UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU PROJETO A VEZ DO MESTRE



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Transcrição:

UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU PROJETO A VEZ DO MESTRE A IMPORTÂNCIA DAS MICROEMPRESAS PARA A ECONOMIA BRASILEIRA Por: Jorgiane Guimarães Ferreira Orientador Prof.ª Aleksandra Sliwowska Bartsch Niterói 2007

2 UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU PROJETO A VEZ DO MESTRE A IMPORTÂNCIA DAS MICROEMPRESAS PARA A ECONOMIA BRASILEIRA Apresentação de monografia à Universidade Candido Mendes como requisito parcial para obtenção do grau de especialista em Gestão Estratégica Por:. Jorgiane Guimarães Ferreira

3 AGRADECIMENTOS Agradeço a Deus, aos meus pais, ao meu esposo Rodrigo e a Sueli que tanto me auxiliaram.

4 DEDICATÓRIA Dedico este trabalho aos meus familiares e a todos que direta ou indiretamente estiveram me apoiando para concluir-lo com afinco.

5 RESUMO O objetivo deste estudo foi levantar questões sobre a importância das microempresas no Brasil com enfoque na geração de emprego e renda e nas restrições existentes ao seu funcionamento. Através de uma pesquisa bibliográfica este estudou fixou sua atenção no estabelecimento do conceito de micro empresa através da abordagem sobre as legislações brasileiras existentes sobre à micro empresa. Abordou-se também a importância do SEBRAE no apoio ao desenvolvimento da atividade empresarial de pequeno porte e a importância de uma visão empreendedora para o crescimento deste segmento empresarial na economia brasileira considerando as implicações decorrentes das dificuldades enfrentadas para sobreviver sem uma política de apoio e incentivo identificando a sua importância na economia brasileira.este estudo verificou que apesar de existir inúmeras limitações ao funcionamento dos pequenos negócios no Brasil, já existe uma política governamental voltada para o estímulo às empresas de menor porte pois aos poucos esta se descobrindo toda a importância do empreendedor e da micro e pequena empresa no desenvolvimento sustentável do País. PALAVRAS CHAVES: MICROEMPRESA EMPREENDEDORISMO DESENVOLVIMENTO - SEBRAE

6 METODOLOGIA O presente estudo será de natureza qualitativa é considera o critério de classificação de pesquisa proposto por Vergara (1990), que a qualifica quanto aos fins e quanto aos meios. Quanto aos fins, a pesquisa será exploratória e descritiva. Exploratória porque, embora se fale muito em microempresas, não se verificou a existência de estudos que aborde a importância delas para a economia brasileira com o ponto de vista pela qual a pesquisa tem a intenção de abordá-lo. Descritiva, porque visa descrever percepções, características e expectativas de uma microempresa dentro do cenário da economia brasileira. Quanto aos meios, trata-se de uma pesquisa bibliográfica. Classifica-se como uma pesquisa bibliográfica, pois se recorrerá para fundamentação teórico-metodológico do trabalho: livros, artigos de revistas e jornais, redes eletrônicas, isto é, material acessível ao público em geral, que possa levar a analise e reflexão sobre o tema proposto. Nesta fundamentação teórica será consultado principalmente Amaro e Paiva (2002), SEBRAE (2002), IBGE (2002), Vergara (1990) entre outros que expõe e defendem a idéia da importância das microempresas para a economia brasileira.

7 SUMÁRIO INTRODUÇÃO... 08 CAPÍTULO I - UM BREVE HISTÓRICO DO CONCEITO DE MICRO EMPRESA... 12 1.1 O SEBRAE e sua importância para as microempresas... 20 CAPÍTULO II - Microempresa Empreendedorismo e desenvolvimento... 23 CAPÍTULO III AS PERSPECTIVAS DA MICROEMPRESA NA ECONOMIA BRASILEIRA... 31 CONCLUSÃO... 39 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS... 41

8 INTRODUÇÃO Só nas duas últimas décadas do século XX, quando as grandes empresas começaram a diminuir seus custos e o número de empregos, é que as micros e pequenas empresas passaram a ter um crescimento maior, fornecendo diversos produtos e serviços para as grandes. Era o processo de terceirização, que se espalhou por todo o mundo, aumentando a importância dos pequenos negócios para a economia dos países. Globalizados, o comércio, a indústria e os serviços vêm mudando em todo o mundo, beneficiando alguns setores e exigindo profundas reformulações de outros. O mundo está menor; os empregos diminuem e as microempresas ganham importância. O estímulo ao empreendedorismo, a formalização de negócios e o fortalecimento das microempresas são fundamentos indispensáveis para o desenvolvimento econômico. Consiste num elemento básico que deve ser contemplado pelas políticas públicas de governos comprometidos com a inclusão social, geração de empregos e competitividade empresarial. Foi somente em meados da década de 80 que se criou, juridicamente, o conceito de microempresa no Brasil. Depois disso, a Constituição Federal de 1988 avançou quando estabeleceu o tratamento diferenciado e simplificado ao segmento, cujo potencial em nosso país ainda precisa ser amplamente explorado como instrumento de combate à pobreza, distribuição de renda e aumento da produtividade global da economia. Não obstante a crescente relevância das microempresas na economia brasileira, bem como seu papel social na diminuição das desigualdades entre indivíduos e regiões, elas ainda enfrentam dificuldades diversas para operar no Brasil. Fruto direto de tais dificuldades é a elevada taxa

9 de mortalidade, que chega a 61% do total de micro empresas no primeiro ano de atividade (SEBRAE,1998). Assim, não obstante o Brasil tenha uma população empreendedora, por falta de preparo e apoio adequado, o brasileiro também muito fracassa. O país apresenta alta mobilidade social e econômica, nele despontam muitas oportunidades. Todavia, a falta de estrutura adequada em termos de aparato legal, contábil e gerencial, a legislação tributária ainda desfavorável, as exigências burocráticas, a carência de crédito e de uma política sistêmica de apoio e incentivo às micro e pequenas empresas levam a altas taxas de insucesso. Portanto, constitui-se, assim, em objetivo deste estudo levantar questões sobre a importância das microempresas no Brasil com enfoque na geração de emprego e renda e nas restrições existentes ao seu funcionamento. Segundo o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (SEBRAE), as unidades de menor porte representam a imensa maioria das empresas brasileiras. Realidade que se verifica não apenas para o conjunto da economia, como em todos os setores de atividade. Segundo Amaro: São essas empresas as que mais requerem esforços no sentido de elevar a produtividade e induzir a maior formalização da mão-de-obra ocupada, de modo a integrá-las ao setor moderno da economia. (2004, p.23) Tal estímulo, além de incentivar a geração de emprego e o aprimoramento da qualidade dos postos de trabalho, com reflexos positivos no nível de salários e outras remunerações, tenderá, automaticamente, a induzir uma maior desconcentração regional e amenizar a excessiva concentração de renda presente em nossa economia.

10 Constatada a crescente importância das microempresas na economia brasileira, este estudo propõem indagar sobre o perfil dessas firmas tendo portanto como objetivos específicos: Conceituar micro empresa e as restrições existentes ao seu funcionamento considerando as implicações decorrentes da falta de estrutura adequada em termos de aparato legal, contábil e gerencial. O presente estudo delimitará seu tema no período compreendido entre o início da década de 90, onde ocorreu a reestruturação da economia brasileira até os dias atuais fixando-se sua atenção no estabelecimento do conceito de micro empresa e aos problemas que limitam o crescimento desse segmento e estimulam a informalidade, cujas conseqüências impactam negativamente no mercado de trabalho, na produtividade, no sistema tributário e na competitividade da produção nacional. O presente estudo será de natureza qualitativa é considera o critério de classificação de pesquisa proposto por Vergara (1990), que a qualifica quanto aos fins e quanto aos meios. Quanto aos fins, a pesquisa será exploratória e descritiva. Exploratória porque, embora se fale muito em micro empresas, não se verificou a existência de estudos que aborde a importância delas para a economia brasileira com o ponto de vista pela qual a pesquisa tem a intenção de abordálo. Descritiva, porque visa descrever percepções, características e expectativas de uma microempresa dentro do cenário da economia brasileira. Quanto aos meios, trata-se de uma pesquisa bibliográfica. Classificase como uma pesquisa bibliográfica, pois se recorrerá para fundamentação teórico-metodológico do trabalho: livros, artigos de revistas e jornais, redes eletrônicas, isto é, material acessível ao público em geral, que possa levar a analise e reflexão sobre o tema proposto.

11 Nesta fundamentação teórica nos valeremos principalmente de Amaro e Paiva (2002), SEBRAE (2002), IBGE (2002), Vergara (1990) entre outros que expõe e defendem a idéia da importância das micros empresas para a economia brasileira. Para alcançar os objetivos deste estudo ele se reportará da seguinte maneira: Inicialmente será apresentado o conceito de microempresa através da abordagem sobre as legislações brasileiras existentes sobre à micro empresa. Será abordado também a importância do SEBRAE 1 no apoio ao desenvolvimento da atividade empresarial de pequeno porte. A seguir no segundo momento será falado sobre a importância da microempresa na economia brasileira através de uma visão empreendedora destacando de uma forma bem genérica o perfil dessas firmas. No terceiro capítulo abordará sobre as questões pertinentes aos aspectos legal, contábil e gerencial de uma microempresa considerando as implicações decorrentes das dificuldades enfrentadas para sobreviver sem uma política de apoio e incentivo identificando a sua importância na economia brasileira. Por fim, as conclusões e considerações finais, bem como as referências nas quais o estudo sobre a importância da microempresa para a economia brasileira está pautado. 1 SEBRAE - Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas.

12 CAPÍTULO I UM BREVE HISTÓRICO DO CONCEITO DE MICROEMPRESA O conceito de microempresa é amplo e diversificado, varia de região, estado ou município, depende de seu porte econômico-financeiro, do ramo de atividade e da forma jurídica. Foi somente em meados da década de 80 que se criou, juridicamente, o conceito de microempresa no Brasil. Em termos evolutivos, a primeira medida legal no Brasil estabelecendo tratamento especial às empresas de pequeno porte foi definida em 1984, com a instituição, pela Lei nº 7.256, do Estatuto da Microempresa, contemplando apoio ao segmento nas áreas administrativas, tributária, previdenciária e trabalhista. Tendo em vista a natural posição desfavorável das micro e pequenas firmas, a Constituição Federal estabeleceu, entre os princípios da ordem econômica, o tratamento favorecido para as empresas de pequeno porte constituídas sob as leis brasileiras e que tenham sua sede e administração no País (art. 170, IX). O artigo 179 orienta as administrações públicas a dispensar tratamento jurídico diferenciado ao segmento, visando a incentivá-las pela simplificação ou redução das obrigações administrativas, tributárias, previdenciárias e creditícias, por meio de leis. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios dispensarão às microempresas e às empresas de pequeno porte, assim definidas em lei, tratamento jurídico diferenciado, visando a incentivá-la pela simplificação de suas obrigações administrativas, tributárias, previdenciárias e creditícias, ou pela eliminação ou redução destas por meio de lei. (art.179 da Constituição Federal, 1988)

13 O artigo 146 contém dois novos dispositivos, aprovados pela Reforma Tributária de 2003, prevendo que uma lei de hierarquia superior, a lei complementar, definirá tratamento diferenciado e favorecido para as Micro empresas, incluindo um regime único de arrecadação dos impostos e contribuições da União, dos Estados e dos Municípios, além de um cadastro unificado de identificação. Foi verificado, portanto que os artigos 146, 170, 179 da Constituição de 1988 contêm os marcos legais que fundamentam as medidas e ações de apoio às micro e pequenas empresas MPE no Brasil. Em 1994, com a Lei 8.864, foi aprovado um segundo Estatuto prevendo tratamento favorecido nos campos trabalhista, previdenciário, fiscal, creditício e de desenvolvimento empresarial. Embora não tivesse causado grande impacto pela falta de regulamentação que a maioria de seus artigos reclamavam, esta lei chegou a inovar com a elevação da receita bruta anual da microempresa, além de fazer surgir, pela primeira vez, a figura da empresa de pequeno porte, conforme previsto na Constituição Federal. Tais artigos dependiam de regulamentação, pois não eram autoaplicáveis, o que significa dizer que seus dispositivos não continham regras claras e objetivas para serem aplicados diretamente, dependendo, portanto, de regulamentação por ato do Poder Executivo através de decretos regulamentares. O art. 11 da referida lei é um exemplo típico: "Art. 11 - A escrituração da microempresa e da empresa de pequeno porte será simplificado, nos termos a serem dispostos pelo Poder Executivo na regulamentação desta Lei"., (Lei 8.864 de 1994) Apesar de pouco aplicada durante a sua vigência, esta lei inovou ao aumentar o limite de receita bruta das microempresas, que passou de 96 mil para 250 mil UFIRs e, principalmente por conceituar, pela primeira vez, a figura da empresa de pequeno porte como sendo as que tivessem receita bruta igual ou inferior a 700 mil UFIRs.

14 Somente em 1996 ocorreu a implementação de uma medida importante, no campo tributário, através da ação decisiva do SEBRAE e das instituições de classe representativas das empresas de pequeno porte junto ao Congresso Nacional. Foi obtida a aprovação da Lei 9.317(Lei do Simples Federal, que regulou o sistema tributário /fiscal aplicável a estas empresas), alterado pela Lei nº 10.034, de 24 de outubro de 2000 que aprimorou e ampliou o sistema de pagamentos de impostos já em vigor para as microempresas através do Tributo Federal Simples (calculado com base em percentuais calculados sobre faturamento bruto do mês anterior). Segundo a referida Lei, o conceito formal de micro e pequena empresa foram estabelecidos considerando-se portanto a receita bruta anual. No Documento de Arrecadação Fiscal (DARF) do Tributo Federal Simples, ou Simples como é conhecido, estão incluídos o Imposto de Renda de Pessoa Jurídica (IRPJ), o PIS/Pasep, a Confins, a Contribuição Social sobre Lucro Líquido (CSLL), a contribuição da empresa sobre a folha de pagamentos e salário-educação, o Imposto sobre Produtos Industrializados (IPIN) e Imposto para Salário da Seguridade social (INSS), inclusive as contribuições para terceiros: Sesi / Senai, Sesc. O tratamento jurídico simplificado e favorecido, estabelecido nesta Lei, visou facilitar a constituição e o funcionamento da microempresa e da empresa de pequeno porte, de modo a assegurar o fortalecimento de sua participação no processo de desenvolvimento econômico e social e representou um importante marco no que tange ao tratamento tributário dado a esse setor. Foi positivo o resultado para a formalização de empreendimentos e de postos de trabalho. Sem dúvida alguma, esta foi uma das maiores conquistas das micro e pequenas empresas brasileiras. Esta lei estabeleceu tratamento diferenciado, simplificado e favorecido, aplicável às microempresas e as empresas de

15 pequeno porte relativo aos impostos e contribuições que menciona. Na prática reduziu, consideravelmente, a carga tributária e simplificou a forma de recolhimento dos tributos federais, além de possibilitar a adesão de Estados e Municípios para concessão de benefícios do ICMS e do ISS, respectivamente. Observa-se porém que o princípio simplificador que norteou a adoção do Simples foi um dos grandes avanços em termos tributários verificado em nosso país. No entanto, durante todo esse tempo em que está em vigor, o sistema carregou imperfeições como a restrição imposta a vários segmentos. Inúmeras atividades, basicamente prestadores de serviços, não puderam optar pelo imposto único. Em 1999 foi aprovado um novo Estatuto da Microempresa e da Empresa de Pequeno Porte. A denominação "Estatuto" significa que diversos assuntos de interesse das microempresas e das empresas de pequeno porte foram reunidos em uma só lei. A Lei n.º 9.841/99, com fundamento nos artigos 170 e 179 da Constituição Federal, regulamentada pelo Decreto nº 3.474/00 estabeleceu diretrizes para a concessão de tratamento diferenciado aos pequenos negócios nos campos administrativos, tributário, previdenciário, trabalhista, creditício e de desenvolvimento empresarial não abrangidos pela lei do Simples. Ou seja, o Estatuto tem por objetivo facilitar a constituição e o funcionamento da microempresa e da empresa de pequeno porte, assegurando o fortalecimento de sua participação no processo de desenvolvimento econômico e social e o Simples estabelece tratamento diferenciado nos campos dos impostos e contribuições. A aprovação desta lei foi um importante marco na história das micro e pequenas empresas brasileiras. No Estatuto de 1999, o critério adotado para conceituar micro e pequena empresa continuou sendo a receita bruta anual, cujos valores foram atualizados pelo Decreto nº 5.028/2004, de 31 de março de 2004, que corrigiu

16 os limites originalmente estabelecidos R$ 244.000,00 e R$ 1.200.000,00, respectivamente. Vale ressaltar, no entanto que os estados, tem uma gama variada de regulamentos para os pequenos negócios, com uma grande heterogeneidade de conceitos, definidos de acordo com a sua situação econômica e fiscal própria o que gera gastos e confusão burocrática. Convém ressaltar também que, por força do art. 7º da referida lei n.º 9.841/99, as microempresas devem adotar, em seguida ao seu nome, a expressão microempresa ou, abreviadamente ME, para a sua identificação. Atualmente, há uma multiplicidade de conceitos para definir micro e pequenas empresas, desde o faturamento ao pessoal ocupado. O SEBRAE (2003), em seus estudos e levantamentos sobre a presença da micro e pequena empresa na economia brasileira, utiliza além do faturamento o conceito de pessoas ocupadas nas empresas conforme os seguintes números: Microempresa: na indústria e construção: até 19 pessoas ocupadas; no comércio e serviços: até 09 pessoas ocupadas. Pequena empresa: na indústria e construção: de 20 a 99 pessoas ocupadas; no comércio e serviços: de 10 a 49 pessoas ocupadas. No entanto, essa classificação não esclarece a real dimensão de uma empresa, uma vez que o que deve ser levado em consideração não é o espaço físico a ser ocupado, e sim a capacidade de gerar riquezas. O mais recente conceito para definir micro e pequena empresa está baseado na lei complementar nº 123, de 14 de dezembro de 2006 que institui o

17 Estatuto Nacional da Microempresa e da Empresa de pequeno porte. Esta lei alterou dispositivos das Leis n os 8.212 e 8.213, ambas de 24 de julho de 1991, da Consolidação das Leis do Trabalho CLT, aprovada pelo Decreto-Lei n o 5.452, de 1 o de maio de 1943, da Lei n o 10.189, de 14 de fevereiro de 2001, da Lei Complementar n o 63, de 11 de janeiro de 1990; e revogou as Leis n os 9.317, de 5 de dezembro de 1996, e 9.841, de 5 de outubro de 1999. [...] estabelece normas gerais relativas ao tratamento diferenciado e favorecido a ser dispensado às microempresas e empresas de pequeno porte no âmbito dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, especialmente no que se refere: I à apuração e recolhimento dos impostos e contribuições da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, mediante regime único de arrecadação, inclusive obrigações acessórias; II ao cumprimento de obrigações trabalhistas e previdenciárias, inclusive obrigações acessórias; III ao acesso a crédito e ao mercado, inclusive quanto à preferência nas aquisições de bens e serviços pelos Poderes Públicos, à tecnologia, ao associativismo e às regras de inclusão. (LEI nº123/2006 artº 1) Para efeitos desta lei, é considerada como micro empresa o empresário, a pessoa jurídica, ou a ela equiparada, aufira, em cada anocalendário, receita bruta igual ou inferior a R$ 240.000,00 (duzentos e quarenta mil reais). No entanto, o art 4 desta Lei Complementar exclui a caracterização como microempresa daquela em que haja participação de outra pessoa jurídica; que seja filial, sucursal, agência ou representação, no País, de pessoa jurídica com sede no exterior; ou cujo capital participe pessoa física que seja inscrita como empresário ou seja sócia de outra empresa que receba tratamento jurídico diferenciado nos termos desta Lei Complementar. Também não poderá ser caracterizada como micro empresa aquela cujo titular ou sócio participe com mais de 10% (dez por cento) do capital de outra empresa não beneficiada por esta Lei Complementar ou seja administrador ou equiparado de outra pessoa jurídica com fins lucrativos.

18 Vale ressaltar também que a Lei Complementar no mesmo artigo 4º também deixa fora da caracterização de microempresa,as empresas constituída sob a forma de cooperativas, salvo as de consumo ou sob a forma de sociedade por ações;que exerça atividade de banco comercial, de investimentos e de desenvolvimento, de caixa econômica, de sociedade de crédito, financiamento e investimento ou de crédito imobiliário, de corretora ou de distribuidora de títulos, valores mobiliários e câmbio, de empresa de arrendamento mercantil, de seguros privados e de capitalização ou de previdência complementar; ou seja resultante ou remanescente de cisão ou qualquer outra forma de desmembramento de pessoa jurídica que tenha ocorrido em um dos 5 (cinco) anos-calendário anteriores Nacional : Com a aprovação desta lei também ficou instituído o Simples Art. 12. Fica instituído o Regime Especial Unificado de Arrecadação de Tributos e Contribuições devidos pelas Microempresas e Empresas de Pequeno Porte - Simples Nacional. (LEI nº123 / 2006) O Simples Nacional unifica através de recolhimento mensal, mediante documento único de arrecadação, os seguintes impostos e contribuições: o Imposto sobre a Renda da Pessoa Jurídica - IRPJ; Imposto sobre Produtos Industrializados -IPI, Contribuição Social sobre o Lucro Líquido CSLL; Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins, PIS/Pasep; INSS patronal; ICMS e ISS; Imposto sobre Operações de Crédito, Câmbio e Seguro-IOF;Imposto sobre a Importação de Produtos Estrangeiros-II; Imposto sobre a Exportação, para o Exterior, de Produtos Nacionais ou Nacionalizados IE; Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural IPTR; CPMF e FGTS. No art. 17º, Seção II que trata das Vedações ao Ingresso no Simples Nacional, da referida Lei nos é colocado que não poderão recolher os impostos e contribuições na forma do Simples Nacional a microempresa ou a empresa de

19 pequeno porte que explore atividade de prestação cumulativa e contínua de serviços de assessoria creditícia, gestão de crédito, seleção e riscos, administração de contas a pagar e a receber, gerenciamento de ativos (asset management), compras de direitos creditórios resultantes de vendas mercantis a prazo ou de prestação de serviços (factoring). As empresas que também tenha sócio domiciliado no exterior; de cujo capital participe entidade da administração pública, direta ou indireta, federal, estadual ou municipal;que preste serviço de comunicação; que possua débito com o Instituto Nacional do Seguro Social - INSS, ou com as Fazendas Públicas Federal, Estadual ou Municipal, cuja exigibilidade não esteja suspensa não poderão participar ou ingressar no Simples Nacional. A abrangência dessa vedação ao ingresso ao Simples nacional também se estende as empresas que preste serviço de transporte intermunicipal e interestadual de passageiros;que seja geradora, transmissora, distribuidora ou comercializadora de energia elétrica;que exerça atividade de importação ou fabricação de automóveis e motocicletas; que exerça atividade de importação de combustíveis;que exerça atividade de produção ou venda no atacado de bebidas alcoólicas, cigarros, armas, bem como de outros produtos tributados pelo IPI com alíquota de valor superior a 20% (vinte por cento) ou com alíquota específica;que tenha por finalidade a prestação de serviços decorrentes do exercício de atividade intelectual, de natureza técnica, científica, desportiva, artística ou cultural, que constitua profissão regulamentada ou não, bem como a que preste serviços de instrutor, de corretor, de despachante ou de qualquer tipo de intermediação de negócios;que realize cessão ou locação de mão-de-obra; que realize atividade de consultoria;que se dedique ao loteamento e à incorporação de imóveis. No entanto, o novo imposto único, mantendo sua incidência sobre uma base declaratória, ainda não é o ideal para se enfrentar a fundo a questão da informalidade e para universalizar o sistema. (SEBRAE,2006)

20 A burocracia e os tributos são dois dos principais entraves que levam empresas para a informalidade como forma de sobrevivência que, por outro lado, consiste também num fator que limita seu crescimento, uma vez que restringe o crédito e a realização de operações com negócios formais. 1.1 O SEBRAE e sua importância para as microempresas. O SEBRAE é uma instituição técnica de apoio ao desenvolvimento da atividade empresarial de pequeno porte, voltada para o fomento e difusão de programas e projetos que visam à promoção e ao fortalecimento das micro e pequenas empresas. Foi fundada em julho de 1972, com uma associação civil, sem fins lucrativos e teve como sócios fundadores o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico (BNDE), a Financiadora de Estudos e Projetos S/A. - FINEP e a Associação Brasileira de Bancos de Desenvolvimento - ABDe, e tinha como objetivo social à prestação de serviços de organização empresarial em todos os seus aspectos, notadamente o tecnológico, econômico, financeiro e administrativo, e como finalidade à adoção de um sistema brasileiro de assistência à pequena e média empresa. No início recebeu essa entidade o nome de Centro Brasileiro de Assistência Gerencial à Pequena e Média Empresa - CEBRAE. O atual SEBRAE, Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas foi criado mediante a transformação do Centro Brasileiro de Apoio à Pequena e Média Empresa - CEBRAE, em serviço social autônomo através da Lei n. 8.029/90, no seu artigo 8º que o desvinculou da Administração Pública Federal. O objetivo atual do SEBRAE é trabalhar de forma estratégica, inovadora e pragmática para fazer com que o universo dos pequenos negócios

21 no Brasil tenha as melhores condições possíveis para uma evolução sustentável, contribuindo para o desenvolvimento do país como um todo. A atuação do SEBRAE no campo administrativo-gerencial, é feito através do planejamento, coordenação e orientação de programas técnicos, projetos e atividades de apoio às Micro e pequenas empresas(mpe). O trabalho desenvolvido pelo sebrae só é possível devida a parceria entre os setores público, privado e as principais entidades de fomento e pesquisa do país. Sem essa parceria esse modelo não seria eficaz. Ele é predominantemente administrado pela iniciativa privada. Constitui-se em serviço social autônomo - uma sociedade civil sem fins lucrativos que, embora operando em sintonia com o setor público, não se vincula à estrutura pública federal. É composto por um órgão central de coordenação (o SEBRAE Nacional) e 27 agentes, dotados de autonomia administrativa e financeira, que atuam em todos os Estados da Federação, além de ter a Agência de Promoções de Exportações (APEX). O SEBRAE conta com recursos provenientes do adicional da contribuição do INSS, relativo a 0,3% sobre a folha salarial das empresas. Um de seus principais instrumentos é o Fundo de Aval às Microempresas e Empresas de Pequeno Porte (FAMPE), que viabiliza a concessão de avais e facilita o acesso ao crédito. A atuação do SEBRAE se dá, também, através de uma série de programas de capacitação das empresas e de formação e treinamento de mão-de-obra, envolvendo o Governo Federal, Estadual e Municipal. A instituição é fruto, portanto, de uma decisão política da cúpula empresarial e do Estado, que se associaram para criá-la e cooperam na busca de objetivos comuns. É, por isso mesmo, uma entidade empresarial voltada para atender ao segmento privado, embora desempenhe função pública.

22 Dentre os diversos programas de apoio às micro e pequenas empresas desenvolvidos pelo SEBRAE destaca-se o programa de incubadora de empresas, que cria um ambiente especialmente planejado para acolher as micro e pequenas empresas nascentes e em operação, que buscam a modernização de suas atividades de forma a transformar idéias em produtos, processos e serviços. Vale ressaltar, portanto, o quanto é importante e essencial o trabalho desenvolvido por essa associação, no que diz respeito à análise das micro e pequenas empresas em suas mais diversas vertentes, para que se cumpra o escopo de torná-las propulsoras do desenvolvimento econômico e social no Brasil.

23 CAPÍTULO II Microempresa Empreendedorismo e desenvolvimento A força dos pequenos negócios move a economia brasileira. No Brasil dos números e das estatísticas, as micro e pequenas empresas geram 13,6 milhões de empregos, representam 98,9% dos estabelecimentos formais e respondem por 99,8% das firmas que nascem a cada ano. (SEBRAE,2003) O tamanho do segmento das micro e pequenas empresas é considerável. Existem no Brasil quase 8,5 milhões de empresas formais, da indústria, comércio, serviços e agricultura. Nada menos do que 98% delas são micro e pequenas empresas, as MPEs. (SEBRAE, 2003) A presença predominante de empresas de menor porte é resultado da tendência de crescente participação das micro e pequenas firmas no total de estabelecimentos e no emprego ao longo dos últimos anos. Com efeito, entre 1990 e 1999, foram constituídas no Brasil 4,9 milhões de firmas, das quais 55% foram microempresas. (IBGE,2002) O significativo aumento da participação das microempresas reflete-se na quantidade líquida de empregos por elas gerados, isto é, no saldo entre contratações e desligamentos no período 1995-2000: mais de 1,4 milhão. Nas firmas de grande porte, a geração foi de somente 29,7 mil novos postos de trabalho no mesmo período. (IBGE,2002) No Brasil real, essas empresas são sinônimo de distribuição de renda e de reinserção dos excluídos do mercado de trabalho na atividade econômica e no convívio social. Todas as empresas contribuem para o desenvolvimento do país, as grandes e as pequenas. A importância das pequenas está em seu papel redistribuidor de renda, particularmente as microempresas, que podem ser individuais ou familiares (TEIXEIRA. 2001, p. 64) Constatada a crescente importância das micros e pequenas empresas na economia brasileira, cabe indagar sobre o perfil dessas firmas. Em

24 termos bastante genéricos, pode-se segmentá-las em três amplas categorias segundo estudos feitos pelo SEBRAE: um variado universo de micro unidades familiares, na sua maioria administradas no lar, utilizando tecnologias tradicionais, intensivas em trabalho não-qualificado e inseridas nos setores de vestuário/ confecções, calçados e artigos de couro, móveis, confeitaria, trefilaria e produtos de ferro, etc; um subconjunto de menor dimensão de micro e pequenas empresas presentes na maioria das atividades no setor terciário da economia, administradas por proprietários com algum grau de competência e conhecimento de mercado, em geral instaladas em local próprio e com algum tipo de apoio institucional; um subconjunto provavelmente ainda menor de pequenas empresas integradas a grandes empresas em clusters industriais, em geral como fornecedoras de matérias primas (são exemplos à indústria de calçados do Vale dos Sinos, no Rio Grande do Sul, a indústria têxtil de Americana, em São Paulo, e a indústria de móveis de São João do Aruaru, no Ceará), e aquelas localizadas em nichos de alta tecnologia. A última categoria reflete uma das facetas das mudanças de grande monta que vêm ocorrendo na estrutura produtiva nacional, num novo ambiente de reestruturação industrial e de abertura comercial. O Estado produtor e as grandes e pesadas estruturas empresariais que vigoraram no Brasil até os anos 80 perdem cada dia mais espaço no mundo globalizado de hoje. A nova realidade tem exigido estruturas produtivas ágeis e dinâmicas, melhor adaptada às novas tecnologias e ao ambiente de incerteza. A substituição da relação trabalhista pela comercial (terceirização) e a tendência à redução do núcleo duro da firma (trabalhadores em tempo

25 integral e com contratos por prazo indefinido) são uma realidade. Com isso, as pequenas firmas crescem graças à terceirização, especialmente no setor de serviços, e também pelo fato de se tornarem mais competitivas em relação às grandes empresas, em vista da maior flexibilidade. Destacam-se os nichos tecnológicos, unidades produtoras enxutas e flexíveis, que, ao lado do crescente movimento de terceirização, apontam que os grandes empregadores do futuro tendem a ser as empresas de menor porte. As categorias de micro e pequenas empresas caracterizadas sejam por relações de produção familiares seja por algum grau de competência não são menos importantes. Nelas concentra-se grande parte da mão-de-obra ocupada, especialmente a alocada no setor informal do mercado de trabalho (que já é maior que o formal, atualmente). São essas empresas as que mais requerem esforços no sentido de elevar a produtividade e induzir a maior formalização da mão-de-obra ocupada, de modo a integrá-las ao setor moderno da economia brasileira. Tal estímulo, além de incentivar a geração de emprego e o aprimoramento da qualidade dos postos de trabalho, com reflexos positivos no nível de salários e outras remunerações, tenderá, automaticamente, a induzir uma maior desconcentração regional e amenizar a excessiva concentração de renda presente em nossa economia. Em termos gerais, o que se observa é que o emprego que se reduz na indústria de transformação vai sendo direcionado para os outros setores de atividade com presença marcante de empresas de pequeno porte. Como conseqüência, gestões no sentido de viabilizar as pequenas unidades de produção inseridas tanto no processo de reestruturação produtiva em curso quanto nos setores mais tradicionais, bem como no sentido de incentivar seu crescimento têm que ser parte essencial de qualquer política de geração de emprego e renda atualmente.

26 Devido à redução da oferta de emprego, está sendo cada dia mais importante à visão empreendedora do profissional para a percepção de oportunidades do mercado e a geração de soluções tecnológicas, com base na iniciativa e na sua capacidade de vender idéias inovadoras e criar contextos favoráveis a novas modalidades de negócios. O empreendedor é o agente do processo de destruição criativa. É o impulso fundamental que aciona e mantém em marcha o motor capitalista, constantemente criando novos produtos, novos mercados e, implacavelmente, sobrepondo-se aos antigos métodos menos eficientes e mais caros. (SCHUMPETER, 1984, p.75) No Brasil, uma análise dos donos de empresas também mostra que, para ser empreendedor, não é preciso ter nascido com capacidades especiais. Um levantamento feito pelo Sebrae/Fipe (2000), analisando as micro empresas abertas entre 1995 e 1999, mostra o perfil médio do empreendedor brasileiro, que demonstra médias bastante comuns dentro da realidade brasileira. De acordo com a pesquisa, o empreendedor médio é do sexo masculino (68% do total), tem pelo menos o segundo grau completo (64% do total), tem de 25 a 49 anos de idade (76% do total) e havia acabado de sair de um emprego anterior, decidido a montar seu próprio negócio (70% do total). Não existe, no entanto, uma fórmula que faça com que alguém se torne um empreendedor. Para Bernhoeft (1996), a criação de uma atividade própria é uma decisão de caráter pessoal, influenciada por uma série de fatores que tanto podem ser estimuladores como podem funcionar como inibidores. Embora existam pessoas que apresentem características empreendedoras desde muito cedo, para ser um empreendedor não basta apenas identificar oportunidades de negócio, é preciso realizá-las. Para clarificar o papel do empreendedor, é interessante notar as características que Drucker (1987) coloca. Para ele, o empreendedor é um agente de mudanças. Ele está sempre buscando a mudança, reage a ela, e a

27 explora como sendo uma oportunidade. O espírito empreendedor é, desta forma, uma característica de um indivíduo ou de uma instituição, não um traço de personalidade, pois o bom empreendedor não pode necessitar sempre de ter a certeza a seu lado ele precisa saber assumir e lidar com os riscos. Longenecker (1997), assinala para três pré-disposições que fariam parte intrínseca da personalidade do empreendedor: uma enorme necessidade de realização, uma disposição para assumir riscos moderados e uma forte autoconfiança. Portanto,o empreendedorismo atualmente é considerado o principal fator de desenvolvimento de um país Para Schumpeter (1984), Economista austríaco considerado o ícone da economia moderna, o desenvolvimento econômico está fundamentado em três fatores principais: as inovações tecnológicas, o crédito bancário e o empresário inovador. Este empresário inovador, mencionado por Schumpeter (1984), hoje conhecido como empreendedor, é capaz de empreender um novo negócio, mesmo sem ser dono do capital. A capacidade de empreender está relacionada às características do indivíduo, aos seus valores e modo de pensar e agir. Os empreendedores são responsáveis pelo desenvolvimento econômico. Promovem o rompimento da economia em fluxo circular para uma economia dinâmica, competitiva e geradora de novas oportunidades. A verdadeira concorrência na economia está entre empresas inovadoras que geram novos produtos e que retiram do mercado produtos antigos. A dinâmica capitalista promove um permanente estado de inovação, mudança, substituição de produtos e criação de novos hábitos de consumo. A destruição criativa é responsável pelo crescimento econômico de um país.

28 O processo de destruição criativa promove as empresas inovadoras, que respondem às novas solicitações do mercado, e fecha as empresas sem agilidade para acompanhar as mudanças. Ao mesmo tempo, orienta os agentes econômicos para as novas tecnologias e novas preferências dos clientes. Elimina postos de trabalho ao mesmo tempo em que cria novas oportunidades de trabalho e possibilita a criação de novos negócios. (SCHUMPETER, 1984 p.78) Dornelas (2001), chama de empresário inovador aquele ser iluminado que é capaz de aproveitar as chances das mudanças tecnológicas e introduzir processos inovadores nos mercados que gera crescimento e desenvolvimento na economia. Segundo uma pesquisa realizada pela Global Enterpreneurship Monitor (GEM) 2, que mede o empreendedorismo em 31 países de todos os continentes analisaram durante dois anos as relações entre empreendedorismo e desenvolvimento em 10 países: os integrantes do G7, mais Dinamarca, Finlândia e Israel. Veja o que eles concluíram e recomendaram ao final dos estudos: Países interessados em promover o desenvolvimento econômico devem apoiar o empreendedorismo e incentivar o aumento da dinâmica empreendedora. Para que o empreendedorismo cresça de forma auto-sustentável, em longo prazo, é necessário comprometimento e investimento em educação no ensino de terceiro grau; Para a formação de uma cultura mais empreendedora, é aconselhável incluir as habilidades e capacidades necessárias 2 A Global Enterpreneurship Monitor tem por objetivo monitorar a dinâmica empreendedora do país, coletando informações que podem orientar e influenciar programas, políticas e ações de instituições de natureza pública ou privada, no sentido de favorecer os micros e pequenos negócios.

29 para criar uma empresa nos programas de ensino de primeiro, segundo e terceiro graus. Deve-se enfatizar, nas ações de incentivo ao empreendedorismo, o desenvolvimento da capacidade individual de procurar e identificar novas oportunidades; Resultados mais eficazes e mais rápidos surgem quanto mais as mulheres participarem da dinâmica empreendedora. Segundo pesquisas realizadas também pela Global Enterpreneurship Monitor (GEM), o Brasil está entre os dez primeiros países mais empreendedores do mundo. Em 2000, o Brasil ficou com a primeira colocação, caindo para a 5ª, em 2001, para a 7ª em 2002 e subindo um ponto (6º lugar) em 2003. No Brasil, a GEM é coordenada pelo Sebrae, Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas, e pelo IBQP, Instituto Brasileiro da Qualidade e Produtividade no Paraná. A novidade é que está aumentando o percentual de abertura de negócios pela percepção de novas oportunidades do que por necessidade. Em 2002, o país havia ficado em primeiro lugar em empreendedorismo por necessidade entre os países pesquisados. Já em 2003, o Brasil apresentou a terceira maior população empreendedora por oportunidade registrada pela pesquisa. Em 2002, estimava-se que havia no Brasil 14 milhões de empreendedores. Desse total, 56% eram empreendedores por necessidade, ou seja, gente que perdeu o emprego formal, era subempregado ou nem tinha emprego e teve que abrir negócios para sobreviver; e 43% eram empreendedores atentos a novas oportunidades de negócios. Em 2003, o número de empreendedores manteve-se estável. Porém, foi registrado que os empreendedores por necessidade caíram para 43%.

30 Enquanto isso, o percentual de empreendedores por oportunidades passou para 53%, representando uma inversão significativa entre os dois pólos do empreendedorismo no país. Apesar destes números favoráveis, ainda falta muito para se comemorar. Além do problema do desemprego, que leva as pessoas à atividade empreendedora, ou melhor, autônoma, ainda há enormes entraves burocráticos à atividade.

31 CAPÍTULO III AS PERSPECTIVAS DA MICROEMPRESA NA ECONOMIA BRASILEIRA. As microempresas e empresas de pequeno porte são, hoje, em todo o mundo e destacadamente no Brasil, um segmento dos mais importantes, visto serem agentes de inclusão econômica e social pelo acesso às oportunidades ocupacionais e econômicas, tornando-se sustentáculo da livre iniciativa e da democracia, sendo responsável pela esmagadora maioria dos postos de trabalho gerados no País. Segundo Hentz: A importância das pequenas e microempresas aparece, sobremaneira, no desenvolvimento local e regional que facilitam, como fonte geradora de empregos, como contribuintes tributários e, especialmente, como prestadoras de serviços de interesse direto do consumidor (assistência técnica, pequenos reparos em imóveis e veículos, etc.) e distribuidores de produtos no varejo. (2002, p.142) Esse segmento teve, e tem, importante papel na estabilidade e mobilidade social, atuando como um colchão entre as tecnologias e estratégias de terceirização adotadas pelas grandes empresas e a necessidade dos cidadãos buscarem no trabalho sua ocupação, renda, cidadania e auto-estima. Admitindo a empresa de forma geral como a instituição mais importante do mundo moderno, também as microempresas, representando as menores células dessa estrutura chamada mercado, passaram a interferir substancialmente não só na economia, mas também na sociedade como um todo. Segundo dados do IBGE, no período de 1990 a 1999 foram constituídas no Brasil 4,9 milhões de empresas, dentre as quais 2,7 milhões são

32 microempresas. Apenas no ano de 1999 foram constituídas 475.005 empresas no País, com as microempresas totalizando 267.525, representando um percentual de 56,32% do total de empresas constituídas no Brasil. Dessa forma, apesar de se caracterizarem por pequenas células produtivas, reduzidas tanto em número de membros quanto no nível da produção e comercialização, somadas, representam a mola propulsora da economia contemporânea, seja na geração de empregos, seja na arrecadação de impostos ou ainda na circulação do capital. Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE, 2000), existem no Brasil cerca de 3,5 milhões de empresas, das quais 98% são de micro e pequeno porte. Assim, somente 2% do número de empresas brasileiras corresponde a empresas de grande porte, e, portanto, mais estruturadas. Outro indicador de sua importância conforme já falado anteriormente é o fato de as Microempresas serem grandes geradoras de empregos, que constituem hoje um dos maiores problemas brasileiros e mundiais. Com base nos dados disponíveis da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD, 2000) do IBGE e Relação Anual de Informações Sociais do Ministério do Trabalho e Emprego (RAIS/TEM, 2000), é possível afirmar que as atividades típicas das micros empresas mantêm cerca de 35 milhões de pessoas ocupadas em todo o país, o equivalente a 59% das Pessoas Ocupadas no Brasil, incluindo neste cálculo Empregados, Empresários e os Conta Própria (indivíduo que possui seu próprio negócio mas não tem empregados). Entretanto, apesar de toda sua importância, as taxas de mortalidade alcançam, em geral, setenta por cento nos primeiros anos. Isso se dá pelo fato de as pequenas empresas não terem condições de concorrer com as grandes, cabendo ao Estado uma interferência séria e planejada, visando possibilitar a

33 sobrevivência e a competição não predatória do que dá dinamicidade à economia. Atualmente, a série de dificuldades que recai sobre a pequena e a microempresa no Brasil, observada dia a dia de forma mais contundente, retrata uma realidade cada vez mais desestimulante para aqueles que vivem destes negócios. Abrir uma empresa no Brasil pode levar até um ano, enquanto que em países desenvolvidos bastam apenas três dias. Mais do que isso, o empreendedor ainda precisa enfrentar dificuldades para ter acesso ao crédito, altos custos tributários e trabalhistas e encarar a concorrência desleal daqueles que apelam para a informalidade. Por estas razões, grande parte das empresas que abrem, fecham em menos de 5 anos. Empresas que têm empreendedores que acreditam no projeto e elaboram uma estratégia para obter uma vantagem competitiva têm mais chance de sucesso. Num estudo desenvolvido pelo Sebrae / SP, constatou-se que de cada 100 empresas abertas no país, 35 não chegam ao final do primeiro ano de vida; 46 não sobrevivem ao segundo; e 56 desaparecem no terceiro ano de vida. Constatou-se também que o que leva uma empresa ao fechamento não são os impostos ou a necessidade de crédito, mas, principalmente, a falta de preparo, informação, planejamento e conhecimento específico sobre o negócio Despeito de importantes avanços obtidos pelos pequenos negócios brasileiros no campo das políticas públicas, a realidade enfrentada pelo segmento é crítica, considerado que do ponto de vista da competitividade inexiste uma relação equilibrada entre estas e as grandes empresas e, principalmente, que estão expostas diretamente à competição desleal e predatória das empresas que operam na informalidade. Neste aspecto estimase que existem mais de 10 milhões de negócios na informalidade, sendo que a maioria não tem movimento econômico suficiente para suportar o peso da carga tributária e o custo burocrático da sua formalização.

34 A busca da competitividade sistêmica da economia, por meio do estabelecimento do equilíbrio das relações das pequenas empresas com os grandes grupos econômicos e com o Estado é que poderá reverter o quadro de elevados índices de desemprego, concentração de renda e informalidade, tornando-se, portanto, o ponto central para qualquer da proposta. Para que as micro e pequenas empresas possam se estabelecer de modo coerente e plenamente eficaz, em face de uma economia globalizada, precisam estar aptas a um processo de centralização, por meio de estratégias integracionistas. Saldini (2001), torna consistente este argumento quando nos coloca que estas estratégias desenvolvem-se tanto no sentido de uma integração vertical, polarizando uma relação complementar (e não concorrencial) entre as micro e pequenas empresas e as grandes empresas, como no sentido de uma integração horizontal, mediante a associação ou cooperação de empresários de micro e pequenas empresas, para a compra de matérias primas, materiais, maquinaria, para a comercialização, para o uso comum de máquinas etc., de forma a conquistar, no conjunto, maior poder que as forças individuais. Ainda segundo Saldini (2001), do ponto de vista da sua inserção no mercado, pode-se distinguir duas formas fundamentais de micro e pequenas empresas: Aquelas que produzem certa mercadoria ou serviço para o consumidor direto, ou para o distribuidor (ou intermediário comercial); Aquelas que produzem certa mercadoria ou serviço para uma grande ou média empresa. No primeiro caso, as chamadas empresas de produção final, por encontrarem-se livres no mercado, definem o tipo de produto, sua qualidade, seu preço e seu público-alvo.

35 Na outra forma, do segundo caso, as chamadas empresas satélites, produzem uma mercadoria (ou serviço) para uma grande empresa matriz ou subcontratante. Assim, o mercado destas formas de micro e pequenas empresas está restrito às empresas subcontratadas que utilizam sua produção como insumo. Estas duas formas fundamentais encontram-se em dificuldades para enfrentar o mercado, pois têm condições menos favoráveis de competitividade, no primeiro caso, e de cooperação, no segundo. No Brasil, a maioria das microempresas encerram suas atividades com pouco mais de um ano de exercício social, conforme pesquisas existentes. Algumas conseguem prolongar seu ciclo de vida, desempenhando o seu papel na vida econômica e social, de sua comunidade, como geradoras de empregos e produtos que representam a riqueza da comunidade e de uma nação. Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE, 2000) somente 29% das micro e pequenas empresas conseguem se manter em atividade até o quinto ano de sua existência 71% delas são fechadas antes de completar este prazo. Dentre os principais fatores que contribuem para o encerramento das atividades, encontram-se aqueles relacionados à falta de tecnologia. Ações relacionadas à flexibilidade e agilidade nas decisões são indispensáveis para a solução destes problemas. Segundo Montanõ (1999), Para que se contextualize a realidade das microempresas no atual cenário brasileiro, a enumeração de alguns fatores associados ao seu sucesso e insucesso, são pertinentes. Os fatores associados ao seu sucesso são: Empresa de maior porte (mais de dois empregados); Maior escolaridade do proprietário; Experiência prévia;