LOGÍSTICA REVERSA DAS GARRAFAS DE PET, PÓS- CONSUMO, EM SÃO CARLOS, SP

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Transcrição:

LOGÍSTICA REVERSA DAS GARRAFAS DE PET, PÓS- CONSUMO, EM SÃO CARLOS, SP Tássio F. L. Matos 1, Valdir Schalch 2 ; Edson M. Aguiar 3 1 Centro de Pesquisa em Resíduos Sólidos, CEFET- CE; PPG-SEA, EESC/US lofti@cefetce.br Av. Trabalhador São Carlense, 400 CEP.: 13566-590, São Carlos, SP; 2 Núcleo de Estudo e Pesquisa em Resíduos Sólidos, PPG-SEA, EESC/USP vscalch@sc.usp.br; 3 Departamento de Transporte, EESC/USP emaguiar@sc.usp.br Reverse logistic of bottles of PET, post-consumption, in São Carlos, SP The objective of the present work is to present the chain of reverse logistic of bottles PET, post-consumption, generated in municipality of São Carlos, SP, with the purpose of contributing with information to establish and improve public policies Introdução Dentre os materiais presentes nos resíduos sólidos domiciliares (RSD) do município de São Carlos, SP, os resíduos poliméricos, pós-consumo, representam 27,20% em volume e 10,47% em peso do RSD [1], tendo como agravante ser um material de degradação lenta, presente no meio ambiente por longo período de tempo, comprometendo a vida útil do aterro sanitário e poluindo o meio urbano. Dos resíduos poliméricos, pós-consumo, destaca-se o Poli (tereftalato de etileno) PET que possui propriedades importantes como: elevada resistência mecânica e baixo peso específico, que o qualifica como um material largamente utilizado para produção de garrafas e embalagens para diversos produtos como refrigerantes, água, sucos, remédios, óleo, cosméticos, dentre vários outros. O consumo sempre crescente das embalagens com PET [2] gera, também, um volume maior de resíduos deste plástico, presentes no meio ambiente. A destinação descontrolada deste resíduo, além de causar problemas ambientais, representa um prejuízo econômico à nação pois é uma matéria prima de custo elevado, a qual está sendo descartada. É evidente a necessidade de intervenção no processo de geração e destinação dos resíduos sólidos como forma de garantir a estabilidade ecológica no meio ambiente por meio de um desenvolvimento sustentável, aplicando-se políticas de redução, reutilização e reciclagem, além da otimização das cadeias reversas de produtos pósconsumo com o objetivo de reintegrar estes materiais ao ciclo produtivo. Diante do problema ambiental e do desperdício decorrente da destinação dos resíduos de PET, e, considerando ainda os fatores de influência na organização das cadeias reversas [3], este trabalho tem por objetivo a apresentar a cadeia de logística reversa das garrafas PET, pós-consumo, gerados no município de

São Carlos, SP, com a finalidade de contribuir com informações para o aprimoramento de políticas públicas e a reciclagem. Experimental Área de Estudo Compreende toda a área urbana do município de São Carlos, o qual é localizado na região central do Estado de São Paulo. No município, há registros de atividade consolidada referente ao resgate dos resíduos recicláveis gerados no meio urbano, com destaque para as garrafas de PET, pósconsumo. O poder municipal, por meio do programa governamental futuro limpo, procura apoiar e estimular o resgate de resíduos recicláveis, assim como promover a inclusão social dos catadores e o desenvolvimento sustentável pelo retorno dos resíduos coletados, como matéria prima reciclada no ciclo produtivo. O governo municipal apóia as cooperativas de catadores quanto aos aspectos logísticos fornecimento de caminhão e motorista e organizacional fornecimento de estrutura física (galpão) e de equipamentos (balança, prensa hidráulica), assim como assistência profissional (contador, psicólogo). No desenvolvendo do estudo percebeu-se que as garrafas de PET, pós-consumo, são comercializadas para depósitos de sucateiros de outras cidades da região, dentro de um raio de 100 km, como Ibaté, Araraquara e Ribeirão Preto. Identificação da cadeia reversa O procedimento para identificação da cadeia reversa da garrafa PET, pós-consumo, em São Carlos, SP, e suas relações, foi realizado por meio de pesquisa bibliografia em estudos realizados, recentemente, nos sistemas de resgate de resíduos recicláveis do município Mancini [4] ; Rancura [5] ; Matos [1] e por meio de entrevistas complementares, realizadas diretamente com seguimentos envolvidos: As cooperativas que compõem a coleta seletiva de São Carlos; depósitos de sucateiros e empresa de reciclagem, em São Carlos, Ibaté, Araraquara e Ribeirão Preto. Resultados e Discussão A cadeia reversa de garrafa PET A pesquisa realizada permitiu estabelecer a cadeia reversa da garrafa PET no município de São Carlos, SP e suas relação, conforme o fluxograma da figura 01.

Geração de resíduos recicláveis (PET) Domicílos Comércio / lojas - bar e restaurtante Indústria (Administração) Serviços / Clube - academias Mercado / Feiras Limpeza pública Outros serviços / escritórios - repartições públicas Coleta Seletiva Catadores Autônomos 248 catadores (1996) Cooperativa de catadores, assistidas pela PMSC Coopervida Cooletiva Ecoativa Depósitos / sucateiros / SC Depósitos / sucateiros / outras cidades Existem 30 (trinta) depósitos/sucateiros (2005). Os depósitos mantém relação de compra e venda entre eles (os maiores compram dos menores). Cidades inseridas em raio de aproximadamente 100 Km de São Carlos. Reciclador / outras cidades Reciclador / SC Os produtos reciclados são vendidos para São Carlos, como outras cidades da região. Os produtos reciclados: Flakes e Fibras para vasouras. Os Flakes atendem recicladores em São Carlos e outras cidades. Figura 1 Fluxograma da Cadeia reversa da garrafa PET em São Carlos, SP. Conforme pode ser observado na figura 2, a cadeia reversa das garrafas PET, pós-consumo, tem como fonte de geração as diversas atividades urbana e industrial. A recuperação das garrafas é realizada pelo programa de coleta seletiva, a qual conta com três cooperativas de catadores, apoiadas pelo poder público municipal, e pelos catadores autônomos. Os catadores autônomos, que realizam a coleta informal [5] : São pessoas que, sem vinculo empregatício e sem estarem associados a cooperativas, percorrem as ruas da cidade com sacos, sacolas, bicicletas, automóveis (raramente) e mais frequentemente carrinhos de tração humana (geralmente construídos por eles próprios) ou animal (carroças) para recolher resíduos sólidos secos descartados pelos moradores. Alguns catadores acumulam os resíduos coletados na própria residência ou em terrenos, para venda posterior; outros vendem diretamente os resíduos coletados.

A produção dos catadores autônomos, como se observa, é vendida diretamente aos depósitos de sucateiros de São Carlos. A coleta seletiva [6] é composta por três cooperativas (Ecoativa Coopervida Cooletiva), cujos cooperados, aproximadamente cinqüenta, são os catadores que realizam a coleta formal, porta a porta, dos resíduos sólidos secos e recicláveis descartados pela população. Cada cooperativa tem sua zona de coleta dentro da malha urbana e têm freqüência de uma vez por semana em cada bairro. A produção das cooperativas é negociada para depósitos e recicladores, em São Carlos e outras cidades. Esta flexibilidade das cooperativas se dá, ao contrário dos catadores autônomos, pelas condições de serem organizados formalmente como empresa (cooperativa) e estocarem sua produção em depósito próprio (possuem características de depósito, embora não realizem compra de resíduos de outros catadores). Os depósitos de sucatas [5] : São estabelecimentos privados de armazenamento e comercialização de resíduos recicláveis secos. Os proprietários destes estabelecimentos, conhecidos como sucateiros, são responsáveis pela compra do resíduo reciclável coletado e seu envios as indústrias de reciclagem [...]. Os sucateiros compram os resíduos recicláveis de catadores autônomos, de cooperativas de catadores, de empresas ou de particulares (pessoas que acumulam o resíduo gerado em suas residências e posteriormente o vendem ao depósito) e os armazenam em espaço próprio Os depósitos, dependendo do porte, comercializam entre si (o de maior porte compra a produção dos depósitos de menor porte). Em 2004 operavam cerca de trinta depósitos em São Carlos [5]. Os recicladores que compõem a cadeia reversa, conforme a figura 2, tanto em São Carlos, quanto em outras cidades (foram identificados às cidades de Araraquara, Ibaté e Ribeirão Preto), são de pequeno porte. Em São Carlos os produtos reciclados do PET são, basicamente, flakes e cerdas para vassouras. Os recicladores compram as garrafas PET, pós-consumo, de depósitos de sucateiros, das cooperativas e, ainda, fazem negócios entre si e, eventualmente com recicladores de outras cidades fora do raio de 100 Km. Nos seis primeiros meses de 2005 as cooperativas negociaram um total de 27,2 t de garrafas de PET (fardo prensado), obtendo uma renda, com esta venda, de R$30.534,46 (trinta mil, quinhentos e trinta e quatro reais, quarenta e seis centavos) [7], resultando um preço unitário de R$1,12 (Um real e doze centavos) por quilograma de PET, prensado. Em 2006, os depósitos de sucateiros pagavam R$0,55 (cinqüenta e cinco centavos) por quilograma de fardo prensado de garrafas PET, bem abaixo, portanto, do preço praticado em 2005. Quantidade gerada e resgatada de garrafa PET O tamanho da cadeia reversa da garrafa PET, pós-consumo, em São Carlos, considerando os aspectos de geração e resgate, pode ser avaliada pelas seguintes informações: As cooperativas coletam cerca de 110 kg de garrafas PET por dia, em média, resultando em uma produção mensal aproximada de 6 t. de garrafas de PET. O percentual das garrafas de PET, em massa, relação aos demais resíduos recicláveis da coleta seletiva é aproximadamente 7 % [1]. A coleta regular destina ao aterro diariamente, em média, 1,2 t de garrafas PET. Por mês, em média,

são coletados e destinados ao aterro cerca de 28 t de garrafas PET. O percentual das garrafas de PET, em massa, relação aos demais resíduos coletados é aproximadamente 1 % [1]. Na coleta informal, em 1999, foi identificado à existência de aproximadamente 248 catadores autônomos, os quais coletavam cerca de 440 t de resíduos recicláveis por mês [4], resultando em uma produção percapita de 1,92 t por catador. Esta quantidade coletada era negociada com os15 (quinze) depósitos de sucateiros existentes à época [4]. Em 2005, foi identificada a existência de 30 (trinta) depósitos de sucateiros e que cada catador autônomo coletava por dia, em média, 97,3 kg de resíduos recicláveis secos [5], o que representa, por mês, aproximadamente 2,4 t. O percentual de garrafas PET, em massa, em relação aos demais resíduos recicláveis secos, é de 2 % [5]. Desta forma, pode-se afirmar que cada catador autônomo coleta, por mês, aproximadamente 50 kg de garrafas PET. Em 2005, Conclusões A cadeia logística da garrafa de PET, em São Carlos, é caracterizada pelas seguintes condições: Os diversos seguimentos que compreendem a cadeia têm forte motivação econômica, embora às atividades de coleta e venda de fardos prensados de garrafas PET, tenha maior participação nos negócios; Parte significativa das garrafas de PET é revalorizada em outros municípios (Ibaté e Araraquara) e retorna para São Carlos como matéria prima para reciclagem; A coleta seletiva é o único seguimento da cadeia que tem apoio, logístico e organizacional, do poder público. O apoio do poder público é fundamentado em fatores ambiental e social que visam à proteção do meio ambiente e a promoção social dos catadores de lixo, por meio do programa governamental futuro limpo; Os números da cadeia, embora sejam pequenos em relação à cadeia nacional, geram negócios e atendem, mesmo que parcialmente, os objetivos do programa futuro limpo do governo municipal; O mercado tem apresentado grande oscilação no preço de compra das garrafas recuperadas, com forte tendência de baixa em 2006; A análise de problemas em toda cadeia logística é uma tarefa complexa e exige a participação de equipe multidisciplinar para o aprofundamento necessário das condições de funcionamento e a simulação de um modelo de implantação ou intervenção, com base em parâmetros e variáveis, que possa atender expectativas das partes. Não se constitui, portanto, no objetivo deste trabalho. Entretanto, dois problemas foram claramente identificados na cadeia reversa, os quais são: O indicativo que a cadeia reversa tem desequilíbrio, considerando o volume elevado de resíduos de PET que é destinado ao aterro sanitário;

A forte influência somente do fator econômico e a dependência das condições do mercado regional, fundamentado nos baixos resultados da coleta seletiva, embora tenha apoio do poder público municipal, e na transferência da maior parte do volume coletado para outras cidades, mesmo com preços baixos, decorrente do número reduzido de empresas recicladoras em São Carlos. Agradecimentos A CAPES, pelo financiamento por meio do convênio PQI n.º 06/03-8. Referências Bibliográficas 1. MATOS, T.F.L. (2006). Diagnóstico dos resíduos poliméricos presentes nos resíduos domiciliares gerados em São Carlos, SP. Dissertação de Mestrado. Programa de Ciências da Engenharia Ambiental. Escola de Engenharia de São Carlos. Universidade de São Paulo. São Carlos. 2. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DA INDÚSTRIA DO PET. (2006a) - Artigo sobre reciclagem. Disponível em http://www.abipet.com.br/, acesso em setembro/2006.para teses: 3. P. R. Leite, Logística reversa: meio ambiente e competitividade. Ed. Prentice Hall. São Paulo. 2003. 4. MANCINI, P. J. P. (1999). Uma avaliação do sistema de coleta informal de resíduos sólidos recicláveis no município de São Carlos, SP. São Carlos. Dissertação de Mestrado Escola de Engenharia de São Carlos. Universidade de São Paulo. 1999 5. RANCURA, S. (2005). Aspectos ecológicos e sociais da coleta informal de resíduos sólidos urbanos do município de São Carlos SP. Dissertação de Mestrado. Programa de pósgraduação em ecologia e recursos naturais. Universidade Federal de São Carlos. São Carlos 6. PREFEITURA MUNICIPAL DE SÃO CARLOS. (2004). Secretaria Municipal de Desenvolvimento Sustentável Ciência E Tecnologia. Prospecto explicativo da coleta seletiva. São Carlos. 7. SECRETARIA MUNICIPAL DE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL CIÊNCIA E TECNOLOGIA. (2005). Dados operacionais e de custos dos sistemas de coleta convencional e seletiva de São Carlos. Publicação eletrônica.em Microsoft Excel. [Mensagem Pessoal]. Mensagem recebida por lofti@cefetce.br. Em 11/01/2005.