CENTRO FEDERAL DE EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA DA BAHIA PROGRAMA DE GRADUAÇÃO NO CURSO DE ADMINISTRAÇÃO



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Transcrição:

CENTRO FEDERAL DE EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA DA BAHIA PROGRAMA DE GRADUAÇÃO NO CURSO DE ADMINISTRAÇÃO ATIVIDADE EMPREENDEDORA NAS MICROEMPRESAS PJ UM ESTUDO DE CASO MARIA VITÓRIA SOUTO CRUZ Salvador 2005

MARIA VITÓRIA SOUTO CRUZ ATIVIDADE EMPREENDEDORA NAS MICRO EMPRESAS PJ UM ESTUDO DE CASO Monografia apresentada ao Curso de Graduação em Administração do Centro Federal de Educação Tecnológica da Bahia Orientador: Prof. Alex Cypriano Salvador 2005

RESUMO Este trabalho analisa a atividade empreendedora nas microempresas PJ, um estudo de caso realizado a partir da conceituação de empreendedor e de empreendedorismo, suas definições, características e peculiaridades. O estudo aborda fatores sócio-econômicos e aspectos comportamentais característicos do empreendedor, visando compreender a existência de uma relação entre atitudes e comportamentos dos empreendedores PJ e o processo de criação de uma empresa. A pesquisa visa, portanto, compreender o processo de formação de empresas PJ empresas de um só funcionário - comparando-o com os conceitos de empreendedorismo e o comportamento dos empreendedores, como principais responsáveis por este processo. A pesquisa de campo se desenvolveu através de entrevistas individuais semi-estruturadas, com profissionais da área, vinculados a uma organização empresarial de grande porte, e através de observação direta. Palavras Chave Empreendedorismo; Empreendedor; Micro Empresa PJ.

SUMÁRIO 1.0 Introdução... 4 2.0 Empreendedorismo e Empresas PJ... 12 2.1 Perfil do empreendedor... 12 2.2 O profissional e a empresa PJ... 17 2.3 Administrador e Empreendedor... 20 similaridades e diferenças 2.4 Características do comportamento... empreendedor e da empresa empreendedora 23 3.0 Estudo de Caso... 27 3.1 Características das organizações pesquisadas... 27 3.2 Análise dos dados pesquisados... 29 4.0 Considerações finais... 33 Referências... 34 Anexo I... 38 Roteiro para entrevista empírica

4 1.0 INTRODUÇÃO A palavra empreendedor (entrepreneur) tem origem francesa e significa aquele que assume riscos e começa algo novo. Um dos primeiros exemplos de empreendedorismo é creditado a Marco Polo, que como empreendedor, tentou instituir uma rota comercial para o Oriente, aceitando os riscos financeiros ao assumir tal papel ativo (DORNELAS, 2001). No final do século XIX e início do século XX, os empreendedores foram frequentemente confundidos com os gerentes ou administradores, sendo analisados do ponto de vista econômico como responsáveis pela organização de empresas (DORNELAS, 2001). Segundo Dornelas (2001), foi Schumpeter que, buscando o entendimento da dinâmica de desenvolvimento dos sistemas capitalistas, destacou a figura do empreendedor, e o seu papel como inovador no processo de renovação constante da economia capitalista. A abordagem de Schumpeter, em suas obras, é econômica, assim como suas considerações a respeito do papel do empreendedor. O empreendedorismo também é abordado por diversas áreas do conhecimento como a administração, sociologia e psicologia, as quais buscam interpretá-lo com base em seus fundamentos. O termo empreendedor é passível de muitas definições, em geral, construídas a partir do enfoque de cada pesquisador nas respectivas áreas de interesse. No entanto, neste estudo serão enfatizadas duas correntes principais que apontam elementos comuns à maioria delas: os economistas que relacionam o

5 empreendedor à inovação; e os comportamentalistas, que enaltecem aspectos cognitivos como criatividade e a intuição. O conceito de empreendedorismo no Brasil tem sido muito difundido nos últimos anos, principalmente a partir da década de 1990. Vários fatores justificam o interesse pelo assunto, como as mudanças provocadas pela intensificação da concorrência em nível internacional e a necessidade das organizações se reestruturarem, mediante a introdução de novas relações de trabalho, ocasionando a redução na oferta de empregos formais e o aumento nas taxas de fundação de novos negócios. O empreendedorismo pode ter sido apresentado como alternativa atraente para o enfrentamento destas exigências do mercado, incluindo a busca por reinserção profissional. Segundo Braga (2003) o projeto Global Entrepreneurship Monitor atualmente consolida-se como iniciativa de maior escopo no estudo do empreendedorismo no mundo. O projeto de pesquisa GEM Global Entrepreneurship Monitor é um estudo conduzido por pesquisadores do London Business School (Inglaterra), do Babson College (Estados Unidos) e por grupos de pesquisa em universidades de cada país que adere ao projeto. Este estudo explora o papel do empreendedorismo no crescimento da economia dos paises pesquisados, e considera o empreendedor o indivíduo fundador de uma organização de qualquer natureza. No Brasil, a equipe está instalada no Instituto Brasileiro de Qualidade e Produtividade do Paraná (IBQP) e tem apoio do SEBRAE nacional, PUC - SP, e do Instituto Euvaldo Loidi. De acordo com o relatório executivo do GEM-2000, que contém um resumo do perfil empreendedor, o Brasil possui um nível relativamente alto de atividade

6 empresarial, encontra-se na sétima posição entre os maiores empreendedores do mundo. O país apresenta uma boa relação entre o número de habitantes adultos que começam um novo negócio e o total dessa população. Comparando-se a países como os EUA que tem essa relação de um para cada 10 e o Japão com um para cada 100, o Brasil possui a relação de um para cada oito adultos entre 18 e 64 anos. Segundo dados da GEM-2004, o Brasil se mantém numa lista de 34 países, entre os sete que mais empreendem no mundo, no sentido de montar um negócio próprio. Contudo, demonstra que algumas causas dessa taxa de empreendedorismo no país estão relacionadas a aspectos sócio-econômicos. Um item relevante da GEM é a análise dos motivos que levaram os indivíduos pesquisados a abrir uma empresa, e se tais motivos que caracterizariam este comportamento como sendo, necessariamente, fruto de empreendedorismo, procurando distinguir ainda entre dois tipos básicos de empreendedor: por oportunidade (aquele que tem vocação ou encontra nichos pouco explorados) e por necessidade (aquele que são pressionados a empreender por circunstâncias alheias à própria vontade). Por este critério, observou-se que o empreendedorismo no Brasil exerce papel fundamental na economia. Entretanto, uma grande proporção de empreendedores foi levada a empreender por necessidade ao invés de optar, de modo espontâneo, por oportunidade. Segundo Chiavenato (2005) isso significa que uma enorme fatia da população brasileira adulta, está envolvida em alguma atividade empreendedora, em busca de realização pessoal, independência financeira ou simples sobrevivência. Este estudo objetivou analisar a formação das micro-empresas prestadoras de serviço PJ (denominação dada às empresas prestadoras de serviço constituídas

7 por um único proprietário e sem funcionários) identificando similaridades e diferenças entre aquelas que tiveram sua geração fruto de espírito empreendedor e as que tiveram sua fundação fruto da necessidade de uma nova inclusão no mercado de trabalho por parte de seus fundadores. Tratou-se, portanto, de analisar o cenário das PJ ligadas a uma empresa, com o objetivo de evidenciar a presença de disposições para o empreendedorismo, identificando sinais de um empreendedorismo por necessidade ou oportunidade. Infere-se a partir daí se a interveniência de uma organização empresarial para a formação de empresas PJ é decorrente de estímulo ao empreendedorismo ou descaracterização de relação trabalhista. A pergunta que é feita conduz a novos questionamentos que também são objetivos específicos pertinentes a este estudo:?? O que é o empreendedorismo??? Qual o perfil de um empreendedor??? Qual as diferenças entre empreendedor e administrador??? Quais as características de uma empresa empreendedora??? O que é um profissional/empresa PJ??? O crescente número de empresas PJ é fruto de espírito empreendedor ou uma alternativa para a (re) inserção no mercado de trabalho??? Porque algumas empresas tendem a contratar desta forma??? Existe alguma vantagem para quem opta por esta forma de trabalho? É oportuno, portanto, uma análise mais profunda a respeito do conceito de empreendedorismo e suas vertentes, assim como a caracterização da relação das empresas PJ junto à organização pesquisada.

8 Entender melhor como ocorre o processo de formação de uma empresa PJ, bem como, o possível perfil empreendedor do candidato a empresário, são características do cenário que será avaliado neste trabalho, contribuindo, também, para a análise dos motivos que levaram ao seu surgimento, as características dessas empresas e de seus gestores; investigando se a contratação desse tipo de mão-de-obra é uma tentativa de driblar os altos encargos trabalhistas e isentar-se dos custos sociais e obrigações previstas pela CLT Consolidação das Leis do Trabalho. Esse tipo de contrato com emissão de nota fiscal de pessoa jurídica significa, a princípio, trabalho com autonomia, ou seja, sem vínculo oriundo de emprego. A partir do momento que se condiciona a possibilidade de emprego ao fato do candidato ser empresário, significa contrair tantas obrigações quanto à do contratante, tais como: PIS, COFINS, Contribuição Social, ISS, TVL Taxa de Viabilidade e Localização, TFF Taxa de Funcionamento e Fiscalização, e essas exigências fiscais oneram as empresas contratadas. Portanto, significa analisar a utilização da figura da empresa PJ como procedente de empreendedorismo ou a sua utilização como forma de maquiar uma relação de trabalho, onde a PJ atua como empregado, embora assuma as despesas e os riscos do seu negócio como empresário. O empreendedorismo no Brasil decorre de condições sócio-econômicas específicas dentro do contexto da crise econômica e da reestruturação produtiva capitalista, como conseqüências principais do alto nível de desemprego e a diminuição da oferta de novos postos de trabalho. Nas últimas décadas, as mudanças provocadas pela intensificação da concorrência em nível internacional e a necessidade das organizações se

9 reestruturarem, mediante a introdução de um conjunto de inovações de produto/serviços, processos e de relações entre clientes e fornecedores, forçou o surgimento de novas relações de trabalho em nichos de mercado específicos, mas também elevaram quesitos como habilidades e competências necessárias para admissão de novos empregados e a falta de emprego. Desse modo, muitos trabalhadores foram obrigados a buscar alternativas para a sua sobrevivência, e a abertura de negócios próprios apresentou-se como uma das soluções possíveis. É nesse contexto que se incluem as chamadas empresas PJ, empresas formadas somente pelos sócios. O empreendedorismo pode ter apresentado uma alternativa atraente ao enfrentamento destas novas demandas, como conseqüência do alto nível de desemprego e a diminuição da oferta de novos postos de trabalho. Como conseqüência destas transformações, muitas empresas têm modificado a organização de suas operações produtivas. Uma destas mudanças consiste em transferir parte da atividade de comercialização de seus produtos e/ou serviços para agentes externos. A contratação de trabalhadores como pessoa jurídica generalizouse em certas profissões ou atividades, condicionando os trabalhadores a criar uma PJ ou a não existência de trabalho. (SEBRAE, 2003) Segundo dados do cadastro Central de Empresas (IBGE, 2002) já são 3,1 milhões o número de empresas sem empregados, envolvendo cerca de 4,3 milhões de sócios e proprietários. O presente estudo objetiva analisar os novos prestadores de serviço PJ e uma possível classificação como empreendedores. Em caso positivo, empreendedores por oportunidade ou por necessidade, onde podem estar

10 contidos os ex-empregados que abrem empresa para continuar no mercado, às vezes trabalhando para o seu antigo empregador. Deste modo, o ponto de partida do trabalho é aprofundar o conhecimento desse tema, estabelecendo uma melhor compreensão dos conceitos de PJ, empreendedor e empreendedorismo desenvolvida, e permitindo construir um melhor entendimento da relação entre a criação destas empresas PJ como fruto de atividade empreendedora, adotado nesta pesquisa. Esta monografia buscou conceituar o empreendedorismo a partir de duas linhas de abordagem encontrada na revisão de literatura do tema a dos economistas e a dos comportamentalistas. Tal feito subsidiou uma definição de perfil empreendedor. Posta as questões do empreendedorismo e do perfil do empreendedor, foi com base nelas que procurou-se analisar as empresas PJ ligadas à organização empresarial em foco. A parte central do estudo é dedicada à análise do contexto no qual a atividade das empresas PJ está inserida. No centro desta investigação, coloca-se a possibilidade de haver interveniência para a formação de uma empresa PJ, como incentivadora ao empreendedorismo e o surgimento das mesmas como fruto de empreendedorismo por oportunidade ou por necessidade. A revisão de literatura objetivou sistematizar os princípios teóricos do empreendedorismo, a partir de artigos e tese de mestrado e fontes de dados em pesquisas realizadas pelo IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, GEM Global Entrepreneurship Monitor, e SEBRAE Serviço Brasileiro de Apoio a Empresa. Objetivou, ainda, consolidar os conceitos e as características gerais dos empreendedores, e compará-los ao padrão encontrado nas empresas PJ e empreendedores estudados.

11 Baseado na revisão de literatura, pesquisa exploratória e, principalmente, pela observação da própria autora, procurou-se criar uma linha de pensamento, fundamental ao ordenamento dos conceitos e idéias centrais do tema, moldando uma estrutura de análise que possibilite a investigação proposta ao estudo. A primeira etapa da pesquisa exploratória foi realizada mediante consulta a pesquisas e trabalhos relacionados ao empreendedorismo, perfil do empreendedor e conceitos de empresa PJ. Em seguida, foi realizada pesquisa exploratória junto às empresas PJ e vinculadas a uma grande organização, visando traçar o perfil desses profissionais, e obter as principais características do seu comportamento. Para isso, foram utilizados indicadores para compor o roteiro de entrevistas (Apêndice) e tais referências foram estruturadas em três características: necessidades, habilidades/competência e conhecimentos. Outras informações solicitadas aos entrevistados, subsidiaram o diagnóstico como o tempo de atuação no mercado como PJ. A pesquisa de campo envolveu a realização de entrevistas parcialmente estruturadas, numa amostra específica de 20 pessoas (que equivale a um total de 33,3% do grupo considerado) ligadas à organização empresarial que será analisada, buscando investigar as características empreendedoras específicas dos entrevistados. Além disso, as entrevistas foram conduzidas com o intuito de capturar a perspectiva dos próprios participantes, ou seja, avaliar as principais características dos profissionais PJ, relacionados aos conceitos empreendedores previamente estruturados.

12 2.0 EMPREENDEDORISMO E EMPRESA PJ 2.1 PERFIL DO EMPREENDEDOR Neste trabalho utiliza-se a delimitação de duas possibilidades de abordagem do pensamento empreendedor: numa perspectiva econômica, considerando que os empreendedores são um dos ativos mais importantes da economia; e numa perspectiva psicológica ou comportamental, considerando que a necessidade de realização pessoal do empreendedor é o principal motivo para empreender. De acordo com Schumpeter, citado por Dornelas (2001) o sistema capitalista tem como característica inerente uma força que ele denomina de processo de destruição criativa, fundamentando-se no princípio que reside no desenvolvimento de novos produtos, novos métodos de produção e novos mercados; em síntese, trata-se da destruição do velho, como conseqüência do surgimento do novo. (...) para lidar com uma situação que mudará presentemente uma tentativa das empresas para manterem em pé, sobre um terreno que escorregava embaixo delas. Em outras palavras, o problema que usualmente é visto é o de como o capitalismo administra as estruturas existentes, enquanto o problema relevante é o de como ele as cria e destroi. (SCHUMPETER, 1949, p.89) O empreendedor é aquele que destrói a ordem econômica existente pela introdução de novos produtos e serviços, pela criação de novas formas de organização ou pela exploração de novos recursos, materiais e tecnologias (SCHUMPETER, 1949, p. 55) Pela definição de Schumpeter, o agente básico desse processo de destruição criativa está na figura do que ele denominou de empreendedor. O empreendedor, segundo Schumpeter, é o ator principal no processo de renovação constante do sistema capitalista, cuja origem é a criação de novas estruturas tecnológicas e a

13 destruição das existentes, explicitando maior enfoque no ambiente econômico. Cabe ao empreendedor a função de realizar inovações que vão alavancar o sistema capitalista, onde a essência da inovação no mundo torna, continuamente, obsoleta a anterior. A idéia da obsolescência planejada converge com a destruição criativa, ou seja, antes do mercado tornar obsoleto um determinado produto e/ou serviço, devese planejar seu desuso, apresentando novas alternativas de consumo continuamente, através de movimentos cíclicos. Assim, o empreendedor pode ser caracterizado como o elemento essencial à introdução de inovações que gerem acréscimo ao contexto econômico, através de ciclos de desenvolvimento. Numa outra visão, o empreendedor é aquele que inicia algo novo, que realiza antes, que sai da área do sonho e parte para a ação. "Um empreendedor é uma pessoa que imagina, desenvolve e realiza visões." (FILION 1991). Ser empreendedor é ser um realizador que produz novas idéias através da adequação entre criatividade e imaginação. Seguindo o raciocínio de Felippe (1996), o empreendedor é motivado pela auto-realização e pelo desejo de assumir responsabilidades e ser independente. A auto-avaliação, a autocrítica e o controle do comportamento são características do empreendedor que busca o autodesenvolvimento. Com relação à perspectiva econômica o empreendedor pode ser considerado peça fundamental no processo de desenvolvimento, através da identificação de atributos distintivos no ato de empreender - como capacidade de inovar, lidar com ambigüidades e incertezas, assumir riscos - servindo de referência para estudos posteriores que buscam investigar características na dimensão comportamental.

14 Em outro campo do conhecimento científico, a psicologia, houve interesse em estudos da área comportamental, onde o argumento central é a identificação das características do comportamento de indivíduos que criaram empreendimentos, suas distinções, hábitos, atitudes e ações, assim como a influência do meio na sua formação. A abordagem de base econômica busca definir a função do empreendedor a partir da sua atuação como gerador de resultados e valores ao sistema produtivo e participante no mercado; enquanto que, na abordagem comportamentalista, embora tenha esses elementos pertinentes, possui o interesse voltado ao entendimento do chamado empreendedor, buscando identificar as suas características individuais e os reflexos na empresa. Ainda buscando compreender o perfil dos potenciais empreendedores, apresenta-se de forma sucinta a figura 1, com as abordagens apresentadas: PERFIL DO EMPREENDEDOR VARIÁVEIS ECONÔMICAS VARIÁVEIS COMPORTAMENTAIS?? Necessidade de aumentar renda?? Desemprego?? Tecnologia disponível?? Técnica organizacional para concepção de estratégias de atuação eficazes Fig. 1 Perfil do empreendedor Fonte: elaborado pela autora?? Experiência prévia?? Qualificação formal?? Redes de relacionamento (networking)?? Necessidade e persistência?? Capacidade e motivação para inovar e criar?? Percepção de oportunidades?? Habilidade para lidar com riscos e incertezas Com os elementos apresentados pode-se tomar como base a concepção de Filion (1999) de que o empreendedor decide o objeto que vai determinar seu próprio futuro, mantendo um comportamento pró - ativo e criativo para realizá-lo.

15 Em suma, o empreendedor é aquela pessoa que consegue enxergar necessidades e desejos (reais ou potenciais) em um determinado mercado alvo, e busca transformá-los em oportunidades de negócio. Especificamente no estudo, analisando o perfil das empresas PJ que surgiram no mercado, considerando aspectos referentes ao espírito empreendedor, bem como àquelas cujas atividades podem ter sido fruto de exigência da organização financeira investigada. Muitas vezes, o sonho de possuir o próprio negócio e a ambição de ganhar dinheiro e conquistar independência são fatores determinantes à criação de uma empresa. Em outros casos, os indivíduos são levados a abrir um empreendimento por motivos que, muitas vezes, são alheios às suas vontades. Estes são o que Filion (1999) chamou de empreendedor involuntário. Tais situações abrangem as conseqüências das mudanças no mundo do trabalho, onde jovens recém formados, pessoas que foram demitidas em função dos processos de fusões, privatizações e reengenharia, os quais não conseguiram retornar ao mercado formal de trabalho, e têm na criação do próprio negócio, uma alternativa de renda e trabalho. Empreendedores involuntários tendem a optar pelo auto-emprego, mas não são empreendedores no sentido geralmente aceito do termo. Criam uma atividade de negócio, mas não são movidos pelo aspecto da inovação (FILION, 1999). Nota-se, portanto, que a relação entre trabalho e visão empreendedora é permeada de fatores econômicos e comportamentais. Os ciclos econômicos são fatores determinantes na criação e na destruição de empregos, enquanto que, a capacidade de inovação e adaptação identifica oportunidades de negócios e realização pessoal. Segundo Braga (2003) o empreendedorismo se apresenta como uma alternativa adequada ao contexto de mudanças, tanto no que tange às novas formas

16 de organização visionária, como à necessidade de alavancagem de desenvolvimento via inovações tecnológicas. Ainda citando Braga, várias pesquisas realizadas visavam definir a personalidade de um indivíduo considerado empreendedor. Contudo, nestas pesquisas, somente se fazem análises dos atributos da personalidade, não sendo considerado o processo que leva à formação de características como: alta necessidade de autonomia, independência e autoconfiança, assim como, os motivos (voluntários e involuntários) que influenciam as pessoas para a inserção na atividade empreendedora. O empreendedorismo é reflexo das características estruturais do país, sejam estas condições macroeconômicas gerais ou fatores culturais, sociais e institucionais. Assim, embora as flutuações do ambiente gerem mudanças de curta duração no nível de atividade empreendedora, o desenvolvimento de cada país tende a se estabelecer ao longo do tempo. Contudo, o empreendedorismo e as atividades empreendedoras não devem ser considerados como modismo ou efêmeros, mas como força motriz para o desenvolvimento, pois são necessários ao avanço de novos negócios, como também ao fomento de grandes organizações. Para Dolabela (1999) o perfil do empreendedor de sucesso serve de base para que o futuro empreendedor identifique as características que sua atividade exigirá, e tais características variam de acordo com a época, atividade, local e etapa do crescimento da organização. Segundo Araújo (2003) o processo de reestruturação produtiva em curso a partir dos anos 70 nas sociedades desenvolvidas, e no Brasil a partir dos anos 90, desencadeou uma profunda modificação no mundo do trabalho, provocando o que o

17 autor (apud MATTOSO, 1995) considera uma verdadeira desordem do trabalho, expressa em níveis assustadores de insegurança na renda, no emprego, no mercado de trabalho, na contratação e na representatividade. Neste contexto emergem iniciativas organizacionais como as micro-empresas PJ, que podem passar a constituir alternativa para o desemprego. 2.2 O PROFISSIONAL E A EMPRESA PJ PESSOA JURÍDICA De acordo com Pastore (2005) nas últimas décadas, estudos realizados sobre a evolução do trabalho, apontam para uma tendência ao surgimento de empresas PJ em vários setores da economia brasileira. As companhias podem ter estimulado e/ou coagido funcionários de certo nível a se constituírem como PJ, empresas prestadoras de serviço. Assim, ao invés de assinar a carteira profissional, tais companhias passaram a contratar exclusivamente serviços de outras empresas, as chamadas PJ, quase sempre firmas de somente um proprietário e sem empregados. Segundo esclarecimento de Hernandez (2004): Ser PJ significa, a princípio, trabalhar com autonomia, sem vínculo de subordinação. O profissional vira uma empresa prestadora de serviço e passa a assumir as despesas e os riscos do seu próprio negócio, sendo vantajoso para a empresa contratante, mas, raramente para o profissional contratado. Isso porque a exploração que o mercado tem feito do conceito, nem sempre é condizente com a adequação original do termo. Na prática, ocorre uma simples substituição do tipo de contrato de trabalho baseada na CLT (Consolidação das Leis do Trabalho) para uma prestação de serviço PJ, objetivando evitar os custos da legislação trabalhista. Com isso, o

18 candidato perde todos os benefícios previstos por lei, mas suas atribuições e seus horários na firma não são alterados, visto que os mesmos estão disfarçados de empresas. Uma das formas de precarização do contrato individual do trabalho é a utilização ilícita da figura da pessoa jurídica para formalizar a relação empregatícia. Isso porque a figura do PJ é própria à prestação de serviços de pessoa jurídica, mas imprópria à prestação de serviços sob o vínculo empregatício. Contudo, é necessário entender quando a figura do PJ é ilícita e quando é lícita, e sendo ilícita como é tratada pela lei, e ainda, quais as conseqüências dessa ilegalidade. Para tanto se faz necessário estabelecer os seguintes parâmetros conceituais: Empregado: o trabalhador que presta serviços com os quesitos do art. 3º da CLT (trabalho efetuado por pessoa física e por conta do empregador / pessoalidade / habitualidade / onerosidade / subordinação). Autônomo: o trabalhador que não exerce suas atividades sob o vínculo empregatício, mas como prestador de serviços eventuais e não subordinados (por exclusão do conceito de empregado). Conforme segue figura abaixo: EMPREGADO Pessoalidade não podendo se fazer substituir a outrem Subordinação tem interferência na direção e execução dos trabalhos Habitualidade trabalha em dias determinados, com continuidade Dependência econômica não assume os riscos de sua atividade, que ocorrem totalmente por conta do empregador Somente poderá ser Pessoa Física Fig. 02 Conceito profissional comparativo Fonte: HERNANDEZ (2004) AUTÔNOMO Pode se fazer substituir por outra pessoa Tem autonomia na execução das tarefas, importando apenas em atender ao trabalho encomendado Trabalha eventualmente, e não tem aspecto de continuidade de trabalho Assume os riscos de seu negócio, bem como as despesas para prestação de serviços Poderá ser Pessoa Física ou Pessoa Jurídica

19 Em alguns casos, alguma característica de vínculo empregatício poderá ser confundida com de trabalho autônomo, contudo, os quesitos habitualidade e subordinação serão sempre os principais elementos distintivos das duas formas de prestação de serviços. Ou seja, se determinada atividade for caracterizada como vínculo empregatício, não será lícita a contratação do trabalhador como prestador de serviços autônomos, e tampouco como pessoa jurídica (PJ), o que caracterizaria fraude à lei e nula de pleno direito (art. 9º da CLT) "Serão nulos de pleno direito os atos praticados com o objetivo de desvirtuar, impedir ou fraudar a aplicação dos preceitos contidos na presente Consolidação". Então o uso lícito da figura do PJ, por exclusão, será caracterizado pela contratação de pessoa jurídica - empresa, para prestar serviços não habituais, não subordinados, etc. Segundo dados de Queiroz (1999) muitas empresas encararam esta alternativa como economicamente interessante, uma vez que, contratando desta forma estariam livres dos encargos sociais e outras obrigações regidas pela CLT. Ainda de acordo com Queiroz, a Justiça do trabalho, através da análise destas relações laborais, tem constatado que essas relações são estabelecidas, na sua grande maioria, com o sistema de exclusividade, ou seja, o então empresário é contratado como pessoa jurídica, mas depende economicamente e operacionalmente do seu contratante, evidenciando relação e vínculo de emprego.

20 2.3 ADMINISTRADOR E EMPREENDEDOR: SIMILARIDADES E DIFERENÇAS Este trabalho busca contribuir para o entendimento do empreendedorismo no que se refere ao surgimento de empresas PJ, se esse crescimento é produto de empreendedores ou conseqüência de dificuldades de inserção no mercado de trabalho. Para tanto, parte-se da seguinte questão: pode-se criar um modelo de comportamento que habilite alguém a ser empreendedor? De acordo com Dornelas (2001) o ensino de administração voltava seu foco a formar profissionais para administrar grandes empresas e não para criá-las. Quando esse cenário mudou, tanto os profissionais experientes, os jovens à procura de oportunidades no mercado de trabalho, quanto às escolas de ensino de Administração, não estavam preparados para o novo contexto apresentado. E mudar a visão a respeito de determinado assunto, redirecionar ações e repensar conceitos, leva algum tempo para que gerem resultados práticos. Nesta abordagem, o empreendedor é visto como um ser social, e assim sendo, é fruto da relação constante entre os talentos e características individuais e o meio em que vive. O empreendedor possui peculiaridades extras, além dos atributos do administrador, e alguns aspectos pessoais que, somados às características sociológicas e ambientais, permitem o surgimento de uma nova empresa. (DORNELAS, 2001). Dornelas destaca ainda uma observação de Filion (1997): o gerente é voltado para a organização de recursos, enquanto o empreendedor é voltado para a definição de contextos. As diferenças e as similaridades entre o domínio empreendedor e administrativo podem ser comparadas em cinco dimensões:

21 orientação estratégica, análise das oportunidades, comprometimento e controle dos recursos e estrutura gerencial: Orientação estratégica: numa abordagem processual, com foco na impessoalidade, na organização e na hierarquia, a organização estratégica propõe que o trabalho do administrador ou do empreendedor, concentre-se nos atos de planejar, organizar, dirigir e controlar. Embora, sob o domínio empreendedor a orientação seja dirigida pela percepção de oportunidades, enquanto que no domínio administrativo, a orientação é dirigida pelo controle dos recursos atuais. Análise das oportunidades: nesta dimensão, o trabalho dos administradores é semelhante ao dos empreendedores, já que compartilham de três características principais: demandas, alternativas e oportunidades. As demandas identificam o que deve ser feito. As alternativas identificam as opções do que fazer e de como fazer. As oportunidades criando equilíbrio em um ambiente de turbulência, ou seja, o empreendedorismo quebra a ordem corrente e inova em curto prazo, enquanto que o administrador, a longa duração. Comprometimento: os empreendedores têm um senso de liderança e comprometimento focado na independência maior que os administradores, galgando sempre estar à frente das mudanças e ser donos do próprio destino, criando algo novo e determinando os próprios passos e caminho. Controle dos recursos: uma característica comum aos administradores e aos empreendedores é saber obter e alocar os recursos materiais, humanos, tecnológicos e financeiros de forma racional, procurando o melhor desempenho para o negócio.

22 Estrutura gerencial: o domínio maior está na necessidade dos administradores de definir a autoridade, a responsabilidade e a cultura organizacional, através de conceitos administrativos. Mas quando analisados os estudos sobre o papel e as funções do administrador e sobre a abordagem processual do seu trabalho, pode-se concluir que existem muitos pontos em comum entre o administrador e o empresário; ou seja, o empreendedor é um administrador, mas com diferenças consideráveis em relação à gestão, por serem mais visionários. De acordo com Chiavenato (2005) o empreendedor deve ser um bom administrador para obter o sucesso, no entanto, nem todo bom administrador é um empreendedor. De modo geral, ao fazer uma distinção entre o administrador e o empreendedor, pode-se dizer que, enquanto o primeiro, objetiva conviver com a realidade existente na organização e atuar eficiente e eficazmente sobre ela, o empreendedor busca a materialização de novas oportunidades, quer sejam elas a criação de um novo negócio ou uma ação inovadora em uma empresa já existente, como planos de marketing, vendas ou produção. Paralelamente à administração, a economia é base para os estudos fundamentais na análise do papel que o empreendedor representa no processo de desenvolvimento econômico e social. Os economistas que destinam atenção ao tema, avançam estudos buscando um melhor conhecimento da interação entre o empreendedor e a empresa, da sua eficácia no uso dos recursos, do seu estado de alerta em relação ao ambiente: às nuances de mudanças no mercado, percepção de informações e da capacidade de lidar com riscos e incertezas.

23 E nessa fronteira entre economia e administração, surgem conceitos como empresário empreendedor e empresa empreendedora. 2.4 CARACTERÍSTICAS DO COMPORTAMENTO EMPREENDEDOR E DA EMPRESA EMPREENDEDORA Uma reflexão sobre as atitudes e comportamentos dos empreendedores é a base da investigação do processo de criação de empresas, e esse diagnóstico é baseado em estudos que envolvem atitudes. Ou seja, determinar quais atitudes e comportamentos são praticados pelos empreendedores como base na avaliação da existência de uma semelhança entre atitudes e comportamentos dos chamados empreendedores na criação de empresas PJ. A importância do estudo das atitudes para o processo de criação de empresas é relacionada à própria afinidade entre modo e desempenho, ou seja, a atitude é uma seqüência de componentes que conduzem a um determinado comportamento. E, consequentemente, essa ligação entre atitude e comportamento contribui para o desenvolvimento do espírito empreendedor. Embora seja possível identificar as principais características, pensamentos e ações dos empreendedores, de acordo com Filion (1999) essas características dependem da atividade que o empreendedor está executando em uma determinada época e da etapa em que a empresa se situa no processo de desenvolvimento.

24 Como o empreendedor se revela por meio dos resultados alcançados, e não apenas por seus sonhos e visões, a sua identificação e caracterização serão sempre sustentadas nas suas realizações. Filion (1991) busca a compreensão do empreendedor analisando o processo de elaboração do mesmo, que tem como passo inicial a criação de uma visão. Para ele, o que diferencia o empreendedor e o caracteriza é uma estrutura de pensamento sistêmico e visionário. A visão é, portanto, o ponto de partida para a criação de novos empreendimentos. Entretanto, para que a visão possa ser realizada, faz-se necessário que outros elementos participem do processo de seu desenvolvimento, tais como: características pessoais (atitudes, liderança, capacidade de se relacionar, comunicação) habilidades, experiência e conhecimentos mínimos para assumir os riscos e desempenhar satisfatoriamente as atribuições. O grau de interação que se estabelece entre a visão e esses elementos processo empreendedor é o que determinará a possibilidade de materialização com sucesso da visão. Já Dolabela (1999) considera como ponto de partida o sonho, sendo a visão compreendida como sonho posta em ação. Dentro desta concepção, todos são capazes de empreender desde que sejam capazes de sonhar e estejam motivados para converter em realidade os seus sonhos. O empreendedor é alguém que define por si mesmo o que vai fazer e em que contexto será feito. Ao definir o que vai fazer, ele leva em conta seus sonhos, desejos, preferências, o estilo de vida que quer ter. Desta forma, consegue dedicar-se intensamente, já que seu trabalho se confunde com o prazer (DOLABELA, 1999. p.68). As abordagens de Filion e Dolabela consideram o caminho empreendedor como uma forma de realização do ser, de acordo com seu objeto de interesse, seu

25 sonho, desejo, preferência e o que lhe traz satisfação pessoal como energia para sua ação. Chiavenato (2005) baseado em estudos realizados por McClelland (1961), no que tange a perspectiva psicológica e comportamental dos empreendedores, considera o ímpeto empreendedor com três características básicas: Necessidade de realização: existência de uma relação positiva entre a necessidade de realização e a atividade empreendedora, onde os empreendedores iniciam novas empresas e orientam o seu crescimento, além de apresentarem elevada necessidade de realização em relação às pessoas da população geral. O desejo de realização propicia o interesse por tarefas desafiadoras. Disposição para assumir riscos: o empreendedor assume variados riscos ao iniciar seu próprio negócio, tais como: financeiros, decorrentes dos investimentos ao iniciar seu próprio negócio, abandono de empregos seguros e carreiras definidas. Verificou-se nos empreendedores, alta necessidade de realização com propensões a assumir riscos refletindo autoconfiança. Autoconfiança: Os empreendedores possuem autoconfiança para enfrentar os desafios existentes no ambiente e desenvolvem domínio nas relações de troca com o mesmo. Todavia, nem todo empreendedor busca um novo objetivo ou meta de vida ao constituírem uma empresa, existem casos de negócios que foram constituídos compulsoriamente, como forma de evadir-se de algum aspecto ambiental, nos casos dos chamados empreendedores involuntários. A fuga de ambientes de trabalho burocráticos, processos decisórios centralizados, realocações impostas, atmosfera indesejável ou a própria situação de

26 desemprego no país, podem inferir como alternativa de sobrevivência, a criação de empreendimentos.

27 3.0 ESTUDO DE CASO 3.1 CARACTERÍSTICAS DAS ORGANIZAÇÕES PESQUISADAS Para melhor compreensão e caracterização das organizações apresentadas, faz-se necessário conceitualizar os termos: empresa tomadora e concessionária ou empresa PJ. A empresa tomadora é aquela que, na relação profissional, tem a capacidade de contratar a prestadora de serviços e a concessionária é a empresa PJ contratada pela tomadora para comercialização dos seus produtos e/ou serviços, através de uma concessão por tempo determinado ao contrato firmado entre as partes. A justificativa apresentada pela organização tomadora como objetivo para a contratação quase restrita (devido ao número insignificante de profissionais contratados pelo regime CLT) de empresas PJ para determinadas atividades na empresa, é formar alianças estratégicas para a obtenção de resultados que gerem competitividade e diferencial diante das concorrentes, buscando como parceiros, aqueles mais competentes e especializados. Estes seriam eficazes e tecnicamente capazes de assumir responsabilidades e teriam autonomia para gerenciar e supervisionar suas próprias atividades. As partes contratantes assumem a postura de parceria empreendedora, focada nos objetivos e interesses de ambas. Cada uma buscando esforços para atingir os resultados favorecedores a ambas.

28 Porém, a exigência de contratos de exclusividade com as concessionárias, demonstra hierarquia e subordinação. A empresa PJ atua sempre com dependência em relação à organização contratante, devido à sua incapacidade de gerir seus negócios sem a interferência da mesma. A escolha dos parceiros PJ é feita através de rigoroso e extenso processo de seleção, com entrevistas, testes, dinâmicas em grupo, estudos e programas de treinamento que cultivam certos atributos de personalidade e comportamento empreendedor, como se esses levassem, de forma garantida, ao sucesso de um empreendimento. Os selecionados, algumas vezes ex-funcionários, candidatos a se tornar empresários, vêm nesta oportunidade a chance de se transformar em donos de empresas e ganhar muito dinheiro em curto prazo, principalmente porque podem ter empresas sem nenhum investimento próprio inicial, uma vez que a contratante subsidia a constituição da empresa PJ, reavendo esse recurso através de dízimos das recompensas de vendas das então empresas PJ. Pode-se observar, também, que a contratante mantém com a concessionária uma relação de supervisão igual a que há em caso de funcionários contratados, para controlar as suas atividades, executando-as conforme os seus interesses e conveniências, sob pena de retenção do pagamento das recompensas (em forma de comissão) ou até o descredenciamento irreversível. Embora, todos os encargos de manutenção da empresa PJ (incluindo escritório virtual e contador) sejam de responsabilidade da concessionária.

29 3.2 ANÁLISE DOS DADOS PESQUISADOS Para o diagnóstico dos dados coletados, desenvolveu-se uma moldura de referência utilizada como guia para nortear e facilitar a compreensão sobre os fatores motivacionais e propulsores à criação das empresas PJ, e as características que diferenciam os tipos de empreendedores. PERFIL DO EMPREENDEDOR ASPECTOS SOCIOECONÔMICOS Desemprego Necessidade de aumentar renda Insatisfação com atividade anterior (retorno financeiro) Inovação Tecnologia Competitividade ASPECTOS COMPORTAMENTAIS Necessidade de realização e capacidade de inovação Identificação de oportunidade de mercado Desejo de ter o próprio negócio VARIÁVEIS PROPULSORAS EMPREENDEDORAS PROCESSO DE CRIAÇÃO DA EMPRESA Fig. 3 Aspectos para a formação da empresa PJ Fonte: elaborado pela autora, baseado em fontes de pesquisa

30 Conforme mencionado na metodologia, foi realizada uma entrevista semiestruturada, conforme roteiro anexo (Anexo I), com 20 (vinte) concessionárias PJ vinculadas à mesma organização e com diferentes anos de atuação no mercado. Na figura 4 encontram-se sintetizadas as principais características dos PJ pesquisados, os aspectos favorecedores ou limitadores ao perfil e ao comportamento empreendedor, identificados nas entrevistas. CARACTERÍSTICAS ESPECIFICAÇÕES INDICADORES Necessidades Desemprego Auto-realização Independência Aprovação Segurança Inventividade Status pessoal Curiosidade Habilidades/ Competências Comprometimento Perfeccionismo Autonomia Atitude pró-ativa Criatividade Motivação Técnica Vivência com situação nova Comunicação persuasiva Conhecimentos Senso de oportunidade Desenvolvimento pessoal Informação técnica Experiência Formação complementar Estrategista Especialista Fig. 4 Características dos profissionais PJ Fonte: elaborado pela autora Necessidade de reinserção no mercado Guiados pela vontade de realização Extrapolar os próprios limites Crença na capacidade de satisfação pessoal Ser respeitado e prestigiado como vitorioso Garantia financeira Abertura de novas idéias Iniciativa para tomada de decisões Ambição profissional/vontade de crescer Identificação de oportunidade Perseverança com relação ao seu empreendimento Busca ao atingimento de metas com perfeição Auto-gerenciar desejos e aspirações pessoais Predisposição para correr riscos Adaptar-se favoravelmente à mudança Gerenciamento da inovação Capacidade de negociação Antecipação das oportunidades Implementar idéias Aspectos técnicos relacionados ao negócio Formulador de plano para superar obstáculo Capaz de expor idéias e conhecimentos técnicos Atento às necessidades do mercado Habilidade para conviver com mudanças Vislumbrar as adversidades com naturalidade Aperfeiçoar suas próprias capacidades Aspectos relacionados ao negócio Enfoque empresarial Aprimoramento constante Foco no resultado Ampla cultura geral Visão sistemática Experiência comercial

31 Nas figuras 5 e 6 encontram-se estruturados modelos de análise, nos quais são comparados os dados obtidos da pesquisa exploratória, contendo aspectos comportamentais e econômicos, encontrados na literatura estudada. Perspectiva Econômica 20% 10% 0% 40% 30% Desemprego Necessidade de aumentar a renda Oportunidade de negócio Ambição profissional/desafio Experiência anterior Fig. 5 Gráfico com perspectiva econômica Fonte: elaborado pela autora, baseado em dados coletados na pesquisa empírica. Perspectiva Comportamental 15% 10% 5% 35% 35% Insatisfação com atividade anterior Comprometimento Desejo de ter o próprio negócio Necessidade de realização/desejo de auto gestão Capacidade de inovação Fig. 6 Gráfico com perspectiva comportamental Fonte: elaborado pela autora, baseado em dados coletados na pesquisa empírica. O desemprego é uma das variáveis mais citadas na pesquisa como propulsora e estimuladora do processo empreendedor, provocando mudanças forçadas na vida dos entrevistados. Esses dados quando relacionados à teoria de

32 Filion (1999) concordam em termos de que os anos 90 produziriam a categoria de empreendedor involuntário, ou seja, aquele que busca na criação de uma empresa, a geração do auto-emprego. Outro dado constatado refere-se à insatisfação pela atividade anteriormente desempenhada, tal manifestação indica fator desencadeador no processo empreendedor. Vale ressaltar que nenhum dos entrevistados apresentou experiência anterior na execução da atividade, reafirmando a modificação compulsória que sofreu ao iniciar a atividade empreendedora de concessionária PJ. Entretanto, independente do interesse de realização ser de âmbito pessoal ou pecuniário, a pesquisa apresentou significativo grau de comprometimento com a atividade executada, ou seja, indiferente ao objetivo, o foco será executá-la eficazmente. A respeito dos itens desejo de ter o próprio negócio, de auto-gestão e capacidade de inovação, citados pela literatura como indicadores de motivação para empreender, são características individuais não encontradas na pesquisa em grau relevante, apresentando uma freqüência baixa comparativamente aos dados mencionados literatura. Ainda de acordo com as referências literárias, o que move o empreendedor é, basicamente, a necessidade de realização pessoal e a percepção de uma oportunidade de negócio e não suas recompensas monetárias. Porém, os dados da pesquisa revelam maior índice de interessados no retorno financeiro, através do aumento da renda, do que o desejo de prestígio pessoal ou motivação para ser seu próprio patrão e autogestão.

33 4.0 CONSIDERAÇÕES FINAIS A força do empreendedorismo no Brasil e sua importância no contexto socioeconômico, como estímulo e alternativa à geração de emprego e renda podem caracterizar a atual situação de determinadas empresas no mercado contemporâneo, obrigadas a passar por transformações nos processos produtivos. Em função disso, novos tipos de relações de negócios têm aumentado significativamente, e colaborado para o incentivo às subcontratações, disfunções e precarização nas relações de trabalho, fazendo com que as diversas empresas dos mais variados segmentos substituam os processos de contratação pela prestação de serviços com emissão de nota fiscal, o chamado profissional PJ. Porém, a interveniência de uma grande organização empresarial para a formação de uma empresa PJ, pode ser considerada estímulo ao empreendedorismo ou descaracterização de relação trabalhista? A pergunta levantada foi analisada, e suas questões operacionais discutidas confrontadas com os conceitos desenvolvidos ao longo dessa dissertação e fundamentada nos resultados obtidos na pesquisa empírica. Para tanto, faz-se necessário contextualizar o empreendedorismo. O empreendedorismo é de tamanha complexidade que não pode ser visto sob um único enfoque, englobando a influência do macro ambiente, o perfil comportamental do indivíduo e os padrões culturais com forte ligação entre a reestruturação produtiva e as relações trabalhistas na atualidade.

34 Contudo, é relevante compreender os motivos que levam as pessoas a criar o próprio negócio, identificar o perfil desses empresários, considerando as características comportamentais e sociais mencionadas na literatura como determinantes para desencadear as atividades empreendedoras e o espírito empreendedor. Conforme evidenciado nas figuras com análises comparativas referentes aos aspectos comportamentais e socioeconômicos do trabalho de pesquisa, como também na apuração e interpretação das informações dos dados obtidos através das entrevistas, foram identificadas características comportamentais e econômicas. Porém, o maio grau de importância entre as mesmas, está no fator econômicofinanceiro. Os resultados da pesquisa, tanto pela contextualização teórica, quanto pelas entrevistas realizadas, convergem para o fato de que mudanças compulsórias na vida dos indivíduos pesquisados, provocadas, principalmente, por demissões e a insatisfação com a atividade laboral anterior, são os principais motivos para a formação das empresas PJ. Quanto ao perfil empreendedor, especialmente o esboçado a partir das entrevistas, em consonância com o apresentado na literatura, constata que as características e habilidades marcantes que distinguiriam o espírito empreendedor não são encontradas em grau relevante nos indivíduos pesquisados. Logo, no contexto analisado, o empreendedorismo dá-se, sobretudo por necessidade, significando que os empreendedores iniciam suas atividades em razão da dificuldade de obter emprego regular no mercado, sendo tal conclusão ratificada pelos números oriundos das pesquisas supracitadas. Esses motivos reforçam a

35 hipótese inicialmente levantada, de que o contexto socioeconômico estimulou o surgimento da classe de empreendedores involuntários.

36 REFERÊNCIAS ARAUJO, Maria A.D. de MOREIRA, Carlos A. de L. Gerenciamento das pessoas em uma associação de trabalho: novas formas de participação? 2003 BRAGA, João N. de P. O empreendedorismo como instrumento de desenvolvimento. O programa IES/SOFITEX, 2003. Tese (Mestrado Acadêmico em Administração) Escola de administração, Universidade Federal da Bahia BRITO, Francisco; WEBER, Luís, Empreendedorismo Brasileiro II casos de sucesso. SP: 2004 - Negócio CHIAVENATO, Idalberto. Empreendedorismo, dando asas ao espírito empreendedor. SP: 2005-2ª Edição DORNELAS, José C. A. Empreendedorismo, transformando idéais em negócios RJ: 2001, Elsevier, 2001 11ª Tiragem FELIPPE, Maria I. Empreendedorismo: buscando o sucesso empresarial, São Paulo, 1996 FILION, L. J. Carreiras empreendedoras do futuro, Revista Sebrae nº 01, out/dez 2001 GUIMARÃES, Liliane de O. ; OLIVEIRA, Dilson C. de, Perfil empreendedor e ações de apoio ao empreendedorismo, 2003 Global Entrepreneurship Monitor. Empreendedores no Brasil, Sumário Executivo- 2000,2003,2004 HERNANDEZ, Márcia P. Direito Trabalhista, PUC SP, 2004 Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística IBGE, GRABOIS, Ana P., Abrir empresa é alternativa ao desemprego, mostra o IBGE, 2004 KOTLER, P. Adm de MKT: Análise, planejamento, administração e controle. São Paulo: Atlas, 1998 LEITE, Emanuel O fenômeno do empreendedorismo criando riquezas. Edições Bagaço, Recife, 2000 MORAES, Rita Volta por cima. Dono do seu nariz, Revista Isto É, nº1788, ano 2004, p.58 63. PASTORE, José Mudanças no modo de trabalhar, Estado de São Paulo, 22/03/2005. Diário