a maioria deles se encontram de forma preocupante dentro desta zona, possivelmente pode estar relacionada ao fato de os meninos desta escola serem mais ativos que as meninas. Quando se fala em ativos, destaca-se as principais atividades extraescolares do publico masculino: andar de bicicleta, jogar bola, explorando assim, uma porção maior do que os exercícios de hábitos diários. Analisando os dados fragmentados, pode-se observar que os meninos, mesmo que de forma singela, se sobressaem quanto á maior taxa de flexibilidade. Isso reflete a familiarização com as atividades e exercícios físicos, tendo em vista, que uma parcela do grupo feminino demonstra desinteresse por atividades físicas em horários extraescolares. Contudo, afirmamos que essa capacidade necessita de estímulos maiores. Mesmo que nas aulas semanais, a educação física escolar exerça um papel significativo, elas não vêm suprindo a carência de atividade física que o corpo demanda para uma vida saudável. Comparando o presente estudo, em estudo de Burgos et al. (2012) cujo objetivo e avaliar perfil de aptidão física relacionada à saúde, de 1.664 crianças e adolescentes de Santa Cruz do Sul-RS. Os resultados de flexibilidade, assim como no presente estudo, mostraram resultados muito abaixo de índices saudáveis. Porém os resultados foram piores para o gênero masculino em relação ao feminino, diferente do presente estudo, onde as meninas apresentaram-se quase em sua totalidade dentro da zona de risco. Em estudo de Mascarenhas et al. (2013), realizado com 81 alunos de 7 a 10 anos da cidade de Lapa-PR, que tinha como objetivo comparar a aptidão física dos escolares das redes municipal e particular de ensino, os autores encontraram valores de flexibilidade também muito baixos tanto nas escolas públicas (96%) como nas escolas particulares (96,6%). Tanto os resultados supracitados como os resultados do presente estudo apresentam-se muito acima do ideal e acima dos valores de zona de risco do mapa de flexibilidade proposto por Barbosa et al. (2012), que apresenta para região sul, porcentagens de zona de risco de 29,6% para meninos e 18,5% para meninas. Analisando de forma abrangente, os níveis de flexibilidade estão salientemente baixos, não apenas em educandos, mas em todas as faixas etárias. Isso ocorre devido, principalmente aos avanços tecnológicos, que vem acentuadamente concorrendo com as atividades físicas, brincadeiras, esportes. E por serem mais atraentes, tais recursos tecnológicos estão acomulando consigo mais dedicação, por parte de seus usuários. Essa atenção mais voltada á esses meios, vão desencadeando maus hábitos, e consequentemente tornando seu publico sedentário. Ao decorrer do desenvolvimento do presente estudo, pôde-se constatar através de conversas informais e socialização da equipe Pibidiana, que os alunos não gostam e não se preocupam em fazer corretamente os exercícios de alongamento propostos pelos professores, fazendo-os por vezes de forma errônea e descomprometida sem que esse tenha o efeito desejado. Nestas mesmas conversas informais, constatou-se também que a grande maioria dos participantes desse estudo realizam atividades físicas única e exclusivamente na escola. O que pode explicar o nível de flexibilidade dos escolares estar tão deficitário. A flexibilidade é resulto da quantidade de sua utilização, portanto a pratica de exercícios físicos, favorecem a melhoria e estimulam a flexibilidade, principalmente de educandos suscetíveis ao sedentarismo, uma vez que as articulações, recebem pouco ou nenhum estimulo que seja extraescolar, podendo inclusive estarem encurtadas, passarão a receber um estímulo progressivo que acarretará adaptações bastante positivas em médio ou longo prazo. (ALTER, 2010). Os resultados encontrados neste estudo nos revela o quanto a flexibilidade necessita ser ainda mais trabalhada, não apenas na escola, durante as aulas de educação física, mas principalmente em locais e horários extraescolares. Sobretudo, na perspectiva da saúde, partindo do princípio qualidade de vida, essa restrição no quesito flexibilidade, pode afetar
negativamente a qualidade de vida do ser humano, uma vez que pode limitar a execução de movimentos da vida diária, além de aumentar o risco de lesões ou quedas por meio da redução da estabilidade articular. O nível de flexibilidade dos alunos foi considerado abaixo do esperado, mesmo que sendo trabalhados alongamentos antes de todas as atividades, no inicio de cada aula, ainda é insuficiente para a quantidade ideal que possa ampliar esses índices. A partir da ideia apresentada por Dantas (2005) percebe-se que o alongamento só pode responder pela mobilidade articular submáxima, que não causa restrição física, ou seja, aquela pequena dorzinha que sentimos ao ultrapassar o limite da articulação é caracterizada como o inicio do treinamento para de flexibilidade, e não mais como alongamento. Outro fator que difere alongamento de flexibilidade é o tempo de excussão. O alongamento possui o tempo de duração de aproximadamente 10 segundos, excedendo esse limite de tempo se faz presente o treinamento de flexibilidade. Conclusão O proposito deste estudo era verificar o nível de flexibilidade dos alunos do 1º ao 5º ano do ensino fundamental. Pode constatar que tanto para o gênero masculino como para o gênero feminino, a frequência de escolares dentro da zona de risco foi extremamente alta, abrangendo uma maioria esmagadora e preocupante dentro da escola pesquisada, sendo que no gênero feminino a frequência foi quase que em sua totalidade. Dessa forma, conclui-se que a Educação Física escolar deve assumir a responsabilidade da promover estilos de vida ativos como forma de combater o sedentarismo dos educandos e, assim, contribuir para a melhoria nos indicadores de qualidade de vida. Torna-se necessário então, a realização de ações na esfera da saúde e da educação, ao destacar o ambiente escolar, um local propício à aquisição de novos conhecimentos, capacidades, habilidades, valores e comportamentos determinantes à saúde. Dessa forma, sugere-se uma intervenção intensificada de exercícios de alongamento, que ultrapassem os 10 segundos excedendo esse limite de tempo se fazendo presente o treinamento de flexibilidade (através de alongamentos passivos, em duplas, atividades lúdicas). Visando assim, estimular os exercícios de flexibilidade e melhorar significativamente os níveis de amplitude articular. Referências ACHOUR JUNIOR, A. Bases para exercícios de alongamento relacionado com a saúde e no desempenho atlético. 2.ed. São Paulo: Phorte. 1999. ALTER JR, M. Ciência da flexibilidade. 3ed. Porto Alegre- RS: Artimed, 2010. ARAUJO, Claudio Gil Soares de. Avaliação da flexibilidade: valores normativos do flexiteste dos 5 aos 91 anos de idade. Arq. Bras. Cardiol., São Paulo, v. 90, n. 4, p. 280-287, Abr. 2008 BARBANTI, J. V. Dicionário de educação física e esporte. São Paulo: Manole, 2003. BARBOSA, T.S. et al. Mapas da aptidão física relacionada à saúde de crianças e jovens brasileiros de 7 a 17 anos. Motricidade, v. 8, n. Supl. 2, p. 289-294, 2012.
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